Os
aliados de Maduro que integram seu círculo íntimo de poder na Venezuela que
estão na mira de Trump
Quando
o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez
(1954-2013) nomeou Nicolás Maduro como seu sucessor, pouco antes de
morrer, houve quem duvidasse que o ex-motorista de ônibus e sindicalista fosse
capaz de manter unidas as fileiras do chavismo, sem contar com o carisma e a
popularidade do seu comandante. Doze anos se passaram e Maduro conseguiu se
manter no poder, sem desafios aparentes dentro do chavismo e rodeado por outros
herdeiros de Chávez. Eles se mantiveram fiéis escudeiros de um governo que
enfrenta atualmente uma das maiores crises de legitimidade observadas na
América Latina nos últimos tempos.
Cilia
Flores, Diosdado Cabello, Vladimir Padrino e os irmãos Jorge e Delcy Rodríguez
são considerados as vozes mais legítimas do governo encabeçado por Maduro.
Há mais
de uma década, eles ocupam os principais cargos do governo, não como simples
representantes, mas como figuras com participação própria na tomada de
decisões. Quatro deles, na verdade, estão incluídos na lista dos principais
líderes do partido do governo (o PSUV, Partido Socialista Unido da Venezuela),
logo atrás de Maduro e do seu "líder eterno", Hugo Chávez.
Padrino
é o único que não aparece na relação. Por ser membro das Forças Armadas, a
Constituição venezuelana o impede, oficialmente, de manter militância política.
Todos eles se encontram enquadrados no regime de sanções pessoais do governo
dos Estados Unidos e da União Europeia. Eles rejeitam e questionam essas
medidas.
Nos
últimos meses, os Estados Unidos destacaram um grande número de militares para as águas
em frente ao litoral da Venezuela.
O
presidente americano Donald Trump declarou que seu objetivo é combater o narcotráfico, mas a cúpula de
poder em torno de Maduro denunciou que se trataria de uma tentativa de derrubar o líder venezuelano. Segundo relatos,
Trump também deu um ultimato a Maduro para que deixasse o poder e abandonasse a
Venezuela, em um telefonema que os dois tiveram em 21 de novembro. Junto com
líder venezuelano, aqueles que ajudam a sustentá-lo no governo naturalmente
também entraram na mira do presidente americano.
Mas
quem são os principais integrantes do círculo íntimo de poder de Maduro?
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Cilia Flores, a 'primeira-combatente'
Durante
a campanha presidencial de 2013, após a morte de Chávez, Maduro apelidou a
primeira-dama Cilia Flores de "primeira-combatente".
Seu
gesto foi um reconhecimento ao fato de que "Cilita", como Maduro
costuma chamá-la carinhosamente, criou sua própria carreira política. Isso a
diferencia do papel tradicional de primeira-dama e a transformou em uma líder
política de peso.
Advogada
especializada em Direito Penal e Trabalhista, Flores começou a mudar sua vida
em 1992, ao entrar para a equipe de defesa jurídica dos militares que
participaram do fracassado golpe de Estado encabeçado por Chávez, em fevereiro
daquele ano.
Foi
naquela época que ela se incorporou ao movimento político chavista e conheceu
Nicolás Maduro.
Após o
triunfo eleitoral de Chávez em 1998, Flores ocupou cargos importantes. Ela foi
eleita deputada no ano 2000 e, em 2006, passou a ser a primeira mulher a
presidir a Assembleia Nacional venezuelana, sucedendo o próprio Maduro.
Chávez
a nomeou Procuradora-Geral da República em 2012. Ela permaneceu no cargo até a
morte do então presidente, em março do ano seguinte.
Flores
foi primeira vice-presidente do PSUV e, desde 2015, é deputada na Assembleia
Nacional. E também fez parte da polêmica Assembleia Nacional Constituinte
eleita em 2017, em um pleito que não contou com a participação da oposição.
Em
setembro de 2018, Flores sofreu sanções do Escritório de Controle de Ativos
Estrangeiros dos Estados Unidos (OFAC, na sigla em inglês). E diversos membros
da sua família também passaram a ficar sob o olhar atento das autoridades
americanas.
Em
2019, Washington impôs sanções a seus três filhos (Walter, Yosser e Yoswal
Gavidia Flores) e seu sobrinho Carlos Erik Malpica Flores.
