quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Moisés Mendes: Não há otários nem logrados no Pix para Bolsonaro

Em outras circunstâncias e com outros personagens, essa não seria uma pergunta banal: o que Bolsonaro irá fazer com os R$ 17,2 milhões que recebeu, via Pix, para pagar multas por não ter usado máscara na pandemia e capacete nas motociatas?

O apelo feito por bolsonaristas, que resultou na captação milionária, deixava claro que ele precisava de dinheiro para quitar o que era cobrado na Justiça.

Estimativas diversas das cifras a serem pagas ficam em torno de R$ 1 milhão. O que Bolsonaro fará com a sobra de pelo menos R$ 16 milhões?

É uma questão ética, assim como passam por abordagens éticas todos os crimes cometidos pelo sujeito e há muito tempo sob investigação ou em processos em andamento.

A sonegação da vacina e a matança da pandemia, a tentativa de furto das joias das arábias, a fraude do cartão de vacinação, a articulação do golpe, a afronta aos mortos da Covid e aos seus parentes e amigos.

Tudo o que envolve Bolsonaro e o bolsonarismo tem déficit de ética, incluindo sua manifestação voluntária sobre a atração que sentiu por uma criança de 14 anos.

Mas e daí? O que muda com a dinheirama do Pix? Em todos os casos citados acima, ele já sugeriu que não tem relação com nada, nem com as joias, nem com a fraude da vacina, nem com o golpe.

Pode dizer que não pediu ajuda a ninguém, que a iniciativa do Pix foi de amigos e que as pessoas doaram porque quiseram doar.

Os apelos especificaram que o dinheiro era apenas para pagar as multas, até porque o PL já havia assegurado salários para Bolsonaro e Michelle e até o aluguel de uma casa.

O que importa é que Bolsonaro é o beneficiado pelas doações, que estão aplicadas em renda fixa, segundo o Coaf.

Se tivesse sido reeleito, ao final do mandato Bolsonaro teria ganho R$ 1,4 milhão em salários, numa conta simples, com a soma do vencimento atual do presidente da República.

Como derrotado, fracassado como golpista e enredado em dezenas de processos pelos mais variados crimes, recebeu antecipadamente pelo Pix R$ 17,2 milhões.

Como presidente, teria um salário de R$ 30,9 mil. Com o rendimento do Pix, recebe mais de R$ 200 mil por mês, assegurados pelos juros de Roberto Campos Neto. É o mais espetacular e rentável caso de benemerência.

Para comparar, no ano passado, o Criança Esperança da Globo mobilizou todas as estrelas do grupo e arrecadou R$ 15,8 milhões.

Bolsonaro fará o que com a fortuna que tem no banco? No sábado, em Santa Catarina, ele disse:

"Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro aqui para a gente tomar um caldo de cana e comer um pastel com a dona Michelle".

O presumido deboche faz com que a questão ética se estenda também aos doadores. É razoável que milhares de pessoas patrocinem a quitação de punições impostas a um sujeito que acumulou crimes contra a saúde pública ao agir deliberadamente pelo caos e pela morte na pandemia?

Numa situação normal e com outros protagonistas, mesmo que sem consequências na Justiça, a história dos R$ 17,2 milhões teria impacto negativo devastador na vida de qualquer figura pública.

Como o personagem é Bolsonaro, é bem provável que o efeito seja o contrário. A maioria dos doadores de Bolsonaro não é formada por otários, como supõe a esquerda. Não são trouxas. São avalistas dos seus crimes, ou não estariam bancando as multas.

Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário sabem que Bolsonaro come joias, come rachadinhas, comeu o cartão corporativo e finge arrotar pastel com caldo de cana.

 

Ø  A vaquinha e o odioso dois pesos e duas medidas. Por Bepe Damasco

 

Depois de uma pesquisa cuidadosa nos portais da imprensa comercial na internet, constato (no fundo, sem surpresa) que sumiu do noticiário mais um episódio deplorável protagonizado pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.

Restou varrido para debaixo do tapete, sem qualquer cerimônia, o fato de Bolsonaro ter pedido à legião de adeptos da extrema-direita nativa que o venera, e também aos otários e trouxas que existem às pencas no Brasil, doações via PIX para pagar multas impostas pelo governo de São Paulo, quando o então presidente fazia letra morta das normas sanitárias em vigor para conter a pandemia.

