sábado, 9 de agosto de 2014

Artigo: “O discurso político da acusação sem averiguação!"


A sociedade política capitalista, tendo a imprensa burguesa como aliada, cria diariamente o espetáculo discursivo das acusações em averiguação, acentuando cada vez mais a sua falta de escrúpulo político. Acusar discursivamente políticos ou lideranças populares sem averiguações, simplesmente para tentar desgastá-los, puni-los, pública e politicamente, tem sido uma arma discursiva inescrupulosa largamente utilizada.
Vamos a alguns exemplos: a oposição de direita brasileira (PSDB/DEM) e admiradores, assim que descobriu prejuízos em negócios feitos na Petrobrás, sem qualquer averiguação profunda, fazendo politicagem eleitoreira, já tentou incriminar a Presidente Dilma Rousseff que, em 2006, era Presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, aprovando a realização da compra da refinaria de Pasadena na ocasião, confiando nos relatórios dos membros responsáveis pelo negócio. Qual o intuito dessa acusação sem averiguaçãoem relação à Dilma Rousseff? Desgastar, pública e politicamente, a imagem da Presidente.
Mais recentemente, para que não se venha aqui nos acusar de unilaterais nessa nossa reflexão, o candidato da oposição de direita, Aécio Neves, provou do próprio veneno, ou seja, é acusado de beneficiar sua família, ao construir, supostamente com dinheiro público, um aeroporto privado na fazenda do tio-avô. Já foi feita toda a averiguação para que julguemos Aécio Neves como culpado? Sinceramente, nesse caso específico, ainda tenho minhas dúvidas, se não se trata do discurso da acusação sem averiguação para, em época de eleições, tentar desgastar a imagem do candidato. É preciso investigar melhor, para que possamos tecer uma opinião mais alicerçada sobre o tema.
A militante do PSOL, popularmente chamada de Sininho, e outros manifestantes no Rio de Janeiro, foram acusados sem averiguação e, como são pessoas do povo, sem poder político institucional, frutos dessa acusação politicamente montada, foram sumariamente condenados, julgados pela mídia burguesa e até presos como “quase terroristas”, supostamente acusados de preparação de “protestos violentos”. Conseguiram agora habeas corpus de soltura, para se fazer investigação com direito pelo menos à defesa, claro, depois de muita pressão política dos lutadores sociais e, inclusive, depois do escândalo diplomático causado, quando a advogada militante Eloísa Samy, defensora desses manifestantes, chegou a pedir asilo político à embaixada do Uruguai no Brasil, trazendo à tona a prática ditatorial que tem sido imposta pelo governo PMDBista no Rio de Janeiro.
Por outro lado, metroviários em São Paulo foram demitidos sumariamente pelo governo do PSDB, acusados de “vandalismo” sem averiguação, execrados pela mídia burguesa, supostamente por terem cometido o “crime” de lutar por melhores salários, desobedecendo às ordens judiciárias patronais de volta ao trabalho naquele Estado. Fazer greve não é um direito constitucional? Como pode o PSDB demitir trabalhadores grevistas assim, passando por cima da Constituição Federal? Trata-se de uma acusação sem averiguaçãosimplesmente para punir lutadores da classe trabalhadora.
No plano internacional, assim que o Boeing da Malaysia Airlines foi derrubado, uma tragédia, diga-se de passagem, choveram discursos da acusação sem averiguação, colocando a Rússia como responsável direta pelo atentado e a Revista Veja brasileira, inclusive, foi taxativa em dizer que “A culpa é de Putin”. Mas até agora não há provas internacionais de quem cometeu o atentado, tudo se resume a troca de acusações políticas. Qual o objetivo? Parece-nos que é dar razão ao imperialismo norte-americano, que tem interesse em se beneficiar com a exploração das riquezas produzidas pelos trabalhadores da Ucrânia.
Em outras palavras, acusação sem averiguação é um discurso sem escrúpulos, próprio da moral do vale-tudo do capitalismo, largamente praticado na política, cujo objetivo é queimar e desgastar a imagem de pessoas que possui algum poder de interferir na realidade sócio-histórica-econômica. Grupos políticos, partindo do pressuposto inescrupuloso de que vale-tudo para estar no poder ou para derrubar quem está no poder, fazem acusações graves sem averiguação sem o mínimo constrangimento. Isso, para dizer pouco, é muito feio.
Seria prudente, antes de sair por aí acusando gravemente os outros sem averiguação séria, que investigássemos melhor os fatos. Isso causaria menos erros e menos julgamentos levianos no mundo.


Por: Gílber Martins Duarte – Militante Socialista Livre do CSL/CAEP – Sind-UTE/Uberlândia/MG – Doutor em Análise do Discurso/UFU – Professor da Rede Estadual de Minas Gerais – Membro MEOB – CSP-CONLUTAS.


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