Justiça anula pedido de prisão de Gusttavo
Lima
A Justiça de
Pernambuco decidiu revogar o pedido de prisão do cantor
Gusttavo Lima na tarde desta terça-feira (24/9). A
decisão é do desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, segundo o jornal Folha de
S.Paulo.
O magistrado também
decretou o fim da restrição ao passaporte do cantor e "demais medidas
cautelares impostas".
"As
justificativas utilizadas para a decretação da prisão preventiva e para a
imposição das demais medidas cautelares constituem meras ilações impróprias e
considerações genéricas", afirmou Maranhão em sua decisão, ainda segundo o
jornal.
O Tribunal de Justiça
pernambucano havia decretado a prisão do cantor na segunda-feira (23/9). A
ordem ocorreu no contexto da operação Integration, da Polícia Civil de
Pernambuco, que já havia levado à prisão a empresária e influenciadora
digital Deolane Bezerra e de
outros investigados.
A Integration apura um
esquema de lavagem de dinheiro relacionado à exploração de jogos do bicho e de azar.
Procurada pela BBC News Brasil, a Polícia Civil de Pernambuco não deu detalhes
sobre o pedido de prisão, que está em segredo de Justiça.
De acordo com o portal
Jornal do Commercio, de Pernambuco, e o jornal O Globo, o cantor teria deixado
o Brasil na segunda-feiraainda na segunda-feira em um avião particular com a
família para Miami.
De acordo com
informações passadas por fontes da PF à colunista Raquel Landim, do portal
UOL, Gusttavo Lima chegou
a ser incluído na lista de procurados em portos e aeroportos brasileiros para
que fosse preso caso retornasse ao país quando quando ainda existia um pedido
de prisão.
Nesta terça, Deolane e
outros 17 investigados pela operação Integration foram soltos após um pedido
de habeas corpus ser aceito pelo Tribunal de Justiça de
Pernambuco.
Em nota, a defesa de
Gusttavo Lima informou na sergunda que o pedido de prisão foi "uma decisão
totalmente contrária aos fatos já esclarecidos pela defesa do cantor e que não
serão medidos esforços para combater juridicamente uma decisão injusta e sem
fundamentos legais".
Os advogados do cantor
dizem ainda que "a inocência do artista será devidamente demonstrada, pois
acreditamos na justiça brasileira".
"O cantor
Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento
de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o
objeto da operação deflagrada pela Polícia Pernambucana", diz a nota.
¨ Empresas de Gusttavo Lima são suspeitas de ocultar valores e de
receberem R$ 49,4 milhões de bets investigadas, aponta inquérito
No mandado de
prisão expedido contra Gusttavo Lima pela Justiça de Pernambuco nesta segunda-feira
(23), a juíza Andréa Calado da Cruz afirma que
as empresas Balada Eventos e Produções Ltda. e GSA Empreendimentos e
Participações Ltda, de propriedade do artista, são suspeitas de ocultar valores
de casas de apostas online. Conforme as investigações, os empreendimentos
receberam, desde 2023, cerca de R$ 49,4 milhões da Esportes da Sorte e da Vai
de Bet, que são investigadas na operação.
O g1 chegou a esse número somando os valores recebidos pelas
duas empresas entre os anos de 2023 e 2024, segundo as investigações. Nessa
soma, não estão incluídos os valores que a polícia encontrou no cofre de uma
das empresas do cantor (entenda mais abaixo).
Gusttavo
Lima é um dos alvos da Operação
Integration, da Polícia Civil de Pernambuco, que apura um suposto esquema de
lavagem de dinheiro pelo qual também foi presa a influenciadora e
advogada Deolane Bezerra. Segundo
as investigações, a ação criminosa envolvia a contratação de influenciadores digitais por casas de apostas
esportivas na internet, as "bets".
Procurada, a defesa de
Gusttavo Lima disse que a ordem de prisão é "injusta" e que vai
provar a inocência dele.
Na noite da
segunda-feira (23), o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, relator do caso,
acatou um pedido de habeas corpus que beneficia 17 investigados pela Operação
Integration, incluindo Deolane, a mãe dela e outras cinco pessoas que não
tinham sido presas ainda. A decisão não
trata do mandado de prisão do cantor Gusttavo Lima, que permanece válido até a
última atualização dessa reportagem.
Entre as operações
suspeitas realizadas pela empresa de Gusttavo Lima, segundo a Justiça, está a
ocultação de R$ 4,9 milhões da empresa HSF Entretenimento Promoção de Eventos,
que pertence a outro investigado pela Operação Integration, o empresário Bóris
Maciel Padilha. Os dois tiveram a prisão preventiva decretada nesta segunda
(23).
Além da ocultação do
dinheiro, a empresa é investigada por, supostamente, dissimular a propriedade
da aeronave Cessna Aircraft, modelo 560 XLS (matrícula PR-TEM), que foi apreendida no dia 4 de setembro deste ano também em meio à Operação Integration.
