Antinutrientes:
riscos, benefícios e como evitá-los
Você
já ouviu falar em antinutrientes?
Os antinutrientes são
compostos presentes em alimentos de origem vegetal que podem diminuir, impedir
ou dificultar a absorção de nutrientes essenciais no
sistema digestivo. Eles são encontrados principalmente em grãos. Mas a boa
notícia é que é possível reduzir a ingestão de antinutrientes com algumas medidas simples – ou, melhor
ainda, eliminá-los quase completamente.
·
O que são antinutrientes?
O antinutrientes não são uma grande
preocupação para a maioria das pessoas, mas podem se tornar um problema durante
os períodos de desnutrição ou entre as pessoas que baseiam suas dietas quase
exclusivamente em alimentos saudáveis vegetais, como grãos e legumes. No
entanto, os antinutrientes nem
sempre são ruins. Alguns antinutrientes,
de acordo com estudos, podem ter efeitos
bastante benéficos para a saúde.
As
saponinas, por exemplo, estimulam o sistema imunológico, reduzem o risco
de câncer e pedra nos rins,
diminuem o colesterol ruim e combatem a
coagulação do sangue observada em ataques cardíacos e derrames. As lectinas,
encontradas em grãos de cereais e leguminosas, estão associadas à redução do
risco de doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer e excesso de peso
ou obesidade.
Os
taninos, comumente encontrados em chás, café, carnes e queijos
processados, são antioxidantes que podem inibir o
crescimento de bactérias, vírus, fungos e leveduras, além de reduzir os níveis
de colesterol ruim e a pressão arterial.
Os
fitatos, encontrados no trigo, cevada, arroz e milho, estão associados ao
aumento da função imunológica e à morte das células cancerosas, bem como à
redução do crescimento e disseminação das células cancerosas. Eles também têm
propriedades antioxidantes e podem reduzir a inflamação. Finalmente, os
glucosinatos, encontrados em vegetais de brássicas como a couve-flor e a couve comum, inibem o
crescimento de células tumorais.
<<<< Principais efeitos negativos dos
antinutrientes
- Fitato (ácido
fítico): Encontrado principalmente em sementes, grãos e legumes, o fitato reduz a
absorção de minerais de uma refeição, como ferro, zinco, magnésio e
cálcio. A vitamina
C pode
ajudar a combater esses efeitos.
- Taninos:
Classe de polifenóis antioxidantes que podem prejudicar a
digestão de
vários nutrientes.
- Lectinas:
encontradas em todas as plantas alimentícias, especialmente em sementes,
legumes e grãos. Algumas lectinas podem ser
prejudiciais em quantidades elevadas e interferir na absorção de
nutrientes.
- Inibidores de
Protease: Amplamente distribuídos entre as plantas, especialmente em
sementes, grãos e leguminosas. Eles interferem na digestão de proteínas,
inibindo as enzimas digestivas.
- Oxalatos: Os
oxalatos são um dos poucos antinutrientes com
impactos negativos, principalmente no corpo. Eles são encontrados em
legumes, beterrabas, frutas
vermelhas, chocolate, tofu, farelo de
trigo, refrigerante, café, chá, cerveja, vegetais verdes escuros e
batata-doce, dentre outros. Eles podem causar a ligação ao cálcio no trato
digestivo e sua remoção do corpo durante os movimentos intestinais. Os
oxalatos também podem aumentar o risco de pedras nos rins em algumas
pessoas.
Vegetarianos e veganos, por basearem sua dieta exclusivamente em
alimentos de origem vegetal, devem ter mais cautela em relação aos antinutrientes. Nesses casos, a
resposta é adotar algumas medidas simples para removê-los, como imersão,
escaldamento, fervura e outros processos de alta temperatura.
<<<<< Como reduzir ou eliminar os
antinutrientes dos alimentos
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Imersão
O feijão e outras leguminosas como a lentilha e o grão-de-bico podem ser deixados de molho na água
durante a noite para melhorar seu valor nutricional. A maioria dos antinutrientes presentes na
leguminosas é encontrada na pele. Como muitos antinutrientes são solúveis em água, eles simplesmente se
dissolvem quando os alimentos são imersos em água.
