Noblat:
ao impor Flávio, Jair Bolsonaro estende o tapete para reeleição de Lula
Em
análise política publicada no Metrópoles, o jornalista Ricardo Noblat avaliou
os rumos da direita brasileira e o impacto das estratégias de Jair Bolsonaro
(PL) no tabuleiro eleitoral. Para ele, a decisão de Bolsonaro, inelegível, de
entregar ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) o papel de seu sucessor direto
movimenta alianças e favorece a caminhada do presidente Lula (PT) rumo a um
eventual quarto mandato.
Segundo
o texto de Noblat, Bolsonaro — impedido de disputar eleições até completar 105
anos caso as decisões judiciais sejam mantidas — precisava reafirmar sua
liderança entre setores conservadores para não perder relevância. A escolha por
Flávio, no entanto, não teria sido motivada pela força eleitoral do senador,
mas por conveniências internas e pessoais.
O
jornalista observa que Michelle Bolsonaro, embora mais bem posicionada nas
pesquisas e com forte apelo entre evangélicos e eleitoras, jamais foi
considerada pelo ex-presidente para encabeçar uma candidatura. Noblat argumenta
que isso ocorre porque o ex-mandatário não teria sobre ela o mesmo grau de
controle. O texto recupera episódios da vida familiar de Bolsonaro para
explicar sua dinâmica de poder, citando o caso de Rogéria, sua primeira esposa,
que foi derrotada pelo próprio filho Carlos após demonstrar autonomia política.
Ao
elevar Flávio à condição de herdeiro, Bolsonaro também libera outras lideranças
da direita para reorganizarem seus planos. Noblat destaca que Tarcísio de
Freitas, governador de São Paulo, deixa de oscilar entre a reeleição e uma
disputa presidencial, dado que sempre condicionou suas decisões à vontade do
ex-chefe. Partidos do Centrão, antes empenhados em estimular candidaturas
nacionais, agora se inclinam a concentrar esforços em ampliar bancadas no
Congresso e garantir êxito nos governos estaduais.
Outros
nomes citados por Noblat surgem como candidaturas improváveis. Ronaldo Caiado,
governador de Goiás, reafirma que segue pré-candidato pelo União Brasil. O PP
também não demonstra intenção de lançar nomes, priorizando avanços no
Legislativo.
Já o
PSD, comandado por Gilberto Kassab, mantém o estímulo à possível candidatura do
governador Ratinho Junior. Apesar disso, segundo o artigo, o próprio pai do
governador o aconselha a disputar uma vaga certa no Senado, em vez de arriscar
um voo nacional. Romeu Zema, de Minas Gerais, é avaliado como alguém sem
condições reais de derrotar Lula.
O
cenário descrito por Noblat aponta para uma disputa de 2026 na qual Lula
aparece amplamente favorecido. Para o jornalista, a reorganização da direita,
somada à decisão de Bolsonaro de apostar todas as fichas em Flávio, deixa o
presidente em posição politicamente confortável no horizonte próximo.
• "Bolsonaro é o maior cabo eleitoral
de Lula", diz Amoêdo
O
ex-presidente do partido Novo, João Amoêdo, afirmou que Jair Bolsonaro, ao
anunciar a candidatura do filho Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026, se
consolida como “o maior cabo eleitoral do PT”. A declaração foi feita nesta
sexta-feira (5) em postagem na rede X. Flávio confirmou ter sido indicado pelo
pai — preso por tentativa de golpe de Estado e inelegível por decisão do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No
texto publicado mais cedo, o senador disse: “É com grande responsabilidade que
confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias
Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de
nação”. A Reuters também informou que Valdemar Costa Neto, presidente do PL,
recebeu de Flávio a comunicação de que ele seria o nome escolhido por Jair
Bolsonaro.
<><>
Amoêdo: “Bolsonaro é egocêntrico e individualista”
Ao
comentar a movimentação, Amoêdo afirmou que o gesto do ex-presidente não
surpreende. “E Bolsonaro, sem nenhuma surpresa — dado o seu perfil egocêntrico
e individualista — anuncia o filho para a disputa da Presidência em 2026. O
ex-presidente se consolida como o maior cabo eleitoral do PT”, escreveu.