Os
Estados Unidos consideram que eles foram fundamentais para que o empresário
colombiano Alex Saab e seu sócio Álvaro Enrique Pulido Vargas tivessem acesso a
funcionários venezuelanos, "permitindo que eles pagassem os subornos
exigidos para obter contratos governamentais".
Malpica
Flores ocupou os cargos de Tesoureiro Nacional e vice-presidente de finanças da
companhia estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), entre outros. A OFAC levantou
as sanções contra ele em 2022, durante diálogos mantidos entre Washington e o
governo de Maduro.
Além
disso, em dezembro de 2017, um tribunal de Nova York, nos Estados Unidos,
condenou dois sobrinhos de Flores — Efraín Antonio Campo Flores e Franqui
Francisco Flores de Freitas — a cumprir 18 anos de prisão por narcotráfico.
Quando
foram detidos, Flores declarou que aquilo se tratava de um sequestro por parte
da agência antinarcóticos americana, com o objetivo de prejudicá-la
politicamente.
Ambos
receberam indulto e foram libertados em 2022, graças a um acordo entre os
governos do então presidente americano Joe Biden e de Nicolás Maduro, em troca
de sete americanos presos na Venezuela.
Com o
passar dos anos, Flores parece ter optado por assumir publicamente a imagem de
primeira-dama. Mas poucos duvidam do seu papel ativo na definição das políticas
do governo venezuelano. Alguns chegam a considerá-la o poder por trás da
cadeira presidencial.
"Cilia
tem sua própria personalidade e, de fato, Maduro chegou a promover muito a sua
imagem, como se pretendesse lançá-la como sua sucessora em algum momento, mas
isso não foi adiante", destaca o cientista político venezuelano Nícmer
Evans, antigo apoiador do projeto chavista que, agora, é crítico do governo de
Maduro.
"Acredito
que ela tenha decidido se retrair neste sentido, mas não perdeu seu
poder", explica ele. "Ela tem sua autonomia."
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Diosdado Cabello
Na
noite de 8 de dezembro de 2012, Hugo Chávez anunciou aos venezuelanos que iria
viajar para Cuba, para se submeter a uma nova cirurgia contra o câncer. Na
ocasião, Diosdado Cabello estava sentado à sua direita e Nicolás Maduro, à
esquerda.
Aquele
foi seu último pronunciamento público, quando Chávez designou Maduro como o
escolhido para sucedê-lo. Desde então, Cabello é considerado o número 2 do
chavismo.
O fato
de Cabello estar sentado à direita foi considerado por alguns uma coincidência
em relação ao que se acredita que seja seu posicionamento ideológico. Durante
anos, ele foi considerado um dos líderes chavistas ideologicamente mais
próximos da direita.
Rigorosamente,
Cabello se declara socialista há anos, mas nem sempre foi assim, segundo Evans.
"Ninguém
se lembra de que, enquanto Chávez afirmava, em 2005, que iria construir o
socialismo na Venezuela e iniciava o processo do socialismo do século 21,
Diosdado Cabello era governador e levou dois anos para pronunciar em um
discurso a palavra 'socialismo'", explica ele.
Muitos
consideram que, ideologicamente, ele é mais próximo do "nacionalismo
militar" do que da esquerda revolucionária.
Quando
era tenente, Cabello participou do fracassado golpe de Chávez em fevereiro de
1992. Por esse levante, ele passou 22 meses na prisão, até ser beneficiado por
uma anistia declarada pelo então presidente Rafael Caldera (1916-2009).
Desde
que o chavismo chegou ao poder, Cabello ocupou diversos cargos importantes,
incluindo sua recente nomeação como ministro do Interior e Justiça.
Cabello
era vice-presidente executivo durante o breve golpe de Estado ocorrido em 11 de
abril de 2002. Por isso, coube a ele ocupar a presidência por algumas horas,
até que Chávez retomasse o poder.
Casualmente,
pouco depois desse episódio, Chávez o nomeou ministro do Interior, o mesmo
cargo que, agora, ele volta a ocupar no governo.
Cabello
também foi ministro da Secretaria da Presidência, ministro da Infraestrutura,
governador do Estado de Miranda, presidente da Assembleia Nacional e presidente
da questionada Assembleia Nacional Constituinte eleita em 2017, sem a
participação da oposição.
Muito
se especulou sobre uma suposta rivalidade entre Cabello e Maduro. Mas Cabello
rejeitou essas especulações.
Ele
declarou em várias oportunidades que ele e Maduro são irmãos, por serem
"filhos de Chávez", politicamente falando.
Evans
acredita que Cabello trabalhe de forma alinhada com Maduro.
"Diosdado
não articula nada que não seja coordenado com Maduro", afirma ele.
"Isso
não significa que eles não tenham diferenças, mas o fato concreto é que tenho
certeza de que ele entende quando deve agir como subordinado, o que reduz em
muito a possibilidade de que a cúpula possa ser quebrada neste ponto."
Sua
participação no golpe de 1992 pôs fim à sua carreira militar, mas Cabello é
considerado influente nos quartéis.
Diversos
analistas destacam que sua influência diminuiu nos últimos anos, em parte,
devido à aposentadoria dos oficiais da sua geração, em 2020.
Cabello
é o primeiro vice-presidente do partido governista PSUV, considerado sua outra
fonte de poder.
Em
2018, ele recebeu sanções do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, ao
lado do seu irmão José David Cabello e da sua esposa, Marleny Josefina
Contreras Hernández.
"Impusemos
sanções a figuras como Diosdado Cabello, que exploram sua posição oficial para
se envolver em tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, malversação de fundos do
Estado e outras atividades relacionadas à corrupção", segundo um comunicado
americano.
Em
2020, o governo dos Estados Unidos ofereceu uma recompensa de US$ 10 milhões
(cerca de R$ 53 milhões) por informações que levem à prisão de Cabello. Ele é
acusado de pertencer ao chamado "Cartel dos Sóis", um grupo de
funcionários venezuelanos que teria supostamente prestado apoio a atividades
narcoterroristas das Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
Em 10
de janeiro de 2025, as autoridades americanas aumentaram o valor da recompensa
para US$ 25 milhões (cerca de R$ 133 milhões). Cabello rejeitou reiteradamente
as acusações contra ele.
Desde
2014, ele conta com um programa semanal de televisão chamado Con el
Mazo Dando ("Batendo com o martelo"), transmitido pela TV
estatal venezuelana VTV. Nele, Cabello defende suas posições políticas e, como
anuncia o próprio nome do programa, ataca seus adversários políticos, dentro e
fora da Venezuela.
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Vladimir Padrino
Tradicionalmente,
os ministros da Defesa da Venezuela costumavam durar um ano no cargo. Mas isso
mudou radicalmente quando Maduro nomeou Vladimir Padrino López para o cargo, em
outubro de 2014.
Mais de
10 anos depois, o comandante-em-chefe das Forças Armadas segue ocupando o
cargo. Ele se tornou um dos ministros da Defesa que permaneceram no poder por
mais tempo em toda a história da Venezuela.
Padrino
foi uma peça importante durante o breve golpe de Estado contra Chávez, em abril
de 2002. Naquele momento, ele comandava uma unidade de blindados destacada em
Fuerte Tiuna, na capital venezuelana, Caracas. Sua unidade não aceitou apoiar o
levante.
Em
julho de 2012, Chávez o promoveu a segundo comandante do Exército e chefe do
Estado Maior.
Esta
ocasião costuma ser recordada porque, ao apresentar um desfile militar, Padrino
se referiu aos soldados como "patriotas, bolivarianos, socialistas,
anti-imperialistas, revolucionários, treinados e equipados para assumir o
sagrado dever de defesa da nação".
Apesar
das críticas, ele também aplica estes rótulos a si próprio. No seu perfil no X
(antigo Twitter), Padrino se descreve como "soldado bolivariano, decidido
e convencido a seguir construindo a pátria socialista".
Maduro
o promoveu a comandante-em-chefe em 2013 e, um ano depois, ele chegou ao
Ministério da Defesa.
A
jornalista venezuelana Sebastiana Barráez, especializada em assuntos militares,
explica que Padrino desempenhou papel fundamental, já que, quando ele assumiu o
cargo, havia dentro das Forças Armadas uma situação de "reacomodação
interna", em consequência da morte de Hugo Chávez.
"Quando
chegou Padrino López, havia muitos grupos de poder dentro das instituições
militares", segundo ela. "E ele, que não é um homem de confronto,
conseguiu fazer com que eles coabitassem nas Forças Armadas e que cada grupo
conseguisse entender que sairia beneficiado com esse acordo de paz entre
todos."
"É
claro que isso significou designar quotas financeiras e de poder a alguns
desses setores", ressalta a jornalista.
"Com
o passar do tempo, Padrino foi minimizando esses conflitos internos,
harmonizando as Forças Armadas e unificando-a de alguma forma."
"E
este mérito é o que permitiu a ele se manter como ministro da Defesa por 10
anos, sem resistência dentro das Forças Armadas", segundo Barráez.
Com
Maduro na presidência e Padrino no Ministério da Defesa, os militares
venezuelanos se viram cada vez mais envolvidos em diferentes áreas da segurança
da nação e ganharam espaços dentro do governo. Mais de um terço do gabinete é
composto por militares da ativa ou aposentados.
Em
2016, Maduro criou uma empresa dos militares chamada Camimpeg, com autorização
legal para explorar, procurar e distribuir petróleo. Ele também outorgou aos
militares o controle do chamado Arco Mineiro, uma região no sul do país que
contém uma das maiores reservas de ouro do mundo.
Em
relação ao nível de influência exercido por Padrino dentro das instituições
militares, Nícmer Evans afirma que "as Forças Armadas, hoje, são Padrino
López. E Padrino López é Maduro."
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Jorge Rodríguez
Jorge
Rodríguez se tornou uma figura reconhecida nacionalmente na Venezuela em 2003.
Como
reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), ele desempenhou naquele ano um
papel fundamental na organização do plebiscito pela revogação do mandato de
Hugo Chávez.
Naquele
momento, Rodríguez presidia a Junta Nacional Eleitoral, o principal órgão
responsável por aquela votação, que resultou em triunfo do então presidente. A
oposição iniciou este processo em outubro de 2003, mas o referendo só foi
realizado em agosto do ano seguinte.
Muitos
analistas acreditam que a demora para convocar os eleitores foi fundamental
para que Chávez recuperasse sua popularidade perdida, criando os programas
sociais conhecidos como missões.
"O
organismo eleitoral estabeleceu uma série de mecanismos destinados a impedir a
convocação do plebiscito revogatório", escreveu a cientista política
Miriam Kornblith, em um artigo acadêmico publicado em 2009. Ela foi reitora do
CNE entre 1998 e 1999.
"Estes
procedimentos incluíram a postergação e o alongamento artificial de todas as
fases do processo, a anulação discricionária de pedidos e assinaturas e a
imposição de uma fase de correção de um milhão de assinaturas consideradas
duvidosas pelo CNE", relata Kornblith.
Naquela
época, tanto o CNE quanto Rodríguez enquadraram todas essas exigências e
procedimentos dentro das normas vigentes na Venezuela.
Após o
triunfo eleitoral de Chávez, Rodríguez assumiu a presidência do CNE por dois
anos. E, em 2007, o então presidente o nomeou vice-presidente executivo da
República, o que fez de Rodríguez uma referência importante dentro do chavismo.
Rodríguez
foi prefeito de Caracas por nove anos e ministro das Comunicações. Atualmente,
ele é presidente da Assembleia Nacional.
Mas a
experiência política deste médico psiquiatra precede o chavismo. Quando era
estudante na Universidade Central da Venezuela, Rodríguez participou ativamente
da política e chegou a ser presidente da Federação de Centros Estudantis.
Ao lado
da sua irmã — a atual vice-presidente e ministra do Petróleo, Delcy Rodríguez —
Jorge Rodríguez é um dos principais articuladores políticos do governo de
Maduro.
Ele
compartilha as mesmas raízes políticas do presidente, que foi militante da Liga
Socialista, um movimento de esquerda revolucionária criado no final da década
de 1960.
Um de
seus fundadores foi Jorge Antonio Rodríguez (1942-1976), pai dos dois irmãos.
Ele morreu após um infarto aos 34 anos de idade, supostamente em consequência
das torturas a que foi submetido pela polícia política.
Jorge
Antonio Rodríguez foi detido em relação ao sequestro do então vice-presidente
na Venezuela da empresa americana Owens-Illinois, William Frank Niehous
(1931-2013).
