Defesa
de Bolsonaro estima R$ 2 milhões em pagamentos de ações judiciais; advogados
estudam vaquinha online
Advogados de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram à CNN
que, após um levantamento de ações, estimam que a soma de processos judiciais
em andamento – caso o ex-presidente seja condenado – deva chegar a R$ 2 milhões
nos próximos meses. A defesa diz que irá recorrer de todos os processos.
A possibilidade de fazer uma arrecadação online, uma
espécie de vaquinha, para conseguir pagar os valores de condenação é uma
alternativa segundo a defesa do ex-presidente.
Conforme os defensores, a vaquinha está sendo
analisada. A medida passaria por auditoria.
Na última quinta-feira (25), o Tribunal de Justiça
de São Paulo condenou o ex-presidente a pagar indenização de R$ 50 mil por dano
moral coletivo a jornalistas. A acão foi ajuizada pelo Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do estado de São Paulo em 2021.
O ex-presidente disse, quando estava no cargo, que
exerceu a liberdade de expressão e direitos de crítica como qualquer cidadão
brasileiro.
Levantamento da assessoria do ex-presidente mostra
que, nos últimos anos, Bolsonaro perdeu 95% das ações apresentadas contra ele.
Novo
perito, brecha da nuvem e truque do WhatsApp ajudam a devassar celular de Cid
A Polícia Federal levou meses até conseguir acessar
todos os dados armazenados pelo tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens
de Jair Bolsonaro (PL), utilizados nas investigações que miram o ex-presidente,
Michelle Bolsonaro e outros assessores presidenciais.
No inquérito sobre o vazamento da investigação do
ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), embora a quebra de sigilo
telemático de Cid tenha sido efetuada ainda em 2021, entre agosto e setembro,
somente em junho do ano seguinte a PF produziu o primeiro relatório com as
informações que hoje têm sido utilizadas em ao menos três frentes de apurações.
As mensagens encontradas na nuvem do Google Drive e
do iCloud de Cid embasam hoje as investigações sobre o suposto desvio de
dinheiro da Presidência, as investidas golpistas de Bolsonaro (7 de setembro de
2021 e 8 de janeiro de 2023) e a fraude na inserção de dados no sistema de
vacinação do Ministério da Saúde.
A Folha apurou que o acesso aos dados só foi
possível após o caso sair da superintendência da PF no Distrito Federal e
migrar para a DIP (Diretoria de Inteligência Policial), localizada no
prédio-sede da corporação, em Brasília.
A mudança de local ocorreu após a delegada Denisse
Ribeiro, então responsável por todos os inquéritos relatados por Alexandre de
Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), entrar em licença maternidade, em
fevereiro de 2022.
O caso então passou a ser conduzido pelo delegado
Fabio Shor, que fazia parte da equipe de Denisse e foi indicado por ela ao
ministro do STF. É ele quem atua na investigação até hoje. O delegado pediu a
prisão de Cid e a busca contra Bolsonaro, cumpridas no último dia 3 de maio.
Antes da ida para a DIP, os policiais do Setec
(Setor Técnico-Cientifico) da PF no DF haviam conseguido acessar uma pequena
parte do conteúdo, que gerou apenas um relatório de análise citado na conclusão
do inquérito sobre o vazamento por Cid e Bolsonaro da investigação do ataque
hacker ao sistema do TSE.
Na DIP, durante a direção-geral de Márcio Nunes na
PF, peritos e técnicos se debruçaram sobre os arquivos e conseguiram encontrar
um método para localizar os dados armazenados nas nuvens.
Com o método e a determinação de Moraes em 2 de maio
de 2022 para que fosse produzido um relatório minucioso sobre os arquivos de
Cid, dezenas de informes devassaram o dia a dia da Presidência.
No primeiro relatório após o acesso, datado de junho
de 2022, a PF explica como os dados estavam armazenados. Nas pastas
relacionadas ao WhatsApp encontradas em nuvem, por exemplo, não apareceram o
número de todos os participantes, apenas o número de identificação daquele
grupo seguido pelo número de telefone de quem, provavelmente, o criou.
Ao enviar o relatório a Moraes, o delegado Fabio
Shor sugeriu que os dados encontrados com Cid fossem analisados com os
coletados pelo inquérito das milícias digitais. Ao sugerir o método de análise,
o delegado disse que o inquérito apura a “existência de uma organização
criminosamente complexa, de forte atuação digital e com núcleos de produção,
publicação, financiamento e político com o objetivo de atacar o Estado
democrático de Direito”.
O primeiro relatório produzido com base na análise
do material encontrado na nuvem da Apple revelou à PF os recibos de transações
financeiras que acarretaram na suspeita de desvio de dinheiro público da
Presidência.
