quinta-feira, 30 de março de 2023

Ao contrário da Austrália, Brasil luta 'a ferro e fogo' por submarino nuclear próprio, diz analista

Visita do presidente Lula ao Complexo Naval de Itaguaí sela apoio do governo ao projeto de submarino nuclear. Para analista, Brasil luta para desenvolver tecnologia própria e não recebe produto pronto, como será o caso do submarino que a Austrália comprará dos EUA.

Nesta segunda-feira (27), oficiais da Marinha e da estatal Nuclebrás Equipamentos Pesados (NUCLEP) se reuniram no Complexo Naval de Itaguaí para debater o destino do programa de submarino nuclear brasileiro, informou o portal Defesa em Foco.

Criado em 2008 durante o segundo mandato de Lula, o programa de submarino nuclear brasileiro é considerado essencial para a segurança do Atlântico Sul.

"O programa do submarino é o grande programa estratégico da Marinha brasileira e, se considerarmos os recursos e tempo investidos, é o principal militar brasileiro", disse o professor da UNICAMP e pesquisador da área de indústria aeroespacial e de defesa, Marcos José Barbieri Ferreira, à Sputnik Brasil.

O programa, chamado PROSUB, inclui a construção de um estaleiro, uma base de operação, a construção de quatro submarinos convencionais e, claro, do submarino à propulsão nuclear Almirante Álvaro Alberto.

"O estaleiro já está construído, fica em Itaguaí, ao lado da NUCLEP. Dois submarinos convencionais estão prontos: o Riachuelo, que está em operação, e o Humaitá, ainda em fase de testes", informou Barbieri. "Os próximos submarinos convencionais serão entregues em 2024 e 2025 e o nuclear em 2029."

Em função de alegadas animosidades entre setores militares e o partido do presidente da República, houve quem duvidasse da manutenção do projeto no governo Lula 3. Para reafirmar seu compromisso, Lula visitou o Complexo Naval de Itaguaí na semana passada e garantiu a manutenção dos investimentos na área de defesa.

"O programa foi criado no governo Lula, durante as gestões dos ministros [da Defesa] Jobim e Mangabeira Unger", lembrou Barbieri. "A visita de Lula a Itaguaí, com uma comitiva grande de deputados e senadores, é um sinal claro de que o projeto é visto como estratégico e terá apoio."

Apesar do envolvimento do Palácio do Planalto ser essencial para a execução do PROSUB, ele pode trazer a reboque a lógica do toma-lá-dá-cá. Segundo o jornal Estado de São Paulo, deputados do Centrão disputam nomeações para a diretoria da NUCLEP, empresa essencial para a construção do submarino nuclear brasileiro.

"A NUCLEP é peça-chave no programa PROSUB. Ela fabrica a estrutura do reator nuclear e a estrutura do submarino", explicou Barbieri. "É um dos poucos lugares do mundo que faz estruturas metálicas de alta capacidade e resistência. E não só para o Brasil, a NUCLEP exporta serviços de manutenção para vários países."

Desenvolver do zero

O projeto do submarino nuclear brasileiro é frequentemente criticado por repetidos atrasos na sua conclusão. Barbieri alerta, no entanto, para a complexidade de desenvolver um projeto desta monta do zero.

"Não é só uma questão de recursos. A verdade é que não é fácil desenvolver uma tecnologia do zero, sem receber dos outros. Montar o submarino, fazê-lo funcionar, colocar na água de forma que ele opere corretamente é um processo complexo, e assim foi para todos os países", considerou Barbieri.

Além disso, a obtenção de submarinos nucleares por parte de países não detentores de tecnologia nuclear militar incomoda algumas potências mundiais, alerta o especialista.

"O submarino nuclear é uma arma estratégica que só seis países do mundo têm. Os países detentores não vão querer que mais países a obtenham", declarou Barbieri. "O submarino nuclear é equipado com armamentos convencionais, mas, ao obter essa tecnologia, o país está atingindo um novo patamar no seu desenvolvimento de tecnologias nucleares."

