quinta-feira, 27 de abril de 2023

Cientistas descobrem possível via alternativa para tratar cancro do fígado

Uma enzima produzida por células cancerígenas no cancro do fígado pode abrir uma nova via para tratar a doença, com a criação de uma nova classe de drogas anticancro. Cientistas do Instituto Nacional de Saúde (INS, órgão do ministério da Saúde norte-americano que se dedica à investigação) e do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos da América, descobriram que a ação desta enzima transforma uma determinada molécula numa presença tóxica para as células cancerígenas, capaz de as aniquilar.

“Encontrámos uma molécula que mata células de uma forma única numa forma rara de cancro do fígado”, afirmou, citado pelo INS, Matthew Hall, um dos autores principais do estudo que envolveu quase 40 investigadores. “Emergiu de uma triagem para encontrar moléculas que matam seletivamente células cancerígenas no fígado. Foi preciso muito trabalho para perceber que a molécula é convertida por uma enzima dessas células cancerígenas do fígado, criando uma droga tóxica anticancro”, acrescentou.

Na sequência de vários testes realizados em culturas de células e em animais de laboratório, os cientistas chegaram à conclusão de que a tal molécula, chamada YC-1, não exercia por si só qualquer efeito nas células cancerígenas do colangiocarcinoma, designação clínica do cancro nas vias biliares que foi avaliado no estudo. No entanto, sempre que se identificou a presença da enzima SULT1A1 nas células cancerígenas, a mesma molécula YC-1 como que ativava a capacidade de combater o cancro. Nos animais em que este quadro se verificou, os tumores do fígado progrediram pouco ou reduziram.

Parte inferior do formulário

Perante esta descoberta, os investigadores analisaram depois bases de dados de pesquisas anteriores semelhantes, envolvendo outras moléculas e medicamentos existentes no mercado, e encontraram vários casos em que os efeitos benéficos se relacionam com a presença da referida enzima, reforçando a sua importância, quiçá num quadro mais alargado da luta contra a doença.

“Acreditamos que estas moléculas têm o potencial para abrir caminho a uma nova classe de medicamentos anticancro”, declarou Nabeel Bardeesy, outro dos autores principais da investigação. “Os nossos resultados sugerem que poderá haver outros compostos com diferentes alcances e alvos que dependem da enzima SULT1A1 [para atuar]. Identificar esses compostos e os alvos nas células pode ter potenciais implicações no desenvolvimento de outro tipo de moléculas e medicamentos, não apenas limitados a esses cancros”, defendeu.

 

Fonte: Visão Saúde

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário