segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

O inferno astral de Bolsonaro e dos bolsonaristas

Em Astrologia, a expressão “inferno astral” é utilizada para definir uma fase turbulenta de um indivíduo, a famosa “maré de azar”, em que “tudo dá errado” (geralmente quando está se aproximando a data de seu aniversário). Embora eu não acredite nessas coisas, considero que “inferno astral” seja uma boa definição para caracterizar este início de ano do ex-presidente Jair Bolsonaro (e consequentemente dos bolsonaristas).

No dia 25 de janeiro, a operação “Vigilância Aproximada”, realizada pela Polícia Federal (PF), apontou que, durante o governo Bolsonaro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria beneficiado a família do ex-presidente com informações privilegiadas e teria sido utilizada para monitorar, ilegalmente, autoridades, opositores políticos e pessoas envolvidas em investigações.

Duas semanas depois, outra investida da PF, intitulada Tempus Veritatis (“hora da verdade”, em latim) trouxe fortes indícios de que Jair Bolsonaro, já antevendo a vitória eleitoral de seu principal oponente na corrida presidencial, planejava um golpe de Estado para se manter no poder, ao arrepio da lei. Além disso, uma medida cautelar determinou que Bolsonaro entregasse seu passaporte. 

Não bastassem as operações citadas acima, também em um intervalo de duas semanas, os quatro principais governadores aliados de Bolsonaro – Tarcísio de Freitas (São Paulo), Claudio Castro (Rio de Janeiro), Ratinho Junior (Paraná) e Romeu Zema (Minas Gerais) – tiveram amistosos encontros com o presidente Lula (alvo privilegiado da alteridade negativa do inelegível).

Se este início de ano não está sendo fácil para o “mito”, o mesmo pode ser dito sobre seus seguidores. Alguns, inclusive, ficaram “famosos” a partir de vídeos que viralizaram na internet.

Em uma padaria de Barueri, na Grande São Paulo, dois bolsonaristas discutiram sobre o uso de laptops no estabelecimento, quase chegando às vias de fato. Dias depois, também numa panificadora paulista, a empresária Jaqueline Santos Ludovico foi flagrada insultando e agredindo fisicamente um casal de homossexuais. No repertório de xingamentos, clássicos do léxico bolsonarista: “mimimi”, “eu sou de família tradicional” e “os valores estão sendo invertidos”. A moça, que em outras oportunidades já foi acusada de extorsão e ameaças, agora está sob investigação da Polícia Civil de São Paulo.

Por fim, no Rio de Janeiro, a câmera de um smartphone registrou a moradora de um prédio que impediu um entregador negro de usar o elevador social (a mulher será chamada para prestar depoimento e o caso está sendo investigado como injúria por preconceito).

Lembrando a famosa Lei de Murphy, em que nada é tão ruim que não possa piorar, o astrólogo João Bidu, ao “mapear” os próximos passos de Bolsonaro de acordo com os astros, concluiu que Saturno, regente do ano de 2024, será o principal responsável pela continuidade do inferno astral do ex-presidente (coincidência ou não, seu aniversário é no próximo mês). 

Portanto, mesmo o mais cético entre os céticos, doravante, vai acreditar em Astrologia e torcer para que os astros sigam seus cursos, sem maiores problemas. Quem sabe a prisão seja o grand finale do inferno astral de Jair Bolsonaro? Que Saturno não nos decepcione!

 

       Bolsonaro solta a mão de Heleno na trama do golpe

 

Em entrevista à Record nesta sexta-feira (9), o ex-presidente da República investigado por tentativa de golpe de estado Jair Bolsonaro afirmou que a operação de inteligência e o uso da Abin para se infiltrar no processo eleitoral de 2022 foi uma ideia do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general da reserva Augusto Heleno.

Durante a fatídica reunião de ministérios vazada em que Bolsonaro e seus comparsas planejaram e aventaram uma tentativa de golpe de estado, Heleno confessou que estava em contato com o diretor da Abin para se infiltrar e utilizar a agência de inteligência com fins eleitorais.

"Dois pontos para tocar aqui, presidente. Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Victor [Felismino Carneiro], novo diretor da Abin, nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer", dispara Heleno na reunião.

"O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer um dos lados...", continuou o militar.

Bolsonaro se justificou afirmando que isso era ideia do general. "Agora, em dado momento, o Heleno falou que ia seguir os dois lados, se inteirar dos dois lados. É o trabalho da inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma. As inteligências, eu raramente usava as inteligências que nós temos, das Forças Armadas, a própria Abin, a Polícia Federal, e eu não vejo nada de mais naquilo", disse ao Jornal da Record.

"O Heleno queria se estender sobre o assunto e eu falei que era cortar, olha, não é o caso de ficar entrando em detalhes, aqui vai fazer uma operação, faça", continuou o presidente.

Na prática, Bolsonaro jogou o militar para fora de seu barco e tentou transparecer que o general estava agindo por conta própria e não em favor do golpe de estado que o beneficiaria.

