terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Noblat: ao impor Flávio, Jair Bolsonaro estende o tapete para reeleição de Lula

Em análise política publicada no Metrópoles, o jornalista Ricardo Noblat avaliou os rumos da direita brasileira e o impacto das estratégias de Jair Bolsonaro (PL) no tabuleiro eleitoral. Para ele, a decisão de Bolsonaro, inelegível, de entregar ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) o papel de seu sucessor direto movimenta alianças e favorece a caminhada do presidente Lula (PT) rumo a um eventual quarto mandato.

Segundo o texto de Noblat, Bolsonaro — impedido de disputar eleições até completar 105 anos caso as decisões judiciais sejam mantidas — precisava reafirmar sua liderança entre setores conservadores para não perder relevância. A escolha por Flávio, no entanto, não teria sido motivada pela força eleitoral do senador, mas por conveniências internas e pessoais.

O jornalista observa que Michelle Bolsonaro, embora mais bem posicionada nas pesquisas e com forte apelo entre evangélicos e eleitoras, jamais foi considerada pelo ex-presidente para encabeçar uma candidatura. Noblat argumenta que isso ocorre porque o ex-mandatário não teria sobre ela o mesmo grau de controle. O texto recupera episódios da vida familiar de Bolsonaro para explicar sua dinâmica de poder, citando o caso de Rogéria, sua primeira esposa, que foi derrotada pelo próprio filho Carlos após demonstrar autonomia política.

Ao elevar Flávio à condição de herdeiro, Bolsonaro também libera outras lideranças da direita para reorganizarem seus planos. Noblat destaca que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, deixa de oscilar entre a reeleição e uma disputa presidencial, dado que sempre condicionou suas decisões à vontade do ex-chefe. Partidos do Centrão, antes empenhados em estimular candidaturas nacionais, agora se inclinam a concentrar esforços em ampliar bancadas no Congresso e garantir êxito nos governos estaduais.

Outros nomes citados por Noblat surgem como candidaturas improváveis. Ronaldo Caiado, governador de Goiás, reafirma que segue pré-candidato pelo União Brasil. O PP também não demonstra intenção de lançar nomes, priorizando avanços no Legislativo.

Já o PSD, comandado por Gilberto Kassab, mantém o estímulo à possível candidatura do governador Ratinho Junior. Apesar disso, segundo o artigo, o próprio pai do governador o aconselha a disputar uma vaga certa no Senado, em vez de arriscar um voo nacional. Romeu Zema, de Minas Gerais, é avaliado como alguém sem condições reais de derrotar Lula.

O cenário descrito por Noblat aponta para uma disputa de 2026 na qual Lula aparece amplamente favorecido. Para o jornalista, a reorganização da direita, somada à decisão de Bolsonaro de apostar todas as fichas em Flávio, deixa o presidente em posição politicamente confortável no horizonte próximo.

•        "Bolsonaro é o maior cabo eleitoral de Lula", diz Amoêdo

O ex-presidente do partido Novo, João Amoêdo, afirmou que Jair Bolsonaro, ao anunciar a candidatura do filho Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026, se consolida como “o maior cabo eleitoral do PT”. A declaração foi feita nesta sexta-feira (5) em postagem na rede X. Flávio confirmou ter sido indicado pelo pai — preso por tentativa de golpe de Estado e inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No texto publicado mais cedo, o senador disse: “É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”. A Reuters também informou que Valdemar Costa Neto, presidente do PL, recebeu de Flávio a comunicação de que ele seria o nome escolhido por Jair Bolsonaro.

<><> Amoêdo: “Bolsonaro é egocêntrico e individualista”

Ao comentar a movimentação, Amoêdo afirmou que o gesto do ex-presidente não surpreende. “E Bolsonaro, sem nenhuma surpresa — dado o seu perfil egocêntrico e individualista — anuncia o filho para a disputa da Presidência em 2026. O ex-presidente se consolida como o maior cabo eleitoral do PT”, escreveu.

O fundador do Novo também ironizou os governadores aliados da extrema direita: “Os governadores de direita, que se humilharam para substituí-lo, terão agora que fazer campanha para Flávio Bolsonaro, acusado de rachadinha.”

<><> “Cenário facilita a vitória de Lula”, avalia Amoêdo

Para Amoêdo, a estratégia bolsonarista acaba reforçando o campo adversário. “O cenário facilita a vitória do presidente Lula ou de outro candidato que seja endossado por ele”, afirmou.

A escolha de Flávio Bolsonaro ocorre enquanto Jair Bolsonaro segue preso por tentativa de golpe de Estado e permanece inelegível pelo TSE. Mesmo assim, o ex-presidente continua controlando a direção política da direita radical e impondo sua autoridade ao PL e aos aliados.

•        Flávio é o mais rejeitado do clã, aponta Datafolha

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (6) mostra que a família Bolsonaro enfrenta altos índices de rejeição, revelando um desgaste profundo entre os possíveis herdeiros do bolsonarismo. Segundo a Folha de São Paulo, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), recém-escolhido por Jair Bolsonaro (PL) para disputar a Presidência, aparece como o mais rejeitado do clã entre os que estão na ativa eleitoralmente.

Jair Bolsonaro — hoje preso em Brasília e inelegível após condenação por liderar uma trama golpista — lidera o índice com 45%. Em seguida aparece o presidente Lula, com 44%, e logo abaixo, Flávio Bolsonaro, rejeitado por 38% do eleitorado. O Datafolha ouviu 2.002 pessoas entre 2 e 4 de dezembro, em 113 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais.

O levantamento evidencia que a rejeição se espalha entre os outros integrantes da família. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem 37%, enquanto Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher e cotada para disputar o Senado pelo Distrito Federal em 2026, aparece com 35%. Apesar de serem considerados nomes naturais para mobilizar o eleitorado fiel ao ex-presidente, os números mostram que eles também herdam sua elevada impopularidade.

A situação de Michelle ainda é marcada por tensões internas. A ex-primeira-dama tem travado disputas públicas com os enteados sobre os rumos do PL e sobre quem deve ser apoiado pelo partido nas eleições, o que levou à suspensão do apoio ao ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) na corrida pelo governo do Ceará.

O contraste entre a rejeição da família Bolsonaro e a de outros nomes da direita é evidente. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e preferido do centrão para 2026, tem apenas 20% de rejeição. Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, surgem com 21%, enquanto Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, marca 18%. Após a indicação de Flávio, Caiado afirmou que continua pré-candidato, mas reconheceu que Jair Bolsonaro “tem o direito de buscar viabilizar a candidatura do senador”.

Zema, por sua vez, apoiou publicamente a movimentação. “Quando anunciei minha pré-candidatura ao presidente Bolsonaro ele foi claro: múltiplas candidaturas no primeiro turno ajudam a somar forças no segundo. Então, faz todo sentido o Flávio apresentar seu nome à Presidência. É justo e democrático”, escreveu nas redes sociais.

•        Lula vence Flávio Bolsonaro por 15 pontos segundo Datafolha

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (6) sobre a disputa presidencial de 2026 indica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém vantagem consistente contra os principais nomes da direita, especialmente em cenários de segundo turno. Os dados revelam que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), apresentado como o nome do campo bolsonarista, aparece 15 pontos atrás do presidente em uma simulação direta.

Segundo a Folha de São Paulo, o instituto ouviu 2.002 eleitores entre terça (2) e quinta-feira (4) em 113 municípios. A pesquisa foi realizada antes do anúncio de Flávio Bolsonaro como candidato apoiado por seu pai, Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe após a derrota eleitoral de 2022.

Nos cenários de segundo turno, Lula amplia ligeiramente sua vantagem em relação ao levantamento de julho. Contra Flávio Bolsonaro, o presidente aparece com 51%, enquanto o senador registra 36%. Anteriormente, o placar era de 48% a 37%. O peso do sobrenome Bolsonaro se reflete também na queda de Eduardo Bolsonaro, que passa de 37% para 35%, enquanto Lula sobe de 49% para 52% neste confronto. Já Michelle Bolsonaro perde por 50% a 39%.

Entre os governadores alinhados à direita, os números são menos desfavoráveis. Tarcísio de Freitas aparece com 42% contra 47% de Lula — variação próxima à de julho, quando marcava 41% ante 45%. Ratinho Jr. também demonstra estabilidade: agora perde por 47% a 41%, antes 45% a 40%.

O Datafolha ainda avaliou a hipótese de um confronto entre Lula e Jair Bolsonaro. A vantagem do petista aumentou desde julho, passando de 47% a 43% para 49% a 40%. Apesar disso, a chance de Bolsonaro disputar o pleito é praticamente nula, dada sua inelegibilidade.

No primeiro turno, Lula mantém 41% das intenções de voto em diferentes cenários testados. Flávio Bolsonaro registra 18%, seguido por Ratinho Jr. (12%), Ronaldo Caiado (7%) e Romeu Zema (6%). Quando Eduardo Bolsonaro substitui o irmão, a configuração permanece semelhante. Michelle Bolsonaro, por sua vez, alcança 24%, reduzindo a distância em relação a Lula, que mantém os mesmos 41%. Em cenário com Tarcísio candidato, o governador chega a 23%.

A pesquisa destaca, porém, um ponto decisivo: a rejeição dos candidatos. Jair Bolsonaro lidera com 45%, seguido de Lula, com 44%. Flávio Bolsonaro registra 38% de rejeição, Eduardo, 37%, e Michelle, 35%. Já os governadores aparecem com taxas bem inferiores — Zema e Ratinho Jr. têm 21%, Tarcísio, 20%, e Caiado, 18%.

Esses números reforçam a leitura de que o sobrenome Bolsonaro se tornou um passivo eleitoral, mesmo com a tentativa do ex-presidente de manter sua influência sobre a direita. Enquanto isso, embora liderando, Lula enfrenta o desafio de equilibrar sua alta rejeição e uma reprovação de 38%, frente a uma aprovação estagnada em 32%.