No segundo relatório, a PF conseguiu acessar alguns
áudios de Cid e interlocutores. Eles falam do caso da morte de um integrante da
ajudância de ordens e agendas do então presidente.
No terceiro são detalhadas as conversas de Cid com
uma assessora da ex-primeira-dama que levaram à suspeita de que os supostos
desvios de dinheiro Presidência teriam sido a mando de Michelle Bolsonaro.
A partir desses primeiros relatórios, a PF pediu a
quebra de sigilo bancário de Cid, de outros ajudantes de ordens e de duas assessoras
de Michelle. O caso foi revelado pela Folha em setembro de 2021.
Após a primeira quebra telemática, em 2021, Cid foi
alvo de outras duas, em dezembro de 2022 e em janeiro de 2023.
Além disso, Moraes autorizou outras quebras de
sigilos bancário, fiscal e telemático de pessoas ligadas a Bolsonaro que ainda
são analisadas pela PF e que devem ser utilizadas nas investigações em
andamento.
Foi
enganado: Estátua dada por sauditas a Bolsonaro é de cobre, só com filetes de
ouro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi enganado.
Pelo menos é o que se presume após um laudo apresentado pela Polícia Federal,
que analisou uma escultura em formato de cavalo dado pelo governo da Arábia
Saudita ao então mandatário brasileiro, mostrar que a peça não era feita de ouro,
como se pensava inicialmente.
Famoso após aparecer danificado em várias
reportagens realizadas à época do escândalo do estojo de joias avaliado em R$
16,5 milhões, também “presenteado” pelos sauditas, o tal cavalo árabe chegou ao
país com as patas quebradas e enrolado em um pedaço de pano, na mochila de um
assessor do ex-ministro Bento Albuquerque. Para analisar o objeto os peritos da
PF usaram até um exame de tomografia computadorizada, que revelou que a peça de
fato era maciça, mas composta majoritariamente por cobre, um metal muito menos
valioso. A escultura, aliás, foi avaliada pelas autoridades em pouco mais de R$
24 mil. Se fosse de ouro maciço, o valor certamente ultrapassaria a casa dos
milhões.
A estátua veio com uma placa onde se lê “Sua Alteza Real,
o príncipe Abdulaziz bin Salman Al Saud, ministro de Energia”. Segundo o
documento oficial dos peritos “as características da escultura com motivos,
elementos e detalhes que remetem à cultura do país de referência na placa, que
também abrangem frase dedicatória e identificação do nome, cargo de autoridade
e país, são compatíveis com peça estrangeira de boa qualidade customizada e
identificada para fins de concessão em ato protocolar de cortesia”, embora o
artigo tenha apenas alguns detalhes em ouro, além de um pouco de prata.
“No âmbito da superfície do corpo da escultura do
cavalo, mais especificamente nas porções metálicas de cor dourada, verificou-se
uma composição majoritária de cobre (89,02 a 94,18%), prata (3,44 a 6,27%) e
ouro (1,39 a 3,90%)”, afirmam os peritos no laudo.
Bolsonaro
facilitou vistos para EUA e este dificultou para nós
Passado o período mais grave da pandemia, muitos
brasileiros voltaram a considerar o antigo sonho de conhecer os Estados Unidos.
No entanto, ao entrar no site de agendamento de entrevistas do consulado
americano, eles descobrem que garantir mais um carimbo no passaporte exigirá
paciência: o tempo de espera para tirar o visto de turismo não para de crescer.
De acordo com a última atualização do Departamento
de Estado americano, a fila de espera voltou a bater recordes em quatro dos
cinco postos do consulado no Brasil.
A capital paulista é onde foi registrado o maior
tempo, com 610 dias – o equivalente a 20 meses.
As filas em Brasília, Porto Alegre e Recife, também
sem precedentes, chegaram a 493, 473 e 449 dias, respectivamente.
Rio de Janeiro, com 463, já viu esperas mais longas.
A última vez que isso aconteceu foi em março, quando
o tempo de espera chegou a 18 meses no consulado americano em São Paulo e
passou dos 400 dias em Brasília, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.
De acordo com as autoridades americanas, o
aborrecimento é consequência da pandemia, quando toda essa demanda ficou
represada.
“É realmente um desafio para a Embaixada, pois há um
claro prejuízo para o intercâmbio turístico entre os dois países, impactando
diretamente destinos como a Flórida, que tem o Brasil como um dos três países
que mais enviam viajantes”, afirma Felipe Alexandre, do escritório de advocacia
imigratória AG Immigration.
O Brasil não é o único país que sofre com esse
problema. Na realidade, ele é o sétimo colocado na lista dos países com as
maiores filas.
Entre as três primeiras – Bogotá, Guadalajara e
Cidade do México – a espera passa dos dois anos.
Desde o início do ano, medidas têm sido tomadas pelo
para tentar reduzir esses números, como contratação de novos funcionários e
criação de horários de atendimento aos sábados.
A diminuição, contudo, não será rápida.
Em entrevista a Veja, em março, Michael Whipple,
assessor para assuntos consulares da Embaixada dos Estados Unidos, disse que a
expectativa é que essa situação só se normalize no fim do primeiro semestre.
Essas não foram as únicas novidades.
Em abril, o Departamento de Estado americano
anunciou um aumento de no preço dos vistos de turismo, estudo, negócios,
trabalho temporário e investimentos.
Nos três primeiros casos, o valor passará de 160
para 185 dólares, cerca de 930 reais. Para os trabalhadores temporários, de 190
para 205 dólares e, para os investidores, de 205 para 315 dólares. As mudanças
passam a valer à partir de 30 de maio.
Torres
alega que reunião no 2º turno foi em cima da hora
O diretor-geral da Polícia Federal durante o período
eleitoral, delegado Márcio Nunes, disse em depoimento que uma reunião realizada
às vésperas do segundo turno na Bahia com o então ministro da Justiça, Anderson
Torres, foi marcada de última hora e não tinha “uma pauta definida”, mas serviu
para tratar das eleições e de um pedido de reforço no policiamento no dia do
pleito. O encontro entrou na mira de investigação após suspeitas de que Torres
tentou usar a corporação e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para atrapalhar a
votação de eleitores no Nordeste, como forma de beneficiar Jair Bolsonaro.
Na data do segundo turno, a PRF montou uma série de
blitzes em estradas da região que teriam dificultado o deslocamento de
eleitores no principal reduto de Luiz Inácio Lula da Silva. A PRF parou, na
ocasião, 324 ônibus no Nordeste, enquanto no Centro-Oeste foram 152; no
Sudeste, 79; no Norte, 76; e no Sul, 65.
A suspeita é que a Bahia teria recebido uma atenção
especial de Torres porque, ali, Lula havia tido uma ampla vantagem sobre
Bolsonaro no primeiro turno (69,7% a 24,3% dos votos). Por esse motivo, a PF
quis ouvir todos que participaram da reunião ocorrida na véspera do segundo
turno.
Em seu depoimento, dado no último dia 11, Nunes
afirmou ter sido o responsável pelo convite a Torres, diante de uma reclamação
corrente na PF de que o então ministro “estava indo mais a eventos da PRF do
que da própria PF”. “Tendo Anderson (Torres) perguntado o que poderia ser feito
e o depoente sugerido a viagem naquele momento, para visita institucional à
unidade e à obra”, diz trecho de seu depoimento.
A referida obra era na Superintendência da PF
localizada em Salvador. Na manhã do dia 25 de outubro, segundo Nunes, eles
tiveram uma reunião com o então superintendente da PF baiana, Leandro Almada,
“que foi um bate-papo informal, (no qual) foram tratados de uma remoção de uma
servidora, do andamento da obra e de assuntos eleitorais, quais sejam o reforço
do efetivo nas eleições, tendo o depoente determinado que fosse colocado o
máximo possível de servidores para trabalhar nas eleições”.
A versão dada pelo ex-chefe da PF também foi
apresentada por Torres, que disse em seu depoimento ter viajado à Bahia a
convite de Nunes. O ex-ministro foi ouvido no inquérito no último dia 8 e negou
quaisquer irregularidades. A sua defesa afirma que ele é inocente.
Como revelou O GLOBO na terça-feira, Almada também
já foi ouvido no inquérito e disse que “a tônica da reunião (com Torres e
Nunes) foi em torno da questão eleitoral”. “Pediram para reforçar bastante a
nossa parte ostensiva no dia do segundo turno, porque eles ouviram relatos de
uma compra de votos muito grande que estaria ocorrendo no estado da Bahia”,
relatou o ex-chefe da PF na Bahia.
Questionado pelos investigadores sobre se, além do
pedido de reforço policial, houve alguma orientação quanto às cidades onde a PF
deveria atuar, Almada respondeu que sim, mas não chegou a detalhar como isso
aconteceu.
“A gente foi informado sim que tinha algumas
localidades especificamente, não sei se em função do número de eleitores ou
pela cobertura da cidade, enfim. Houve, sim, foi encaminhada uma sugestão de
cidades para que fosse reforçado. Eu não tenho, mas houve sim”, afirmou Almada.
Ele não apresentou a lista de cidades no momento de sua oitiva, mas se
comprometeu a procurá-la e enviá-la aos investigadores posteriormente.
Já Nunes, em seu depoimento, declarou que “não sabe
dizer se houve determinação para que a PF atuasse em determinadas localidades”
na Bahia, mas afirmou que, de sua parte, “isso não ocorreu”.
Fonte: CNN Brasil/FolhaPress/Fórum/Veja/Correio Braziliense
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