Moscou
considera retenção de ativos pela UE não apenas 'roubo', mas 'guerra comercial’
Moscou considera
o possível uso de seus ativos pela União Europeia (UE) uma guerra comercial,
declarou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da
Rússia, Maria Zakharova.
O
posicionamento de Zakharova vem na sequência do acordo, por parte de
representantes permanentes da UE, sobre a proposta de utilização de ativos
russos congelados para "apoiar a recuperação" de Kiev.
"Nossa
posição em relação à possível retenção de ativos russos que foram congelados
ilegalmente, roubados, literalmente, sob várias jurisdições ocidentais,
permanece a mesma. Consideramos tais ações não apenas um 'roubo qualquer', mas
efetivamente uma guerra comercial, uma escalada da agressão econômica do
Ocidente contra o nosso país", comentou Zakharova durante uma coletiva de
imprensa.
A
representante oficial do MRE russo sublinhou que qualquer tentativa de
apropriação dos bens congelados do país "violaria o direito internacional,
a legislação interna desses países e, sem dúvida, uma série de documentos
bilaterais, obrigações e afins".
Segundo
ela, "tapar o buraco" no orçamento com fundos russos é uma ideia
atraente para a UE.
"A
única coisa que os impede [os europeus] de dar o passo final são as
consequências. Eles veem que respondemos, acham isso deprimente, para dizer o
mínimo, e sabem que a resposta será extremamente dura", sublinhou.
De acordo
com a base de dados Castellum.AI, mais de 16 mil sanções individuais e
setoriais foram aplicadas contra a Rússia desde o início da operação militar
especial.
·
Moscou: monitoramento sobre situação do
chefe das Forças Armadas mostra Kiev com sérios problemas
Em meio
aos atritos entre o presidente Vladimir Zelensky e o comandante das Forças
Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, versões contraditórias apontaram a saída
do oficial militar do cargo, o que foi negado depois pelo governo. Os
relatórios sobre a renúncia são monitorados por Moscou, que já apontou muitos
problemas enfrentados por Kiev.
Ontem (30)
o The New York Times, ao citar fontes, chegou a divulgar que o governo
ucraniano decidiu adiar a demissão de Zaluzhny por conta do vazamento das
informações. A demissão aconteceria na noite da segunda (29), mas Zelensky
preferiu recuar e adiar o processo.
O
porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou o monitoramento da situação por
Moscou. "Uma coisa permanece óbvia: o regime de Kiev tem muitos problemas,
tudo está errado lá, isso é claro", disse.
"A
contraofensiva falha de Kiev e os problemas nos fronts levam a crescentes
contradições entre representantes tanto da liderança militar quanto
civil", acrescentou o oficial.
Os rumores
da saída de Zaluzhny do comando das tropas em meio à operação militar especial
russa no país, diante da falta de efetividade das operações ucranianas no campo
de batalha, são ventilados há semanas no país.
·
Relações desgastadas
Um dos
principais pontos do desacordo entre Zaluzhny e o presidente ucraniano Vladimir
Zelensky em uma reunião nesta semana, segundo a mídia norte-americana, foi
devido à escala de mobilização das tropas: o comandante queria cerca de 500 mil
militares adicionais, enquanto Zelensky considerava a cifra impraticável,
citando falta de uniformes, armas e instalações de treinamento para um número
tão grande de novos recrutas.
O
presidente ucraniano lamentou repetidamente em público a falta de financiamento
suficiente para fornecer aos recrutas armas e equipamentos necessários.
Além
disso, Zelensky admitiu que os ucranianos estavam cansados do conflito militar,
enquanto os parceiros ocidentais dificultavam cada vez mais o fornecimento de
ajuda a Kiev. Mesmo assim, o presidente ucraniano teria relatado que a mudança
no comando das Forças Armadas pode melhorar a situação do país frente à
operação militar especial russa. Segundo o jornal, a renúncia é esperada em
breve.
Na
segunda, o deputado ucraniano Aleksei Goncharenko afirmou que Zaluzhny teria
sido ordenado a renunciar. Na sequência, o Ministério da Defesa ucraniano disse
que os relatos não eram verdadeiros.
·
Kiev sofre derrota no Tribunal
Internacional de Justiça em denúncias contra a Rússia
O Tribunal
Internacional de Justiça emitiu uma decisão significativa em relação às
reivindicações da Ucrânia contra a Rússia, no contexto da Convenção
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial na
Crimeia e da Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do
Terrorismo em Donbass.
