Mais uma vez a população nordestina enfrenta uma das suas piores secas, e novamente os governos estaduais e federais se mostraram omissos e nada fizeram para evitar e
com certeza nada irão fazer para prevenir que no futuro volte a ocorrer.
Enquanto o nordeste levou cerca de 12 meses para ser visto e atendido no seu sofrimento, no sul maravilha quando o fato ocorre, a situação é minorada em apenas dois meses. São dois pesos e duas medidas, ou então as lideranças de lá são mais
competentes do que as nordestinas.
Mais uma vez a população baiana localizada no polígono da seca foi enganada pela propaganda oficial que invadia os lares da região afirmando que o Programa Agua Para Todos teria resolvido o problema.
Enquanto o governo do Estado gastava rios de dinheiro para mentir, a seca rapidamente se instalava. A situação foi tão vexatória, que tiraram a Propaganda do ar, na tentativa de fazer as pessoas esquecerem. Substituíram por outras mentiras.
Agora criaram o Programa Água para o Sertão. Dá vontade de rir, porque para
chorar as lágrimas já secaram.
Porém, mesmo enfrentando um longo período de estiagem, parece que já se foi o tempo em que acordávamos ouvindo notícias que nada dignificava o homem nordestino, resultado de ações de grupos de pessoas famintas ocasionada pela seca, que lhes tirava a esperança, incentivando saques ou outras ações correlatas. Lembram-se?
Será que o tempo mudou ou mudou o nosso sertanejo?
Na verdade, o que será que vem ocorrendo no semiárido nordestino, onde o quadro de caos que normalmente se abate em um longo período de estiagem, aliado a uma serie
enorme de problemas e tragédias que faziam parte do cenário, durante os
períodos de seca, a qual ocorre anualmente, deixamos de ouvir?
O que mudou
realmente?
Mudou o clima, que pelo que sabemos estes continua até pior, ou o sertanejo aprendeu a viver e conviver com esta realidade?
Bom, em relação ao clima como se sabe não mudou, alíás mudou para pior, em razão da
desertificação, cujo processo só tem aumentado principalmente se considerarmos
que nossos governantes tem se omitido, já que não tem procurado tomar medidas
eficazes e sérias para evitar, pois todos sabem que este processo de
desertificação é controlável, desde que ações sejam tomadas, através de
políticas públicas adequadas e voltadas para o seu combate.
O semiárido a cada ano está ficando mais quente, logicamente que com a elevação da temperatura,o calor acelera a evaporação das suas poucas águas, com isto, o resultado
deveria ser bem pior do que antigamente. Observe ainda que as chuvas que tem
ocorrido, elas estão cada vez mais concentradas, caindo de forma diluviana e
sempre nas mesmas áreas, trazendo, no seu bojo, também, grandes prejuízos.
O mais triste é ter que ouvir técnicos ou representantes governamentais a cada seca ou catástrofe, utilizar os mesmos argumentos, entra e sai ano a desculpa é a mesma
“esse ano choveu menos que no ano passado ou comparar com algum período seco”.
Já observaram?
Mas ninguém ouve destes mesmos, qualquer tipo de sugestão
voltadas para a solução do problema e que a médio e longo prazo não volte a se repetir.
Vou mais longe e pergunto: que medidas práticas os nossos governantes tem tomados para enfrentar e resolver a situação?
Eu falo em medidas práticas e eficazes, não
propagandas e programas mentirosos, que nunca saem do papel e só existe com o
único objetivo captar recursos, mas seus resultados não chegam a quem interessa: o sertanejo que mora no semiárido.
Portanto, respondendo a pergunta sobre o que está ocorrendo, podemos concluir que as
mudanças observadas são frutos da conscientização da sociedade, principalmente do
homem do campo, que diante da omissão do Poder Público, passou a desenvolver
ações e adaptar tecnologias que permitam conviver harmoniosamente com o problema.
Ao adaptar cisternas para captar água de chuva para beber, já lhes deu uma sobrevida para produzir; ao respeitarem o meio ambiente, tem procurado minimizar os efeitos
da desertificação; ao procurarem utilizar animais e plantação de forrageiras
mais adaptados ao clima do semiárido, estão conseguindo criar alternativas de
adaptabilidade; ao introduzir a criação de abelhas ou adaptar alternativas
econômicas, estão buscando outros meios de produção e renda; ao buscarem cultivares de colheita precoce e resistente a seca, estão criando alternativas de permanência no meio rural; entre outras.
Portanto são técnicas utilizadas que levaram o sertanejo a uma melhor convivência e até aceitar a seca como mais um componente do seu dia a dia.
Outro fator fundamental tem sido a conquista da terra, que apesar de ainda não estarmos no ponto ideal, mas pelo menos passou a lhes dá a segurança mínima, aliado ao incentivo ao desenvolvimento da agricultura familiar, tem contribuído para que o homem do campo fosse se adaptando.
Devemos reconhecer ainda que algumas políticas sociais implantadas pelo governo federal têm dado sua contribuição.
Políticas como o estabelecimento do salário mínimo aos aposentados conquista esta
alcançada fruto da luta social, Programa de Aquisição de Alimentos da
Agricultura Familiar, até mesmo o Bolsa Família, tem sido fundamental para que
o homem do campo fique firme e insista em permanecer na zona rural apesar das
dificuldades climáticas.
Porém, devemos reconhecer que outras políticas públicas deveriam ser acopladas, para
que possamos deixar para o passado, a fome, a sede e a miséria, mesmo que as
mudanças climáticas continuem a piorar.
Devem os órgãos e empresas públicas procurar pesquisar e disseminar tecnologias simples e eficazes de convivência com a seca, amplamente aplicada em outros países e
que são perfeitamente adaptáveis ao semiárido.
Criar um programa de captação das águas através de barragens e açudes, visando atender as necessidades da região, e não de alguns produtores, como ocorreu no passado.
Estabelecer metas para perfuração de poços artesianos para ser utilizados em projetos de pequenas irrigações são soluções simples e perfeitamente possível, falta apenas vontade política.
Realizar uma reforma agrária séria, eficiente e adequada à região, oferecendo não apenas a terra, mas a assistência técnica, financiamento da produção garantia da sua
comercialização, seriam medidas que complementariam.
Assim, se queremos ser um país desenvolvido, não podemos abandonar o produtor do semiárido a sua própria sorte.
O que podemos avaliar é que de tudo que foi feito no passado nada contribuiu para
mudar ou melhorar a situação do nordestino.
O que ocasionou mudanças foram
situações e políticas simples que o fizeram se adaptar e aprender a conviver
com a situação, se assim não o fosse, estaríamos assistindo como em todos os
anos, levas de pessoas famintas saqueando cargas de caminhões e invadindo
armazéns e supermercados nas cidades, haja vista que, os problemas com o clima
continuam, aliás, está piorando.
Em 2012 ainda tem gente achando que Partido de Trabalhadores
ResponderExcluiré um grupo de mecânicos cheios de graxa,
querendo sujar as poltronas do Congresso
Parabéns pelo texto! Precisamos mesmo dessas reflexões. E, daí, ação.
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