quinta-feira, 30 de março de 2023

Eric Nepomuceno: Um tesouro atrás do outro

Não há registro, ao menos na história recente, de generosidade mais ampla e retumbante que a dos árabes, tendo sempre como alvo uma mesma pessoa – Jair Messias.   

Essa generosidade se traduz em jóias caríssimas, muitas delas exclusivas. E quem recebe nem agradece em público: prefere o silêncio.

É verdade que ele não conseguiu embolsar um punhado de jóias supostamente destinadas à sua senhora esposa, a dona Michelle, que valiam uns três milhões e tanto de dólares. E precisou devolver outro conjunto que tinha embolsado, e que entre outras preciosidades abrigava um relógio de ouro maciço que teve apenas 25 exemplares fabricados. 

Só que aconteceram mais lembrancinhas oferecidas pelos árabes e que continuam nas mãos – ou nos bolsos – do alucinado ultradireitista, entre elas um relógio único, abotoaduras, enfim, pelo menos mais meio milhão de reais. Pelo menos.

Agora, é só esperar: na certa mais presentes aparecerão. Convém recordar que a legislação é bastante clara: objetos recebidos tanto pelo mandatário como por outras autoridades com valores acima de cinco mil reais devem passar ao patrimônio da União. 

Jair Messias mostra que tem um entendimento peculiar sobre o que significa “União”: ele mesmo. 

Há dúvidas bastante plausíveis: os presentes seriam presentes ou suborno? Tamanha generosidade vinda de um regime irremediavelmente corrupto e corruptor aconteceu a troco de nada?

Quem é das antigas haverá de se lembrar da figura de Adhemar de Barros, que foi governador de São Paulo e era perito em grandes obras públicas. Era um conhecido ladravaz, e se divertia com o bordão que inventaram para ele: “Rouba, mas faz”.

Jair Messias é o contrário. Desde seus tempos de deputado se entupiu de dinheiro na base da “rachadinha”, ou seja, contratava funcionários fantasmas para postos de assessoria parlamentar e ficava com o salário. A prática se estendeu pela filharada, e o mais absurdo é que todos continuam à solta, sempre pimpões. 

Resumindo: Jair Messias rouba, e não fez nada a não ser tentar destruir o país, e agora nem isso.

Diz ele que volta essa semana, depois de três meses foragido em Orlando, onde foi vizinho do verdadeiro Pateta.

Aqui outro pateta, bem mais vulgar, chamado Valdemar Costa Neto, anuncia que tanto Jair Messias como dona Michelle irão percorrer o país com os olhos postos nas eleições municipais do ano que vem. 

Os dois serão assalariados do Partido Liberal. Cada um levará uns quarenta mil mensais. Se a isso forem somadas as aposentadorias de Jair Messias, a dupla em questão estará faturando cento e vinte mil por mês. E há rumores de que o tal partido ainda vai pagar o aluguel da casona onde eles irão morar, em área nobre de Brasília. Que tal? 

Pode parecer muito, mas para a fome de Jair Messias é pouco. Ele sempre vai querer mais e mais.

Até quando? Onde já se viu semelhante figura solta por aí, como se tudo fosse absolutamente normal, dentro da lei?

 

       Felipe Moura Brasil: Estratégia do “se colar, colou” de Bolsonaro foi além

 

A estratégia do “se colar, colou” de Jair Bolsonaro (PL) foi além dos episódios nos quais o então presidente guardou um estojo de joias com um relógio de luxo da marca Chopard e tentou resgatar, por meio de ajudantes, aquelas que ficaram retidas na Receita Federal.

Bolsonaro também embolsou outro estojo de joias, que inclui um relógio Rolex de ouro branco cravejado de diamantes, como revelou o jornal “O Estado de S. Paulo” e confirmou a CNN.

O produto, segundo o jornal, é avaliado em mais de R$ 360 mil, e o conjunto fica por volta dos R$ 500 mil.

Nem a repercussão negativa das primeiras revelações, que levaram o Tribunal de Contas da União (TCU) a determinar a entrega dos objetos, fez o ex-presidente abandonar a tentativa de permanecer com o restante dos mimos entregues pelo regime da Arábia Saudita.

Sua defesa, em nota, afirmou que quaisquer presentes encontram-se à disposição para apresentação e depósito, “caso necessário”.

O uso da expressão “caso necessário” redobra e oficializa a aposta no “se colar, colou”, embora o TCU deva determinar novamente a entrega, repetindo a decisão anterior.

