terça-feira, 30 de abril de 2024

Mesmo depois do fim da ditadura, SNI espionou políticos e jornalistas nos governos Sarney e Collor

Conhecido como “Senhor Diretas”, por ter liderado há exatos 40 anos o histórico movimento por eleições populares para presidente, Ulysses Guimarães continuou a ser vigiado pelo Serviço de Nacional de Informações (SNI), principal máquina de espionagem implantada pela ditadura militar, mesmo após a redemocratização do país. 

Um processo de espionagem que se estendeu do governo de José Sarney (1985-1990) para além da data de extinção do órgão, em março de 1990, tão logo Fernando Collor de Mello (1990-1992) assumiu a Presidência da República. Grande articulador da Constituição de 1988, o ex-presidente da Assembleia Constituinte e da Câmara não era alvo isolado. Parlamentares dos mais diversos partidos e jornalistas que cobriam política em Brasília naquele período também foram monitorados pelo SNI

É o que revelam documentos que constam do Arquivo Nacional obtidos pelo Congresso em Foco. Conversas entre jornalistas e congressistas ou outras autoridades eram registradas e reunidas em relatório pelo serviço de informações, criado pelo governo militar em 1964 para assessorar o presidente da República e o Conselho de Segurança Nacional. As apurações dos jornalistas credenciados eram usadas, na prática, para revelar os bastidores políticos, aquilo que se dizia nos corredores do Congresso, mas que nem sempre saía estampado nas páginas dos jornais.

·        “Sorrateiro e ardiloso”

Um dos relatórios atribuía a “jornalistas credenciados” no Congresso a informação de que Ulysses fazia “um trabalho sorrateiro e ardiloso” – eram essas as palavras utilizadas – para desgastar o governo de Fernando Collor com o propósito de antecipar a implantação do parlamentarismo no Brasil e ascender, assim, ao posto de primeiro-ministro. O plano nunca se confirmou, nem há indícios de que o parlamentar tenha tramado dessa forma. O documento foi registrado em junho de 1990 nos arquivos do SNI, três meses após o órgão ser extinto por Collor.

O documento detalha a suposta tática e depois informa – novamente atribuindo informações a “jornalistas credenciados” – que Ulysses havia desistido da estratégia ao constatar que o plano Brasil Novo, mais conhecido como Plano Collor, de estabilização da inflação, começava a alavancar a popularidade do então presidente, deixando-o menos suscetível às investidas do Congresso. Collor começou o mandato sem base parlamentar e adotando uma série de medidas impopulares, como o confisco da poupança no dia seguinte à posse do presidente.

·        Lista de jornalistas

Brasília, novembro de 1989. Enquanto 82 milhões de eleitores brasileiros voltavam às urnas para a primeira eleição presidencial direta desde o golpe militar de 1964, mais de 300 jornalistas que cobriam as atividades da Câmara, do Senado e do Palácio do Planalto estavam sujeitos à mira do Serviço Nacional de Informações (SNI), principal braço de espionagem da ditadura.

Quatro anos após a redemocratização, os relatórios produzidos pelo SNI em relação aos jornalistas credenciados nas três casas mantinham o alvo preferencial dos militares:  a esquerda. Documento do SNI guardado no Arquivo Nacional listava o nome de todos os jornalistas e veículos de comunicação devidamente registrados nos comitês de imprensa do Planalto e do Congresso. Não há registro do que foi feito, na prática, com esse material.

Os arquivos eram tratados como confidenciais. A leitura dos documentos não permite concluir se o SNI contava com agentes próprios infiltrados nos comitês de imprensa da Câmara e do Senado, ou se o órgão era abastecido com informações repassadas por repórteres informantes. Uma certeza, porém, salta aos olhos. Para o Serviço Nacional de Informações, os inimigos ainda eram os mesmos do período da ditadura (1964-1985): a esquerda, os jornalistas e o comunismo.

·        Controle das comunicações

Embora a relação reunisse profissionais dos mais variados espectros ideológicos, a preocupação do serviço de espionagem recaía sobre o “controle das comunicações” pela esquerda. É o que atesta o relatório de 10 de novembro de 1989 intitulado “Esquerdas controlam matéria jornalística no Congresso Nacional”.

“Ou seja, toda a notícia que é veiculada através da imprensa escrita e televisada tem a interferência do grupo. Tais profissionais de imprensa citam como exemplo um jornal (não foi dito o nome) dirigido pelo jornalista José Tarcisio Saboia Holanda (Correio Braziliense) – considerado entre seus pares como conservador – que está publicando matéria de facções esquerdistas”, diz o texto de abertura do relatório. Um dos jornalistas mais conhecedores do Congresso, Tarcisio faleceu em 2020.

·        “Infiltração esquerdista”

No trecho seguinte, chamado de “Infiltração na área jornalística dentro do Congresso Nacional e Palácio do Planalto”, o relatório destaca que “um grupo de jornalistas credenciados, tidos como esquerdistas, estariam filtrando, de acordo com suas conveniências político-ideológicas, todas as notícias que são veiculadas pela imprensa escrita e televisada naquela Casa”.

O grupo estaria influenciando, ainda conforme o documento, até veículos considerados conservadores. O arquivo recomenda, então: “Obter a relação de jornalistas credenciados no Congresso Nacional e Palácio do Planalto”. Em seguida, os nomes são apresentados, com os devidos veículos e telefones, sem qualquer distinção entre quem seria de esquerda ou não. O arquivo se refere aos credenciados entre 1987 e 1988, ou seja, que participaram da cobertura jornalística da Assembleia Nacional Constituinte.

Essa visão transparece em vários registros. Um deles, inserido no sistema do SNI em dezembro de 1989, levou o sugestivo título “Esquerdas controlam matéria jornalística no Congresso Nacional”.  O documento reunia também listas com os nomes de todos os jornalistas e veículos credenciados na Câmara, no Senado e no Palácio do Planalto.

