Principal conferência de segurança da China
visa 'esclarecer posições' e não dar soluções
O Fórum Xiangshan em
Pequim provavelmente não levará a progresso na prevenção de conflitos ou
medidas para aliviar as tensões regionais, dizem analistas à mídia asiática.
De acordo com o South
China Morning Post (SCMP), é provável que Pequim busque aprofundar a
comunicação militar com Washington sobre questões espinhosas como o mar do Sul
da China, mas segundo analistas ouvidos pela apuração, as tensões devem
persistir.
Abordando uma série de
questões, incluindo segurança regional, segurança na Europa e no Oriente Médio,
bem como o futuro da inteligência artificial (IA), o fórum deste ano acontece
enquanto a China e os EUA intensificaram recentemente as comunicações militares.
Segundo analistas, no
entanto, é provável que os canais de comunicação estabelecidos não reduzam
mensuravelmente as tensões em pontos críticos do mar do Sul da China, mar da
China Oriental e estreito de Taiwan.
Shi Yinhong, professor
de relações internacionais na Universidade Renmin, estava cético sobre o papel
do fórum em promover uma comunicação profunda e substancial entre os militares
chineses e norte-americanos.
"O Fórum
Xiangshan foi projetado principalmente para abordar princípios gerais",
disse Shi. "No entanto, é improvável que leve a acordos específicos sobre
prevenção de conflitos ou medidas concretas para abordar situações
particulares. Essa não é a missão do fórum."
Timothy Heath,
pesquisador sênior de defesa internacional no think tank Rand Corporation,
disse que as negociações podem ajudar a administrar as tensões sobre a corrida
armamentista na região da Ásia-Pacífico.
"Embora um grande
avanço nessas questões difíceis seja improvável, manter negociações é um
primeiro passo importante para aliviar as tensões e estabelecer uma relação de
trabalho para administrar tais questões", disse ele ao se referir ao contato
militar entre Pequim e Washington.
Para o diretor da
Iniciativa Taiwan da Rand Corporation, Raymond Kuo, os EUA continuaram a
reforçar sua coordenação de segurança com o Japão, as Filipinas e Taipé para
"competir com a China no mar da China Oriental, no mar do Sul da China e
no estreito de Taiwan, respectivamente".
"Os EUA estão
buscando administrar a competição — avançando seus interesses de segurança e os
de seus parceiros, mas não tanto que as situações se transformem em conflitos
mais abertos e perigosos", disse Kuo, enfatizando seu ceticismo sobre possíveis
acordos "para resolver os desafios subjacentes às suas tensões. Trata-se
de comunicar e esclarecer posições, não de alcançar algum tipo de
solução".
De acordo com o
Ministério da Defesa chinês, o Fórum Xiangshan de três dias — a principal
conferência anual de segurança da China, vista como a resposta de Pequim ao
Diálogo Shangri-La em Cingapura — será realizado em Pequim do dia 12 ao dia 14
de setembro e vai contar com a presença de mais de 700 participantes e
delegações oficiais de mais de 90 países, incluindo ministros da defesa e
chefes do estado-maior.
¨ Sánchez sobre guerra comercial com Pequim: 'Precisamos construir
pontes entre a UE e a China'
O primeiro-ministro
espanhol Pedro Sánchez disse que Madri está "reconsiderando" sua
posição sobre as tarifas da União Europeia (UE) sobre veículos elétricos (VE)
chineses em meio a preocupações de que as crescentes tensões comerciais possam
atingir os exportadores nacionais.
Em uma coletiva de
imprensa em Kunshan, perto de Xangai, nesta quarta-feira (11), Sánchez disse
que era importante encontrar um "compromisso" entre a UE e a China
antes da aguardada votação de outubro sobre novas tarifas sobre os VEs
chineses.
"Tenho que ser
direto e franco [...]. Acho que precisamos reconsiderar, todos nós, não apenas
os Estados-membros, mas também a Comissão [Europeia], nossa posição em relação
a esse movimento", disse ele aos jornalistas. "Não precisamos de outra
guerra, neste caso, uma guerra comercial."
De acordo com o
Financial Times (FT), os comentários do premiê espanhol, feitos durante sua
segunda viagem à China desde o fim da pandemia de COVID-19, representam uma
intervenção significativa em uma disputa comercial entre a China e a UE nos
últimos meses e sinalizam uma mudança na própria posição da Espanha.
Ainda no ano passado,
a UE empreendeu uma investigação de meses sobre supostos subsídios injustos na
indústria automobilística da China, em relação à baixa competitividade das
montadoras europeias diante da produção chinesa. Na conclusão da investigação,
o bloco de 27 membros propôs em junho um aumento acentuado nas tarifas em até
37,6% sobre os VEs chineses, elevando as tarifas gerais para quase 50% e
refletiria medidas semelhantes dos EUA, acusadas de protecionistas por Pequim.
Para serem aprovadas, no entanto, as novas taxas precisam obter maioria de 15
Estados-membros na votação.
A Espanha foi um dos
11 países que votaram a favor do aumento das tarifas em uma pesquisa consultiva
em julho. Apenas quatro países votaram contra a medida, e nove se abstiveram.
