terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Flávio cobra 'preço' para abandonar candidatura e Lindbergh critica: 'chantagem é prática comum dos Bolsonaro'

A declaração do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que admitiu ter “um preço” para desistir de sua recém-lançada pré-candidatura à Presidência, gerou forte reação no meio político. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a fala de Flávio expõe mais uma vez o método político do clã Bolsonaro.

O senador se lançou como pré-candidato na sexta-feira (5), mas em menos de 48 horas já admite a possibilidade de recuar. Para o líder do PT na Câmara, o episódio confirma um padrão de atuação baseado no que classificou como "chantagem". “O Flávio Bolsonaro é uma piada. Ele se lançou candidato na sexta-feira e hoje já admite que pode desistir dizendo que ‘tem um preço’ para isso. É blefe, é pastelão. (...) Ele anuncia e recua em 48 horas, num vexame que desmoraliza qualquer pretensão de ser levado a sério”, escreveu o parlamentar.

Lindbergh ampliou as críticas ao afirmar que a expressão usada por Flávio — “eu tenho um preço” — revelaria a lógica que marcou diversas ações do grupo político liderado por Jair Bolsonaro (PL). “O termo usado por ele ‘eu tenho um preço’ escancara o método da família: a chantagem. O irmão, Eduardo, já chantageou o país inteiro com ameaças de sanções ao ministro do STF e tarifas contra o Brasil, e o próprio Flávio repetiu o padrão da chantagem comparando o efeito disso aos ataques de bomba atômica a Hiroshima e Nagasaki. Agora tenta negociar anistia com o Centrão como condição para retirar a candidatura”, afirmou.

Lindbergh também criticou a tentativa de associar a retirada da candidatura a uma eventual negociação de anistia, classificando a possibilidade como inaceitável e incompatível com os princípios constitucionais. “Seria uma vergonha gigantesca se o Parlamento votasse anistia para atender ao capricho de Flávio Bolsonaro. Além disso, a anistia é inconstitucional, viola cláusulas pétreas, dentre elas, o próprio Estado Democrático de Direito”, escreveu.

<><> Senador sinaliza para anistia como condição para deixar a disputa presidencial

No primeiro ato público desde que anunciou sua pré-candidatura à Presidência, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) surpreendeu ao já admitir que pode abandonar o projeto eleitoral. A revelação foi feita durante agenda em Brasília.

O senador tomou a decisão após conversas com seu pai, Jair Bolsonaro (PL), que está preso, e somente oficializou a pré-candidatura quando ele se mostrou confortável com o anúncio. Flávio contou que a ideia vinha sendo discutida “há bastante tempo” dentro da família.

Diante de apoiadores, Flávio afirmou de forma direta que não descarta negociar sua saída da corrida presidencial. “Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho preço para não ir até o fim”, disse.

Flávio Bolsonaro sinalizou que o 'preço' é a aprovação da anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023: "espero que a gente paute esta semana a anistia".

O senador também elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tratado como um dos principais nomes do campo bolsonarista. "Tarcísio é o principal cara do nosso time hoje", afirmou.

Ao comentar o cenário político, reforçou que sua candidatura não inviabiliza outros projetos dentro da direita e que pretende atuar de forma colaborativa para ampliar alianças.

<><> Flávio tem só 9% de preferência entre bolsonaristas

Para o eleitorado brasileiro em geral, apenas 8% consideram que o senador Flávio Bolsonaro deveria ser o nome escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso, para disputar as eleições do próximo ano. Já 22% preferem a indicação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como representante da extrema direita. Os dados são de pesquisa Datafolha divulgada no sábado (6).

O campo bolsonarista demonstra divisão interna, refletida no fato de 20% dos entrevistados apontarem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como opção preferida. Confira os resultados gerais:

•        Michelle Bolsonaro (PL): 22%

•        Tarcísio de Freitas (Republicanos): 20%

•        Ratinho Jr. (PSD): 12%

•        Eduardo Bolsonaro (PL): 9%

•        Flávio Bolsonaro (PL): 8%

•        Ronaldo Caiado (União Brasil): 6%

•        Romeu Zema (Novo): 4%

•        Lula (PT): 1%

•        Nenhum: 10%

•        Não sabem: 8%

Ainda de acordo com a pesquisa, Michelle Bolsonaro lidera entre os eleitores radicais de direita, alcançando 35% da preferência, enquanto Flávio Bolsonaro aparece com apenas 9%. No mesmo segmento, Tarcísio registra 30%. Confira os resultados segmentados:

•        Michelle Bolsonaro: 35%

•        Tarcísio de Freitas: 30%

•        Eduardo Bolsonaro: 14%

•        Flávio Bolsonaro: 9%

•        Ronaldo Caiado: 4%

•        Romeu Zema: 2%

O instituto Datafolha ouviu 2.002 pessoas de 2 a 4 de dezembro.

•        "Bolsonaro passou de chantageado a chantageador", diz Barbara Destefani, uma das maiores influenciadoras bolsonaristas

A influenciadora bolsonarista Barbara Destefani, uma das vozes mais ativas e seguidas do movimento nas redes sociais, com seu canal Te Atualizei, publicou neste sábado um longo comentário sobre a reconfiguração da direita após a escolha de Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República em 2026. Em seu texto, ela afirma que Jair Bolsonaro “passou de chantageado a chantageador”, descrevendo a decisão como uma resposta direta às pressões políticas que, segundo ela, estariam sendo exercidas sobre o ex-presidente.

Em seu post no X (antigo Twitter), Barbara começou relatando o que considera o ponto de partida da crise: a prisão preventiva de Jair Bolsonaro. “Eu vou tentar explicar o que provavelmente aconteceu: Bolsonaro foi jogado numa cela por um crime que não cometeu e permanecerá lá até acabar as eleições do ano que vem. É o que as matérias de jornais dizem de forma bem tranquila”, escreveu. Segundo ela, o objetivo seria impedir qualquer influência do ex-presidente nas eleições: “A justiça quer impedir que JB tenha qualquer influência nas eleições. Que não eleja seus candidatos. E a naturalidade em que as pessoas aceitaram isso foi assustadora.”

<><> Pressões do centro e o papel de Tarcísio de Freitas

Barbara Destefani argumenta que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, era “o candidato natural, o mais provável e esperado pelo mercado e o nome que o centro irá apoiar”. Porém, segundo ela, Bolsonaro teria sido alvo de pressão política para endossar esse projeto.

“Bolsonaro passou a ser chantageado: se você não anunciar o Tarcísio, esquece a anistia, para você e para todos os outros... ah, quanto tempo ouvimos Hugo Motta dizer que ‘na volta a gente compra’?”, afirmou. Ela acrescenta que “o centro ‘cagou’ no tabuleiro por questões políticas e eleitorais”, provocando reação imediata do ex-presidente: “JB cansou disso e mandou um: Ah é? Então o candidato é o Flávio.”

<><> “De refém a negociador”

Para Barbara, ao anunciar o nome de Flávio Bolsonaro, o ex-presidente mudou a dinâmica das negociações políticas. “De chantageado, passou a chantageador”, escreveu. Segundo ela, caso o Congresso não avance com a anistia aos investigados e condenados por 8 de janeiro, Flávio permanecerá na disputa, dividindo votos da direita — o que, em sua avaliação, pode facilitar a reeleição do presidente Lula.

A influenciadora afirma que esse cenário coloca pressão sobre o centro político, que teria de lidar com “um governo aliado do STF e todas as investigações que a corte tem avançado em cima de partidos de centro, como em destaque, o União Brasil”.

Barbara disse ainda que Flávio já sinalizou disposição para negociar, mas condicionando qualquer diálogo ao avanço da anistia. “Hoje Flávio já avisou que está aberto a negociações e que essa abertura começa com a anistia”, escreveu.

<><> Anistia como “preço” dos votos bolsonaristas

No texto, ela defende que Bolsonaro continua tendo capacidade de influenciar os rumos da política nacional: “Acharam que JB estava morto e impossibilitado de qualquer coisa. Não estava.”

Barbara afirma que os votos da base bolsonarista não serão entregues sem contrapartidas: “Os votos bolsonaristas não serão entregues de graça... O preço cobrado é a liberdade de quem sequer deveria estar preso. Desde idosos e mães de família do dia 8, passando por policiais honrados, generais heróis nacionais até o próprio presidente Bolsonaro.”