Conforme as
investigações, essa operação se deu nas negociações de venda do avião com a
empresa J.M.J Participações Ltda (Vai de Bet),
cujo sócio proprietário é José André da Rocha, que era considerado foragido,
mas foi beneficiado com o habeas corpus concedido na segunda-feira (23).
Segundo o inquérito
policial, para a realização da suposta transação, a empresa de Gusttavo Lima
recebeu uma série de depósitos em sequência nos seguintes valores, totalizando
R$ 22.232.235,53:
- 16 de fevereiro de 2024 - R$ 16 milhões
- 13 de março de 2024 - R$ 2 milhões
- 15 de março de 2024 - R$ 2 milhões
- 19 de março de 2024 - R$ 1,564 milhão
- 03 de junho de 2024 - R$ 1.113.204,55
- 01 de julho de 2024 - R$ 1.124.750,56, R$ 1.101.569,60 e R$
11.327.778,58
A Balada Eventos e
Produções Ltda. também é suspeita de ocultar recursos ilegais das empresas
Sports Entretenimento Promoção de Eventos e Pix 365 Soluções Tecnológicas, de
Darwin Henrique da Silva Filho – dono da Esportes da Sorte. Segundo a
investigação, Gusttavo Lima guardou num cofre da empresa os seguintes valores:
- R$ 112.309
- 5.720 euros
- 5.925 libras esterlinas
- 1.005 dólares norte-americanos
A investigação
policial também aponta que outra empresa de Gusttavo Lima, a GSA
Empreendimentos e Participações Ltda recebeu das empresas Zelu Brasil
Facilitadora de Pagamentos, de Thiago Lima Rocha e Rayssa Ferreira Santana
Rocha, e Pix 365 (Vai de Bet) – de José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina
Truta Henriques Rocha – no ano de 2023, os seguintes valores:
- R$ 5.750.000 em 14 transferências por PIX
- R$ 200 mil também por Pix
- R$ 1.350.000 em 5 TEDs
A Zelu Brasil é
considerada na investigação a intermediadora de pagamentos tanto da empresa Vai
de Bet, quanto da Esportes da Sorte (Sports Entretenimento). O inquérito aponta
também que o mesmo formato de transferência de valores foi constatado no caso de
Deolane Bezerra e da Esportes da Sorte.
O processo registra
também que, ao todo, a GSA recebeu depósitos de R$ 18.727.813,40 durante o ano
de 2023. Desse total, R$ 5,950 milhões foram repassados por duas empresas
investigadas na Operação Integration, o que representa 31,77% de todos os
depósitos recebidos pela empresa GSA, de Gustavo Lima. E R$ 1,350 milhão foi
transferido da GSA para a conta de pessoa física do artista.
Dessa forma, o cantor
é considerado pela investigação como participante no crime de lavagem de
dinheiro.
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Mandado de prisão
O mandado de prisão
preventiva foi expedido pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal
do Recife. Em trecho da decisão, à qual o g1 teve acesso, a magistrada cita "a conivência"
entre Gusttavo Lima e outros investigados.
"A conivência de
Nivaldo Batista Lima [nome de registro de Gusttavo Lima] com foragidos não
apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a
impunidade em um contexto de grave criminalidade", diz trecho da decisão.
Para embasar a
justificativa, a decisão cita que Gusttavo Lima deu "guarida a
foragidos" e cita uma viagem que o cantor fez com o casal de investigados na Operação Integration, José André da
Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques da Rocha, sócios da Vai de Bet, de Goiânia para a Grécia.
"No dia 7 de
setembro de 2024, o avião de matrícula PS-GSG retornou ao Brasil, após fazer
escalas em Kavala, Atenas e Ilhas Canárias, pousando na manhã do dia 8 de
setembro no Aeroporto Internacional de Santa Genoveva, em Goiânia.
Curiosamente, José André e Aislla não estavam a bordo, o que indica de maneira
contundente que optaram por permanecer na Europa para evitar a Justiça."
A Operação Integration
foi deflagrada no dia 4 de setembro, resultando na prisão de Deolane Bezerra e
de outros investigados. Na mesma data, foi apreendido, pela Polícia Civil de
São Paulo, um avião que pertencia à Balada Eventos e Produções, de Gusttavo
Lima. A aeronave, prefixo PR-TEN, foi recolhida por policiais enquanto passava
por uma manutenção no aeroporto de Jundiaí, no interior
paulista.
Na ocasião, o advogado
da Balada Eventos e Produções, Cláudio Bessas, informou que a aeronave foi
vendida por meio de contrato de compra e venda, devidamente registrado junto ao
Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB-Anac), para a empresa J.M.J Participações.
Procurada, a Anac
informou que havia uma negociação, porém a empresa de Gusttavo Lima ainda
constava como proprietária do avião.
No dia seguinte à
apreensão do avião, o cantor Gusttavo Lima usou as redes sociais para dizer que
não tinha nada a ver com o avião apreendido durante a Operação Integration.
“O bebê não pode pegar
uma semana de descanso! Estão dizendo aí que o meu avião foi preso, gente… Eu
não tenho nada a ver com isso, me tira fora disso. Esse avião foi vendido no
ano passado. Honra e honestidade foram as únicas coisas que sempre tive na minha
vida, e isso não se negocia”, afirmou o cantor, em suas redes.
