quarta-feira, 29 de março de 2023

'Na situação atual, tudo pode acontecer', alerta especialista russo sobre crise global

A economia mundial pode estar à beira de uma nova crise global e os temores de uma década perdida são bastante fundamentados, disse à Sputnik o especialista em indústria e energia Leonid Khazanov.

De acordo com a previsão atualizada do Banco Mundial, de 2022 a 2030, a taxa média de crescimento potencial do PIB global será de 2,2% ao ano. Essa taxa de crescimento poderá ser 0,7% maior (para uma taxa média anual de 2,9%) se os países adotarem políticas sustentáveis e orientadas para o crescimento.

A economia global está perante uma década perdida, disse por sua vez Indermit Gill, economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco Mundial. Khazanov concorda com as preocupações do representante do BM.

"Estamos vendo, muito possivelmente diante de nossos olhos, outra crise econômica global se desenrolando. Ela começou com uma crise energética na Europa e na China em 2021, quando os preços da energia subiram", afirma Leonid Khazanov.

"Em seguida, ela se transformou em uma crise de sanções envolvendo a Rússia e agora também uma crise bancária. Como consequência, temos um afrouxamento da economia global", disse o especialista.

Segundo ele, na situação atual, "tudo pode acontecer, desde uma queda drástica na renda das pessoas até a falência em massa dos bancos ocidentais".

Quanto à taxa de crescimento global do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% no final do ano, disse, as probabilidades são de 50/50.

“Creio que a taxa de crescimento do PIB global será ainda menor: talvez entre 1-1,5%. Isto é, na melhor das hipóteses, se a crise bancária no Ocidente puder ser contida", ressaltou.

Na opinião do especialista, a solução da crise bancária no Ocidente, assim como o cancelamento das sanções contra a Rússia, pode afetar a situação.

"Todos estes fenômenos de crise levarão a um declínio da indústria, a um aumento do desemprego e a uma diminuição do nível de renda das famílias", concluiu ele.

Anteriormente, Indermit Gill disse que a economia global enfrenta a perspectiva de uma "década perdida" por conta do desaparecimento de quase todos os fatores impulsionadores do progresso econômico na história recente.

•        Economista: problemas no sistema bancário dos EUA estão aproximando o país da recessão

Os problemas do sistema bancário dos EUA podem ter um impacto negativo no mercado imobiliário e na esfera de construção do país, aproximando assim a economia dos EUA de uma recessão, declarou o presidente do Banco da Reserva Federal de Minneapolis Neel Kashkari.

"Bem, isso definitivamente nos aproxima agora", respondeu ele em entrevista à CBS News sobre se os problemas dos bancos americanos que afetam o setor de construção do país estão aproximando os EUA de uma recessão.

Ao mesmo tempo, Kashkari observou que permanece incerto se as atuais dificuldades no setor financeiro levarão a um colapso em larga escala da área de creditação e quão forte isso pode afetar a economia.

O economista reconheceu que, apesar das constantes discussões com instituições financeiras sobre possíveis riscos, o regulador "não é perfeito" e pode cometer erros.

"Não estou dizendo que todo o estresse já ficou para trás. Considero que esse processo leve tempo", ressaltou Kashkari, acrescentando que o sistema bancário continua enfrentando "desafios fundamentais" e "dificuldades regulatórias".

Em 10 de março, os reguladores estaduais da Califórnia fecharam o Silicon Valley Bank (SVB). Esta foi a maior quebra de um banco desde a crise financeira de 2008.

•        UE quer bloquear fornecimento de gás natural liquefeito russo sem impor novas sanções, diz mídia

A União Europeia (UE) estuda uma maneira de bloquear as importações de gás natural liquefeito russo sem impor novas sanções energéticas, diz a Bloomberg.

"Os ministros de Energia do bloco [UE] estão prontos para endossar uma proposta que daria aos governos dos Estados-membros a capacidade de impedir temporariamente os exportadores russos de reservar antecipadamente a capacidade de infraestrutura necessária para os embarques", cita a edição um documento.

A Bloomberg aponta que o regulamento proposto ainda precisa da aprovação do Parlamento Europeu, mas a Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia já apoiaram a iniciativa.

Kadri Simson, comissária europeia de Energia, exigiu o bloqueio do fornecimento de gás russo, dizendo que os Estados-membros devem proteger a segurança do fornecimento.