“Um grupo de jornalistas credenciados no Congresso Nacional, tidos como de ‘esquerda’, estariam filtrando, de acordo com suas conveniências político-ideológicas, todas as notícias que são veiculadas pela imprensa escrita e televisada, naquela Casa”, descreve trecho do relatório. O texto prossegue: “Segundo declarações de jornalistas credenciados no Congresso Nacional, ‘as esquerdas’ contam com um fator fundamental naquela Casa Legislativa: ‘o controle das comunicações’, ou seja, toda a notícia que é veiculada através da imprensa escrita e televisada tem a interferência do grupo”.

Com o monitoramento de jornalistas no Congresso, o SNI buscava informações privilegiadas obtidas por profissionais de imprensa no livre exercício de suas funções devidamente credenciados pela Câmara e pelo Senado. Nos arquivos, há relatos de conversas informais entre parlamentares e jornalistas, quebra de confidencialidade de entrevistas concedidas sob condição de anonimato (o chamado off, no jargão jornalístico), informações repassadas por representantes de governos estrangeiros, alguns deles de países comunistas.

·        Chutes

Um dos jornalistas relacionados à época, Hélio Doyle contesta a informação de que havia controle por parte das “esquerdas” da cobertura política no Congresso. “Qualquer um que fosse a favor da democracia era enquadrado pelo SNI como esquerdista. Havia gente das mais variadas correntes, muitos de direita”, diz Doyle, que presidiu o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal ainda no período da ditadura, período em que foi preso pelos militares.

“Havia muitos chutes. Eles faziam deduções: se você era amigo de alguém que era ligado a um partido ou movimento de esquerda, já era rotulado como integrante daquele grupo também”, explica Hélio, professor da Universidade de Brasília, com passagem por diversas redações e ex-diretor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Como mostrou o Congresso em Foco nessa quinta-feira (25), o SNI continuou o serviço de espionagem mesmo após o final da ditadura, nos governos José Sarney (1985-1990) e Fernando Collor de Mello (1990-1992), conforme revelam documentos registrados no Arquivo Nacional.

Conversas entre jornalistas e congressistas ou outras autoridades eram registradas e reunidas em relatório pelo serviço de informações, criado pelo governo militar em 1964 para assessorar o presidente da República e o Conselho de Segurança Nacional. As apurações dos jornalistas credenciados eram usadas, na prática, para revelar os bastidores políticos, aquilo que se dizia nos corredores do Congresso, mas que nem sempre saía estampado nas páginas dos jornais.

Entre os políticos monitorados pelo SNI, estava o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, o deputado Ulysses Guimarães (PMDB-SP), acusado em um dos documentos de tramar contra Collor para antecipar a implantação do parlamentarismo no país e, assim, alçar ao cargo de primeiro-ministro.

·        Sarney nega; Collor se cala

Procurado pelo Congresso em Foco, o ex-presidente José Sarney e o porta-voz de seu governo, Fernando César Mesquita, negaram ter conhecimento da produção desse tipo de trabalho do SNI em sua gestão. 

“O presidente nunca recebeu esse tipo de relatório e nem tinha conhecimento de que eram feitos. E nunca concordaria com esse tipo de absurdo. Palavra dele e minha”, respondeu Fernando César. Homem de total confiança do ex-presidente, o jornalista foi porta-voz e secretário de Imprensa de Sarney. Também procurado, Fernando Collor não se manifestou sobre o assunto.

Em 1987, um relatório antecipava que o Jornal do Brasil, um dos principais diários do país na época, preparava reportagem sobre a “ingerência” de Roseana Sarney, filha do então presidente, e seu marido, Jorge Murad, “nos assuntos do Executivo”.

“Procurará, ainda, mostrar que tais ingerências só servem para desmoralizar a figura do presidente Sarney, fazendo com que perca sua autoridade e autonomia, junto a políticos e a sociedade, colocando-o como um dependente de seus familiares”, diz trecho do documento, que antecipava a data de publicação da reportagem e relatava conversas dos jornalistas envolvidos na reportagem. 

“Segundo tais jornalistas, a matéria faz parte da estratégia de um grupo de peemedebistas que pretende afastar Roseana e Jorge Murad do Palácio do Planalto, por acreditar que ambos têm mais influência sobre o presidente que o PMDB”, acrescenta. O relatório foi registrado em setembro de 1987, mas fazia referência a uma reportagem que seria publicada em maio do mesmo ano. Provavelmente, o documento foi registrado cerca de cinco meses após a “apuração”.

·        Sigilo quebrado

O SNI também descrevia conversas reservadas entre parlamentares e jornalistas, quebrando o princípio norteador do sigilo da fonte. Em documento registrado em fevereiro de 1988, é feito um alerta sobre uma possível campanha de desmoralização do presidente José Sarney. 

“O deputado federal Alberico Cordeiro da Silva (PMDB-AL), em conversa com jornalistas credenciados junto ao Congresso Nacional, afirmou que chegou ao seu conhecimento que alguns parlamentares – não citou quais e de que partidos políticos – estariam fazendo levantamento de bens e renda dos familiares do presidente da República, José Sarney, com o intuito de desmoralizar o presidente e fazer pressões políticas. Tal levantamento, segundo Alberico Cordeiro, seria divulgado através da imprensa em caráter nacional.”

De acordo com outro relatório, de setembro de 1988, semanas antes da promulgação da Constituição Federal, lideranças do governo relataram a jornalistas, sob condição de anonimato, que o governo estava “completamente sem comando” no Congresso. Segundo as fontes citadas – uma delas, líder do governo à época -, Sarney não orientou o que o governo queria  na votação do segundo turno do texto constitucional. Faltava, conforme o relato atribuído a esses parlamentares em conversas com jornalistas, uma assessoria competente ao presidente.

·        Relatórios após a extinção

A extinção do SNI foi uma das promessas de campanha de Collor, cumprida em seu primeiro dia de mandato. Mesmo com a dissolução do órgão em março de 1990, e a criação da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), relatórios continuaram a ser produzidos e atribuídos ao Serviço Nacional de Informações.

A informação foi confirmada ao Congresso em Foco pelo Arquivo Nacional. “A SAE manteve o quadro de servidores e a sede física do antigo SNI”, explica o órgão por meio de sua assessoria. “E na leitura dos documentos que a SAE produziu é possível perceber que algumas atividades e formas de trabalhar do antigo SNI permaneceram”, esclarece. Segundo o Arquivo, não há como informar se os documentos produzidos entre 1985 e 1990 foram repassados aos presidentes da República.