•        Heleno admite em reunião secreta ilegalidade do 'esquema' na Abin: "O problema é se vazar"

Na reunião ministerial secreta articulada por Jair Bolsonaro em 5 de julho de 2022 para discutir a dinâmica do golpe de Estado que pretendia encampar, o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, admitiu que utilizaria a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar a campanha do então candidato à presidência naquele ano e que viria a vencer o pleito, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A reunião em questão foi gravada em vídeo que estava com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e se tornou a principal prova da Polícia Federal (PF) para deflagrar a megaoperação Tempus Veritatis, nesta quinta-feira (8), que mirou Bolsonaro, militares - incluindo o próprio Heleno -, ex-assessores e outros "cabeças" da articulação golpista, que tinha por objetivo manter o ex-presidente no poder mesmo diante de uma derrota eleitoral.

O vídeo da reunião, cujo sigilo foi retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (9), além de Bolsonaro cobrar apoio golpista diante de sua iminente derrota eleitoral, Heleno aparece falando em "virar a mesa" e sugerindo colocar infiltrados da Abin na campanha de Lula para espionar os adversários. Ele chega a admitir a ilegalidade do "esquema", em suas próprias palavras, ao fazer o alerta de que o plano não poderia ser vazado.

"Dois pontos para tocar aqui, presidente. Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Victor [Felismino Carneiro], novo diretor da Abin, nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer", dispara Heleno.

"O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer um dos lados...", prossegue o general.

O ex-chefe do GSI chegou a ser interrompido por Bolsonaro, que temia que alguma informação sensível sobre o plano golpista fosse vazada.

"General, eu peço que o senhor não fale por favor. Peço que o senhor não prossiga mais na sua observação, não prossiga na sua observação. Se a gente começar a falar 'não vazar', esquece. Pode vazar. Então a gente conversa particular na nossa sala sobre esse assunto", pontuou o ex-presidente.

Depois, Heleno ainda falou sobre "virar a mesa" antes mesmo das eleições.

"O segundo ponto é que não tem VAR nas eleições. Não vai ter segunda chamada na eleição, não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. Depois das eleições, será muito difícil que tenhamos alguma nova perspectiva".

•        Fórum antecipou golpismo de Heleno

Desde 13 de dezembro de 2022, um dia após a diplomação de Lula no TSE e do primeiro ataque do que genericamente era chamado de “bolsonaristas” contra a capital federal, que terminou a noite com ônibus e carros incendiados, vias fechadas e depredadas e uma tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, a Fórum já vinha denunciando, por meio de informações disponibilizadas por um servidor da PF lotado dentro do Palácio do Planalto, que o GSI e seu então chefe, o general Augusto Heleno, tinham responsabilidade na organização dos ataques, que se intensificariam na véspera de Natal, quando um caminhão com 60 mil litros de querosene quase explodiu o aeroporto de Brasília, e por fim no trágico 8 de janeiro de 2023.

Em seus depoimentos na CPI da Câmara Distrital do DF e na CPMI do Congresso Nacional, Heleno foi questionado inúmeras vezes sobre sua participação na tramoia golpista, mas sempre negou, inclusive atacando a Fórum e o repórter autor das matérias que o denunciavam, afirmando nunca ter se envolvido nesse tema e fazendo acusações de prática de mau jornalismo. Com as investigações da PF e o inquérito remetido ao STF, a participação do general da reserva no episódio apenas se confirma.

 

       PF descobre agenda de General Heleno com plano golpista anotado à mão

 

A Polícia Federal encontrou durante busca e apreensão na casa do general da reserva  Augusto Heleno uma agenda com anotações sobre o plano de golpe de Estado criado em 2022. A informação foi divulgada pelo O Globo.

Nesta quinta-feira (8), o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi alvo de uma busca e apreensão no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

Além da reunião em que Heleno sugere um tentativa de golpe de estado antes das eleições de 2022 para garantir Bolsonaro no poder, uma nova evidência de sua participação na agenda golpista do antigo governo foi encontrada pelos federais.

Segundo os investigadores, a agenda tem anotações com planejamento para o golpe que converge com outros documentos da conspiração bolsonarista, incluindo o discurso pós-golpe encontrado no escritório de Jair Bolsonaro na sede do PL.

O general genial deixou todas as evidências anotadas, com os temas golpistas registrados em papel pelo ex-ministro que comandava a inteligência brasileira.

Constam no bilhete a redução dos poderes de Alexandre de Moraes com um parecer da Advocacia Geral da União.

Novos documentos também foram encontrados na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o homem que guardou uma minuta de golpe de Estado descoberta no ano passado.

Desde dezembro do ano de 2022, a Fórum tem ouvido fontes que relatam a participação fulcral do General Augusto Heleno nas movimentações golpistas pós-eleições.

Além disso, Heleno também é investigado no âmbito da investigação da Abin Paralela, e, segundo a PF, ele também teria sugerido o uso de agentes da Abin para interferência nas últimas eleições.

 

Fonte: Fórum

 

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