Além de não pagar nenhuma multa e se jactar disso, Bolsonaro, bem ao seu estilo canalha-delinquente, ainda se sentiu encorajado para debochar dos milhões de brasileiros castigados pela fome ou por algum nível de insegurança alimentar dizendo que os R$ 17 milhões arrecadados davam para “tomar um caldo de cana com a Michele.”

E o escárnio não ficou por aí: informou ainda que investiu a montanha de dinheiro em CDBs, papéis corrigidos pela Taxa Selic, atualmente em 13,75%, devido à gestão à frente do Banco Central de Roberto Campos Neto, um bolsonarista de carteirinha.

Impossível não traçar o seguinte paralelo especulativo: vamos imaginar que Lula, na época em que era caçado pela Lava Jato, que lhe impunha multas milionárias no bojo das condenações, lançasse uma campanha de contribuições (até aí nada demais), mas, depois de arrecadado o dinheiro, se vangloriasse de que não o usou para acertar contas com a justiça, e sim para seu enriquecimento pessoal.

Com toda a certeza o mundo desabaria sobre sua cabeça e de seu partido. E não seria coisa para dois ou três dias de algum destaque nas manchetes, mas de um fogo cerrado inclemente, no qual o mínimo que se cobraria seria a devolução do dinheiro.

Bem sei que se trata de um assunto complexo, pois o cidadão tem direito de doar dinheiro para quem quiser. Todavia, cabe um alerta à Polícia Federal, Receita Federal e ao Ministério Público: não estaria configurado nessa vaquinha de Bolsonaro um caso típico de apropriação indébita, de desvio de finalidade e, consequentemente, de estelionato?

Por outro lado, é assustador que um sem número de pessoas no Brasil se disponha a financiar, sem nenhum senso crítico, as tramoias e trambiques de um líder fascista, que prega os piores valores e responde a dezenas de processos na justiça.  

Fica difícil acreditar na construção de uma nação justa, inclusiva, solidária e soberana quando uma parcela considerável da população “não vale o que o gato enterra.”

 

Ø  Em vez de ser proscrito, mora em mansão paga com dinheiro público e ainda ganha pix adoidado. Por Alex Solnik

 

O cara foi o pior presidente da República que o Brasil já elegeu e um dos piores seres humanos que já nasceram.

A serviço do Exército, ou seja, do Brasil e dos brasileiros, ameaçou explodir o sistema de abastecimento hídrico do Rio de Janeiro. Se desse certo, os cariocas ficariam sem água.

Durante 28 anos de mandato parlamentar não produziu nenhum projeto relevante. Mas dedicou-se a defender milicianos, incitou o assassinato do presidente da República, ameaçou uma colega de estupro, fez discursos racistas, comprou imóveis com dinheiro vivo, empregou funcionários-fantasmas no gabinete, atacou as mulheres e os gays e elogiou publicamente um dos mais notórios torturadores da ditadura militar.

Com essa folha de serviços prestados, foi eleito presidente da República.

Em apenas quatro anos, reduziu o Brasil a pária internacional, cortou relações com países importantes para os exportadores, colocou a religião dentro do estado, cortou as verbas da cultura, rompeu relações em razão de ideologia, incentivou a destruição da floresta amazônica, aparelhou a Polícia Federal e setores do Judiciário, estimulou o uso de armas por civis, duvidou da ciência, como na Idade Média, jogou a população contra o Exército, dividiu os brasileiros, ajudou a espalhar o vírus da covid 19 em vez de combatê-lo, incitou o discurso de ódio, intimidou adversários políticos e instituições como TSE e STF, demonizou jornais e jornalistas, conclamou por um golpe de estado, abusou do poder político e econômico e por isso está inelegível por oito anos.

Foi punido por um crime - por enquanto. Logo, é um criminoso.

Apesar de tudo isso, em vez de ser afastado da vida política e purgar seus pecados a pão e água, no ostracismo, longe de tudo e de todos, ele circula livremente por aí, gozando de toda a liberdade de ir e vir que tentou tirar dos brasileiros, continua mentindo e distorcendo fatos como sempre nos microfones abertos pela mídia e nas suas redes sociais, participa de eventos políticos, mora em mansão de graça com tudo pago e um alto salário bancado por dinheiro público, e ainda recebe R$17 milhões via 670 mil pix para pagar multas, só que não as paga, aplica a fortuna em renda fixa. E desfila, sorridente, sob aplausos verde-amarelos.