Um
método ainda mais eficaz para reduzir os antinutrientes é manter esses alimentos em um recipiente com
água, dentro da geladeira, por no mínimo 12 horas, trocando a água de vez em
quando.
Em
leguminosas, um estudo descobriu que a
imersão diminui o fitato, os inibidores de protease, as lectinas, os taninos e
o oxalato de cálcio. Outro estudo descobriu que
a imersão de feijão-guandu por 6 a 18 horas diminuiu as lectinas em 38-50%, os
taninos em 13-25% e os inibidores de protease em 28-30%. No entanto, a redução
de antinutrientes pode
depender do tipo de leguminosa. No feijão, soja e favas, a imersão reduz muito
pouco os inibidores de protease, segundo pesquisas.
Mas
não é só no caso das leguminosas que a imersão funciona: a ciência comprova
vegetais folhosos também podem ser embebidos em água para reduzir alguns dos
seus oxalatos de cálcio (confira aqui estudo a respeito: 14).
A
técnica da imersão pode ser usada em combinação com outros métodos, como
brotação, fermentação e cozimento.
·
Brotamento
O
brotamento, também chamado de germinação, pode aumentar a disponibilidade de
nutrientes em sementes, grãos e legumes, melhorando a qualidade dos fatores
nutricionais.
- Comece
enxaguando as sementes para remover todos os detritos, sujeira e terra;
- Mergulhe as
sementes por duas a 12 horas em água fria. O tempo de imersão depende do
tipo de semente;
- Lave-os
completamente em água;
- Escorra o
máximo de água possível e coloque as sementes em um vaso para brotamento
(sem luz solar direta), também chamado de sprouter. Você também pode
adquirir o Broto Fácil;
- Repita a
lavagem e drenagem de duas a quatros vezes. Isso deve ser feito
regularmente ou uma vez a cada 8-12 horas.
Durante
a germinação, ocorrem mudanças dentro da semente que levam à degradação
dos antinutrientes, como os
inibidores de fitato e de protease. Em pesquisas, o brotamento
demonstrou reduzir o fitato em 37-81% em vários tipos de grãos e legumes. Além
disso, em um outro estudo, esse processo
também diminuiu as lectinas e inibidores de protease.
·
Fermentação
A
fermentação é um método antigo usado originalmente para preservar os alimentos.
É um processo natural que ocorre quando microrganismos, como bactérias ou
leveduras, começam a digerir os carboidratos dos alimentos.
Embora
a comida que se torna fermentada por acidente seja mais frequentemente
considerada tóxica, a fermentação controlada é amplamente utilizada na produção
de alimentos e ainda pode conservar probióticos (em alguns casos, como o chucrute), que são microrganismos benéficos para a
saúde intestinal.
A
fermentação degrada os antinutrientes dos
grãos, levando a uma maior disponibilidade de outros nutrientes. A fermentação
de sourdough (massa
lêveda) é mais eficaz na redução de antinutrientes nos grãos do que a fermentação de levedura
comum. Em vários grãos e leguminosas, a fermentação degrada efetivamente
fitatos e lectinas.
·
Fervura
A
fervura pode degradar antinutrientes como
lectinas, taninos e inibidores de protease. Um estudo mostrou que
ferver o feijão-guandu por 80 minutos reduziu os inibidores de protease em 70%,
lectina em 79% e tanino em 69%.
Além
disso, o oxalato de cálcio é reduzido em 19-87% em vegetais de folhas verdes
fervidas. Cozinhar e assar, por outro lado, não são métodos tão eficazes. O
fitato, entretanto, é resistente ao calor e não é tão facilmente degradado com
a fervura.
O
tempo de cozimento requerido depende do tipo de antinutriente, do vegetal e do método de cozimento. Geralmente, um
tempo de cozimento mais longo resulta em maior redução de antinutrientes.
Fonte:
eCycle
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