sexta-feira, 31 de março de 2023

Em seu primeiro discurso após retorno, Bolsonaro ameaça derrubar governo Lula

No seu primeiro discurso de volta ao Brasil após três meses de autoexílio nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro deu um recado ao governo Lula, dirigindo-se a parlamentares do PL e aliados de outros partidos.

Em um evento fechado, na sede do partido em Brasília, o ex-presidente disse que a legenda tem praticamente 20% das bancadas na Câmara e no Senado, que a oposição é a maioria dentro do Congresso e vai mostrar para “esse pessoal que, por ora e por pouco tempo está no poder, eles não vão fazer o que bem quer (sic) para o futuro da nossa nação”. “

Deu pra ter uma visão do nosso país lá de fora. É aprendizado, é um acompanhamento do que acontece aqui, é orgulhar-se de vocês. Eu lembro, lá atrás, quem é mais velho lembra disso, né?, quando alguém criticava o Parlamento, Ulysses Guimarães dizia: espere o próximo. Dessa vez, o próximo melhorou, e muito”, disse Bolsonaro, em um trecho da sua fala divulgada pelo deputado Pastor Marco Feliciano (PL-SP).

“E, mostrando para esse pessoal que, por ora e por pouco tempo está no poder, eles não vão fazer o que bem quer (sic) para o futuro da nossa nação. Nós somos praticamente 20% das bancadas, além de outros colegas nossos que tem aqui, de vários outros partidos. Nós somos a maioria dentro do Congresso. E nós queremos o melhor para o nosso país. E, hoje em dia, a bola está com vocês. Tenho certeza que vocês conduzirão o Brasil para um porto seguro”, complementou o ex-presidente, em outro momento — o vídeo divulgado por Feliciano tem cortes.

No último trecho da fala de Bolsonaro disponibilizada pelo parlamentar, ele diz que retornou ao Brasil com “orgulho muito grande” e vai cumprir expediente no PL, receber muita gente para conversar.

“O nosso chefe aqui é o Valdemar [Costa Neto]”, concluiu, referindo-se ao presidente do seu partido, que estava ao seu lado.

•        Silveira paga preço por confiar em Bolsonaro

Preso há quase dois meses por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira tem enfrentado sucessivas derrotas jurídicas. Atualmente vivendo no presídio de Bangu 8, no Rio de Janeiro, ao lado de outros políticos, como Roberto Jefferson e o ex-vereador Gabriel Monteiro, Silveira tenta de várias formas ser transferido para o Batalhão Especial Prisional (BEP) de Niterói, local que abriga militares e ex-militares.

No último dia 24 de março, o banho de água fria partiu da Justiça fluminense, que negou mais uma vez a solicitação de transferência. Sem entrar no mérito da questão, a desembargadora Suimei Cavalieri disse que a decisão cabe ao Supremo. “Expondo a impetração que a prisão cautelar do impetrante foi decretada pelo STF, qualquer decisão a ela relacionada está submetida, por uma questão de competência funcional”, afirmou a magistrada.

O pedido de transferência partiu do advogado de Silveira, Paulo César Rodrigues de Faria, enquanto seu cliente estava na cadeia de Benfica. “Sem tomar banho há quatro dias, sem uso de produtos de higiene, sem alimentação adequada, sua cela tem a presença de roedores”, afirmou. Após a alegação do defensor, Daniel partiu dali para Bangu três dias depois, mas não para Niterói, como queria.

Da Justiça fluminense, a defesa do bolsonarista foi ao Supremo. Desde então, Faria tem feito sucessivos e quase diários pedidos para que Silveira seja não apenas transferido, como para que o STF decida pela soltura do réu, com base no indulto que o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu a ele, em abril do ano passado. “O decreto é cristalino ao indultar pessoas condenadas ou submetidas a medida de segurança, não se vislumbrando a expressão trânsito em julgado como condição de validade, bastando simplesmente ser condenado para ter direito à clemência presidencial”, afirma Paulo Faria.