Kate Lyra estava certa ao dizer:

“Brasileiro é tão bonzinho”...

Em qualquer outro país, esse cara teria sido expulso do território nacional a pontapés.

 

Ø  Pix de Jair Bolsonaro: o que se sabe sobre as doações recebidas pelo ex-presidente

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,1 milhões por transferências bancárias realizadas via Pix entre 1º de janeiro e 4 de julho deste ano, de acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento foi enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

O colegiado investiga os ataques orquestrados contra prédios dos Três Poderes em Brasília, no 8 de janeiro. Na ocasião, apoiadores de Bolsonaro depredaram instalações do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). 

>>>> Confira o que o Estadão já mostrou sobre o caso.

·         Quantidade de transações via Pix

O valor foi movimentado por 769 mil transações feitas para a conta do ex-presidente em seis meses. O relatório mostrou que 18 pessoas - advogados, empresários, militares, agricultores, pecuaristas e estudantes - pagaram entre R$ 5 mil e R$ 20 mil ao ex-presidente. Há também transferências de três empresas. Uma delas fez 62, que totalizam R$ 9,6 mil.

·         Dinheiro nas contas de Bolsonaro em 2023

O montante recebido via Pix corresponde quase à totalidade do dinheiro que circulou nas contas de Bolsonaro em 2023: R$ 18.498.532. Depois que deixou a Presidência, Bolsonaro assumiu o cargo de presidente de honra do PL, pelo qual recebe um salário de R$ 39 mil. Ele também recebe uma aposentadoria do Exército e outra da Câmara dos Deputados. Assim, entre aposentadorias e salários, Bolsonaro ganha mais de R$ 75 mil por mês.

·         Valor é oito vezes o patrimônio declarado ao TSE

Os R$ 17,1 milhões arrecadados pelas transferências por Bolsonaro equivalem a oito vezes o que ele diz ter acumulado em toda a vida. Na última eleição, ele declarou R$ 2,3 milhões em bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) .

·         'Vaquinha' foi divulgada nas redes sociais por apoiadores

Em junho, deputados e influenciadores bolsonaristas iniciaram uma campanha para pedir doações por Pix para o ex-chefe do Executivo, sob a justificativa de que o ex-presidente é vítima de "assédio judicial" e que precisa de ajuda para pagar "diversas multas em processos absurdos". Alguns aliados políticos publicaram nas redes sociais comprovantes das doações, com valores que iam de R$ 10 a R$ 1 mil.

O ex-presidente evitou comentar publicamente sobre o valor arrecadado na vaquinha. No dia 26 de junho, ele disse apenas que já havia levantado o suficiente para pagar condenações processuais. "A massa contribuiu com valores entre R$ 2 e R$ 22. Foi voluntário", disse Bolsonaro na ocasião, prometendo abrir os valores "mais para frente".

·         Montante daria para quitar multas, que ainda estão pendentes

A cifra revelada pelo Coaf seria suficiente para pagar cerca de 17 vezes as multas que levaram os apoiadores a fazer uma vaquinha para Bolsonaro. Mesmo com o valor na conta, o ex-presidente não pagou as multas com o Estado de São Paulo.

O registro de débitos inscritos na dívida ativa paulista aponta que o ex-chefe do Executivo tem sete multas na Secretaria de Saúde do Estado, que somam uma dívida de mais de R$ 1 milhão.

Bolsonaro pode gastar como quiser os R$ 17 milhões em doações via Pix?

"Para que não se levantem suspeitas levianas e infundadas sobre a origem dos valores divulgados, a defesa informa que estes são provenientes de milhares de doações efetuadas via Pix por seus apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita", diz a defesa em comunicado para a imprensa. A nota ainda informou que, nos próximos dias, adotará medidas legais cabíveis para investigar a autoria da divulgação dessas informações.

 

Ø  Depósitos em Pix para Bolsonaro: o que sabemos e o que o ex-presidente fala sobre os R$ 17 milhões arrecadados

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,2 milhões via Pix em sua conta pessoal nos primeiros seis meses deste ano. A informação consta em um relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro do governo federal.

