"Os
Bolsonaro são burros, mas não rasgam dinheiro", diz candidato do MBL
O
pré-candidato à Presidência da República pelo MBL, Renan Santos, publicou neste
sábado (6) uma análise política em suas redes sociais, na qual critica
duramente a família Bolsonaro e aponta motivações estratégicas por trás da
pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao Palácio do Planalto.
Segundo
Renan Santos, a movimentação em torno do nome de Flávio não tem como meta
vencer as eleições, mas sim proteger o espaço de poder acumulado pela família
desde 2014. Para ele, agentes políticos que trabalham para viabilizar outras
candidaturas de direita ignoram a dinâmica interna do bolsonarismo e o peso do
clã na configuração atual da direita brasileira.
Renan
afirma que parte dos articuladores da candidatura do governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas (Republicanos), opera sob uma “visão fantasiosa” de
controle dos processos políticos. “Os agentes por trás da candidatura Tarcísio
trabalharam com a ideia de profecia auto-realizável e o entendimento elitista
de que alguns poucos detêm o controle por trás de processos complexos”,
escreveu. Ele argumenta que política não funciona como o mercado financeiro e
que, dentro do bolsonarismo, prevalece um sistema próprio de incentivos.
Para o
dirigente do MBL, a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro foi planejada para
fracassar eleitoralmente — e, ainda assim, representar o melhor movimento para
a família. “É perfeitamente compreensível que a candidatura Flávio Bolsonaro
tenha sido construída para PERDER as eleições presidenciais e que isso seja,
por parte da família, a MELHOR decisão a ser tomada”, afirmou.
Em tom
contundente, Renan atacou a visão de que Tarcísio, figuras do centrão ou outras
lideranças da direita poderiam ocupar o espaço bolsonarista sem resistência do
clã. Ele atribui a Jair Bolsonaro e aos filhos uma postura de autopreservação
política. “Os pais do tarcisismo imaginavam o quê? Que os filhos (e Jair)
restariam inertes, enquanto um boneco político por eles criado, junto com
algumas figuras do centrão, tomava alegremente seu lugar?”, questionou.
Na
publicação, o pré-candidato utilizou expressões duras para descrever a família
Bolsonaro, embora reconheça sua habilidade política. “Os Bolsonaro são idiotas
em quase todos os sentidos. São burros, covardes, vendidos, desleais e
aproveitadores. Mas ninguém ali rasga dinheiro”, afirmou. Segundo ele, o clã
trabalha há mais de uma década para ampliar sua influência e manter controle
sobre a direita, promovendo “cancelamentos e expurgos” para preservar sua
hegemonia.
Renan
também direcionou críticas a governadores considerados potenciais nomes da
direita tradicional. “Nem Tarcísio nem Caiado ou Zema têm CULHÃO [sic] para
peitar esse espírito dominante da família. Sempre cederam diante da pressão”,
escreveu. Para ele, somente lideranças que nunca se submeteram ao bolsonarismo
poderiam representar uma alternativa real.
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Eduardo Bolsonaro pede unidade em torno de Flávio: "estamos à beira do
precipício"
A
postagem divulgada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na
sexta-feira (5) tornou-se mais um capítulo da ofensiva retórica da família
Bolsonaro. No texto, ele exalta a candidatura do irmão, o senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ), à Presidência e acusa as instituições brasileiras de impor
um “regime de exceção”. A manifestação pública foi acompanhada de uma
convocação dramática por “união” diante do que descreve como uma iminente
ameaça à liberdade.
Eduardo
Bolsonaro afirma receber “com profunda admiração, alegria e um imenso orgulho”
a confirmação da candidatura do irmão. A partir daí, o deputado constrói uma
narrativa messiânica e vitimista, na qual o clã Bolsonaro seria alvo de
perseguições e injustiças, ao mesmo tempo em que se apresenta como única força
capaz de impedir o avanço de uma suposta tirania no país.
Em sua
mensagem, Eduardo reforça a imagem de Flávio como alguém disposto ao sacrifício
pessoal ao entrar na disputa. “Meu irmão poderia, com toda justiça, escolher o
caminho mais simples (...). Mas ele não o fez”, escreveu, atribuindo a decisão
ao exemplo do pai, Jair Bolsonaro (PL), que cumpre pena de mais de 27 anos de
prisão por tentativa de golpe de Estado. Ao recorrer a essa lógica de devoção,
o deputado tenta reposicionar a atuação política da família como um gesto de
abnegação, apesar do histórico de denúncias, investigações e controvérsias que
cercam o ex-mandatário e seus filhos.
O
deputado também sustenta que o “povo desejava” o retorno do pai à disputa, mas
que essa suposta vontade popular teria sido interrompida por uma “tirania que
avança sobre nossa nação”. “Julgaram que assim nos calariam. Julgaram que nos
quebrariam. Que desistiríamos. Mas não entenderam com quem estavam lidando”,
diz o texto, reforçando a retórica de confronto permanente — marca registrada
do bolsonarismo.