O
fundador do Novo também ironizou os governadores aliados da extrema direita:
“Os governadores de direita, que se humilharam para substituí-lo, terão agora
que fazer campanha para Flávio Bolsonaro, acusado de rachadinha.”
<><>
“Cenário facilita a vitória de Lula”, avalia Amoêdo
Para
Amoêdo, a estratégia bolsonarista acaba reforçando o campo adversário. “O
cenário facilita a vitória do presidente Lula ou de outro candidato que seja
endossado por ele”, afirmou.
A
escolha de Flávio Bolsonaro ocorre enquanto Jair Bolsonaro segue preso por
tentativa de golpe de Estado e permanece inelegível pelo TSE. Mesmo assim, o
ex-presidente continua controlando a direção política da direita radical e
impondo sua autoridade ao PL e aos aliados.
• Flávio é o mais rejeitado do clã, aponta
Datafolha
Pesquisa
Datafolha divulgada neste sábado (6) mostra que a família Bolsonaro enfrenta
altos índices de rejeição, revelando um desgaste profundo entre os possíveis
herdeiros do bolsonarismo. Segundo a Folha de São Paulo, Flávio Bolsonaro
(PL-RJ), recém-escolhido por Jair Bolsonaro (PL) para disputar a Presidência,
aparece como o mais rejeitado do clã entre os que estão na ativa
eleitoralmente.
Jair
Bolsonaro — hoje preso em Brasília e inelegível após condenação por liderar uma
trama golpista — lidera o índice com 45%. Em seguida aparece o presidente Lula,
com 44%, e logo abaixo, Flávio Bolsonaro, rejeitado por 38% do eleitorado. O
Datafolha ouviu 2.002 pessoas entre 2 e 4 de dezembro, em 113 municípios, com
margem de erro de dois pontos percentuais.
O
levantamento evidencia que a rejeição se espalha entre os outros integrantes da
família. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem 37%, enquanto Michelle Bolsonaro,
presidente do PL Mulher e cotada para disputar o Senado pelo Distrito Federal
em 2026, aparece com 35%. Apesar de serem considerados nomes naturais para
mobilizar o eleitorado fiel ao ex-presidente, os números mostram que eles
também herdam sua elevada impopularidade.
A
situação de Michelle ainda é marcada por tensões internas. A ex-primeira-dama
tem travado disputas públicas com os enteados sobre os rumos do PL e sobre quem
deve ser apoiado pelo partido nas eleições, o que levou à suspensão do apoio ao
ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) na corrida pelo governo do Ceará.
O
contraste entre a rejeição da família Bolsonaro e a de outros nomes da direita
é evidente. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e
preferido do centrão para 2026, tem apenas 20% de rejeição. Ratinho Júnior
(PSD), do Paraná, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, surgem com 21%,
enquanto Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, marca 18%. Após a indicação
de Flávio, Caiado afirmou que continua pré-candidato, mas reconheceu que Jair
Bolsonaro “tem o direito de buscar viabilizar a candidatura do senador”.
Zema,
por sua vez, apoiou publicamente a movimentação. “Quando anunciei minha
pré-candidatura ao presidente Bolsonaro ele foi claro: múltiplas candidaturas
no primeiro turno ajudam a somar forças no segundo. Então, faz todo sentido o
Flávio apresentar seu nome à Presidência. É justo e democrático”, escreveu nas
redes sociais.
• Lula vence Flávio Bolsonaro por 15
pontos segundo Datafolha
Pesquisa
Datafolha divulgada neste sábado (6) sobre a disputa presidencial de 2026
indica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém vantagem
consistente contra os principais nomes da direita, especialmente em cenários de
segundo turno. Os dados revelam que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ),
apresentado como o nome do campo bolsonarista, aparece 15 pontos atrás do
presidente em uma simulação direta.