·        Arquivo confidencial

Congresso em Foco teve acesso a cerca de 30 relatórios produzidos entre 1985 e 1990 que evidenciam a espionagem de políticos e jornalistas na Câmara e no Senado pelo SNI. Segundo o Arquivo Nacional, todos estes documentos eram caracterizados como Arquivo Cronológico de Entrada (ACE), sistema adotado obrigatoriamente por todas as agências do órgão.

Mesmo diante do conteúdo sensível, o manual do SNI não previa que os documentos fossem enquadrados como “ultrassecretos”, cujo sigilo pode ser de até 25 anos após a publicação. Eram classificados, porém, como “sigilosos”, “confidenciais” ou “secretos”.

O Arquivo Nacional explica ainda que a unidade de arquivamento do ACE permitia reunir em um mesmo dossiê documentos pertinentes a um mesmo assunto ou pessoa, produzidos ou recebidos pelo Serviço. Um documento principal era escolhido entre os componentes, e os demais eram referenciados para servir de base.  

Os documentos, no entanto, poderiam ser produzidos por outros órgãos do Sistema Nacional de Informações (Sisni), de acordo com o Arquivo Nacional. Entre esses órgãos, unidades de inteligência das Forças Armadas – o Cenimar (Marinha) e, mais tarde, o CIE (Exército) e o Cisa (Aeronáutica) – e da Polícia Federal; Assessorias de Segurança e Informações (ASIs), instaladas em universidades, fundações e empresas públicas; e Divisões de Segurança e Informações (DSIs), instaladas em cada ministério civil e órgãos vinculados.

O ACE principal continha um indicativo numérico, nome ou sigla do órgão de origem, data, assunto e difusão. A consulta  à base de dados do Sistema de Arquivamento e Recuperação de Documentos Para Informações, no entanto, era competência exclusiva do Serviço Nacional de Informações e das Agências Regionais, a despeito da possibilidade da origem ser de outro órgão. 

“O ACE era identificado pela letra-código da agência, pelo número que correspondia à ordem de entrada do processo nas Subseções de Pesquisa e Arquivo das Agências, dentro de uma sequência numérica crescente”, explica o Arquivo Nacional, “independente do ano em que fosse constituído, acrescido do dígito verificador e de dois algarismos relativos à dezena do ano de sua elaboração”, explica o Arquivo Nacional.

·        Do SNI à Abin

O SNI foi sucedido pelo Departamento de Inteligência da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República. O departamento foi elevado à condição de Subsecretaria de Inteligência pelo presidente Itamar Franco. Em 1999, no governo Fernando Henrique Cardoso, a SAE virou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que ainda hoje existe. O órgão foi envolvido em um escândalo de espionagem no governo Jair Bolsonaro. Segundo a Polícia Federal, a Abin foi usada por sua antiga cúpula para espionar jornalistas, adversários e até aliados do ex-presidente.

O Arquivo Nacional explica ainda que a unidade de arquivamento do ACE permitia reunir em um mesmo dossiê documentos pertinentes a um mesmo assunto ou pessoa, produzidos ou recebidos pelo Serviço. Um documento principal era escolhido entre os componentes, e os demais eram referenciados para servir de base. 

Criado no primeiro ano da ditadura militar, em 1964, o SNI era uma das principais máquinas de espionagem e perseguição do regime que se estendeu até 1985. De acordo com o Arquivo Nacional, os documentos atribuídos pelo SNI poderiam ser produzidos por outros órgãos do Sistema Nacional de Informações (Sisni). Entre esses órgãos, unidades de inteligência das Forças Armadas – o Cenimar (Marinha), o CIE (Exército) e o Cisa (Aeronáutica) – e da Polícia Federal; Assessorias de Segurança e Informações (ASIs), instaladas em universidades, fundações e empresas públicas; e Divisões de Segurança e Informações (DSIs), instaladas em cada ministério civil e órgãos vinculados.

A consulta  à base de dados do Sistema de Arquivamento e Recuperação de Documentos Para Informações, no entanto, era competência exclusiva do Serviço Nacional de Informações e das agências regionais, a despeito da possibilidade da origem ser de outro órgão.

·        Indignação

Após a publicação desta reportagem, a jornalista Bertha Pellegrino, cujo nome aparece na lista de credenciados no Congresso e no Planalto entre 1985 e 1990, enviou nota em que manifesta sua indignação com o monitoramento feito pelo SNI. Veja a íntegra da nota:

“É com indignação que recebi a notícia de que eu e tantos jornalistas fomos monitorados pelo SNI nos anos de 1985 e 1990, época em que exerci as funções de setorista de política da TV Manchete no Palácio do Planalto/Congresso Nacional e, em 1989, diretora da TV Globo MT, em Brasília.

Ao longo dos meus 40 anos como jornalista, sempre prezei pela isenção, honestidade, ética, comprometimento e, nesse período, não foi diferente. Descobrir, dessa forma, que tive minha vida profissional – e quem sabe até pessoal – vigiada por agentes do Estado me assusta.

A liberdade jornalística é um pilar fundamental da democracia e qualquer tentativa que busque ou tenha buscado sufoca-la é inaceitável.

Deixo registrado a minha indignação com essa lamentável prática.”

 

Fonte: Congresso em Foco

                                               

 

De Santa Catarina até o Império Inca: a história de Aleixo Garcia e o caminho de Peabiru

Ao imergir em suas pesquisas sobre o Império Inca, a jornalista e escritora Rosana Bond se deparou com uma narrativa fascinante em um antigo livro espanhol: a história de Aleixo Garcia, possivelmente o primeiro europeu a ser avistado pelos povos dos Andes.

Inicialmente, essa descoberta foi apenas um apontamento casual em suas notas, mas ao longo dos anos, conforme mergulhava mais fundo na história da América Latina, o nome de Aleixo Garcia tornou-se uma presença constante em suas leituras e estudos.

A surpresa atingiu um novo nível quando, ao pesquisar sobre a história de Santa Catarina, ela encontrou uma menção ao mesmo nome em um folheto sobre Desterro, hoje conhecida como Florianópolis. A intersecção desses dois contextos despertou sua curiosidade e a impulsionou a desvendar a saga por trás desse misterioso personagem.