Enquanto o Brasil luta para avançar nesse projeto complexo, países como a Austrália recebem a tecnologia de mão beijada por parte de potências como EUA e Reino Unido. Acordo firmado no âmbito da aliança AUKUS promete transferir submarinos nucleares para Camberra.

"Precisamos questionar até que ponto esse submarino será realmente australiano e se haverá de fato transferência de tecnologia", apontou Barbieri.

Segundo o especialista, a Austrália vai adquirir o produto pronto, e obter ganhos como conhecimento sobre como operar e manter um submarino nuclear.

De fato, o acordo prevê o treinamento de membros da Marinha australiana em bases dos EUA e do Reino Unido. A partir de 2030, a Austrália poderá comprar três submarinos nucleares norte-americanos da classe Virginia, com opção para adquirir mais dois, informou a BBC.

"A Austrália será basicamente uma operadora, e não desenvolvedora de submarinos nucleares", acredita Barbieri. "Esse não é o caso do Brasil. Nós estamos desenvolvendo o nosso próprio submarino."

"A Marinha luta a ferro e fogo, sem recursos, sem apoio político durante muitos períodos, em especial durante os governos neoliberais da década de noventa, para desenvolver a tecnologia", concluiu o especialista.

Nesta segunda-feira (27), o presidente da NUCLEP, Carlos Henrique Silva Seixas, se reuniu com o comandante da Força de Submarinos da Marinha, contra-almirante Manoel Luiz Pavão Barroso, no Complexo Naval de Itaguaí para debater os rumos do projeto do submarino nuclear brasileiro. A reunião foi realizada após a visita do presidente Lula ao local, em 22 de março, acompanhado dos ministros da Defesa, José Múcio, da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, entre outros.

 

       Militar dos EUA: 'Para cada ás nuclear em nosso baralho, Putin tem um ás nuclear correspondente'

 

O Ocidente enfrentará uma catástrofe se ignorar o sinal dado pelo presidente russo Vladimir Putin de implantar armas nucleares em Belarus, escreve Daniel Davis, tenente-coronel do Exército dos Estados Unidos, em um artigo para a edição 19FortyFive.

"Continuar a ignorar o elefante gigante na sala poderia levar a um resultado sombrio e potencialmente catastrófico para o Ocidente", diz a publicação.

O tenente-coronel acredita que o Ocidente não tem trunfos para derrotar a Rússia, portanto seria prudente não arriscar uma escalada nuclear na Ucrânia e acabar com o conflito.

"Não temos trunfos para derrotar o adversário russo. Para cada ás nuclear em nosso baralho, Putin tem um ás nuclear correspondente. Lidar com Moscou exige que joguemos por um conjunto diferente de regras", concluiu Davis.

Recentemente, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscou e Minsk concordaram em implantar armas nucleares táticas em Belarus sem violar compromissos internacionais, acrescentando que os Estados Unidos há muito posicionam suas armas nucleares táticas no território de seus aliados e países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Anteriormente, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha condenou a decisão da Rússia de implantar armas nucleares táticas em Belarus e chamou isso de "tentativa de intimidação nuclear".

 

       Rússia: falas dos EUA sobre investigação das explosões do Nord Stream não valem um tostão furado

 

As garantias dos Estados Unidos de total credibilidade nas investigações sobre as causas das explosões nos gasodutos russos Nord Stream (Corrente do Norte) não valem "um tostão furado", declarou a Embaixada da Rússia em Washington.

"As garantias proferidas pela administração [dos EUA] de plena confiança na investigação 'minuciosa' de pessoas de mesma opinião não valem um tostão furado", comunicou a embaixada russa.

A missão diplomática russa também apontou para o "bloqueio de fato" do apelo conjunto de Rússia, China e Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para uma investigação internacional abrangente.