Segundo
a Folha de São Paulo, o instituto ouviu 2.002 eleitores entre terça (2) e
quinta-feira (4) em 113 municípios. A pesquisa foi realizada antes do anúncio
de Flávio Bolsonaro como candidato apoiado por seu pai, Jair Bolsonaro (PL),
condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe após a
derrota eleitoral de 2022.
Nos
cenários de segundo turno, Lula amplia ligeiramente sua vantagem em relação ao
levantamento de julho. Contra Flávio Bolsonaro, o presidente aparece com 51%,
enquanto o senador registra 36%. Anteriormente, o placar era de 48% a 37%. O
peso do sobrenome Bolsonaro se reflete também na queda de Eduardo Bolsonaro,
que passa de 37% para 35%, enquanto Lula sobe de 49% para 52% neste confronto.
Já Michelle Bolsonaro perde por 50% a 39%.
Entre
os governadores alinhados à direita, os números são menos desfavoráveis.
Tarcísio de Freitas aparece com 42% contra 47% de Lula — variação próxima à de
julho, quando marcava 41% ante 45%. Ratinho Jr. também demonstra estabilidade:
agora perde por 47% a 41%, antes 45% a 40%.
O
Datafolha ainda avaliou a hipótese de um confronto entre Lula e Jair Bolsonaro.
A vantagem do petista aumentou desde julho, passando de 47% a 43% para 49% a
40%. Apesar disso, a chance de Bolsonaro disputar o pleito é praticamente nula,
dada sua inelegibilidade.
No
primeiro turno, Lula mantém 41% das intenções de voto em diferentes cenários
testados. Flávio Bolsonaro registra 18%, seguido por Ratinho Jr. (12%), Ronaldo
Caiado (7%) e Romeu Zema (6%). Quando Eduardo Bolsonaro substitui o irmão, a
configuração permanece semelhante. Michelle Bolsonaro, por sua vez, alcança
24%, reduzindo a distância em relação a Lula, que mantém os mesmos 41%. Em
cenário com Tarcísio candidato, o governador chega a 23%.
A
pesquisa destaca, porém, um ponto decisivo: a rejeição dos candidatos. Jair
Bolsonaro lidera com 45%, seguido de Lula, com 44%. Flávio Bolsonaro registra
38% de rejeição, Eduardo, 37%, e Michelle, 35%. Já os governadores aparecem com
taxas bem inferiores — Zema e Ratinho Jr. têm 21%, Tarcísio, 20%, e Caiado,
18%.
Esses
números reforçam a leitura de que o sobrenome Bolsonaro se tornou um passivo
eleitoral, mesmo com a tentativa do ex-presidente de manter sua influência
sobre a direita. Enquanto isso, embora liderando, Lula enfrenta o desafio de
equilibrar sua alta rejeição e uma reprovação de 38%, frente a uma aprovação
estagnada em 32%.
• União Brasil não deve apoiar Flávio
Bolsonaro em 2026, sinaliza Rueda
O União
Brasil não deve apoiar a já anunciada candidatura do senador Flávio Bolsonaro
(PL-RJ) à Presidência da República em 2026. A indicação foi feita pelo
presidente nacional da legenda, Antonio Rueda, em publicação nas redes sociais.
Flávio,
filho mais velho de Jair Bolsonaro (PL), anunciou na última sexta-feira (5) que
foi escolhido pelo ex-presidente para liderar o projeto político do
bolsonarismo rumo ao Palácio do Planalto. O comunicado repercutiu rapidamente e
provocou reações entre dirigentes partidários, especialmente no União Brasil,
que mantém o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, como pré-candidato.
Sem
mencionar nominalmente o senador, Rueda criticou o ambiente de polarização e
reiterou que o partido — e a federação que integra com o PP — pretende seguir
outro caminho. Em publicação, afirmou: "Os últimos acontecimentos apenas
reforçam o que sempre defendemos: em 2026, não será a polarização que
construirá o futuro, mas a capacidade de unir forças em torno de um projeto
sério, responsável e voltado para os reais interesses do povo brasileiro".