•        Aleixo Garcia e a história latino-americana

Com as peças do quebra-cabeça dispersas em livros antigos, documentos e relatos orais, Rosana Bond embarcou em uma jornada intelectual para reconstruir a vida e as aventuras de Aleixo Garcia. Através de entrevistas com comunidades indígenas e imersão em pesquisas históricas, ela lentamente desvendou os detalhes de uma história que parecia ter sido esquecida pelo tempo.

O resultado de seu trabalho meticuloso culminou na publicação de “A Saga de Aleixo Garcia – o descobridor do Império Inca” em 1996. Este livro trouxe à luz uma figura obscura da história latino-americana, ajudando a resgatar a memória de um marinheiro português e sua notável jornada pelos caminhos desconhecidos da América do Sul.

•        Naufrágio

A história de Aleixo Garcia começa com um naufrágio em Florianópolis, onde foi acolhido pelos guaranis locais e viveu entre eles por anos. Durante esse tempo, ele absorveu histórias sobre um reino distante, com muitas riquezas, que despertaram sua curiosidade e o levaram a explorar além das fronteiras conhecidas.

Com um grupo de indígenas como guias, Garcia percorreu o enigmático Caminho de Peabiru, uma antiga rota que cortava as densas florestas e as vastas planícies sul americanas. Ele chegou ao epicentro do Império Inca, onde foi espectador do magnífico esplendor e da imponente grandiosidade de uma civilização altamente desenvolvida.

•        Peabiru, em tupi-guarani significa “grama amassada”

O termo “Peabiru” é provavelmente de origem tupi-guarani, traduzido como “grama amassada”. Essa denominação remete ao método empregado pelos indígenas para manterem os caminhos livres de vegetação densa, plantando gramíneas que cobriam o solo e impediam o crescimento de árvores e arbustos.

Segundo Claudia Inês Parellada, coordenadora do núcleo de arqueologia do Museu Paranaense, essa extensa rede de trilhas encontrava-se em interseção com o sistema de caminhos andinos dos incas, conhecido como Qhapaq Ñan, possibilitando uma rota que se estendia do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico.

A expedição catarinense, liderada por Aleixo Garcia, seguiu por esse lendário caminho. Partindo das proximidades de Florianópolis, possivelmente na região da atual cidade de Palhoça, por volta de 1524 – embora a data exata permaneça incerta – Garcia, junto com outros três náufragos e os indígenas guaranis, acompanhados de mulheres e crianças, empreenderam uma jornada ao norte ao longo do litoral, adentrando o Peabiru pelo rio Itapocu.

Cruzando os territórios do Paraná, Paraguai e Bolívia, a expedição recrutou mais indígenas ao longo do caminho, estimando-se que a legião tenha alcançado cerca de dois mil integrantes.

•        Legado e conexão

A história de Aleixo Garcia é também uma tragédia. Após retornar com algumas riquezas, ele encontrou seu fim em circunstâncias misteriosas no atual Paraguai. Mas o seu legado sobreviveu, inspirando outros a seguir seus passos e explorar os mistérios das terras desconhecidas.

Para Bond, a importância de Aleixo Garcia reside não apenas em suas realizações individuais, mas também em sua conexão com as comunidades indígenas que o acolheram e o ajudaram em sua jornada. Sua história é um lembrete da complexidade e da riqueza da história latino-americana, uma história que continua a revelar novos segredos e mistérios até os dias de hoje.

 

Fonte: Só Cientifica

 

20 doenças causadas por vírus: sintomas, tratamento e prevenção

Os vírus são pequenos agentes infecciosos que ficam distribuídos no ambiente. Podem ser transmitidos através da tosse ou espirros; por meio do consumo de água ou alimentos contaminados; pelo contato direto com superfícies infectadas; pelo compartilhamento de objetos; por meio de relação sexual desprotegida ou através da picada de mosquitos, por exemplo. É importante que a virose seja identificada corretamente. Por isso, deve-se consultar um clínico geral ou infectologista, que irá identificar a causa e recomendar o tratamento mais adequado. O tratamento que pode envolver medidas simples, como repouso e ingestão de líquidos, ou uso de medicamentos antivirais.

<<<< Algumas das principais doenças causadas por vírus (viroses) são:

•        1. COVID-19

O novo coronavírus, ou COVID-19, é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2, que pode ser transmitido de pessoa para pessoa por meio da inalação de gotículas de secreções respiratórias que podem ficar suspensas no ar quando a pessoa contaminada por esse vírus tosse ou espirra. Uma vez que a COVID-19 é uma doença altamente infecciosa e que pode levar à óbito, principalmente em pessoas mais velhas e com sistema imunológico mais comprometido e quando as medidas de suporte não são iniciadas rapidamente, é importante que sejam adotadas medidas que ajudem a prevenir a infecção e o desenvolvimento de formas graves da doença, como uso de máscara, distanciamento social, uso de álcool-gel, higienização frequente das mãos e vacinas. 

#Sintomas: os sintomas iniciais da COVID-19 são semelhantes ao de uma gripe, em que a pessoa pode apresentar espirro, coriza, tosse, febre mal estar geral, diarreia e dor de cabeça. Nos casos mais graves, é possível também haver dificuldade para respirar, dor no peito e confusão mental.

# Tratamento: o tratamento para COVID-19 deve ser feito de acordo com os sintomas apresentados pela pessoa, sendo indicado que, independentemente da intensidade dos sintomas, a pessoa permaneça em isolamento. Nos casos mais leves, é apenas indicado que a pessoa fique em repouso e tenha uma alimentação leve e de fácil digestão, além de ser indicado que consuma bastante líquido. Nos casos mais graves, é importante que a pessoa seja levada ao hospital para que sejam feitos exames que identifiquem a oxigenação e o grau de comprometimento dos pulmões, podendo ser indicada a realização de oxigenoterapia e uso de medicamentos específicos.

# Como prevenir: para prevenir a infecção pelo SARS-CoV-2, é importante fazer uso de máscaras, higienizar e desinfetar as mãos regularmente, evitar permanecer muito tempo em locais fechados e ter contato com pessoas confirmadas ou com suspeita de COVID-19. Além disso, é importante também tomar a vacina contra a COVID-19, pois além de proteger contra casos graves da doença, pode diminuir a taxa de transmissão da doença.