O
processo, iniciado por Kiev em janeiro de 2017, abordou várias questões, sendo
uma delas a responsabilidade da Rússia pela queda do Boeing MH17. No entanto, o
tribunal rejeitou essa demanda, não considerando a Rússia culpada pelo
incidente.
Além
disso, o tribunal não respaldou os argumentos da Ucrânia sobre o suposto
envolvimento da Rússia e a responsabilidade das milícias de Donetsk em vários
ataques, incluindo o bombardeamento do posto de controle militar de Bugas,
próximo a Volnovakha, do campo de aviação militar em Kramatorsk, e das posições
das Forças Armadas ucranianas em Mariupol e Avdeevka, ocorridos no período de
2014 a 2017.
No que diz
respeito às acusações de financiamento do terrorismo, o tribunal indicou que a
Rússia cumpriu suas obrigações de cooperação, incluindo a identificação e o
bloqueio de fundos utilizados para financiar o terrorismo.
No
entanto, em dois episódios específicos, o tribunal concluiu que Moscou não
investigou adequadamente as atividades de indivíduos que, segundo a Ucrânia,
arrecadaram fundos na Rússia para auxiliar o povo de Donbass.
O
Ministério das Relações Exteriores da Rússia expressou surpresa com essa
conclusão, considerando-a intrigante.
Ø
UE propõe debates anuais e restrições de
importações da Ucrânia para contornar caos na Europa
Para
continuar a patrocinar a Ucrânia, o bloco europeu está tendo que se movimentar
com afinco a fim de contornar Estados-membros que rejeitam ações tomadas a
favor de Kiev ou para domar agricultores furiosos com o enfraquecimento do
mercado por ajuda ao país do Leste Europeu.
Os líderes
da União Europeia proporão na quinta-feira (1º) a realização de um debate anual
sobre um pacote de ajuda planejado de € 50 bilhões (R$ 259 bilhões) para a
Ucrânia, em um esforço para superar a oposição da Hungria e conquistar
Budapeste, de acordo com o projeto de conclusões da cúpula, segundo a Reuters.
A Hungria
tem pressionado por uma revisão anual que lhe daria o direito de vetar os
desembolsos todos os anos. Isto vai contra a ideia de financiamento previsível
e outros países do bloco europeu rejeitam-no, mas se o dinheiro vier do
orçamento da UE, é necessária a unanimidade entre os 27 países-membros, pelo
que é necessário o consentimento húngaro.
De acordo
com a mídia, o debate não daria a Budapeste o direito de vetar o dinheiro, mas
poderia levantar preocupações. No entanto, não ficou claro se o
primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, concordará com tal acordo na
quinta-feira (1º).
"O
Conselho Europeu realizará um debate todos os anos sobre a implementação do
mecanismo com vista a fornecer orientações sobre a abordagem da UE
relativamente à situação [...]", diz uma parte do texto do projeto.
A ajuda da
UE destina-se a ajudar a cobrir as necessidades da Ucrânia para 2024-2027, com
€ 33 bilhões (R$ 177 bilhões) em empréstimos baratos e € 17 bilhões (R$ 91,4
bilhões) em subvenções do orçamento da UE para dar a Kiev um financiamento
estável.
Ao mesmo
tempo, a União Europeia propôs nesta quarta-feira (31) medidas para limitar as
importações agrícolas da Ucrânia e oferecer maior flexibilidade nas regras
sobre terras, em uma tentativa de reprimir os protestos de agricultores
furiosos na França e em outros países do território europeu.
A Comissão
Europeia disse que prorrogaria a suspensão dos direitos de importação sobre as
exportações ucranianas por mais um ano, até junho de 2025. Eles foram
originalmente suspensos em 2022 para apoiar a economia de Kiev após o começo da
operação militar russa, o que bloqueou a maioria dos embarques através da rota
tradicional do mar Negro.
A
proposta, que exigirá a aprovação dos governos da UE e do Parlamento Europeu,
introduz um "travão de emergência" para os produtos mais sensíveis –
aves, ovos e açúcar – permitindo tarifas se as importações excederem os níveis
médios de 2022 e 2023, de acordo com a agência britânica.
Também
permite que os membros da UE estabeleçam medidas temporárias caso os seus
mercados sejam perturbados por um aumento nas importações de outros produtos
agrícolas, como cereais. Por enquanto, tais medidas corretivas só seriam
possíveis se toda a UE fosse afetada.
