segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Artigo: “Kátia ministra: Traição ou adesão?”. Por Francklin Sá


Afirmam os biógrafos da presidente Dilma ter ela participado na década de 70, da luta armada que visava não só retomar o poder - fazendo retornar ao comando dos civis -, mais também, se inseria nos ideais de todos que dela participaram, defender a democracia, a causa do meio ambiente, reforma agrária, paz no campo, enfim, defendia uma sociedade menos injusta, como ainda vemos em nossa pátria.
Décadas após iniciada essa luta, ascende ao Poder, uma das suas militantes, a atual presidente que foi reeleita, justiça seja feita, graças a luta dos movimentos sociais, que sentindo a ameaça de verem os avanços sociais serem interrompidos, retornaram as ruas em defesa de mais um mandato para o governo petista.
De repente, todos aqueles que lutaram e lutam por um País socialmente menos injusto se vê surpreendido com o convite formulado pela antiga “guerrilheira”, para assumir o Ministério da Agricultura, nada mais nada menos, do que a senadora Kátia Alves, uma das maiores, se não a maior, representante da direita no Congresso Nacional, política que tem como marca em seu currículo a intransigente luta contra todos os ideais defendidos pela esquerda e movimentos sociais brasileiros.
É conhecido por todos que acompanham a política nacional - exceto por Dilma -, as posições radicais defendidas pela senadora Kátia Alves contra a reforma agrária, pelo desmatamento sem controle - a ponto de ser conhecida como “miss motosserra”, título concedido pelo Greenpeace -, pela radical e ferrenha campanha contra o PT e os movimentos sociais, principalmente do campo além de ser envolvida até os dentes com o trabalho escravo e com a agressão ao meio ambiente. Tem ainda no seu currículo, como legado, a marca de envolvimento com grilagem de terras e denúncias de crimes contra trabalhadores rurais. Como Presidente da CNA, a Senadora representa os setores mais duros e resistentes do agronegócio.
Desta forma, a indicação da senadora para qualquer ministério, em um governo que discursa dizendo está em defesa dos postulados defendidos por aqueles que participaram das lutas em defesa da redemocratização do País e pelas esquerdas, além das promessas feitas ainda em campanha de zelar pelo patrimônio público e pela ética nas suas ações, chega a ser uma traição para aqueles que nele acreditaram e um golpe de misericórdia nas lutas até hoje empreendidas pelos movimentos sociais, em busca de menos injustiças, principalmente no campo. É premiar aqueles que sempre defenderam e defendem tudo de podre que aí está.
A nomeação de Kátia Alves será o tiro de misericórdia para aqueles que saíram às ruas em busca da reeleição de Dilma Rousseff, atendendo os apelos do partido quando se viu ameaçado pela direita, representada por Aécio Neves. Será o fim dos sonhos de ver um País mais justo e de se encontrar a paz no campo por aqueles que, diante das ameaças da pregação de golpe pela direita, tem ido às ruas em defesa do mandato da atual presidente.
Kátia no ministério será premiar exatamente aqueles segmentos que hoje financiam os movimentos de direita que pregam a volta dos militares, que defendem o golpe e o impeachment e lutam pelo retorno da extrema direita ao Poder, se contrapondo a tudo que aqueles que na década de 70 estiveram em campo, sofreram e muitos torturados, para poder respirar os ares da democracia.
Portanto, torna-se necessário que os movimentos sociais fiquem atentos a mais este golpe e traição que está sendo maquinado nos porões do Poder e que inclua nas suas bandeiras de luta, mais esta causa a ser defendida, ou seja, de impedir que pessoas que lutaram e ainda lutam contra as causas sociais possam participar de um governo que se utilizam das bandeiras e ideais socialistas para se elegerem, não permitindo ser utilizada apenas como massa de manobra.
O que se espera, e isto caberão aos movimentos sociais começarem a se movimentar para não permitir, é que o governo de Dilma neste segundo mandato, não tome o rumo que se está desenhando de cair nos braços da direita  raivosa, pois não foi esta a opção escolhida pelo eleitor, pois se assim o desejasse, ele teria Aécio Neves, como muito mais traquejo e forjado no berço dos derrotados nas urnas. 
A ameaça já está bastante visível e se executado se transformará no maior estelionato eleitoral de um governo que já recomeça disposto a ceder tudo ou quase-tudo para quase nada  fazer. Pelos sinais apresentados, a lógica da virada à direita na economia já é inevitável, apesar de tudo que prometeu durante a campanha eleitoral e das críticas feitas aos seus adversários. Pelo que tem especulado a imprensa,  a equipe econômica, já está montada, tendo o aval dos mercados financeiros e industrial, com Joaquim Levy , atualmente executivo do Bradesco - mas um Chicago Boy de carteirinha e parceiro de trajetória de Armínio Fraga, comandando a Fazenda.

Para quem não se lembra, quantas notas saíram nas redes sociais colocadas pelos petistas tecendo críticas a Marina por sua aliança com o Itaú e a Aécio, por ter escolhido Armínio Fraga para ministro. Dilma cansou de bater criticando, mais de repente foi buscar um aluno de Armino e ligado ao Bradesco para comandar a Fazenda. O que pode esperar o povão então? De bom nada e com certeza 2015 já prenuncia como um ano de arrocho salarial, desemprego e cortes nas despesas públicas, principalmente naquelas que interessam aos segmentos sociais, pois para o mercado empresarial, como sempre lhes serão dado não só as mãos como os dedos e os anéis, com anúncio de medidas que estavam em processo de elaboração como cortes de despesas com seguro-desemprego;  pensões por morte e com o abono salarial. Tudo isto com um único objetivo: adoçar a boca do segmento industrial.

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