•        2. Gripe

A gripe é a doença viral mais comum, sendo principalmente causada pelo vírus Influenza. A gripe é mais comum de acontecer durante o inverno, isso porque durante esse período é comum que as pessoas permaneçam mais tempo em um ambiente fechado, com pouca circulação de ar e com grande quantidade de pessoas, de forma que há maior risco de transmissão de doenças respiratórias, incluindo a gripe.

# Sintomas: os sintomas mais frequentes de gripe são febre, calafrios, coriza, espirros, dor de garganta, dor muscular, cansaço excessivo e perda de apetite. Os sintomas costumam aparecer de forma repentina e podem durar até 7 dias.

# Tratamento: o tratamento para a gripe tem como objetivo promover o alívio dos sintomas, sendo normalmente indicado que a pessoa permaneça em repouso, beba bastante água e tenha uma alimentação leve, além de também poder ser indicado pelo médico o uso de medicamentos anti-inflamatórios ou analgésicos.

# Como prevenir: em caso de gripe, é importante evitar permanecer em ambientes fechados e com pouca circulação de ar por muito tempo, além de também ser recomendado evitar o contato com pessoas que estejam com gripe. Além disso, é importante adotar medidas que ajudem a aumentar a imunidade, como aumentar o consumo de alimentos ricos em vitamina C e praticar atividade física regularmente, por exemplo. Outra forma de prevenir a gripe é por meio da vacinação, que é indicada principalmente para crianças, idosos e profissionais de saúde. 

•        3. Resfriado

O resfriado é uma doença respiratória causada por vírus, principalmente rinovírus, que pode ser transmitido através do contato com as secreções respiratórias que ficam suspensas no ar quando uma pessoa infectada fala, tosse ou espirra, por exemplo.

# Sintomas: os principais sintomas de resfriado são coriza, espirros frequentes, nariz entupido, dor e coceira na garganta, tosse e sensação de mal-estar, e costumam durar até 4 dias. 

# Tratamento: o tratamento do resfriado é feito para aliviar os sintomas, sendo recomendado que a pessoa fique em repouso, beba bastante líquidos e tenha uma alimentação leve. Além disso, pode ser também recomendado o uso de medicamentos que ajudam a aliviar os sintomas mais rapidamente, como anti-inflamatórios e analgésicos.

# Como prevenir: para prevenir a gripe, é importante evitar o contato próximo com pessoas com sintomas, evitar permanecer em ambientes fechados por muito tempo e com grande quantidade de pessoas e lavar bem as mãos.

•        4. AIDS

A AIDS, também conhecida como Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida, é uma infecção sexualmente transmissível causado pelo vírus HIV que pode ser transmitido de uma pessoa para outra por meio da relação sexual desprotegida. É possível que a pessoa seja portadora do vírus do HIV e não desenvolva a doença, no entanto, em alguns casos, o vírus consegue se multiplicar no corpo, interferindo diretamente no funcionamento do sistema imunológico, favorecendo o desenvolvimento da AIDS e de complicações graves associadas à doença.

# Sintomas: os sintomas de AIDS podem demorar até 10 anos após a infecção pelo vírus HIV para surgirem, podendo haver febre persistente, dor nos músculos e nas articulações, aparecimento de manchas e bolinhas vermelhas na pele, rápida perda de peso, infecção que não melhora, mesmo coma realização de tratamento adequado.

# Tratamento: o tratamento para AIDS é feito com um coquetel de medicamentos que tem como objetivo diminuir a taxa de replicação viral e melhorar o funcionamento do sistema imune, devendo ser usado de acordo com a orientação do médico.

# Como prevenir: a prevenção da AIDS é feita por meio da utilização da camisinha em todas as relações sexuais, além de ser indicado evitar o compartilhamento de seringas e agulhas e o contato direto com sangue e secreções de outras pessoas, sendo recomendado o uso de luvas nessas situações.

Caso exista suspeita de exposição ao vírus HIV é indicado que seja iniciada a Profilaxia Pós-Exposição, que tem como objetivo prevenir a multiplicação viral e o desenvolvimento de doença. 

•        5. Paralisia infantil

A paralisia infantil, também conhecida por poliomielite, é uma doença causada pelo poliovírus. Esse vírus está naturalmente presente no intestino e, por isso, a transmissão pode acontecer por meio do contato com objetos, fezes, alimentos ou água contaminados ou por meio do contato com secreções de uma pessoa infectada. No entanto, o contato com o vírus não necessariamente leva ao desenvolvimento da doença, principalmente em pessoas com o sistema imune intacto e/ ou que foram vacinadas contra essa doença, cuja primeira dose é indicada aos 2 meses de idade.

# Sintomas: os sintomas iniciais da poliomielite são semelhante aos da gripe, em que a pessoa pode sentir dor de cabeça, febre e cansaço excessivo, desaparecendo após 5 dias. No entanto, em alguns casos, principalmente nos casos em que a pessoa possui o sistema imune mais enfraquecido, o vírus pode permanecer no organismo e levar ao aparecimento de sintomas mais graves como paralisia de uma ou das duas pernas, atrofia muscular, dificuldade para falar e/ ou engolir e espasmos musculares, por exemplo.

# Tratamento: não existe tratamento específico para a paralisia infantil, no entanto é normalmente indicada a realização de fisioterapia para estimular e favorecer o desenvolvimento dos músculos atrofiados, além de melhorar a postura.

# Como prevenir: a prevenção da poliomielite é feita através da vacinação, que é recomendada a partir dos 2 meses de idade, sendo feita em 3 doses e 2 doses de reforço. 

•        6. Sarampo

O sarampo é uma doença causada por vírus da família Paramyxoviridae que pode ser transmitido quando uma pessoa infectada tosse, fala ou espirra, liberando gotículas no ambiente que contém o vírus, que podem ser inaladas por outras pessoas. O período de maior risco de transmissão do vírus para outras pessoas é cerca de 2 dias antes do aparecimento das manchas vermelhas na pele típicas do sarampo.