O avião foi fabricado
em 2008 pela Cessna Aircraft e é homologado para transporte, com capacidade
para 11 pessoas, incluindo uma tripulação mínima de dois pilotos, sem permissão
para operação de táxi aéreo.
<><> O que
diz a defesa de Gusttavo Lima
"A
defesa do cantor GUSTTAVO LIMA recebeu na tarde desta segunda-feira (23/09),
por meio da mídia, a decisão da Juíza Dra. ANDRÉA CALADO DA CRUZ da 12ª Vara
Criminal de Recife/PE que decretou a prisão preventiva do cantor e de outras
pessoas e, esclarece que as medidas cabíveis já estão sendo adotadas.
Ressaltamos
que é uma decisão totalmente contrária aos fatos já esclarecidos pela defesa do
cantor e que não serão medidos esforços para combater juridicamente uma decisão
injusta e sem fundamentos legais.
A
inocência do artista será devidamente demonstrada, pois acreditamos na justiça
brasileira. O cantor GUSTTAVO LIMA jamais seria conivente com qualquer fato
contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou
de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela Polícia Pernambucana.
Por fim,
esclarecemos que os autos tramitam em segredo de justiça e que qualquer
violação ao referido instituto será objeto e reparação e responsabilização aos
infratores."
<><>
Relembre a cronologia do caso:
- Em julho deste ano,
Deolane Bezerra abriu uma empresa de apostas, Zeroumbet, com capital de R$
30 milhões.
- Em 4 de setembro, a
empresária e influenciadora digital foi presa na Operação Integration,
deflagrada contra uma quadrilha suspeita de movimentar cerca de R$ 3
bilhões num esquema de lavagem de dinheiro de jogos de azar.
- A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões de Deolane
e de R$ 14 milhões da empresa dela por lavagem de dinheiro. Na delegacia,
a influenciadora afirmou que sua renda mensal é de R$ 1,5 milhão.
- Além de Deolane Bezerra, foram presas mais de 10 pessoas
suspeitas de integrar o esquema, incluindo o empresário Darwin Henrique da
Silva Filho, dono da casa de apostas Esportes da Sorte, e a esposa dele,
Maria Eduarda Filizola.
- Em depoimento após ser presa, Deolane confirmou que comprou
um carro de luxo de Darwin, um Lamborghini Urus S, por R$ 3,85 milhões.
- Segundo a Polícia Civil, os pagamentos à vista pela compra
e pela venda de carros de luxo feitas pela empresa e pelo empresário
geraram indícios de que houve "lavagem de dinheiro proveniente do
jogo do bicho e de apostas esportivas".
- Ainda no dia 4,
após a prisão, Deolane escreveu uma carta, publicada no Instagram, dizendo
que está sofrendo "uma grande injustiça", que ela e a família
são vítimas de preconceito e lamentou a prisão da mãe.
- Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, a Justiça decretou o
sequestro de bens de vários alvos, incluindo aeronaves e carros de luxo, e
o bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões. Ao todo, a
polícia solicitou que R$ 3 bilhões fossem bloqueados.
- No dia 9 de setembro,
Deolane deixou a cadeia no Recife, após ser beneficiada com um habeas
corpus. Ela ficaria em prisão domiciliar e teria que usar tornozeleira
eletrônica.
- Antes mesmo de entrar no carro para ir embora, Deolane
falou com a imprensa na frente do presídio: "Foi uma prisão
criminosa, cheia de abuso de autoridade por parte do delegado. [...] Eu
não posso falar sobre o processo. Eu fui calada".
- Na noite de 9 de setembro,
uma nova carta escrita por Deolane foi publicada no Instagram.
"Agradeço imensamente o carinho e o apoio de todos, tenham certeza
que não irão se arrepender, afirmo com todo o respeito que tenho por
vocês, sou inocente e não há uma prova sequer", disse no trecho final
do manuscrito.
- No dia 10 de setembro,
Deolane teve a prisão domiciliar revogada, após o descumprimento das
medidas cautelares para sua liberação, e seguiu para o presídio em Buíque,
no Agreste de Pernambuco.
- No dia 11 de setembro,
o Tribunal de Justiça de Pernambuco negou outro pedido de habeas corpus
feito pela defesa de Deolane. O juiz alegou, entre outros motivos,
"financiamento de manifestantes [para protestar contra a prisão dela]
por iniciativa de familiares".
- No dia 18 de setembro,
o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou mais um pedido de liberdade
da defesa de Deolane.
- No mesmo dia, a Polícia Civil informou que concluiu o
inquérito da Operação Integration, encaminhando o caso ao Ministério
Público de Pernambuco (MPPE);
- Na sexta-feira (20), sob
a alegação de "esclarecer os fatos sob investigação", o MPPE
pediu novas diligências à Polícia Civil e recomendou substituir as prisões
preventivas já decretadas por outras medidas cautelares.
Fonte: BBC News
Brasil¹g1
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