<><> “Vamos ver o que acontecerá a partir de agora”

A influenciadora encerra afirmando que a eleição de 2026 depende da militância bolsonarista. “Vamos ver o que acontecerá a partir de agora, sem os votos bolsonaristas, ninguém leva essa eleição. E eles sabem disso. Espero que o Flávio não desista.”

Com essa análise, Barbara Destefani reforça a narrativa de que a indicação de Flávio Bolsonaro não é apenas uma escolha eleitoral, mas parte de um movimento estratégico do clã para retomar protagonismo e pressionar atores do sistema político em torno da anistia e da recomposição de forças na direita brasileira.

•        A implosão do plano Tarcísio

A notícia de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi ungido por seu pai, Jair, como candidato da extrema direita ao Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem ressoou como uma bomba nas hostes do consórcio da direita brasileira.

Esperançosa, a trindade formada pela Faria Lima, mais a massa amorfa de frações partidárias que gravitam em torno do chamado Centrão e a mídia de direita (Globo, Folha, Estadão) entrou em convulsão.

A Bolsa de Valores teve a maior queda desde 2021. A cotação do dólar disparou.

Num mesmo movimento, duas candidaturas ruíram. O anunciado e já esquecido arremedo de anticandidatura presidencial de Jair Bolsonaro foi à lona.

Ao solo foi também o chamado plano Tarcísio, pelo qual as elites financeiras e seus seguidores nas organizações de mídia tentavam emplacar o governador de São Paulo como candidato a presidente da direita, num sonho que tinha muito de desejo irreal, além de constituir um oxímoro. Tarcísio travestiu-se de fascista aceitável. Tornou-se o objeto de desejo de articulistas e editoriais, por mais que, publicamente, o governador sempre tenha negado nutrir pretensão presidencial.

Ao designar Flávio, o bolsonarismo raiz, liderado pelo clã Bolsonaro, bateu a porta na cara dessas elites. A manobra tinha até nome, batizada de “Plano T”. Por ela, buscava-se uma estranha inversão. Os que foram eleitos em 2022 como postes, unicamente por terem sido indicados por Bolsonaro, sonhavam agora poder impor Tarcísio como candidato desse campo político. Tomariam assim do líder presidiário o controle da máquina eleitoral justo no momento mais estratégico, a definição da candidatura.

O clã Bolsonaro já tinha percebido o movimento há muito. O episódio terá desdobramentos. Tarcísio não veio a público apoiar o indicado do ex-presidente. Surgem silêncios, vacilações e fissuras relevantes na direita, e não se pode atribuí-las à falta de comunicação. O atropelo e o improviso são parte constitutiva do bolsonarismo.

É notório que Flávio Bolsonaro exibe um histórico de irregularidades graves não investigadas pela Justiça. Somadas à frustração criada pelo anúncio de Flávio, mesmo em áreas de aliados do bolsonarismo, elas criam espaços que podem ser explorados pela candidatura do presidente Lula à reeleição, a ser oficializada até março do ano que vem, numa eleição que deve ser, em qualquer cenário, muito disputada.

•        Eduardo Bolsonaro indica o fim do projeto Tarcísio e vê xeque-mate do clã na direita

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de lançar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à presidência em 2026 representa um “xeque-mate” dentro da própria direita. A declaração, feita por Eduardo em suas redes sociais, reforça a leitura de que o clã Bolsonaro encerra qualquer espaço para projetos alternativos, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Segundo o portal Metrópoles, que antecipou a movimentação na coluna de Paulo Cappeli, a escolha por Flávio foi consolidada após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro por violar a tornozeleira eletrônica. A decisão frustrou aliados que defendiam uma alternativa mais pragmática e distante das tensões políticas que cercam o bolsonarismo.

<><> Eduardo vê “recado” contra quem defendia nomes fora do clã

Auto-exilado nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro, que também se colocava como possível postulante, declarou que a escolha de Flávio atinge diretamente setores da direita que insistiam em candidaturas fora da família. Para ele, a movimentação é “um baita de um recado” aos “eventuais candidatos do sistema” e às “pessoas que pouco se importam com censura, com anistia, com prisão política”.