Além de requerer o arquivamento da ação penal que condenou Daniel Silveira, seu advogado quer a revogação da prisão preventiva e das medidas cautelares impostas a ele, a restituição dos valores apreendidos e a liberação de todas as redes sociais do ex-parlamentar.

O ex-deputado foi condenado a oito anos e nove meses de prisão, em 21 de abril de 2022, por incitação da prática de tentar impedir ou restringir, com emprego de violência ou grave ameaça, o exercício dos Poderes constitucionais. O indulto de Bolsonaro foi publicado no Diário Oficial no dia seguinte à condenação.

 

       Salles: 'Se o PL ficar com Nunes, a eleição está perdida'

 

Um dos mais aguerridos defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, de 47 anos, recebeu 604.918 votos e foi o 4° deputado federal mais votado de São Paulo em 2022. O capital eleitoral o estimula a se movimentar para tentar se cacifar como candidato do campo bolsonarista à Prefeitura em 2024. Os planos, porém, esbarram na relação próxima que seu partido, o PL, mantém com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) - que vai disputar a reeleição.

"Por mais que o prefeito queira os votos da direita, ele não tem essa relação com o presidente Bolsonaro. Ricardo Nunes nem sequer apoiou o Bolsonaro no 2° turno", disse ele, nesta entrevista ao Estadão.

Salles foi ministro entre 2019 e 2021. Sua gestão foi marcada por polêmicas. Em uma reunião ministerial em abril de 2020, ele sugeriu a Bolsonaro que aproveitasse o momento em que atenção da imprensa estava voltada para a pandemia da covid-19 para ir "passando a boiada" na área ambiental, flexibilizando regras.

>>> A seguir os principais trechos da entrevista:

•        O sr. quer ser candidato a prefeito da capital, mas o seu partido, o PL, está na gestão Ricardo Nunes e cogita apoiá-lo. Espera se firmar como representante do bolsonarismo em SP?

Sim, com certeza a minha expectativa é ser o candidato do presidente em São Paulo pelo fato de ter uma ligação com ele e ter sido seu ministro. Por mais que o prefeito queira os votos da direita, ele não tem essa relação com o presidente Bolsonaro. Ricardo Nunes nem sequer apoiou o Bolsonaro no 2° turno.

•        Essa é a intenção de Nunes? Ele diz que não é de direita...

Ele quer os votos da direita, mas declarou para o Estadão que não será o candidato da direita. Se ele não quer ser o candidato da direita, por que quer os votos dela? Eu sou o candidato da direita. Ricardo Nunes foge dessa posição. O partido dele está na base do Lula e tem ministérios.

•        No ano passado, Lula e Haddad venceram a eleição na capital paulista. Um nome com perfil moderado teria mais chance nesse campo da direita?

João Doria venceu na capital em 2016 com um discurso bem à direita. Existe esse espaço. Não digo que meu discurso será radical. Ser de direita não é ser radical. Não existe essa correlação. Essa coisa de radicalismo no fundo é usada para desqualificar. Não tem problema nenhum em ter um candidato da direita. São Paulo vive um momento de desordem e caos. Isso abre espaço para uma candidatura de direita que tenha um choque de civilidade como o do Rudolph Giuliani em Nova York em 1993. Aquela regra da lei e ordem, ou da tolerância zero, foi um choque de civilidade. São Paulo está precisando disso. A cidade está um horror, e não é por falta de dinheiro. Tem R$ 30 bilhões em caixa.

•        Como está sua articulação no PL? O presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, esteve recentemente com o prefeito e sinalizou um possível apoio...

Ricardo é o prefeito, por isso tem a máquina a seu favor. O PL tem a Secretaria de Meio Ambiente e duas subprefeituras, do Campo Limpo e Butantã. Há um certo cuidado do Valdemar, e é natural que seja assim, dele tomar qualquer decisão ou dar sinais de que pode não estar com o prefeito. Isso pode implicar na perda do espaço que o partido já tem na Prefeitura.