# Tratamento: o tratamento do sarampo tem como objetivo aliviar os sintomas, sendo recomentado repouso, hidratação e uso de medicamentos analgésicos. Além disso, pode ser recomendado, em alguns casos, o uso de suplementos de vitamina A. 

# Como prevenir: a prevenção do sarampo é feita por meio da vacinação, que é feita em duas doses, sendo a primeira aos 12 meses e a segunda entre os 15 e 24 meses. 

•        7. Hepatite

A hepatite é uma doença causada pelo vírus da hepatite caracterizada pela inflamação do fígado. Há diversos tipos de hepatite que variam de acordo com o agente responsável e modo de transmissão, em alguns casos. Os principais tipos de hepatite são A, B e C.

# Sintomas: os sintomas de hepatite podem surgir poucos dias após o contato com o vírus, podendo haver dor de cabeça, sensação de mal estar geral, inchaço abdominal, náuseas, vômito, cor amarelada na pele e nos olhos, fezes claras e urina escura. É importante salientar que o início dos sintomas, duração e intensidade podem variar de acordo com o vírus responsável pela inflamação do fígado.

# Tratamento: o tratamento para hepatite deve ser orientado pelo infectologista ou hepatologista de acordo com os sinais e sintomas apresentados pela pessoa e com o vírus. É normalmente indicado que a pessoa permaneça em repouso e tenha uma alimentação leve, podendo ser indicado em alguns casos o uso de remédios, como interferon, lamivudina e adefovir, por exemplo. 

# Como prevenir: a forma de prevenção da hepatite pode variar de acordo com o vírus relacionado e forma de transmissão. De forma geral, é indicado utilizar camisinha em todas as relações sexuais, evitar o compartilhamento de seringas e agulhas, evitar compartilhar objetos de uso pessoal, como alicates, por exemplo, lavar bem as mãos e higienizar bem os alimentos antes de consumi-los.

•        8. Herpes

O herpes é uma doença causada pelo vírus Herpes simplex, que, dependendo da via de transmissão, pode levar ao aparecimento de sintomas na boca, olho ou região genital, sendo nesse último caso classificada como infecção sexualmente transmissível.

# Sintomas: o principal sintoma de herpes é o aparecimento de bolhas ou feridas com borda avermelhada que aparece na região genital ou nos lábios, por exemplo. No caso da herpes ocular, os sintomas podem ser semelhantes aos de uma conjuntivite, podendo haver maior sensibilidade à luz, vermelhidão e irritação no olho, bolhas ou feridas próximas ao olho e visão embaçada, por exemplo.

# Tratamento: o tratamento para herpes deve ser orientado pelo médico, podendo ser indicado o uso de pomadas ou comprimidos antivirais, como o aciclovir e o valaciclovir, com o objetivo de diminuir a taxa de replicação viral e aliviar e prevenir o aparecimento dos sintomas.

# Como prevenir: para prevenir a infecção pelo vírus da herpes, é importante evitar ter relações sexuais sem camisinha, evitar compartilhar objetos de uso pessoal e de objetos que possam ter estado em contato com feridas do herpes.

•        9. HPV

O HPV é uma infecção sexualmente transmissível causada pelo HPV, também conhecido como Papilomavírus humano, que pode ser transmitido por meio da relação sexual desprotegida. É importante que a infecção pelo HPV seja identificada ainda nos estágios iniciais, pois assim é possível iniciar o tratamento com o objetivo de diminuir o risco de desenvolvimento de câncer de colo de útero, no caso das mulheres.

# Sintomas: o principal sintoma de infecção pelo HPV é o aparecimento de verrugas na região genital, que podem surgir na vulva e nos pequenos e grandes lábios, no caso das mulheres, e no corpo do pênis, saco escrotal e ânus, no caso dos homens. Além disso, em alguns casos pode ser observada vermelhidão local, coceira e ardor na região genital.

# Tratamento: o tratamento tem como objetivo prevenir e tratar os sintomas de HPV e diminuir a chance de transmissão, podendo ser indicado pelo médico o uso de remédios em forma de pomada ou a realização de procedimentos para a remoção das verrugas, como crioterapia, tratamento a laser ou cirurgia. 

# Como prevenir: a prevenção do HPV é feita por meio da vacinação, que é dada em 2 a 3 doses, sendo recomendada a partir dos 9 anos e está disponível no SUS.

•        10. Dengue, zika e chikungunya

Dengue, zika e chikungunya são doenças causadas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti, no entanto são causados por vírus diferentes e que podem levar ao desenvolvimento de diferentes sintomas.

# Sintomas: os sintomas de dengue, zika e chikungunya podem ser semelhantes. Nos casos de dengue, os sintomas podem durar entre 2 a 7 dias e pode haver febre, dor no corpo, dor de cabeça, manchas vermelhas na pele e coceira leve. Por outro lado, no caso de zika, além dos sintomas de dengue, é também verificado vermelhidão nos olhos e dor em volta dos olhos, além de que a dor na articulação é mais intensa. Já no caso de chikungunya, os sintomas mais mais prolongados, podendo durar 15 dias, podendo haver, além dos sintomas de dengue e zika, mal estar geral, perda do apetite e, em alguns casos, alterações neurológicas. 

# Tratamento: o tratamento para dengue, zika e chikungunya deve ser recomendado pelo médico e normalmente tem como objetivo aliviar os sintomas da doença, podendo ser indicado o uso de alguns medicamentos. Além disso, é recomendado que a pessoa permaneça em repouso, beba bastante líquidos e tenha uma alimentação leve.

# Como prevenir: a prevenção da dengue, zika e da chikungunya envolve medidas que ajudam a controlar o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti, o que envolve eliminar os focos de água parada, aplicar larvicida nos locais em que há maior probabilidade de haver mosquitos e água parada e usar repelente.

•        11. Mononucleose

A mononucleose é uma infecção causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV) conhecida como a doença do beijo, uma vez que a principal forma de transmissão é através da saliva, sendo o beijo a forma mais comum de transmissão. No entanto, também pode ser transmitida por gotículas de saliva quando a pessoa infectada tosse ou espirra. Após a exposição ao vírus Epstein-Barr, ocorre infecção das glândulas salivares e da orofaringe, sendo mais comum em adolescentes e adultos jovens, embora também possa afetar adultos e crianças.

