Epigenética:
o que é e relação com doenças
Epigenética, do grego “epi“, que significa acima, e genética, de “gene”, é
um termo originalmente cunhado pelo biólogo Conrad Waddington, em 1940. Ele se
referia à relação entre os genes e os seus efeitos nas características
observáveis de um organismo ou população.
Mais tarde,
a epigenética ganhou uma definição atualizada. A partir disso, passou
a se referir a mudanças no comportamento de alguns genes que não estão
relacionados a alterações no DNA. Essas mudanças podem afetar positivamente ou
negativamente o organismo.
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O que é epigenética e para que serve?
A epigenética diz
respeito a alterações do DNA que não modificam sua sequência, mas afetam a
atividade de um ou mais genes. Adicionar compostos químicos a genes, por
exemplo, pode alterar sua atividade, sem promover mudanças no DNA.
De acordo com um artigo, “o epigenoma
compreende todos os compostos químicos que foram adicionados à totalidade do
DNA (genoma) de uma pessoa como forma de regular a atividade (expressão gênica)
de todos os genes dentro do genoma”. Segundo o mesmo estudo, os compostos
químicos do epigenoma não fazem parte da sequência do DNA. Mas, em vez disso,
estão no DNA ou estão ligados ao DNA.
As
modificações epigenéticas permanecem à medida que as células se
dividem e, em alguns casos, podem ser herdadas ao longo de gerações. Isso
significa que alterações epigenéticas podem ser transferidas de célula-mãe para
célula-filha.
Além disso,
influências ambientais, como a dieta ou a exposição a poluentes, podem impactar
no epigenoma e alterar o fenótipo de um indivíduo.
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Alterações epigenéticas
As mudanças epigenéticas determinam
se os genes estão ativados ou desativados e influenciam a produção de proteínas nas células. Assim, garantindo que apenas as proteínas
necessárias sejam produzidas. Proteínas que promovem o crescimento ósseo, por
exemplo, não são produzidas nas células dos músculos. Os padrões de modificação
epigenética variam entre os indivíduos, nos diferentes tecidos de um indivíduo
e até nas diferentes células.
Erros no
processo epigenético podem levar a uma atividade anormal ou à sua
inatividade. Um exemplo de erro é modificar o gene errado ou deixar de
adicionar um composto. Condições como câncer, distúrbios metabólicos e distúrbios degenerativos estão
relacionados a erros epigenéticos.
Os cientistas
continuam a explorar a relação entre o genoma e os compostos químicos que o
modificam. Em particular, eles estão estudando quais efeitos as modificações
têm sobre a função do gene, a produção de proteínas e a saúde humana.
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Mecanismos epigenéticos
De acordo com um artigo, uma grande variedade
de doenças, comportamentos e outros indicadores de saúde têm relação com
mecanismos epigenéticos, incluindo:
- Cânceres de quase todos os tipos
- Disfunção cognitiva
- Doenças respiratórias, do coração, reprodutivas, autoimunes
e neurocomportamentais.
Os agentes envolvidos
no processo epigenético podem ser metais
pesados, pesticidas, escapamento de diesel, estresse, fumaça de tabaco, hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos, hormônios,
radioatividade, vírus, bactérias e nutrientes.
À medida que o
conhecimento sobre epigenética avança, é possível que a humanidade
encontre a cura ou formas de tratamento amigáveis para muitas doenças ou
transtornos para os quais a cura ou tratamento ainda são difíceis, como é o
caso de diferentes tipos de câncer.
De acordo com o
biólogo Jean-Pierre Issa, a epigenética é mais importante do que a
genética no entendimento das causas ambientais das doenças. Segundo ele,
câncer, aterosclerose e doença de Alzheimer têm maior potencial de ocorrer em
casos em que o epigenoma é afetado
·
Efeitos epigenéticos positivos
Alterar a expressão
genética não é, em geral, ruim para o organismo. Curiosamente, um estudo publicado
na revista bioRxiv concluiu que café e chá podem ter efeito epigenético positivo no
organismo. Isso significa que eles alteram a expressão dos genes sem alterar o
código genético do DNA. Por isso, podem proporcionar efeitos positivos ao
funcionamento do organismo.
A análise foi feita
com 15.800 pessoas com ascendência europeia ou africana e concluiu que os genes
que são influenciados pelo café estão envolvidos em processos como melhor
digestão, controle de inflamação e proteção contra substâncias químicas
nocivas.
O resultado do estudo
é promissor e indica que a alimentação pode ser usada para obter benefícios na
expressão dos genes. Mas são necessários mais estudos para concluir sobre
efeitos positivos e negativos do café no organismo no que diz respeito à alteração epigenética.
Outro estudo,
respaldado pela Fapesp e
divulgado na revista Frontiers in Animal Science, revelou que espermatozoides de suínos criados com mais bem-estar geram
leitões menos ansiosos e assustados.
Os resultados
revelaram que as condições de confinamento dos machos influenciaram
significativamente o comportamento da prole. Os filhotes dos machos criados em
celas demonstraram modificações nos estados emocionais associados à ansiedade e
ao medo em todos os testes comportamentais realizados.