Relembre tudo o que se sabe sobre a questão e o que o ex-mandatário já disse a respeito.

·         Como Bolsonaro recebeu o dinheiro? 

Os dados do Coaf mostram que, entre 1º de janeiro e 4 de julho, Bolsonaro recebeu mais de 769 mil transações por meio do Pix que totalizaram R$ 17.196.005,80. O valor corresponde à quase totalidade do movimentado pelo ex-presidente no período: R$ 18.498.532,66.

O órgão de combate à lavagem de dinheiro afirma no relatório que as transações atípicas podem estar relacionadas à campanha de doações organizada por aliados de Bolsonaro com o objetivo de pagar as multas impostas ao ex-presidente ao longo dos últimos anos.

O conteúdo do relatório foi revelado pelo jornal “Folha de S.Paulo” e confirmado pela CNN.

·         Por que Bolsonaro recebeu doações? 

A vaquinha foi organizada para levantar dinheiro para que o ex-presidente pudesse arcar com o pagamento de multas aplicadas e eventuais novas punições por ter desrespeitado o uso obrigatório de máscara em espaços públicos durante o auge da pandemia do novo coronavírus.

·         Quais são as dívidas de Bolsonaro? 

De acordo com a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, Bolsonaro acumula sete dívidas ativas com o município. O valor atual é de R$ 1.062.416,65. São sete multas: duas em 2021 e outras cinco no ano passado.

Aliados do ex-presidente alegavam durante a campanha de arrecadação do dinheiro que Bolsonaro era vítima de “assédio judicial” e que precisava de ajuda para quitar “diversas multas em processos absurdos”.

·         O que Bolsonaro já falou sobre os R$ 17 milhões? 

No final de junho, Bolsonaro afirmou que já havia arrecadado dinheiro suficiente para pagar todas as multas que sofreu em processos judiciais e eventuais novas punições.

Em declaração, no último sábado (29), Bolsonaro afirmou que as doações de apoiadores são suficientes para pagar contas e sobram.

O advogado Fábio Wajngarten, que atua na defesa do ex-presidente, afirmou que o próprio relatório do Coaf atribui as movimentações atípicas aos pagamentos realizados por Pix a Bolsonaro. “Não há o que falar, além de como isso vazou? Qual a justificativa?”, questionou.

Em suas redes sociais, o advogado criticou os “vazamentos”. “São inadmissíveis os vazamentos de quebras de sigilos financeiros de investigados no inquérito de 8/1 e ou de qualquer outra investigação sigilosa. Faz-se necessário identificar quem está entrando na tal sala cofre para que as medidas judiciais sejam tomadas. Quem vazou será criminalizado”, escreveu.

Em evento em Santa Catarina na sexta-feira (28), Bolsonaro também disse que “infringiram o processo legal divulgando dados sigilosos”.

·         O que Bolsonaro já fez com os R$ 17 milhões? 

O Coaf também apontou que Bolsonaro aplicou os R$ 17 milhões recebidos em investimentos de renda fixa nos primeiros seis meses de 2023. O documento mostra que foram realizadas aplicações em Certificados de Depósitos Bancários (CDB) e Recibos de Depósito Bancário (RDB) no valor total de R$ 17 milhões.

O CDB e o RDB são as principais modalidades de investimento em renda fixa no mercado e estão atreladas à variação da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75% ao ano.

·         Qual é a posição do Coaf sobre o caso? 

O Coaf diz que a situação é “incompatível com os rendimentos” de Bolsonaro. Isso porque o relatório informa que o ex-presidente não possui bens cadastrados em seu banco e que possui participação de 24,90% no capital da empresa Bolsonaro Digital Ltda., que tem faturamento presumido de R$ 460 mil.

Os valores dos investimentos também não são compatíveis com os rendimentos mensais de Bolsonaro.

defesa do ex-presidente argumentou que os recursos foram aplicados “justamente para que não fossem gastos” por Bolsonaro.

“A defesa do presidente Jair Bolsonaro informa que os valores depositados via Pix foram investidos justamente para que não fossem gastos ao ser confundidos com a sua receita e/ou ficassem paralisados em conta. Assim que as ações forem julgadas, os valores serão utilizados para pagamento de multas e demais despesas processuais”, informou à CNN a defesa do ex-presidente.

 

Fonte: Brasil 247/Agencia Estado/CNN Brasil

 

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