Co-presidente
da Federação União Progressista ao lado do senador Ciro Nogueira (PP-PI), ele
reforçou a necessidade de união e diálogo entre diferentes correntes políticas.
Vamos focar no Brasil, nas pautas das nossas bancadas estaduais, no diálogo
maduro entre diferentes visões e na agenda que de fato transforme a vida das
pessoas. É hora de olhar para frente e construir, juntos, o melhor caminho para
o nosso país".
Com
Caiado já posicionado como pré-candidato, a sinalização de Rueda consolida a
estratégia do União Brasil para a disputa presidencial e adiciona um novo
componente ao cenário político, que observa como o PL deverá reorganizar sua
articulação diante da resistência de partidos ao nome de Flávio.
• Caiado reafirma candidatura e defende
indicação de Flávio Bolsonaro
O
governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), voltou a afirmar que
seguirá na disputa presidencial de 2026, mesmo após a decisão do ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL) de apontar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como seu
candidato.
Em
comunicado divulgado nesta sexta-feira (5), Caiado reforçou que respeita a definição do
ex-presidente. Segundo ele, “é uma decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro,
juntamente com sua família, e cabe a todos nós respeitá-la. Ele tem o direito
de buscar viabilizar a candidatura do senador Flávio Bolsonaro”.
Apesar
de reconhecer a legitimidade da indicação, o governador reafirmou que não
deixará a corrida presidencial. “Da minha parte, sigo pré-candidato a
presidente e estou convicto de que no próximo ano vamos tirar o PT do poder e
devolver o Brasil aos brasileiros”, declarou.
Ao
longo de 2025, Caiado buscou aproximação com Jair Bolsonaro em tentativas de
obter apoio político. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), autorizou visitas ao ex-presidente entre segunda-feira (24) de
novembro e quinta-feira (11) de dezembro daquele ano. Entretanto, Bolsonaro
acabou preso preventivamente pela Polícia Federal após violar a tornozeleira
eletrônica, permanecendo detido para cumprir a pena pelo caso relacionado à
trama golpista.
Flávio
Bolsonaro, por sua vez, celebrou publicamente a escolha do pai em uma
publicação no X, reforçando o tom de missão nacional. “É com grande
responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do
Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao
nosso projeto de nação”, escreveu. O senador acrescentou: “Eu me coloco diante
de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão. E sei que Ele irá à
frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo dessa
jornada”.
• Ratinho Júnior vira aposta do Centrão e
do PSD como alternativa à "polarização de 2026
O
lançamento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026 abriu
um novo rearranjo na centro-direita brasileira e reacendeu a avaliação de que
existe um espaço político para uma alternativa fora do eixo de polarização que
deve marcar a sucessão presidencial. A informação foi publicada pelo G1, no
blog do jornalista Gerson Camarotti.
Segundo
o portal, dirigentes do Centrão e do PSD avaliam que o cenário criado com a
entrada do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro fortalece a possibilidade de
uma terceira via, especialmente pela sinalização de que a disputa tende a se
organizar entre o presidente Lula, representando a esquerda, e Flávio
Bolsonaro, identificado como candidato da extrema-direita e do legado
bolsonarista.
<><>
Lideranças veem campo aberto para nome moderado
A
percepção de líderes do Centrão é de que, diante da consolidação dessa
polarização, existe espaço para uma candidatura que não seja nem Lula nem
Bolsonaro — cenário apontado por diferentes pesquisas de opinião mencionadas
pelo G1.
Sem a
presença de Tarcísio de Freitas na disputa, apontam essas lideranças, haverá
uma “busca natural” por um nome capaz de atrair o eleitorado que rejeita os
dois nomes. É neste contexto que Ratinho Júnior, governador do Paraná, começa a
ganhar destaque.
Uma
liderança influente ouvida pelo blog sintetizou o momento do paranaense:
Ratinho Júnior deve “jogar parado”. Segundo essa fonte, não é hora de entrar em
disputas e polêmicas que possam contaminá-lo com a lógica da polarização.
Fonte:
Brasil 247

Nenhum comentário:
Postar um comentário