Além disso, os testes
de saliva revelaram um aumento nos níveis de cortisol nos filhotes dos machos
criados em celas e baias após os testes comportamentais, enquanto nos leitões
cujos pais foram alojados em baias enriquecidas, não houve diferença nas medições
antes e depois dos testes.
Esses resultados
corroboram um estudo anterior do grupo, que utilizou os mesmos animais e
tratamentos. Neste estudo, os pesquisadores demonstraram que os machos criados
em baias enriquecidas geraram mais leitões vivos que sobreviveram ao primeiro
mês de vida.
Ø
Alelopatia: o que é, aplicações e exemplos
Alelopatia, do
grego allulon, que significa oposto, e patos, pátio,
que significa sofrimento, é um termo criado em 1937 pelo pesquisador austríaco
Hans Molisch. Ele foi feito para designar o efeito favorável ou desfavorável de
uma planta sobre outra.
O que é alelopatia?
O fenômeno
da alelopatia é definido como o “processo
que envolve metabólitos secundários produzidos por plantas, algas, bactérias e
fungos que influenciam o crescimento e desenvolvimento de sistemas biológicos.”
Essas interações podem ocorrer direta ou indiretamente. Segundo Molisch, alelopatia é
“a capacidade das plantas, superiores ou inferiores, produzirem substâncias
químicas que, liberadas no ambiente de outras, influenciam de forma favorável
ou desfavorável o seu desenvolvimento”.
·
Como funciona a alelopatia?
A relação antagônica
entre duas ou mais plantas acontece, principalmente, como resultado de exsudatos expelidos
pelas raízes. A palavra exsudatos vem do latim exsudare, que
significa fluir para fora; se refere à saída de líquidos orgânicos por meio das
paredes e membranas celulares, tanto de animais quanto de plantas, por lesão ou
por inflamação.
Quando
a alelopatia entre duas ou mais plantas é favorável, elas são
chamadas de plantas companheiras.
Ao observar as
relações de alelopatia entre as plantas, é preciso tomar cuidado para
não confundir as condições de manejo com a própria alelopatia.
Às vezes, local
inapropriado podem ser os fatores desencadeantes de prejuízos para as plantas,
e não a relação entre elas. Alguns exemplos incluem:
- vasos muito pequenos;
- solos ácidos ou alcalinos demais para determinadas
espécies;
- exposição a muito ou pouco sol;
- exposição ao vento;
- umidade excessiva.
>>>>> O
que é o efeito alelopático?
Os efeitos
dos compostos alelopáticos liberados pelas plantas podem se
manifestar tanto pelo mau desenvolvimento nos tecidos vegetais quanto pela
impossibilidade de germinação de sementes.
Entretanto, vale
ressaltar que não existe planta má ou boa. A liberação de substâncias tóxicas
que prejudicam outros vegetais é uma mera estratégia de sobrevivência da
planta. Da mesma forma, não existem ervas ou plantas daninhas, e sim, ervas
indicadoras. Se no seu jardim estiver crescendo algum tipo de vegetal que você
não gosta, é preciso observar as condições do ambiente que proporcionam o
crescimento dessa planta e o não desenvolvimento de outras plantas do seu
interesse.
>>>>>
Quais são os tipos de alelopatia?
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Exemplos de alelopatia favorável
São exemplos de
alelopatia favorável (plantas companheiras) o milho com a batatinha, o
espinafre com o moranguinho, o alho com a ervilhaca, a beterraba com a couve e
a alface, a cenoura com a ervilha, entre outros.
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Exemplos de alelopatia desfavorável
São exemplos de
alelopatia desfavorável a couve com o tomate, o funcho com o feijão branco
e o tomate. Ou seja, essas plantas alelopáticas podem apresentar efeitos
inibitórios no crescimento das outras espécies.
A guaxuma inibe o nabo
e estimula o tomate.
O capim-santo/limão (Cymbopogon
citratus) inibe o crescimento da alface e do picão-preto.
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Eucalipto
O eucalipto é
um dos principais inibidores de crescimento de hortaliças como a mostarda (Brassica
campestris), a couve (Brassica oleracea), a rúcula (Eruca sativa),
a alface (Lactuca sativa cv), o tomate (Lycopersicum esculentum),
o rabanete (Raphanus sativus), entre outras.
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Falso-boldo
O extrato
de falso-boldo (Coleus barbatus B.) apresenta
efeito alelopático positivo sobre o desenvolvimento da parte aérea de
sementes germinadas de alface. A cebola responde de maneira semelhante à
alface. Porém, em seu caso, a resposta positiva já ocorre na germinação, onde
esta é estimulada.
Mamoeiro
O mamoeiro possui
substâncias chamadas giberelinas e citocininas que podem inibir a germinação de
diversas plantas como a alface, o tomate, a cenoura e até o próprio mamão. O
inibidor de crescimento presente nas sementes do mamão é a caricacina, que, em
contrapartida, também pode apresentar alelopatia positiva no
desenvolvimento da raiz do milho.
Esses são
apenas exemplos de substâncias alelopáticas, os vegetais comestíveis são
variados e não há uma receita para todas as espécies. Para conhecer a interação
das plantas e suas relações de alelopatia o ideal é aprender na
prática. Por isso, não tenha medo de brincar com a terra!
Fonte: eCycle
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