O povo brasileiro alcançou um grau de
mediocridade inimaginável. Ganhou incrível força a figura do “imbecil útil”. É ignorante,
mesquinho, fanático por mentiras calorosas, preguiçoso, viciado em esmolas
fáceis e famélico por excrescências, mas sempre está à disposição para rir da
desgraça que o cerca e defender a distopia da trupe insolente que governa o
Brasil. Um grosso caldo medíocre, em suma. Não há outra definição.
“O idiota raivoso fala sempre com força de
bando e, na democracia de massa em que vivemos, ele sim tem o poder absoluto de
destruir todos os que não se submetem a sua regra de estupidez bem adaptada”, escreveu com
brilhantismo Luiz Felipe Pondé em sua obra “Guia
Politicamente Incorreto da Filosofia” (Editora
Leya, 2012, pág. 54), ao buscar um diálogo entre o pensamento do francês Alexis
de Tocqueville, do britânico Michael Oakeshott e do brasileiríssimo Nelson
Rodrigues, capaz de chancelar sua competente e corajosa assertiva: “a mediocridade anda em bando e a
democracia ama os medíocres”.
É sob esse manto de mau-caratismo que
estamos subsistindo. Convenhamos: que nação, com algum vestígio de dignidade e
vergonha na cara, aceitaria tão candidamente que sua presidente da República, a
despeito do caos e do descaso com a infraestrutura miserável do país, fosse
inaugurar sua primeira grande obra em Cuba? Não bastasse o descalabro de
financiar o monumental porto cubano com quase R$ 2 bilhões dos cofres públicos
brasileiros e dos R$ 40 milhões anuais pela participação — em regime quase
escravagista — no programa “Mais
Médicos”, “Sua Alteza” ainda teve a cara de pau de prometer
mais R$ 700 milhões para a ditadura comunista dos irmãos Castro.
Um dia antes, a presidente do Brasil ficou
furiosa porque alguns “ridículos”,
que ainda tem a ousadia de pensar neste país de debiloides, utilizaram as redes
sociais para questioná-la sobre os R$ 26 mil pagos — com recursos da União,
fique claro! — por um pernoite na suíte presidencial de um hotel em Lisboa e as
demais quatro dezenas de quartos ocupados por sua monstruosa comitiva oficial,
cujo transporte exigiu dois aviões da Força Aérea Brasileira. Não fosse pela “imprensa que avacalha” — na acepção de um certo “ex” —, a folia portuguesa dos “bem-aventurados” jamais chegaria ao conhecimento do
(ir)respeitável público.
Diante da explosão desses dois casos
escabrosos revelados num curto espaço de 48 horas e da cereja do bolo de tolos
que foi a divulgação das fotos tétricas da presidente e sua turma em animada
bacalhoada num elegante restaurante de Portugal e carregando sacolas de vinhos
à saída, entraram em ação os “imbecis
úteis”. A militância, “com
força de bando”, tratou de caçar os subversores ainda pensantes e, para
além de golpes abaixo da cintura — modus
operandi de quem não tem
capacidade intelectual e moral para juntar “lé-com-cré” na argumentação de um debate —,
assumir seu protagonismo no teatro dos desavergonhados.
“A ‘presidenta’ não precisa dar satisfações
de onde come ou dorme”, foi a genial frase escolhida pelos “úteis”, enquanto recolhiam sua
contribuição à “vaquinha” pra pagar multas milionárias impostas
pela justiça aos “companheiros” condenados por institucionalizar o
roubo aos cofres públicos em nome da tal “causa” e por comprarem a fidelidade de parlamentares.
Um verdadeiro bacanal que, diuturnamente, enxovalha princípios democráticos
basilares.
Eu estava sofrendo um ataque feroz da
militância, quando um caríssimo leitor tratou de resumir a ópera dos malandros: “Não adianta discutir com essa
gente, porque é o mesmo que tentar jogar xadrez com um pombo. Ele derruba as
peças, defeca no tabuleiro e ainda sai com o peito estufado”. É fato. Não
dá pra falar em democracia com quem olha para o Estado e só enxerga tetas. Não
dá pra ser gentil e educado com essa maioria ululante que assumiu adoração à
mediocridade e total subserviência à “regra
de estupidez bem adaptada”, no apogeu do espetáculo de nossa miséria metida
à besta.
Autor: HELDER CALDEIRA:
Escritor e Jornalista Político. www.heldercaldeira.com.br – helder@heldercaldeira.com.br.
*Autor dos livros “ÁGUAS TURVAS” e “A
1ª PRESIDENTA”.
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