•        Se o PL apoiar o Nunes, o sr. pode mudar de partido para disputar a Prefeitura?

Essa é uma discussão que vamos ver. Não estou vendo o PL com o Ricardo. Só há uma chance disso acontecer: se o Ricardo Nunes melhorar muito a ponto de ser viável. Hoje ele não é. O prefeito não é conhecido e tem uma alta taxa de rejeição. A maioria das pessoas não o conhece. E quem o conhece o rejeita.

•        Conta com apoio de Tarcísio em 2024?

Estive com ele semana passada. A posição dele é ter uma parceria administrativa com o prefeito. É correto que mantenha isso. Mas, se nós mostrarmos viabilidade eleitoral, é óbvio que ele vai preferir ficar com o campo que o elegeu, que foram a direita e os bolsonaristas.

•        O sr. acha que teria viabilidade fora do PL?

Se o PL ficar com o Ricardo Nunes, a eleição está perdida. O Nunes não ganha do (Guilherme) Boulos. Isso abre espaço para minha candidatura. O presidente (Bolsonaro) não vai apoiar o Ricardo Nunes. Entre ele e eu é óbvio que vai apoiar a mim.

•        Bolsonaro lhe disse isso?

Nem precisa dizer. O ministro dele era eu. Ricardo Nunes não apoiou Bolsonaro no 2° turno.

•        A escolha do Boulos como candidato do PSOL com apoio do PT facilita a sua estratégia?

Se tem alguém que é a face invertida dessa moeda sou eu. Para mim é fácil debater com ele. Temos 100% de divergência.

•        Michelle Bolsonaro terá voo próprio na política?

O capital político é do Bolsonaro. Michelle fez um bom trabalho como primeira-dama, especialmente nos assuntos de voluntariado. Mas ninguém vai fazer nenhum movimento sem que o presidente esteja de acordo ou incentive.

•        Bolsonaro vai ficar inelegível?

Há claramente uma linha de atuação do TSE que prepara um processo nesta direção de torná-lo inelegível.

•        Nesse cenário, quem seria o herdeiro (ou herdeira) dele em 2026?

Está cedo para dizer. Tem muita gente no páreo: Michelle, Tarcísio, (Romeu) Zema...

 

       'Se deixar Ricardo Salles no Jd. Ângela ele não sabe voltar para casa', diz presidente do PL

 

O PL paulistano reagiu à entrevista do deputado federal e ex-ministro Ricardo Salles (PL-SP) ao Estadão nesta quarta-feira, 29, na qual o deputado federal se lançou como pré-candidato a prefeito e fez duras críticas à gestão de Ricardo Nunes (MDB).

"Somos da base do governo Ricardo Nunes e não vamos virar as costas para o prefeito. Esse grupo do Salles é estrangeiro no PL e iniciante na política. Se deixar o Ricardo Salles no Jardim Ângela ele não sabe voltar para casa", disparou o vereador Isac Felix, líder do PL na Câmara Municipal e presidente da sigla na capital.

Ainda segundo o dirigente, a ideia de lançar o deputado federal Eduardo Bolsonaro à Prefeitura, ventilada pelo ex-ministro Fabio Wajngarten em entrevista na rádio Jovem Pan, é uma "fumaça" que estão soltando. "Eduardo Bolsonaro não sabe nem onde fica Parelheiros", disparou o líder do PL.

Ao Estadão, Salles disse que se o PL ficar com Nunes a eleição está perdida em SP. "Ele quer os votos da direita, mas declarou para o Estadão que não será o candidato da direita. Se ele não quer ser o candidato da direita, por que quer os votos dela? Eu sou o candidato da direita. Ricardo Nunes foge dessa posição. O partido dele está na base do Lula e tem ministérios", disse o ex-ministro, que tenta reunir os bolsonaristas em torno do seu nome.

 

Fonte: Veja/Agencia Estado

 

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