Caso não fosse necessário, porém, Bolsonaro poderia voltar ao brasil e já andar por aí de Rolex, como mais um político que levou vantagem no exercício do cargo.

 

       Comitiva de Bento Albuquerque voltou da Arábia Saudita com três malas de presentes para Bolsonaro, mostra documento

 

A agência Sportlight de jornalismo investigativo divulgou nesta terça-feira (28) reportagem mostrando que foram três malas com presentes que a ditadura saudita de Mohammed bin Salman enviou a Jair Bolsonaro e que não foi totalmente revelado pela comitiva do governo Bolsonaro que desembarcou em Guarulhos no dia 26 de outubro de 2021.

Por meio da Lei de Acesso à Informção, a agência Sportlight obteve documentos que mostam que às 3h19 daquele dia, ao despachar as bagagens do voo entre Riad e Doha, no Catar, na primeira etapa da viagem de retorno, o tenente da marinha Marcos André Soeiro, então lotado no Ministério das Minas e Energias, pagou US$ 794, equivalente a R$ 4.128,80, para a companhia aérea Qatar Airways. O custo foi referente à "necessidade de despachar três malas extras, contendo itens ofertados pelo Reino Saudita ao Estado Brasileiro, cujos comprovantes encontram-se em anexo”.

"Assim, o que se sabe até aqui: o conjunto com o colar de R$ 16,5 milhões, um par de brincos e um relógio; um estojo (uma caneta, um anel, um relógio, um par de abotoaduras e um terço); um manto, um lenço, um broche e uma escultura. Insuficientes para justificar três malas de bagagem extra no voo de retorno", diz a reportagem.

 

       Defesa de Bolsonaro diz que 3° pacote de joias foi registrado

 

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (28) que  o terceiro pacote de joias recebido do governo da Arábia Saudita foi registrado e catalogado no acervo da presidência. Segundo o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, o ex-presidente devolverá qualquer presente, caso necessário.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro recebeu em mãos um terceiro pacote de joias como presente do governo da Arábia Saudita. Entre os bens, está um relógio Rolex, além de caneta, abotoadoras e um anel.

"Todos os bens foram devidamente registrados, catalogados e incluídos no acervo da Presidência", afirmou a defesa.

Cunha Bueno ressaltou que todos os presentes de Bolsonaro serão auditados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Até o momento, o segundo pacote, avaliado em R$ 400 mil, foi entregue ao TCU.

Bolsonaro recebeu as joias em 2019, durante uma viagem a Doha, no Catar, e a Riade, na Arábia Saudita. A caixa contém um relógio Rolex, uma caneta Chopard, abotoaduras, anel e uma espécie de rosário árabe. O conjunto, de ouro branco e diamantes, é avaliado em mais de R$ 500 mil.

Segundo o Estadão, os presentes teriam sido recebidos, em mãos, pelo próprio Bolsonaro do regime da Arábia Saudita, após almoço com o rei Salman Bin Abdulaziz Al Saud. Diferente do caso das joias avaliadas em mais de R$ 16,5 milhões, que foram retidas pela Receita Federal por questões legais, e do outro pacote que veio na bagagem da comitiva que foi ao Oriente Médio em outubro de 2021.

Após receber as joias, Bolsonaro chegou a pedir que esses itens fossem armazenados em uma caixa de madeira clara, com o símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita e que fossem guardados no acervo privado da Presidência. De acordo com as informações obtidas pelo jornal, há uma confirmação disso no dia 8 de novembro de 2019, feita pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência.

 

       Joaquim Barbosa cobra investigação contra Piquet por esconder joias de Bolsonaro

 

Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que presidiu a Corte de 2012 a 2014, foi às redes sociais para questionar por que o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) ainda não tomaram providências contra o bolsonarista Nelson Piquet.

O ex-piloto escondeu as joias sauditas, que Jair Bolsonaro (PL) tentou incorporar ao seu patrimônio pessoal como se fossem “presentes” para ele.

 “Bolsonaro guardou joias e outros presentes em fazenda de Nelson Piquet, em Brasília. Ao ler esta matéria do Estadão (e várias outras que foram publicadas nas últimas semanas sobre o mesmo tema), eu me pergunto: cadê o MPF e a PF em toda essa história?”, postou Barbosa.