"Não podemos e não vamos voltar ao status quo com a Rússia como nosso principal fornecedor de gás", cita a Bloomberg a comissária.

•        Guerra de sanções

O Ocidente aumentou a pressão de sanções sobre a Rússia após o início da operação militar russa na Ucrânia, com muitas empresas europeias se retirando do país. A União Europeia já impôs dez pacotes de sanções contra Moscou desde fevereiro de 2022.

A Rússia declarou repetidamente que o país lida com a pressão das sanções impostas pelo Ocidente desde há vários anos.

Moscou observou que ao Ocidente falta coragem para admitir o fracasso das sanções contra a Rússia. No próprio Ocidente têm repetidamente soado argumentos que as sanções são ineficazes.

Vladimir Putin apontou que a política de conter e enfraquecer a Rússia é uma estratégia de longo prazo do Ocidente, mas as sanções infligiram um sério golpe a toda a economia global. Segundo ele, o principal objetivo do Ocidente é piorar a vida de milhões de pessoas.

 

       Gastos militares dos EUA não têm nada a ver com defesa, são ofensivos, diz ativista antiguerra

 

O ativista antiguerra e jornalista norte-americano, David Swanson, acusou Washington de belicismo, já que seus gastos militares "tem sido superiores aos dos países [que ocupam as posições] 9, 10 ou 11 da lista [de gastos militares] juntos", ou mais do que cerca de 150 países juntos, se olharmos da parte inferior da lista.

David Swanson disse à Sputnik que os membros do Congresso dos EUA são responsáveis pela escalada das guerras em todo o mundo, já que os EUA tem de longe o maior gasto militar do mundo. O ativista pela paz acusou os congressistas norte-americanos de encher os bolsos com compras militares. Swanson sugeriu a ideia de apresentar um projeto de lei para cortar os gastos militares todos os anos em US$ 100 milhões (cerca de R$ 521,1 milhões), mas reclamou que nunca passaria em todos os estágios de votação.

"Não são gastos com defesa, são gastos ofensivos", afirmou, acusando os membros pacifistas do Congresso de simplesmente votar passivamente "não" nos aumentos do orçamento militar. Segundo o ativista, tais legisladores não mostram nenhuma iniciativa em pressionar projetos de lei para cortar gastos.

Os comentários vieram após outro aumento de gastos militares, elevando-os para US$ 842 bilhões (cerca de R$ 4,4 trilhões), proposto pelo governo Biden na última quinta-feira (23). Isso é 13,4% maior do que o pedido do ano de 2022.

"Quando você coloca os Estados Unidos e seus aliados militares e anfitriões de suas bases e seus clientes de armas juntos, bem, é uma grande maioria. É bem mais de três quartos dos gastos militares globais.[...] Você tem membros do Congresso se gabando abertamente de como eles estão vão lucrar com as ações das empresas de armas, assim como estão intensificando as guerras e absoluta e descaradamente recusando ambas as partes, em feliz acordo, a levar ao plenário qualquer projeto de lei que proibisse a posse e negociação de ações por membros do Congresso", explicou Swanson.

O autor do livro Leaving World War II Behind (Deixando a Segunda Guerra Mundial para trás) também acusou a grande mídia de mentir que todas essas guerras e compras de armas são inevitáveis e as pessoas simplesmente não podem fazer nada a respeito. Ele propôs várias maneiras de mudar o status quo, pedindo que as pessoas resistissem e protestassem nos Estados Unidos para impedir as guerras agressivas. O jornalista sugeriu aprender com os europeus: "podemos fazer o que está sendo feito para nossa vergonha e embaraço em números muito maiores em Roma, Londres e Paris", argumentou.

"Bem, podemos usar e promover meios de comunicação independentes e estrangeiros. Podemos divulgar programas como este e outros que permitem vozes que não são permitidas na mídia corporativa dos EUA. Podemos gerar nossa própria mídia. Podemos nos infiltrar na mídia corporativa dos EUA com cartas e telefonemas e protestos em lobbies. Podemos fazer o que está sendo feito para nossa vergonha e constrangimento em números muito maiores em Roma, Londres e Paris. Podemos protestar contra as guerras e gastos militares dos EUA", disse o ativista, listando algumas das medidas que poderiam ser usadas e convidando as pessoas a fazerem o que puderem.