Ao
defender que Flávio Bolsonaro “erguerá a bandeira dos ideais do nosso pai”,
Eduardo transforma a candidatura do irmão numa espécie de missão salvacionista.
“Ele será o rosto da esperança em meio ao medo; da liberdade em meio à
opressão”, afirma, em mais um esforço para recolocar o núcleo familiar como
protagonista do cenário político.
O tom
alarmista culmina na frase que ganhou destaque: “Estamos à beira do precipício.
Os inimigos da liberdade estão a um passo de consolidar o regime que
desejam". Com isso, Eduardo Bolsonaro busca dramatizar a conjuntura e
justificar sua convocação para que apoiadores deixem de lado “diferenças
menores” em nome de uma unidade nacional alinhada ao projeto da família.
A
publicação encerra com um apelo religioso e uma conclamação final à
mobilização: “Que Deus nos abençoe, porque a liberdade nunca é dada, ela é
conquistada. E é agora que precisamos lutar por ela". A retórica reforça a
estratégia política que mistura fé, enfrentamento institucional e personalismo,
direcionada a manter coeso o núcleo radical de seguidores e sustentar a
trajetória eleitoral do grupo no cenário nacional.
• 'Até o Tiririca é melhor do que o Flávio
Bolsonaro', afirma Alexandre Frota
A
reação de Alexandre Frota ao anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro
(PL-RJ) à Presidência ganhou repercussão nas redes sociais desde sexta-feira
(5). O ex-deputado federal, que integrou a base bolsonarista no passado, voltou
a dirigir críticas contundentes ao senador, escolhido por Jair Bolsonaro (PL),
que cumpre pena superior a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado,
para representá-lo nas urnas.
A
manifestação, divulgada nas redes sociais, tem trechos em que Frota rompe seu
habitual silêncio sobre Brasília. Ele afirma ter uma regra pessoal para evitar
comentar “os acontecimentos de Brasília”, mas abriu exceção diante do anúncio
de Flávio Bolsonaro e não economizou nas críticas. “Se essa notícia não for uma
jogada, uma fake news, o Flávio Bolsonaro sair para presidente do Brasil, olha,
vou falar que o Tiririca é melhor”, disse. Ele classificou o senador como “um
cara sem noção, um covarde, um bunda mole, problemático, que não tem noção”,
além de considerá-lo “desqualificado” e incapaz de apresentar propostas
relevantes para o país.
O
ex-parlamentar recordou ainda episódios eleitorais anteriores. “Vocês lembram
como ele pipocou naquele debate, quando ele queria ser prefeito ou governador
lá no Rio de Janeiro. Fizeram uma pergunta para ele e ele passou mal. Você
imagina o debate [presidencial] como vai ser. Eu já vou comprar o Guaraná e a
pipoca”, ironizou.
Frota
continuou ao sugerir que Fabrício Queiroz - apontado como operador de um
suposto esquema de “rachadinhas” no gabinete de Flávio na Alerj - poderia
ocupar posição no eventual governo do senador. “O Flávio candidato, sendo
presidente do Brasil, quem vai ser o chefe de gabinete dele? Queiroz”, disse,
em tom de deboche. Para ele, a candidatura não deve avançar. “É óbvio que não
vai sair do lugar. Ele vai ficar em quinto lugar na eleição. Podem ter
certeza”, afirmou.
A
crítica seguiu dura: “Esse cara é um inútil, inoperante. Não vale absolutamente
nada”. Frota afirmou não querer se envolver novamente em disputas políticas,
mas justificou que o anúncio ultrapassava seu limite de silêncio. “Eu não
queria entrar nessa guerra e nem vou, mas não dá para não falar desse tipo de
absurdo que é essa notícia”, explicou.
Ele
também avaliou que Flávio Bolsonaro abandona uma provável reeleição ao Senado
para se arriscar numa disputa nacional para a qual, segundo ele, não tem
qualquer preparo. “Tinha a eleição de senador quase garantida. Vai se
aventurar, sem preparo nenhum, numa situação dessa. É incrível a cara de pau
desse sujeito”, afirmou.
Ao
final, Frota ironizou novamente o clã Bolsonaro, destacando o legado de
escândalos que envolve o senador. “Com essa escolha dá para a gente ver que a
direita está toda rachadinha”, disse, em referência ao caso das “rachadinhas”
na Alerj, que envolveu o atual pré-candidato.
• Cid diz que aproximação de Ciro Gomes
com bolsonarismo é 'constrangedora'
O
senador Cid Gomes (PSB) reafirmou publicamente que apoiará a eventual reeleição
do governador Elmano de Freitas (PT) ao governo do Ceará em 2026. A declaração
foi feita durante participação no Talk Show Ivo Milgrau. O parlamentar também
criticou o novo alinhamento político do irmão, Ciro Gomes (PSDB).
Segundo
Cid, seu posicionamento em relação ao pleito estadual já está definido. “Eu,
pessoalmente, tenho um compromisso com o Elmano. Se ele for candidato à
reeleição, eu tenho um compromisso de votar com ele. Esse é o meu jeito de ser.
Eu assumo as minhas posições”, afirmou o senador, reiterando que não pretende
rever o apoio.
A fala
foi motivada por questionamentos do público sobre a aproximação de Ciro com o
grupo bolsonarista no Ceará, liderado pelo deputado federal André Fernandes
(PL). Cid foi enfático ao classificar o movimento político do irmão como um
motivo de desconforto: “Não tem assunto para mim mais constrangedor, mas eu
tenho e me esforço para ter sempre a minha consciência tranquila”.
O
senador lembrou ainda que a mais recente ruptura dentro do clã Ferreira Gomes
ocorreu no contexto das eleições de 2022, quando divergências internas levaram
ao rompimento entre o PDT e a base governista no estado. O episódio resultou na
saída de Cid e de seus aliados da legenda brizolista, além da derrota nacional
de Ciro e da derrota local de Roberto Cláudio (União Brasil) ao governo
estadual. “Acho que juntou o fígado do Ciro com uma ambição desmedida do
Roberto Cláudio e resolveram romper uma relação que a gente tinha com o Camilo,
que tinha sido governador pelo meu apoio e que foi reeleito”, disse Cid.
Ele
relatou ainda que, antes da crise, trabalhava para consolidar o apoio de Lula e
Camilo Santana a um dos quatro pré-candidatos do PDT ao governo do Ceará. No
entanto, a articulação foi interpretada por Ciro e por Roberto Cláudio como
interferência indevida nos rumos do partido, fortalecendo o racha político.
Desde
então, com a migração do grupo de Cid para o PSB, a prioridade tem sido
reconstruir pontes com o governo estadual. “O sentimento da grande maioria
dessas pessoas que eram nossas do PDT e que a grande maioria está hoje no PSB
era da gente reaproximar com o Governo. E a gente vai, reaproxima, e você não
pode dar cavalo de pau, pelo menos eu não tenho cara para isso”, afirmou o
senador.
Cid
reforçou que sua postura é guiada por coerência política e respeito aos
compromissos firmados. “Se eu me aproximo, faço um pedido, faço dois pedidos,
faço três pedidos, estou lá, aí de última hora, eu vou mudar de opção? É
complicado”, declarou. Atualmente, o PSB articula apoio do governo federal à
candidatura do deputado federal Júnior Mano (PSB) ao Senado, movimento que
integra a estratégia de consolidação da aliança entre os partidos.
• Dono do 'Antagonista' defende que
Bolsonaro "apodreça na cadeia"
Pedro
Cerize, dono do site de direita 'O Antagonista', tornou pública uma reação
contundente às movimentações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em favor de
uma anistia para Jair Bolsonaro (PL).
Em
postagem nas redes sociais neste sábado (6), Cerize critica abertamente a
estratégia por trás da candidatura de Flávio à Presidência da República,
escolhido por seu pai, Jair Bolsonaro. Para ele, o objetivo de Bolsonaro é usar
a candidatura de Flávio para tentar reverter sua situação. “Ele [Jair
Bolsonaro] só está usando a candidatura [de Flávio Bolsonaro à Presidência]
para chantagem pela anistia. Agora eu é que sou contra a anistia. Que apodreça
na cadeia”, afirmou. Jair Bolsonaro
cumpre pena superior a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado após
a derrota eleitoral para o presidente Lula (PT) em 2022.
A
declaração de Cerize veio um dia após o senador confirmar que foi escolhido por
Jair Bolsonaro como representante do bolsonarismo na corrida presidencial.
Flávio já anunciou que inicia imediatamente tratativas políticas por um perdão
ao ex-presidente. Em mensagem publicada na rede X (antigo Twitter), Flávio
escreveu: “Tomada a decisão ontem, hoje começo as negociações! O primeiro gesto
que eu peço a todas as lideranças políticas que se dizem anti-Lula é aprovar a
anistia ainda este ano!”. Em seguida, insistiu: “Espero não estar sendo radical
por querer anistia para inocentes. Temos só duas semanas, vamos unir a
direita!”.
A
movimentação política provocou tensões imediatas no mercado financeiro. A
divulgação da pré-candidatura — associada à leitura de um enfraquecimento de
articulações em torno de uma alternativa supostamente mais moderada, como a do
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) — derrubou o
Ibovespa em mais de 4%, impulsionou alta de cerca de 3% no dólar e elevou as
taxas dos DIs em mais de 50 pontos-base, refletindo a preocupação de
investidores com o novo cenário eleitoral.
Fonte:
Brasil 247

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