Os decapitados de Roseana também são os
decapitados do PT. Ou: Ainda o silêncio vergonhoso de Maria do Rosário, José
Eduardo Cardozo e... Dilma
Os decapitados da governadora Roseana Sarney
também são os decapitados do PT, o que explica o silêncio vergonhoso de Maria
do Rosário, ministra dos Direitos Humanos, e José Eduardo Cardozo, ministro da
Justiça, a quem está subordinado o sistema penitenciário nacional.
Pouco destaque se dá ao fato, mas o PT
elegeu o vice-governador na chapa encabeçada por Roseana. A composição foi uma
imposição de Luiz Inácio Apedeuta da Silva. O petista Washington Luiz era o
vice-governador até novembro do ano passado. Renunciou para assumir uma vaga no
Tribunal de Contas do Estado. Deu-se bem: arrumou um emprego permanente até os
70 anos....
No Maranhão das decapitações, o PT é poder,
o que explica o silêncio dos companheiros, inclusive da companheira Dilma
Rousseff. Por muito menos, essa gente já falou pelos cotovelos.
Lembremo-nos da gritaria quando se deu a tal
desocupação do Pinheirinho, em São Paulo. A Polícia Militar cumpria uma decisão
judicial.
Os extremistas de esquerda infiltrados entre
os moradores incitaram o confronto com a polícia. Um assessor do ministro
Gilberto Carvalho estava na turma. Maria do Rosário falou. José
Eduardo Cardozo falou. Gilberto Carvalho falou. Dilma falou — achou a
desocupação uma "barbárie". Felizmente, ao contrário do que
alardearam petistas e afins, não morreu ninguém na operação. Denúncias de
maus-tratos e espancamentos vieram a se provar falsas.
Em Pedrinhas, no entanto, é tudo verdade. Os
petistas não disseram um "a". Dilma não deve achar aquilo...
barbárie!
O governo do Maranhão comentou, sim, o vídeo
que exibe as decapitações. Por incrível que pareça, numa nota que espanca o bom
senso e a língua, preferiu criticar a divulgação das imagens. Numa nota,
disparou o seguinte:
"Divulgar esse tipo de gravação é
repudiante, pois só corrobora com uma ação no mínimo criminosa, com apelo
sensacionalista e que fere todos os preceitos dos direitos humanos e as leis de
proteção ao cidadão e à família [dos detentos mortos], que se vê novamente
diante de uma exposição brutal".
Repudiante? O valente que redigiu esse troço
pode ter querido dizer "repugnante".
O Maranhão desafia a lógica e o bom senso.
Há estiagens, sim, no estado — neste ano 81 municípios sofrem com a falta de
chuvas. Mas não há a seca propriamente. Não obstante, como demonstrou
reportagem da VEJA.com, está em penúltimo lugar no ranking do Índice de
Desenvolvimento Humano. Só ganha de Alagoas. E tem, - atenção! - , a menor
renda per capita do país: apenas R$ 348 reais. Só 4,5% dos 217 municípios do
estado contam com rede de esgoto. Segundo o IBGE, 20,8% dos maranhenses são
analfabetos.
Por que evocar esses dados num texto que
trata da decapitação de detentos? Porque tanto esse show de horrores como os
dados sociais do estado remetem a uma mesma questão: a verdadeira tragédia do
Maranhão não está na geografia; a verdadeira tragédia do Maranhão não está no
clima; a verdadeira tragédia do Maranhão não está na natureza. O mal do
Maranhão muda de prenome, mas não muda de sobrenome. Chama-se Sarney.
O homem está no poder, no estado,
pessoalmente ou por intermédio de prepostos, desde 1966. Só a ditadura dos
Irmãos Castro, em Cuba, é mais longeva, Sarney também construiu a sua ilha de
atraso. Nestes 48 anos em que o estado está sob a gestão da família, sucessivos
governos se encarregaram de transformar a vida da população numa rotina de
pobreza e desesperança.
Mas vocês não precisam acreditar em mim.
Acreditem na voz do patriarca. Em dezembro, ele concedeu uma entrevista à Rádio
Mirante, que pertence à sua família. Em um ano, 59 detentos já haviam sido
assassinados. O homem disse esta preciosidade: "Aqui no Maranhão, nós
conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua".
Graaande pensador! Como se nota, ele
conseguia ver algo de positivo naquelas ocorrências trágicas. Os detentos devem
ter ouvido a sua ladainha macabra e ordenaram aos "companheiros" que
estavam nas ruas que botassem o terror na população.
A menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos,
morreu às 6h45 de segunda-feira no Hospital Estadual Infantil Juvêncio Matos,
em São Luís. Ela teve 95% do corpo queimado em um ataque a um ônibus ocorrido
no dia 3. A ordem para atacar os ônibus saiu... dos presídios para as ruas.
Não creio que Dilma tenha telefonado para a
mãe de Ana Clara.
Não creio que Maria do Rosário tenha
telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que José Eduardo Cardozo tenha
telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Gilberto Carvalho tenha
telefonado para a mãe de Ana Clara.
Os petistas só são defensores fanáticos dos
direitos humanos no quintal dos adversários.
Autor: Reinaldo Azevedo
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