•        Busca e apreensão

Em entrevista ao programa Fórum Café desta quarta-feira (29), o ex-deputado federal Wadih Damous (PT-SP) afirmou que a casa de Nelson Piquet pode ser alvo de uma operação de busca e apreensão da PF.

O atual Secretário Nacional do Consumidor, que atua no Ministério da Justiça, avaliou as possibilidades de uma operação na casa do ex-piloto de Fórmula 1.

A declaração vem após reportagem do Estado de São Paulo revelar que mais joias dadas de presente a Bolsonaro enquanto presidente estão escondidas em Brasília.

O “presente” foi dado por autoridades da Arábia Saudita e incluem um relógio Rolex de ouro branco e diamantes com valor estimado em R$ 364 mil, uma caneta Chopard, abotoaduras e anéis estimados em R$ 200 mil.

•        Pedido ao TCU e ao MP

A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) enviou um pedido ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao MPF exigindo uma operação de busca e apreensão na fazenda de Piquet.

“Visto o perigo de perder-se os bens valiosos e pertencentes à União em posse do ex-piloto, requer-se deste tribunal as medidas acautelatórias necessárias para a vistoria e preservação dos presentes guardados em sua propriedade e a devolução imediata dos devidos ao acervo da Presidência da República, assim como apuração e responsabilização pelos fatos narrados”, afirma o pedido.

 

       Com renda mensal de R$ 130 mil, casal Bolsonaro vai morar em um dos condomínios de classe alta mais caros de Brasília

 

Com salários e aposentadorias que devem chegar juntos a 130 mil reais por mês em breve, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro vão morar em uma casa alugada em um condomínio de classe alta em Brasília e cada um deles vai ter salas exclusivas na sede do Partido Liberal na capital do país para trabalhar, respectivamente, como presidente de honra e presidente do PL Mulher para fazer política.

Bolsonaro chega nesta quinta à Brasília após três meses na Flórida, Estados Unidos, para onde viajou antes do fim do seu governo e o que levou a não passar a faixa presidencial para o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva. Michelle, que chegou a ir aos EUA, já está em Brasília.

É inédito, desde a redemocratização, a convivência na capital federal de um ex-presidente que não descarta buscar reeleição -- e quer liderar a oposição -- e um atual ocupante do Planalto.

Só a chegada de Bolsonaro a Brasília mostra impacto na rotina da capital, acostumada a gravitar em torno do presidente: há a expectativa de aglomeração de apoiadores no aeroporto e a previsão de bloqueio de vias da cidade.

Com domicílio originalmente no Rio de Janeiro, berço político do bolsonarismo, o casal decidiu morar no Solar de Brasília, condomínio fechado de classe alta localizado no Jardim Botânico, um dos bairros mais caros de Brasília. A casa de dois andares fica distante cerca de 12 quilômetros do Palácio do Planalto.

O custeio do aluguel, cujo valor é estimado em 12 mil reais por mês, ficará a cargo do casal, segundo uma fonte do PL.

Apesar do valor elevado, Jair e Michelle não deverão ter dificuldades para arcar com a nova morada em Brasília. Eles contarão com ao menos quatro fontes de renda para custear suas despesas que, somadas, devem superar a partir do próximo mês 130 mil reais em valores brutos.

Bolsonaro e Michelle vão receber, cada um, o salário equivalente ao de um deputado federal como presidente de honra do PL e presidente do PL Mulher. Até este mês, o vencimento de um deputado federal está em 39,2 mil reais, mas a partir de abril haverá um reajuste --aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro passado-- e ele passará a 41,6 mil reais. Só com esses dois vencimentos, eles vão receber cerca de 83,3 mil reais por mês.

Por ato do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), desde dezembro Bolsonaro também recebe uma aposentadoria do período em que foi de deputado federal, de 1991 a 2018. Esse benefício leva em conta fatores como tempo como parlamentar e de contribuição.

Em dados de fevereiro, último disponibilizado pela Câmara, essa aposentadoria parlamentar de Bolsonaro está em 35,2 mil reais brutos. Contudo, esse valor vai subir a partir de abril com a entrada em vigor do reajuste do salário dos deputados, o que tem efeito automático nas aposentadorias.

O ex-presidente ainda tem uma terceira fonte de renda. A mais antiga delas é a de 11,9 mil reais brutos como militar da reserva, segundo dados do Portal da Transparência.

 

Fonte: Brasil 247/CNN Brasil/iG

 

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