Além
das suas funções burocráticas, Jorge Rodríguez liderou as delegações do governo
de Maduro que, nos últimos anos, negociaram com a oposição e com governos
estrangeiros, como o dos Estados Unidos.
Ele é
considerado o estrategista eleitoral do chavismo e foi chefe de campanha de
Maduro nas eleições de 28 de julho do ano passado.
Alguns
analistas consideram que Rodríguez não é apenas o braço direito de Maduro, mas
também seu possível sucessor.
"É
a figura intelectual que sobra para Maduro, depois de uma fuga de capacidade
intelectual ocorrida em consequência da evolução autocrática do sistema",
explica Evans.
Em
1998, Rodríguez venceu o aclamado concurso anual de contos do jornal
venezuelano El Nacional.
"Rodríguez
preserva sua capacidade de livre pensador dentro de uma estrutura hegemônica e
não tenho nenhuma dúvida de que ele mantém sua aspiração à presidência",
avalia o cientista político.
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Delcy Rodríguez
Da
mesma forma que seu irmão Jorge, Delcy Rodríguez é uma peça fundamental do
governo de Maduro, dentro e fora da Venezuela.
A atual
vice-presidente executiva acumula o cargo de ministra do Petróleo. Ela chegou
pela primeira vez ao gabinete ministerial quando ocupou por alguns meses o
Ministério de Despachos da Presidência, durante o governo de Hugo Chávez.
Mas foi
após a chegada de Maduro ao poder que ela ocupou diversas posições na cúpula do
Poder Executivo, como ministra das Comunicações e Informação, da Economia e das
Relações Exteriores.
Rodríguez
também foi a primeira presidente da polêmica Assembleia Nacional Constituinte
eleita em 2017.
"Delcy
trabalha em dupla com seu irmão", explica Nícmer Evans. "Ela é um
pouco menos intelectual, mais operacional."
"São
pessoas bem formadas, que ocuparam um vácuo gerado pelo absoluto abandono de
pessoas capacitadas ocorrido no governo. Não é por acaso que ambos tenham
tantas funções."
Advogada
formada pela Universidade Central da Venezuela, Rodríguez cursou Direito
Trabalhista e Sindical na França. Ela explicou que parte da sua motivação para
estudar Direito vem da morte do seu pai.
"Tomei
a decisão de fazer justiça no caso do meu pai e entrei na Faculdade de
Direito", ela conta. "Ali me candidatei imediatamente para ser
auxiliar de investigação no Instituto de Estudos Penais."
O
incidente também teria influenciado a sua entrada na política.
"A
revolução bolivariana, a chegada do comandante Hugo Chávez, foi nossa vingança
pessoal", declarou ela em entrevista em 2018. Mas Rodríguez garante que
não agiu movida pelo ódio.
No
cenário internacional, Delcy Rodríguez protagonizou diversos incidentes.
Em
2016, quando era chanceler, ela tentou entrar em uma reunião do Mercosul em
Buenos Aires, na Argentina. A Venezuela já havia sido excluída do bloco.
Anos
depois, ocorreu o incidente que a imprensa espanhola chama de Delcygate. A polêmica surgiu
na madrugada de 20 de janeiro de 2020, quando Rodríguez aterrissou em um avião
particular no aeroporto de Barajas, na capital espanhola, Madri.
Ali,
ela se reuniu por algumas horas com o então ministro do Transporte da Espanha,
José Luis Ábalos. O incidente contrariou a proibição emitida pela Áustria que a
impedia de entrar no espaço Schengen, que permite a livre circulação de pessoas
e mercadorias entre a maior parte dos países da União Europeia.
Rodríguez
é uma dentre meia centena de altos funcionários venezuelanos que receberam
sanções impostas pela União Europeia, devido às violações dos direitos humanos
e à deterioração da democracia no país.
Ela
também recebeu sanções dos Estados Unidos em 2018, quando o Departamento do
Tesouro americano impôs este tipo de medida contra Vladimir Padrino, Cilia
Flores e seu irmão Jorge Rodríguez.
Delcy
Rodríguez denunciou as medidas como sendo uma "forma de extorsão".
Fonte:
The Guardian/BBC News

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