# Sintomas: os sintomas da mononucleose podem surgir 4 a 6 semanas após o contato com o vírus, sendo os principais febre alta, dor e inflamação da garganta, placas esbranquiçadas na boca, língua e/ou na garganta, e ínguas no pescoço. 

# Tratamento: o tratamento da mononucleose deve ser feito com repouso e aumento da ingestão de líquidos, como água ou chás, uma vez que não existe um tratamento específico para a mononucleose, e assim acelerar sua recuperação e evitar o surgimento de complicações, como inflamação do fígado ou aumento do baço. No entanto, o clínico geral pode recomendar o uso de analgésicos ou anti-inflamatórios para reduzir as ínguas e a febre. 

# Como prevenir: não existe vacina para a mononucleose, sendo a melhor forma de prevenir a infecção evitar o contato ou beijar pessoas que estejam infectadas pelo vírus Epstein-Barr, além de evitar compartilhar bebidas, alimentos, cigarro, ou itens pessoais, como talheres, copos ou produtos de higiene pessoal, como escova de dentes, por exemplo. Além disso, é importante lavar brinquedos infantis com frequência para evitar que a criança leve o brinquedo à boca, contaminado com o vírus.

•        12. Febre amarela

A febre amarela é uma doença causada pelo vírus do gênero Flavivirus, que pode ser transmitido para as pessoas por meio da picada do mosquito Haemagogus sabethes ou Aedes aegypti infectado.

# Sintomas: os sintomas da febre amarela podem surgir até 6 dias depois da picada do mosquito infectado, podendo haver dor de cabeça forte, febre, calafrios, maior sensibilidade à luz, dor muscular e aumento dos batimentos cardíacos. Além disso, em alguns casos, é possível que haja o desenvolvimento de formas mais graves da doença, em que pode haver pele e olhos amarelados, vômito com sangue e dor abdominal intensa, por exemplo.

# Tratamento: o tratamento para febre amarela deve ser orientado pelo infectologista, que normalmente indica o repouso, ingestão de bastante líquidos durante o dia e alimentação leve. Além disso, podem ser indicados medicamentos que ajudem a aliviar os sintomas, uma vez que não existe medicamento para combater o vírus da febre amarela. 

# Como prevenir: para prevenir a febre amarela, é recomendado passar repelente nos braços e pernas, principalmente, colocar mosquiteiros e telas nas janelas e portas de casa e usar roupas compridas à noite e durante os períodos de surto da doença.

•        13. Síndrome mão-pé-boca

A síndrome mão-pé-boca é uma doença causada por vírus da família Coxsackie, mais comum em crianças com menos de 5 anos, que pode ser transmitido por meio do contato direto com as bolhas que tenham estourado de uma pessoa infectada, fezes infectadas ou por meio da inalação de gotículas que ficam suspensas no ar quando a pessoa portadora da doença tosse, espirra ou fala.

# Sintomas: os principais sintomas indicativos da síndrome mão-pé-boca são manchas ou bolhas vermelhas nas mãos e nos pés, febre baixa, dor de garganta, salivação excessiva, aparecimento de aftas e falta de apetite. 

# Tratamento: nesse caso, o tratamento deve ser orientado pelo pediatra, que normalmente indica o uso de medicamentos apara aliviar os sintomas, como analgésicos, antitérmicos e/ ou anti-inflamatórios.

# Como prevenir: para prevenir a doença, é recomendado evitar o compartilhamento de objetos de uso pessoal, principalmente talheres, além de ser recomendado evitar o contato com crianças com sintomas da doença.

•        14. Catapora

A catapora, também chamada de varicela, é uma doença infecciosa causada pelo vírus varicela-zóster, que é altamente contagiosa. Essa doença é mais comum de acontecer em crianças que não tomaram a vacina ou não completaram o esquema vacinal.

# Sintomas: o sintomas mais característico da catapora é o aparecimento de bolinhas vermelhas por todo o corpo, que podem conter líquido e que coçam bastante. Além disso, pode haver febre, cansaço, mal estar geral e falta de apetite.

# Tratamento: o tratamento para catapora tem como objetivo aliviar os sintomas, sendo recomendado que o contato com outras pessoas seja evitado, pois o líquido presente nas bolhas é altamente contagioso. Além disso, pode ser indicado pelo médico o uso de medicamentos antialérgicos para aliviar a coceira. 

# Como prevenir: a principal forma de prevenção da catapora é através da vacinação, cuja primeira dose é indicada aos 12 meses e a segunda aos 15 meses. É também importante evitar o contato próximo com pessoas com catapora, manter as mãos sempre limpas, evitar permanecer muito tempo em ambientes fechados e não tocar as feridas da catapora.

•        15. Caxumba

A caxumba, também conhecida como parotidite infecciosa ou, popularmente, papeira, é uma doença infecciosa causada pelo vírus da família Paramyxoviridae, que pode ser transmitido por meio da inalação de gotículas que ficam suspensas no ar quando a pessoa infectada tosse ou fala, por exemplo. Ao infectar a pessoa, esse vírus instala-se nas glândulas salivares, levando ao aparecimento dos sintomas. Apesar de ser mais frequente nas crianças, a caxumba pode também acontecer nos adultos, principalmente naqueles que não foram vacinados.

# Sintomas: o principal sintoma da caxumba é o inchaço no rosto, que normalmente acontece entre o queixo e a orelha, já que é nessa região que está localizada a glândula parótida. Além disso, pode haver dor de cabeça, perda do apetite e dor ao engolir ou abrir a boca, por exemplo. 

# Tratamento: o tratamento para caxumba é feito com o objetivo de promover o alívio dos sintomas, podendo ser recomendado pelo médico o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, que ajudam principalmente a diminuir o inchaço no rosto, além de repouso e alimentação mais mole e pastosa.

# Como prevenir: para prevenir a caxumba é importante que seja tomada a vacina, que é indicada em duas doses, sendo a primeira recomendada aos 12 meses de vida. Além disso, é importante também desinfetar objetos que tenham entrado em contato com secreções respiratórias, além de evitar o contato com a pessoa infectada.