•        União Brasil não deve apoiar Flávio Bolsonaro em 2026, sinaliza Rueda

O União Brasil não deve apoiar a já anunciada candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026. A indicação foi feita pelo presidente nacional da legenda, Antonio Rueda, em publicação nas redes sociais.

Flávio, filho mais velho de Jair Bolsonaro (PL), anunciou na última sexta-feira (5) que foi escolhido pelo ex-presidente para liderar o projeto político do bolsonarismo rumo ao Palácio do Planalto. O comunicado repercutiu rapidamente e provocou reações entre dirigentes partidários, especialmente no União Brasil, que mantém o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, como pré-candidato.

Sem mencionar nominalmente o senador, Rueda criticou o ambiente de polarização e reiterou que o partido — e a federação que integra com o PP — pretende seguir outro caminho. Em publicação, afirmou: "Os últimos acontecimentos apenas reforçam o que sempre defendemos: em 2026, não será a polarização que construirá o futuro, mas a capacidade de unir forças em torno de um projeto sério, responsável e voltado para os reais interesses do povo brasileiro".

Co-presidente da Federação União Progressista ao lado do senador Ciro Nogueira (PP-PI), ele reforçou a necessidade de união e diálogo entre diferentes correntes políticas. Vamos focar no Brasil, nas pautas das nossas bancadas estaduais, no diálogo maduro entre diferentes visões e na agenda que de fato transforme a vida das pessoas. É hora de olhar para frente e construir, juntos, o melhor caminho para o nosso país".

Com Caiado já posicionado como pré-candidato, a sinalização de Rueda consolida a estratégia do União Brasil para a disputa presidencial e adiciona um novo componente ao cenário político, que observa como o PL deverá reorganizar sua articulação diante da resistência de partidos ao nome de Flávio.

•        Caiado reafirma candidatura e defende indicação de Flávio Bolsonaro

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), voltou a afirmar que seguirá na disputa presidencial de 2026, mesmo após a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de apontar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como seu candidato.

Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (5), Caiado  reforçou que respeita a definição do ex-presidente. Segundo ele, “é uma decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, juntamente com sua família, e cabe a todos nós respeitá-la. Ele tem o direito de buscar viabilizar a candidatura do senador Flávio Bolsonaro”.

Apesar de reconhecer a legitimidade da indicação, o governador reafirmou que não deixará a corrida presidencial. “Da minha parte, sigo pré-candidato a presidente e estou convicto de que no próximo ano vamos tirar o PT do poder e devolver o Brasil aos brasileiros”, declarou.

Ao longo de 2025, Caiado buscou aproximação com Jair Bolsonaro em tentativas de obter apoio político. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou visitas ao ex-presidente entre segunda-feira (24) de novembro e quinta-feira (11) de dezembro daquele ano. Entretanto, Bolsonaro acabou preso preventivamente pela Polícia Federal após violar a tornozeleira eletrônica, permanecendo detido para cumprir a pena pelo caso relacionado à trama golpista.

Flávio Bolsonaro, por sua vez, celebrou publicamente a escolha do pai em uma publicação no X, reforçando o tom de missão nacional. “É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, escreveu. O senador acrescentou: “Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão. E sei que Ele irá à frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo dessa jornada”.

•        Ratinho Júnior vira aposta do Centrão e do PSD como alternativa à "polarização de 2026

O lançamento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026 abriu um novo rearranjo na centro-direita brasileira e reacendeu a avaliação de que existe um espaço político para uma alternativa fora do eixo de polarização que deve marcar a sucessão presidencial. A informação foi publicada pelo G1, no blog do jornalista Gerson Camarotti.

Segundo o portal, dirigentes do Centrão e do PSD avaliam que o cenário criado com a entrada do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro fortalece a possibilidade de uma terceira via, especialmente pela sinalização de que a disputa tende a se organizar entre o presidente Lula, representando a esquerda, e Flávio Bolsonaro, identificado como candidato da extrema-direita e do legado bolsonarista.

<><> Lideranças veem campo aberto para nome moderado

A percepção de líderes do Centrão é de que, diante da consolidação dessa polarização, existe espaço para uma candidatura que não seja nem Lula nem Bolsonaro — cenário apontado por diferentes pesquisas de opinião mencionadas pelo G1.

Sem a presença de Tarcísio de Freitas na disputa, apontam essas lideranças, haverá uma “busca natural” por um nome capaz de atrair o eleitorado que rejeita os dois nomes. É neste contexto que Ratinho Júnior, governador do Paraná, começa a ganhar destaque.

Uma liderança influente ouvida pelo blog sintetizou o momento do paranaense: Ratinho Júnior deve “jogar parado”. Segundo essa fonte, não é hora de entrar em disputas e polêmicas que possam contaminá-lo com a lógica da polarização.

 

Fonte: Brasil 247

 

Nenhum comentário: