domingo, 28 de maio de 2023

Vida e morte pesam sobre os soldados da defesa antiaérea ucraniana

O comandante da equipe de defesa aérea de Kiev sabe o que está em jogo toda vez que um míssil ou drone aparece em seu radar: se falhar, alguém pode morrer.

Um exemplo gritante veio quando a equipe derrubou um míssil de cruzeiro russo e os destroços revelaram que carregava uma ogiva pesando quase meia tonelada, que não explodiu.

 “Depende muito de mim e da minha equipe garantir que as pessoas possam dormir em paz”, disse à AFP o comandante, conhecido pelo pseudônimo de Atlas.

As sirenes de ataque aéreo e o estrondo das explosões ressoaram repetidamente na madrugada de maio em Kiev, à medida que os ataques aéreos russos se intensificavam.

Mas as forças ucranianas, apoiadas por sistemas de defesa aérea ocidentais, relataram recentemente ter derrubado os projéteis mais mortais.

Atlas, que pediu para ser identificado apenas por seu pseudônimo, disse que a situação é muito diferente de um ano atrás.

Ele ingressou no serviço logo após a invasão russa e conta que se sentiu impotente ao usar as velhas máquinas militares quando mísseis e drones voavam para a Ucrânia.

“Só vejo pontos na tela, mas quando eles desaparecem, sei que algo ruim aconteceu e provavelmente lerei sobre isso nos noticiários”, disse ele.

As coisas começaram a mudar com um treinamento muito acelerado, de um mês em vez de quatro, com o sistema de defesa aérea Crotale fornecido pela França.

Sua equipe derrubou seu primeiro alvo, um drone explosivo Shahed, na madrugada de 2 de janeiro, provocando aplausos entre eles. “Mas imediatamente nos acalmamos e entendemos que tínhamos que ficar muito focados. Podemos comemorar depois”, lembrou o homem de 37 anos.

– “Vivemos com isso há mais de um ano” –

Ele garante que sua equipe parou mais de 10 ataques desde o de janeiro, mas não consegue alcançar todos.

“São momentos muito dolorosos”, comentou sobre as falhas. “Vimos um alvo, mas ele passou porque algo deu errado”, disse.

Na quinta-feira, a Ucrânia relatou a derrubada de um ataque inteiro de 36 drones Shahed. Mas no dia seguinte, um míssil russo atingiu um centro médico na cidade de Dnipro, no centro da Ucrânia, onde matou uma pessoa e deixou 23 feridas.

“Não acho que seja algo que as pessoas devam se acostumar. Mas é a realidade, nós e essas pessoas vivemos com isso há mais de um ano”, afirmou Atlas.

A Ucrânia também afirma ter derrubado vários mísseis Kinzhal (Dagger), que o presidente russo, Vladimir Putin, chamou de “invencíveis” porque sua velocidade permite que eles perfurem a maioria dos sistemas de defesa aérea.

A Ucrânia diz que derrubou um desses mísseis russos pela primeira vez no início de maio com um sistema antiaéreo Patriot dos EUA, que Kiev recebeu em abril.

Mas derrubar os mísseis não elimina seu perigo mortal. Seus destroços e ogivas podem causar muita destruição quando atingem o solo.

Atlas diz que sua equipe tenta prever onde os destroços vão cair quando se preparam para atirar em um alvo.

“Às vezes, deixamos que se aproxime de nós para garantir que os destroços não caiam nas cidades ou algo assim. Isso pode acontecer e é muito perigoso”, acrescentou.

Eles também enfrentam um inimigo que se adapta ao que as forças ucranianas fazem.

Por exemplo, se a equipe de Atlas derrubar um míssil, às vezes haverá um “período de silêncio”.

“Entendemos que eles sabem que estamos lá e devemos mudar de posição para começar a caçá-los novamente”, disse ele.

 

Ø  Economista: EUA pegaram Ucrânia em armadilha segundo o cenário do Afeganistão

 

A venda de armas pelas grandes empresas foi a verdadeira causa do conflito ucraniano, arrastando Kiev para uma aventura nos moldes da crise afegã, disse o economista Jeffrey Sachs ao programa de TV Democracy Now!

Segundo ele, os políticos e diplomatas norte-americanos estavam cientes dos riscos que acompanham as ambições da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de se expandir para a Ucrânia.

Mas eles não foram levados em consideração por Washington devido à pressão do complexo industrial-militar. Os inúmeros avisos da Rússia sobre isso também não foram levados em conta.

"[O presidente russo] Vladimir Putin colocou sobre a mesa um projeto de acordo de segurança entre os EUA e a Rússia que se baseava em não expandir a OTAN para a Ucrânia. E esse tem sido o refrão da Rússia durante 30 anos, mas nós não o ouvimos, e agora estamos investindo US$ 113 bilhões [R$ 566 bilhões] nisso. Isso é horrível para a Ucrânia. Pegamos na armadilha mais um país no meio de nossas campanhas de lobby, porque isso não vai funcionar bem para a Ucrânia. É um desastre. É como aconteceu com o Afeganistão", afirma Sachs.

O jornalista nota também que, enquanto a mídia ocidental chama todas as vezes a operação militar russa de "não provocada", na verdade, a razão real foi muitas vezes pronunciada pelas próprias autoridades norte-americanas.

"Eles [mídias ocidentais] não falam sobre a verdade, que é o que nossos próprios diplomatas [...] inclusive o diretor da CIA, William Burns, que escreveu um memorando que foi divulgado pelo WikiLeaks em 2008. Seu memorando de 2008 dizia que isso é existencial, do ponto de vista da Rússia. Se continuarmos a empurrar a ampliação da OTAN para a Ucrânia, isso poderá ter consequências absolutamente terríveis. Nossos diplomatas sempre souberam disso", revela o especialista.

Ele enfatizou também que os investimentos ocidentais no conflito ucraniano só podem levar a uma nova escalada, o que outros Estados importantes e regiões inteiras do mundo temem – o Sul Global, o Brasil, a China e o Oriente Médio.

Ao mesmo tempo, os EUA e seus aliados continuam a alimentar o conflito ucraniano, falando sobre a recente derrota em Artyomovsk (Bakhmut, na denominação ucraniana).

"As estimativas são de que apenas essa pequena batalha custou bilhões e bilhões de dólares, sem mencionar o desastre de quantas mortes. Portanto, eles estão gastando dinheiro como se não houvesse amanhã. E se não tomarmos cuidado, não haverá amanhã."

Na semana passada, Jeffrey Sachs criticou o "plano de paz" do presidente ucraniano Vladimir Zelensky, apoiado pelo Ocidente, dizendo que, na realidade, ele foi criado para garantir a derrota da Rússia em vez de levar a um acordo real.

 

Ø  Ucrânia diz ser iminente contraofensiva para retomar porção leste do país

 

Enfim, chegou a hora de a Ucrânia iniciar sua contraofensiva em territórios hoje ocupados por forças da Rússia. Após semanas de especulações e treinamentos, uma das principais autoridades de segurança do país disse à BBC que os ataques são iminentes.

Em entrevista publicada neste sábado (27), Oleksi Danilov evitou estipular uma data para o início da operação, mas apontou que ela pode começar "amanhã, depois de amanhã ou em uma semana".

Em abril, a Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos, afirmou que já havia entregado 230 tanques para a prometida contraofensiva da Ucrânia. Outros 1.550 blindados também já estão nas mãos de Kiev. Paralelamente, soldados ucranianos passaram por treinamentos com forças ocidentais por várias semanas.

Tal preparação gerou otimismo no Ocidente, que aposta nesse momento como início de uma derrota das forças de Vladimir Putin na Ucrânia. Até por isso, Danilov sabe que seus soldados precisam corresponder às expectativas: " Entendemos que não temos o direito de cometer erros", disse ele à emissora britânica.

"Temos que entender que essa oportunidade histórica nos é dada por Deus para que possamos nos tornar verdadeiramente um grande país europeu independente", acrescentou.

Na entrevista, ele também confirmou que alguns soldados do grupo de mercenários Wagner estão se retirando da cidade de Bakhmut, palco dos combates mais intensos neste momento da guerra. "Isso não significa que eles vão parar de lutar conosco", disse.

De acordo com o chefe do grupo, Ievgueni Prigojin, a organização perdeu mais de 20 mil homens na cidade. Nas últimas semanas, ele gravou vídeos pressionando o Exército russo a enviar munições e armamentos para seus soldados -alguns deles, ao lado de corpos.

Danilov também rebateu críticas de que o Exército ucraniano deveria ter retirado suas tropas da cidade, hoje ocupada majoritariamente pelas forças russas, para evitar mais mortes. "Bakhmut é nossa terra, nosso território, e devemos defendê-la", disse ele.

Ainda neste sábado, dois drones atacaram o oleoduto russo Drujba, na região de Tver, informou o jornal Kommersant, veículo reconhecido nacionalmente e internacionalmente. É incerto se o ataque deixou vítimas.

Já na vila russa de Plejovo, a poucos quilômetros da fronteira com a Ucrânia, um trabalhador da construção civil foi morto após um míssil que teria vindo do lado ucraniano cair na região.

 

Ø  Teerã acusa Zelensky de criticar Irã para obter mais armas

 

Teerã acusou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, neste sábado (27), de criticar o Irã com o objetivo de obter mais ajuda e armas das potências ocidentais para enfrentar a ofensiva russa.

A diplomacia iraniana reagiu a um vídeo divulgado na quarta-feira em que o líder ucraniano pediu ao “povo iraniano” que pressione seu governo para que se afaste do “terror russo” e pare de entregar drones para realizar ataques na Ucrânia.

“A repetição de falsas acusações do presidente ucraniano contra o governo e o povo iraniano” visa “atrair o máximo possível de armas e ajuda financeira dos países ocidentais”, disse o porta-voz da diplomacia iraniana, Naser Kanani.

Em seu vídeo, legendado em persa, Zelensky denunciou que quando um drone Shahed 136 de fabricação iraniana “atinge um dormitório com estudantes, pessoas morrem, começa um incêndio, chegam equipes de resgate e, alguns minutos depois, um segundo Shahed chega para matar os socorristas”.

A Ucrânia afirma ter derrubado 60 desses drones nas noites de quinta e sexta-feira, após uma série de bombardeios noturnos.

“Seus Shahed que aterrorizam a Ucrânia todas as noites implicam que o povo iraniano está sendo empurrado cada vez mais para o lado sombrio da história”, disse Zelensky em seu vídeo.

O Irã admitiu que entregou drones a Moscou, mas disse que as entregas ocorreram antes da ofensiva na Ucrânia.

“A República Islâmica sempre declarou sua oposição à guerra na Ucrânia”, insistiu Kanani neste sábado.

 

Ø  Ucrânia pede mísseis de cruzeiro à Alemanha

 

A Ucrânia enviou ao governo alemão um pedido oficial para o fornecimento de mísseis de cruzeiro ar-terra do tipo Taurus, com um alcance de pelo menos 500 km, disse o Ministério da Defesa à AFP neste sábado (27).

“Nos últimos dias recebemos um pedido do lado ucraniano”, disse a porta-voz do ministério, sem dar detalhes sobre os valores. Resta saber se a Alemanha aceitará ou não, o que deve provocar acalorados debates internos.

O governo alemão aumentou seus suprimentos de armas para a Ucrânia nos últimos meses, mas até agora tem sido relutante sobre mísseis de cruzeiro ou ajuda à aviação ucraniana, por exemplo, para a entrega de caças F-16.

O Taurus é um míssil de cruzeiro ar-terra, transportado por caçadores e desenvolvido pela empresa alemã-sueca de mesmo nome. Devido ao seu alcance, pode atingir alvos distantes da atual linha de frente no leste da Ucrânia.

O Reino Unido, um dos países que mais apoiam Kiev, anunciou recentemente sua intenção de entregar mísseis de cruzeiro Storm Shadow à Ucrânia, tornando-se o primeiro país a fornecer esse tipo de armamento de longo alcance.

Esses eventos acontecem enquanto Kiev prepara há meses uma contraofensiva para repelir as tropas russas dos territórios que ocupam na Ucrânia.

 

Ø  Revista aponta problemas que Ucrânia enfrentará com a chegada de tanques ocidentais

 

As Forças Armadas da Ucrânia enfrentarão muitos problemas com os tanques fornecidos por países ocidentais, informa Newsweek.

"Mesmo quando os tanques chegarem, os problemas da Ucrânia não serão resolvidos", aponta a revista.

Segundo especialistas, após o fornecimento de tanques pelo Ocidente, os ucranianos enfrentarão dificuldades em termos de treinamento, logística e coordenação desse tipo de equipamento com outras unidades das Forças Armadas. Os militares da Ucrânia terão que integrar sistemas desconhecidos e complexos, bem como levar em conta o peso dos novos tanques em condições climáticas instáveis.

Tanques como os Abrams americanos, que serão entregues apenas no outono europeu, são equipamentos bastantes complexos, e é difícil aprender a manejá-los. Eles consomem muito combustível e exigem linhas de aprovisionamento que a Ucrânia não tem. O outro problema apontado pela mídia é que o treinamento de tripulações ucranianas para os tanques está indo rápido demais, o que pode criar problemas com o seu uso eficaz.

Os especialistas também acreditam que é improvável que os tanques ocidentais tenham um impacto significativo no campo de batalha devido à pequena quantidade de blindados fornecidos.

Anteriormente, Scott Ritter, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, disse que o envio de equipamentos ocidentais para a Ucrânia não terá nenhum impacto no curso dos acontecimentos, uma vez que as Forças Armadas da Ucrânia estão recebendo tanques que não sabem operar.

 

Fonte: IstoÉ/FolhaPress/Sputnik Brasil

 

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