•        16. Varíola

A varíola é uma doença infecciosa causada por um vírus do gênero Orthopoxvirus, que pode ser transmitido de pessoa por pessoa por meio do contato ou inalação de gotículas respiratórias que podem ficar suspensas no ar quando a pessoa infectada tosse, fala ou espirra.

# Sintomas: o principal sinal e sintomas da varíola é o aparecimento de bolhas na pele, que podem surgir entre 10 e 12 dias após o contato com o vírus. Além das bolhas na pele, é comum que a pessoa sinta dor no corpo, tenha febre alta e dor muscular.

# Tratamento: o tratamento para varíola tem como objetivo aliviar os sintomas e prevenir a ocorrência de infecções bacterianas secundárias, podendo ser recomendado pelo médico o uso de antibióticos e medicamentos para aliviar a dor de cabeça e dor muscular. Além disso, alguns antivirais foram aprovados para uso em caso de varíola, como o Tecovirimat e o Brincidofovir, pois possuem atividade contra o vírus da varíola.

# Como prevenir: apesar de ser considerada erradicada pela Organização Mundial de Saúde, é possível prevenir a infecção pelo vírus da varíola através da vacinação, que é disponibilizada para pessoas que foram confirmadas com varíola, em caso de bioterrorismo ou em regiões em que foram notificados casos de infecção. Além disso, para prevenir a infecção, é importante evitar contato próximo com pessoas infectadas.

•        17. Varíola dos macacos

A varíola dos macacos é uma infecção causada pelo monkeypox vírus, que pertence ao gênero Orthopoxvirus, e que pode ser transmitido de pessoa para pessoa por meio do contato muito próximo e prolongado com pessoas infectadas.

# Sintomas: os sintomas da varíola dos macacos é semelhante ao da varíola, sendo notado o aparecimento de bolhas e feridas na pele, calafrios, dor muscular, dor de cabeça e febre.

# Tratamento: os sintomas de varíola dos macacos costumam desaparecer em até 21 dias sem que seja necessário realizar qualquer tratamento, no entanto pode ser recomendado pelo médico o uso medicamentos que ajudem a aliviar os sintomas e/ ou diminuir a taxa de replicação do vírus, como é o caso do Tecovirimat, que é um antiviral que pode ser indicado em caso de varíola.

# Como prevenir: para prevenir a varíola dos macacos, é importante evitar o contato próximo com pessoas confirmadas com a varíola dos macacos, usar máscara de proteção e lavar bem as mãos com água e sabão.

•        18. Ebola

O ebola é uma doença grave e altamente contagiosa, de forma que a transmissão do vírus pode acontecer por meio do contato com fezes, secreções, urina, fezes ou vômito de pessoas contaminadas, assim como através do contato com objetos e/ ou superfícies infectadas.

# Sintomas: os sintomas de ebola costumam surgir até 21 dias após o contato com o vírus e inicialmente são semelhantes aos de uma gripe, como febre, enjoo, dor de garganta, cansaço excessivo e dor de cabeça. No entanto, à medida que o vírus multiplica-se e a doença evolui, é possível existirem sintomas indicativos de gravidade, como vômito e diarreia com sangue, manchas ou bolhas de sangue na pele e sangramentos pelo nariz, ouvido, boca ou região íntima, por exemplo.

# Tratamento: não existe tratamento específico para o ebola, sendo indicado que a pessoa fique em isolamento para evitar a transmissão do vírus e faça uso de medicamentos que possam ajudar a aliviar os sintomas. Além disso, é importante manter um bom nível de hidratação e ter a pressão arterial e os níveis de oxigênio devidamente monitorados.

# Como prevenir: a principal forma de prevenir o ebola, é evitando áreas de surto, lavando as mãos com água e sabão regularmente e evitando o contato com pessoas que estão com ebola. Além disso, é indicado que seja evitado o contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, assim como objetos que possam ter entrado em contato com essas pessoas.

•        19. Marburg

A doença de Marburg é uma doença grave que pode ser transmitida de uma pessoas para outra por meio do contato com as secreções de pessoas doentes, principalmente através do contato com o sangue ou com a saliva.

# Sintomas: os sintomas da doença de Marburg podem surgir até 21 dias depois do contato com o vírus e podem evoluir rapidamente, de forma que a força pode ser fatal em poucos dias. Os principais sintomas são febre alta, dor de cabeça intensa, dor muscular, confusão mental, sangramento intenso.

# Tratamento: não existe tratamento específico para a infecção pelo vírus Marburg, sendo indicado que a pessoa fique em repouso e faça reidratação, que pode ser via oral ou intravenosa, podendo ser também indicado pelo médico, em alguns casos, o uso de remédios que ajudem a aliviar os sintomas.

# Como prevenir: para evitar a infecção pelo vírus Marburg é recomendado evitar o contato com pessoas com suspeita de infecção, usar máscara de proteção e lavar bem as mãos com água e sabão.

•        20. Raiva humana

A raiva humana é uma doença infecciosa causada por um vírus do gênero Lyssavirus, que atinge o sistema nervoso central e leva ao aparecimento dos sintomas da doença. Esse vírus pode ser transmitido para as pessoas por meio do contato com a saliva ou membrana os olhos, boca ou nariz de uma animal infectado, sendo mais comum de acontecer através de uma mordida. 

# Sintomas: os sintomas de raiva humana podem demorar até 45 dias após a mordida do animal infectado para aparecerem, sendo comum haver mal estar geral, fraqueza, dor de cabeça e febre baixa, por exemplo. À medida que a doença vai se desenvolvendo, podem ser notados sintomas mais específicos como confusão mental, agitação, alucinações e insônia, por exemplo.

# Tratamento: na confirmação da raiva humana, é necessário que a pessoa fique no hospital para que seja monitorada regulamente e seja feito o tratamento adequado para prevenir complicações.

# Como prevenir: a prevenção da raiva humana é feita a partir da vacinação dos animais contra a raiva, pois assim é possível evitar a multiplicação do vírus nos animais e transmissão. Além disso, no caso de mordida, é recomendado que a pessoa tome a vacina antirrábica para evitar o desenvolvimento da doença.

 

Fonte: Tua Saúde