Nesta segunda-feira (27), o Conselho de Segurança da ONU não adotou um projeto de resolução russo que pedia a criação de uma comissão internacional sob auspícios da ONU para investigar a sabotagem no gasoduto. A favor votaram a Rússia, a China e o Brasil, tendo os outros membros do Conselho de Segurança se abstido.

Os ataques ocorreram simultaneamente em 26 de setembro de 2022 nos dois gasodutos russo-alemães que transportavam gás natural russo para a Europa – o Nord Stream 1 e Nord Stream 2.

A Alemanha, a Dinamarca e a Suécia não descartaram se tratar de um ato de sabotagem. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a explosão dos gasodutos foi um óbvio ato de terrorismo.

•        Moscou suspende transferência de todos os tipos de notificações sob o Tratado Novo START

A transferência de todas as notificações entre a Rússia e os EUA ao abrigo do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo START), incluindo notificações sobre lançamentos de testes, foi suspensa, declarou nesta quarta-feira (29) Sergei Ryabkov, o vice-chanceler russo.

"Todas as formas de notificações, todos os formatos foram suspensos, todas as atividades de inspeção, intercâmbio de dados, em geral, todos os tipos de trabalhos são suspensos, eles não serão realizados. Isso não depende da posição que os EUA possam tomar", disse o diplomata aos jornalistas.

Na terça-feira (27), o secretário adjunto de Defesa dos EUA para a Política Espacial, John Plumb, disse que as autoridades de Defesa russas informaram durante seu contato com os homólogos dos EUA naquele dia que Moscou não intercambiaria dados semianuais com Washington ao abrigo do Tratado Novo START.

Em 21 de fevereiro, o presidente russo Vladimir Putin, em sua mensagem à Assembleia Federal, disse que a Rússia suspende sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas, enfatizando que o país não está se retirando do tratado. Ele observou que, antes de voltar à negociação, "devemos entender para nós mesmos o que pretendem tais países como a França e o Reino Unido e como vamos levar em conta seus arsenais estratégicos, ou seja, a capacidade combinada de ataque da Aliança [do Atlântico Norte]". O acordo Novo START prevê que cada lado reduza seus arsenais nucleares de tal maneira que em sete anos, e no futuro, o número total desses armamentos não ultrapasse 700 mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês), 1.550 ogivas e 800 sistemas de lançamento implantados e não implantados.

 

       Após incidente entre caça russo e drone dos EUA no mar Negro 'espionagem' americana é comprometida

 

A emissora CNN relatou que a decisão dos EUA de criar novas rotas mais ao sul do mar Negro após o incidente entre o caça russo e o drone americano, "definitivamente limitou" a capacidade de coletar informações na Ucrânia.

De acordo com a mídia, citando um oficial dos Estados Unidos, a reorientação dos voos a distâncias maiores reduz a qualidade da inteligência americana, comprometendo a eficácia dos drones de vigilância no conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Com isso, a CNN ressalta que o presidente norte-americano, Joe Biden, segue sendo cauteloso e tomando medidas para evitar qualquer incidente ou um conflito direto com a Rússia.

Ao ser questionado pela mídia, o porta-voz do Pentágono, brigadeiro-general Patrick Ryder, afirmou que os norte-americanos "não vão discutir suas missões, rotas ou tempo de operações, ou outras informações da inteligência".

Contudo, o oficial americano relatou que já existe o desejo de voltar a caminhos mais próximos do território russo.

No início deste mês, um drone norte-americano MQ-9 Reaper caiu no mar Negro depois que caças russos foram enviados para interceptar a aeronave. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que o drone caiu após manobras bruscas, enquanto os EUA acusam um dos jatos russos de atingir a hélice do drone.

