sábado, 11 de janeiro de 2014

A ARQUITETURA DO UFANISMO E OS SANTINHOS DO MARANHÃO

'Insustentável', 'calamidade', 'descalabro', 'bandalheira generalizada' e expressões correlatas bem ilustram a política desavergonhada que se instalou no Maranhão desde a metade do século passado, consolidando a última CapitaniaHereditária do planeta. Tudo isso com absoluto aval dos sucessivos ocupantes da Presidência da República Federativa do Brasil, entre os quais destaca-se o donatário 'pai-de-todos' José Sarney, despudoradamente nomeado 'imortal' pela Academia Brasileira de Letras.
Uma breve visita à galeria do histórico Convento das Mercês, que abriga a Fundação José Sarney, em São Luís, revela o ar 'santificado' emprestado ao clã hegemônico maranhense. Para além dos badulaques que lembram a passagem do patriarca pelo Palácio do Planalto — um tempo econômico sombrio que os brasileiros preferem esquecer —, o que há de mais relevante é o acervo com cerca de 30 quadros onde a família Sarney e seus aliados políticos são retratados sob o fervor de trajes religiosos da Igreja Católica.
O furo de reportagem que revelou a blasfêmia é do jornalista Reynaldo Turollo Junior, publicado pela Folha de S.Pauloem 28 de julho de 2013. Confira: http://goo.gl/5k67fE
Como brilhantemente escreveu o colunista #AugustoNunes, na VEJA, nos quadros "José Sarney contempla a eternidade fantasiado de cônego. Sua mulher, Marli, capricha na pose de freira. Edison Lobão, alojado por 'Madre Superiora' no Ministério de Minas e Energia, não sabe direito se é frade ou monge. Roseana Sarney, Zequinha e Fernando também aparecem paramentados para a missa negra. Todos têm o olhar confiante de quem garantiu a aprovação no Dia do Juízo Final com a compra de indulgências plenárias no mercado paralelo". [Fonte: http://goo.gl/NRN9DA]
Quem já foi a São Luís, identifica por imediato o 'universo paralelo' implantado pela doutrina 'sarneysista', à revelia dos ditames da Constituição da República Federativa do Brasil, da seriedade, da transparência e até da moral e dos bons costumes políticos. O 'miserê' generalizado serve de moldura à Ponte José Sarney, à Maternidade Marli Sarney, à Avenida Presidente José Sarney, à Avenida Governadora Roseana Sarney e tantos mais.
A arquitetura do ufanismo é de tal ordem, que nem Guaraná Jesus salva!
O resultado dos sucessivos (des)governos jaz candidamente nos dados do 
IBGE: apenas 4,5% dos cidadãos maranhenses possuem rede de esgoto em casa; 20,8% são analfabetos; metade da população trafega pelo semianalfabetismo; a renda média per capita é bem menor que o salário mínimo; a expectativa de vida é a menor do país; e o Maranhão tem o segundo pior IDH, perdendo apenas para as Alagoas de 'Suas Santidades' Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello.
Misteriosamente (?!), só agora o Brasil decidiu mostrar-se chocado com a calamidade vivida pelo povo maranhense, após a explosão de violência nos presídios estaduais e a divulgação de algumas imagens da barbárie, com detentos decapitados e uma criança queimada num ônibus coletivo.
Pelo visto, apenas os cidadãos brasileiros 'não-nobres' reagiram. 'Sua Alteza', a 'presidenta' Dilma Rousseff, mergulhou em ensurdecedor silêncio institucional, ao que tudo indica para preservar a 'integridade política' da família Sarney, aliados de primeira ordem.
O titular do Ministério da Justiça, José Eduardo Cardozo, só deixou suas férias e embarcou para #SãoLuís após muita pressão da imprensa e das redes sociais. Nem a sempre verborrágica ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) — aquela que sempre opina sobre quaisquer coisas — ousou contrariar a 'presidenta' e realizar alguma manifestação pública, prova cabal da iniquidade do Estado Brasileiro.
Para além da iniquidade institucional, o Governo Federal é cúmplice do desterro maranhense. Cúmplice descarado há décadas. 'Oligarcas' do Palácio dos Leões, os Sarney são fortes aliados de 
Dilma Rousseff (PT) tal como foram dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), além de ilustres apoiadores do Regime Militar.
Por conta dessa cumplicidade acima da Lei, em meio à catástrofe, à barbárie e à miséria coletiva, o Governo do Estado do Maranhão sente-se tranquilo para mandar licitar mais de R$ 1 milhão em lagosta, salmão, sorvetes e bombons para abastecer as residências da governadora. Após ver a denúncia bombar nas mídias sociais, adiaram o certame [Fonte:http://goo.gl/cokADC]. Apenas adiaram, para esperar a 'poeira baixar'. Não cancelaram, fique claro.
No dia seguinte à denúncia de Bernardo Mello Franco na Folha de S. Paulo, o mesmo jornalista revelou outra licitação 'interessante' promovida pela governadora Roseana Sarney: desta vez serão R$ 1,3 milhão para comprar Uísque escocês, Champanhe e Caviar. [Fonte: http://folha.com/no1395344].
Enquanto isso, na mesma edição do jornal paulista, as repórteres Juliana Coissi e 
Marlene Bergamo, enviadas especiais a São Luís, revelam que nos superlotados e violentos presídios maranhenses, a comida servida aos detentos é arroz e galinha crua. [Fonte: http://folha.com/no1395248]
No '
Brazil' das bizarrices, feliz da vida por sediar a Copa do Mundo FIFA de 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016, as autoridades continuarão não se importando com o que fazem os 'Santinhos' do Maranhão. Muito provavelmente, essas mesmas autoridades são diletos clientes e convidados para a pajelança objeto das recentes licitações milionárias. Jorra dinheiro dos cofres dos #OtáriosNacionais... sempre jorrou... e ninguém está nem aí!
À História restará a pintura (quase) sacra de seus donatários, o relato de uma inflação de 2.000% nos livros deEconomia e uma melancólica cadeira literária na Academia Brasileira de Letras.
#OBrasilPrecisaDeQuimioterapia!

Enviado por Luciano Moura

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