Os
vizinhos da Ucrânia na UE – Bulgária, Hungria, Polônia, Romênia e Eslováquia
–queixaram-se de que as importações agrícolas perturbaram os seus mercados,
levando a protestos de agricultores e camionistas.
Agricultores
franceses e belgas estabeleceram dezenas de bloqueios em autoestradas e
estradas de acesso a um porto de contentores nesta quarta-feira (31), um dia
antes de uma cúpula da UE.
·
Ao se afastar novamente do princípio de
neutralidade, Suíça segue UE e proíbe diamantes russos
A Suíça
proibiu a importação de diamantes russos em concordância com a última rodada de
sanções da União Europeia. Outros produtos, como ferro e gás de petróleo
liquefeito, também foram banidos.
Nesta
quarta-feira (31), Berna concordou em adotar a 12ª rodada de sanções
implementadas pela União Europeia em dezembro, com medidas em vigor a partir de
1º de fevereiro, tal como fez com todas as rodadas anteriores desde o início da
operação militar russa na Ucrânia.
Entre
essas medidas, está uma proibição gradual da compra e importação de diamantes
russos.
"A
Suíça adere assim às medidas acordadas na Cúpula do G7, em 6 de dezembro de
2023, para privar a Rússia desse importante fluxo de receitas", afirmou o
governo em um comunicado citado pelo Yahoo Finance.
Estão
também a ser introduzidas proibições de importação de outros bens, incluindo
ferro gusa e gás de petróleo liquefeito. Ao mesmo tempo, foram vetadas
exportações de baterias de lítio, motores para drones e ferramentas e peças
para máquinas.
No setor
financeiro, os cidadãos russos e os indivíduos que vivem na Rússia serão
proibidos de controlar empresas na Suíça que forneçam serviços de criptoativos.
Berna também colocou mais 147 indivíduos e empresas sob sanção, elevando o
total para 1.422 indivíduos e 291 organizações.
Na semana
passada, o chanceler russo, Sergei Lavrov, reuniu-se com seu homólogo suíço,
Ignazio Cassis, e disse a ele que Moscou leva em conta a decisão de Berna de se
afastar de seus princípios de neutralidade e apoiar totalmente a Ucrânia,
comunicou o Ministério das Relações Exteriores russo, conforme noticiado.
Ø
EUA e Alemanha não se mostram dispostos a
apoiar a candidatura da Ucrânia à OTAN, diz mídia
Enquanto
Kiev e seus aliados do Leste Europeu querem ver um convite formal para a
Ucrânia à OTAN logo na 75ª cúpula que ocorrerá em julho, os EUA e a Alemanha
não acreditam que seja um momento adequado, informa a revista Foreign Policy
citando vários funcionários com conhecimento da situação.
A Polônia
e os Países Bálticos enfrentam uma resistência significativa de Washington e
Berlim, que acreditam que é cedo demais para a Ucrânia se tornar um membro de
pleno direito da OTAN enquanto ainda está envolvida em um conflito com a
Rússia.
Autoridades
de ambos os países pensam que, em vez de discutir a adesão da Ucrânia à OTAN,
faz mais sentido se concentrar em fornecer ao país o que ele precisa para lutar
contra a Rússia, diz o artigo.
"Os
EUA têm dito aos aliados: 'Olhem, não coloquem isso na agenda'", disse Jim
Townsend, ex-funcionário do Departamento de Defesa dos EUA para a política da
OTAN. "Eles vão ter que apresentar algo que seja encorajante e substancial
para a Ucrânia, e que [seja] um sinal para a Rússia de que não estamos
recuando".
Alguns
funcionários na Europa e nos EUA pensam que a Ucrânia na OTAN se tornaria um
divisor de águas no conflito.
Durante a
cúpula da OTAN do ano passado em Vilnius, os líderes da aliança acordaram um
pacote de medidas para aproximar a Ucrânia do bloco. No entanto, a OTAN ainda
não fez um convite oficial à Ucrânia.
O
presidente russo, Vladimir Putin, havia dito anteriormente que a expansão da
OTAN para incluir a Ucrânia cria uma ameaça direta à segurança nacional para a
Rússia e Moscou considera o status não alinhado da Ucrânia extremamente
importante.
Fonte:
Sputnik Brasil
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