•        Rússia não deve salvar novamente os EUA da desintegração, diz secretário do Conselho de Segurança

Nikolai Patrushev descreveu de forma altamente negativa as ações dos EUA, particularmente contra a Rússia, razão pela qual não considera prático que Moscou tente salvar uma queda do país norte-americano.

A Rússia ajudou os EUA a evitar o colapso duas vezes nos séculos XVIII e XIX, mas não é aconselhável fazer o mesmo agora, disse Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança russo, ao jornal russo Rossiyskaya Gazeta.

Patrushev observou em uma entrevista publicada na segunda-feira (27) que a cultura russa é "baseada na espiritualidade, compaixão e misericórdia", mas, em sua opinião, "desta vez não é apropriado ajudar os Estados Unidos a preservar sua integridade".

"A Rússia é uma defensora histórica da soberania e do Estado de qualquer nação que tenha se voltado para ela em busca de ajuda. Ela salvou os próprios EUA pelo menos duas vezes, durante a Guerra da Independência [1775-1783] e a Guerra Civil [1861-1865]", disse ele, e apoiou a tese de que os EUA têm muitas contradições internas, principalmente entre os democratas e os republicanos.

Sistema de Washington

Patrushev descreveu como problema dos EUA a preocupação com "jogos geopolíticos", em que o país se esqueceu de "seus próprios problemas urgentes".

"Enquanto os EUA estão inventando novos vírus em seus laboratórios militares-biológicos para destruir os povos de países não desejados, cidades americanas outrora limpas estão se afogando em sujeira e lixo", acrescentou.

Além disso, de acordo com Patrushev, "a pirâmide financeira americana construída às custas da prensa de impressão dá falhas tangíveis vez após vez". Todos os problemas, em suas palavras, "são tapados com dinheiro", mas este modelo "não pode funcionar para sempre".

O membro do Conselho de Segurança espera que tanto a "queda da confiança no dólar não apoiada por bens reais" quanto a especulação no mercado de ações levem os EUA a uma crise poderosa.

•        Sentimento anti-americano

Para ele, não há dúvida de que mais cedo ou mais tarde os vizinhos do sul dos EUA retomarão os territórios roubados deles.

"Os EUA ganharam um grande status de poder pelas conquistas econômicas baseadas em ações cínicas para confiscar territórios, recursos, explorar povos e lucrar com as misérias militares de outras nações. Ao mesmo tempo, permaneceu uma colcha de retalhos que pode facilmente se desmoronar pelas costuras. Digamos, como aconteceu originalmente, se dividirão no Norte e Sul", anteviu.

Ele afirmou que os líderes latino-americanos estão conscientes do "papel destrutivo" do país, citando como um dos "muitos exemplos" o estabelecimento da base em Guantánamo, Cuba.

"Ao proclamar slogans democráticos aqui e ali, na prática Washington se tornou há muito tempo campeão na violação da soberania dos Estados, no número de guerras e conflitos desencadeados, na caça brutal e ilegal de cidadãos de outros países."

O funcionário do governo russo disse que o país acolheria com o agrado se os EUA realmente decidirem avançar em direção à democracia e parar de humilhar seus aliados vassalos.

Ele também vê um colapso da União Europeia "ao virar da esquina".

"[...] Os europeus não tolerarão esta superestrutura supranacional, que não só não consegue justificar sua existência, como os empurra para um conflito aberto com a Rússia", de acordo com Patrushev.

Patrushev: Ocidente está contra a Rússia e usa a Ucrânia para esse objetivo

Quanto à Ucrânia, declarou, os EUA e o Reino Unido estão a usando para semear um conflito pan-europeu ou mesmo global com impunidade para ganhar dinheiro com ele.

"Recordemos como estes mesmos anglo-saxões fomentaram os nazistas nos anos 1930, na esperança de virá-los contra a União Soviética. Tendo ganho dividendos financeiros e geopolíticos no final da Segunda Guerra Mundial, hoje Washington e Londres estão encorajando novamente o nazismo e o fascismo. Usando a Ucrânia, eles não se importam de agitar um conflito pan-europeu ou mesmo global, imaginando que podem escapar impunes", anteviu.

O membro do Kremlin crê que Washington "está igualmente descontente com a estabilidade na Ásia, que se formou em resultado da Segunda Guerra Mundial e dos movimentos de libertação", e que a estratégia dos EUA no Indo-Pacífico é tentar criar uma OTAN asiática dirigida contra a China e a Rússia, e também para pacificar os Estados agora independentes".

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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