•        Rússia: cerca de 50 países estão envolvidos no conflito armado do lado do regime de Kiev

Cerca de 50 países que fazem parte da chamada coalizão Ramstein estão envolvidos no conflito armado do lado do regime de Kiev, disse Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, durante uma reunião dos secretários de conselhos de segurança dos Estados-membros da Organização para Cooperação de Xangai (SCO) em Nova Deli.

"No território de países da OTAN é ativamente realizado o treinamento de militares ucranianos. Cerca de 50 países pertencentes à chamada coalizão Ramstein estão envolvidos no conflito armado do lado do regime de Kiev", disse Patrushev.

Ele também declarou que o comportamento provocativo do Ocidente no contexto da crise na Ucrânia poderia levar à catástrofe e contradiz o postulado da inadmissibilidade da guerra nuclear.

"O comportamento provocativo do Ocidente no contexto da crise na Ucrânia pode levar a consequências catastróficas. Ele contradiz a essência da declaração conjunta dos líderes dos 'cinco países nucleares' de 3 de janeiro de 2022, onde se reafirmou o postulado da inadmissibilidade da guerra nuclear", enfatizou o secretário do Conselho de Segurança da Rússia.

Ele ressaltou que "a Rússia, por sua vez, continua totalmente comprometida com esta declaração e, de acordo com o seu conteúdo, está convencida da necessidade de evitar qualquer confronto militar entre países com armas nucleares".

Patrushev também destacou que não só a Ucrânia se tornou um campo de testes para armas biológicas dos EUA, na mira de Washington estão também a Geórgia, Moldávia e vários países da (SCO, na sigla em inglês). Ele acrescentou que considera extremamente importante discutir questões de biossegurança no âmbito da SCO.

Patrushev observou que há "evidências irrefutáveis" da ampla atividade biológica de Washington no território da Ucrânia, bem como do envolvimento das elites norte-americanas nesses processos.

 

       Pequim ameaça retaliar se líder de Taiwan se encontrar com chefe da Câmara dos Representantes de EUA

 

O governo chinês ameaçou retaliar se a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, se reunir com o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA nesta semana, dizendo que seria uma "provocação", declarou a porta-voz do Gabinete de Conselho da China para as Relações Exteriores de Taiwan, Zhu Fenglian.

A delegação taiwanesa está indo em uma viagem de dez dias para a Guatemala e Belize através dos Estados Unidos. Espere-se que Tsai se encontre com o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, mas não houve confirmação oficial.

"As autoridades de Taiwan constantemente inventam desculpas, usam todas as oportunidades para realizar seus interesses 'independentistas'. Essa viagem de trânsito da líder taiwanesa é de fato um ato provocativo, uma busca pela assistência dos EUA para a realização da independência", disse Zhu Fenglian.

Segundo ela, o "trânsito" de Tsai Ing-wen não vai parar no aeroporto ou no hotel, por estar procurando desculpas para se comunicar com vários funcionários dos EUA, membros do Congresso, "para entrar em conluio com forças estrangeiras antichinesas".

"Se ela se encontrar com McCarthy, será outra provocação que viola seriamente o princípio Uma Só China, prejudica a soberania e a integridade territorial da China e destrói a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan", afirmou a porta-voz.

"Nós nos opomos firmemente a isso e definitivamente tomaremos medidas para revidar resolutamente", enfatizou Zhu.

A situação em torno de Taiwan piorou depois que a então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, visitou a ilha no início de agosto. Pequim condenou a viagem de Pelosi, que considerou um gesto de apoio ao independentismo, e lançou exercícios militares em larga escala nas proximidades da ilha.

Apesar disso, vários países, incluindo França, Estados Unidos, Japão e outros, enviaram suas delegações à ilha, aumentando ainda mais as tensões no estreito de Taiwan.

A liderança chinesa afirma repetidamente seu desejo de reunificação pacífica com Taiwan, mas nunca promete renunciar ao uso da força militar, se necessário. A China reivindica Taiwan, cuja independência nunca reconheceu, sublinhando que elas estão destinadas à reunificação um dia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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