Em sua publicação, Eduardo atacou os que, segundo ele, tentam minar o projeto familiar. “Aqueles mesmos que não gostam de Jair Bolsonaro, agora atacam o Flávio Bolsonaro. Por quê? Porque tem esperança de que o Flávio caia e alguma daquelas pessoas que pouco se importam com censura, com anistia, com prisão política, possa tocar o Brasil bem, principalmente na parte que interessa a estes que agora nos atacam”, afirmou.

<><> Flávio como herdeiro direto de Jair Bolsonaro

Eduardo reforçou que Flávio “representa exatamente tudo que Bolsonaro representa” e afirmou que não vê outra alternativa a não ser eleger o irmão para o Palácio do Planalto em 2026. A escolha marca, para o deputado, uma linha clara entre o projeto bolsonarista e outros nomes da direita que tentavam se firmar para a sucessão presidencial.

“Qualquer eventual mudança nesse tabuleiro eleitoral significa uma vitória para todos aqueles que, junto com a esquerda, acham que o futuro pertence à censura, à prisão política e tudo isso daí é pauta secundária”, disse o parlamentar.

Ao tratar a disputa interna como uma batalha estratégica, Eduardo Bolsonaro sinaliza o possível fim do espaço para o projeto Tarcísio e reforça que a eleição de 2026 será conduzida como continuidade direta do projeto político do pai, agora personificado na figura de Flávio Bolsonaro.

•        Tarcísio faz nova postagem nas redes sociais, mas mantém o silêncio sobre a candidatura de Flávio Bolsonaro

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, manteve silêncio sobre a candidatura do senador Flávio Bolsonaro à presidência. Até a manhã deste domingo (7), não havia qualquer manifestação pública de Tarcísio sobre o assunto.

Na rede X, o governador limitou-se a publicar uma mensagem de teor religioso. Enquanto isso, levantamentos de opinião apontam vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cenários de primeiro e segundo turno, tanto contra Flávio quanto contra o próprio Tarcísio.

•        O silêncio de Tarcísio é reação ao rótulo de traidor que o clã Bolsonaro colou em sua testa. Por Mario Vitor Santos

Tarcísio nunca se iludiu com a candidatura a presidente, pois julgava que a chance maior se se lançasse era de perder o Planalto e o Bandeirantes.

Agora, sua recusa em apoiar de público e de pronto a candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência tem a ver com o fato de que essa candidatura soou como um veto do clã ao nome dele, Tarcísio,  que sempre foi fiel e parceiro do ex-presidente em sua luta contra a condenação e nos ataques ao Supremo.

Com o veto, Tarcísio se vê definitivamente rotulado de público pelo bolsonarismo raiz como pessoa não confiável. Em episódios anteriores, essa acusação de traição contra Tarcísio foi expressa por Eduardo e Carlos, sem apoio de Jair ou Flávio. Pois, a versão de Eduardo e Carlos prevaleceu, deixando Tarcísio exposto aos ataques da matilha mais radical do bolsonarismo.

Só que, ao não apoiar de imediato, Tarcísio pode dar razão ao  argumento bolsonarista de que ele não é mesmo confiável, apesar de tudo.

Evidentemente,  Tarcísio considera que não está sendo bem tratado.

A Tarcísio pode ser alegado que as palavras dele proprio têm peso. Não fazia sentido mesmo, numa perspectiva realista, a candidatura arriscada a presidente abrindo o flanco em São Paulo. Ele próprio era o primeiro a sugerir isso. Então não deveria fazer tipo agora quando quem teria que decidir decidiu.

Na verdade, Tarcísio direta ou indiretamente também vinha vetando um nome do clã como agora fica claro.

Resta saber se e quando virá o acerto entre as facções, mesmo em meio ao sistema sobrecarregado, pois supõe-se que ninguém queira agravar ainda mais o quadro. O estrago está feito, sua superação ainda depende da mediação de Jair, e terá um preço.

Como chefe do governo mais poderoso, Tarcísio acreditava que herdaria a liderança do seu campo político, no impedimento de Jair Bolsonaro. O clã uniu-se em uma outra perspectiva. Houve uma disputa pela liderança da oposição e Tarcísio perdeu.

Se vai aceitar sem reagir a essa derrota desonrosa é o que está sendo decidido. O caminho futuro de Tarcísio junto ao bolsonarismo virou um beco.

 

Fonte: Brasil 247

 

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