Segundo a apuração do
FT, a China respondeu fazendo um forte lobby contra as tarifas, lançando uma
série de contramedidas, incluindo uma investigação sobre importações de carne
suína da Europa que podem afetar os produtores espanhóis. A China importou US$
1,5 bilhão (cerca de R$ 8,5 bilhões) em produtos suínos da Espanha no ano
passado, mais do que qualquer outro país da UE.
Na segunda-feira (9),
o presidente chinês Xi Jinping encorajou Sánchez a desempenhar um "papel
construtivo" nos laços entre a China e a UE, enquanto o primeiro-ministro
espanhol pediu relações "mais próximas, mais ricas e mais equilibradas",
afirmando achar "que precisamos construir pontes entre a União Europeia e
a China".
As tensões comerciais
são parte de uma deterioração mais ampla nas relações entre Pequim e os
governos ocidentais pela falta de planejamento industrial e franca exposição às
cadeias de suprimentos chineses, a segunda maior economia do mundo.
O superávit comercial
da China com a UE foi de US$ 162,13 bilhões (cerca de R$ 918,2 bilhões) nos
primeiros oito meses de 2024, um aumento de quase 6% na relação ano a ano. O
superávit comercial da China com a Espanha foi de US$ 17,99 bilhões (aproximadamente
R$ 101,9 bilhões) nos sete meses até julho, praticamente inalterado em relação
ao ano anterior.
¨ Índia diz que Nova Deli 'não está fechada para negócios da
China', mas a questão 'são os termos'
Não estamos excluindo
negociar com Pequim, mas a questão é em quais setores e em que termos, disse o
ministro das Relações Exteriores, Subrahmanyam Jaishankar, em Berlim nesta
terça-feira (10).
Os laços entre os
gigantes asiáticos com armas nucleares ficaram tensos desde que estouraram
confrontos entre suas fronteiras em 2020. Posteriormente, a Índia reforçou seu
escrutínio sobre investimentos de empresas chinesas e interrompeu grandes
projetos.
No entanto,
autoridades do governo, incluindo a ministra das Finanças, Nirmala Sitharaman,
apoiaram recentemente sugestões para permitir mais investimentos chineses no
país.
"Não estamos
fechados para negócios da China [...]. Acho que a questão é: com quais setores
vocês fazem negócios e em quais termos vocês fazem negócios? É muito mais
complicado do que uma resposta binária em preto e branco", disse
Jaishankar em uma conferência em Berlim, segundo a Reuters.
Em julho, foi
ventilado que Nova Deli poderia aliviar as restrições ao investimento chinês em
setores não sensíveis, como painéis solares e fabricação de baterias, áreas que
o Estado indiano carece de experiência, o que dificulta a fabricação nacional,
conforme noticiado.
As negociações
diplomáticas e militares para pôr fim ao impasse militar no Himalaia têm
progredido lentamente. Em junho, mesmo com aceno do primeiro-ministro, Narendra
Modi, a Taiwan, Pequim disse querer "trabalhar a disputa fronteiriça"
com a Índia.
Junto ao escrutínio
dos investimentos, a Índia também bloqueou virtualmente os vistos para todos os
cidadãos chineses desde 2020, mas está considerando facilitá-los para técnicos
chineses, pois isso impediu investimentos no valor de bilhões de dólares,
escreve a mídia.
¨ EUA: senador admite enfraquecimento do papel do dólar como moeda
de reserva principal no mundo
O senador dos Estados
Unidos Ron Johnson afirmou nesta terça-feira (10) que o ano de 2023 viu o
enfraquecimento do papel do dólar norte-americano como a principal moeda de
reserva devido às sanções impostas a Moscou por conta da operação militar
especial na Ucrânia.
"Em 2023, o papel
do dólar dos EUA como a principal moeda de reserva do mundo enfraqueceu, com
nossa dívida nacional ultrapassando US$ 35 trilhões [R$ 198,2 trilhões]. Essa
realidade deve preocupar a todos", disse Johnson durante uma comissão do
Senado.
Além disso, Johnson
acredita que os Estados Unidos estão caminhando para perder sua posição como a
moeda de reserva mundial e a chamou de um "problema sério".
Recuo do PIB eleva
temor de recessão nos EUA - Sputnik
Brasil, 1920, 09.08.2024
Panorama internacional
Mídia: processo de
desdolarização global acelera com BRICS, e 'agora é irreversível'
9 de agosto, 19:30
No início de setembro,
o ex-presidente dos EUA Donald Trump expressou uma visão semelhante ao afirmar
que as sanções acabam minando o valor do dólar e sua importância global.
Em uma entrevista com
Tucker Carlson em fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou o uso
do dólar pelos EUA como uma ferramenta de política externa de um dos maiores
erros estratégicos da liderança norte-americana. Até mesmo os aliados do país
estão agora reduzindo suas reservas em dólares, com mais nações mudando para
moedas nacionais no comércio bilateral, disse Putin.
Fonte: Sputnik Brasil
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