Flávio
cobra 'preço' para abandonar candidatura e Lindbergh critica: 'chantagem é prática
comum dos Bolsonaro'
A
declaração do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que admitiu ter “um preço” para
desistir de sua recém-lançada pré-candidatura à Presidência, gerou forte reação
no meio político. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a
fala de Flávio expõe mais uma vez o método político do clã Bolsonaro.
O
senador se lançou como pré-candidato na sexta-feira (5), mas em menos de 48
horas já admite a possibilidade de recuar. Para o líder do PT na Câmara, o
episódio confirma um padrão de atuação baseado no que classificou como
"chantagem". “O Flávio Bolsonaro é uma piada. Ele se lançou candidato
na sexta-feira e hoje já admite que pode desistir dizendo que ‘tem um preço’
para isso. É blefe, é pastelão. (...) Ele anuncia e recua em 48 horas, num
vexame que desmoraliza qualquer pretensão de ser levado a sério”, escreveu o
parlamentar.
Lindbergh
ampliou as críticas ao afirmar que a expressão usada por Flávio — “eu tenho um
preço” — revelaria a lógica que marcou diversas ações do grupo político
liderado por Jair Bolsonaro (PL). “O termo usado por ele ‘eu tenho um preço’
escancara o método da família: a chantagem. O irmão, Eduardo, já chantageou o
país inteiro com ameaças de sanções ao ministro do STF e tarifas contra o
Brasil, e o próprio Flávio repetiu o padrão da chantagem comparando o efeito
disso aos ataques de bomba atômica a Hiroshima e Nagasaki. Agora tenta negociar
anistia com o Centrão como condição para retirar a candidatura”, afirmou.
Lindbergh
também criticou a tentativa de associar a retirada da candidatura a uma
eventual negociação de anistia, classificando a possibilidade como inaceitável
e incompatível com os princípios constitucionais. “Seria uma vergonha
gigantesca se o Parlamento votasse anistia para atender ao capricho de Flávio
Bolsonaro. Além disso, a anistia é inconstitucional, viola cláusulas pétreas,
dentre elas, o próprio Estado Democrático de Direito”, escreveu.
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Senador sinaliza para anistia como condição para deixar a disputa presidencial
No
primeiro ato público desde que anunciou sua pré-candidatura à Presidência, o
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) surpreendeu ao já admitir que pode abandonar o
projeto eleitoral. A revelação foi feita durante agenda em Brasília.
O
senador tomou a decisão após conversas com seu pai, Jair Bolsonaro (PL), que
está preso, e somente oficializou a pré-candidatura quando ele se mostrou
confortável com o anúncio. Flávio contou que a ideia vinha sendo discutida “há
bastante tempo” dentro da família.
Diante
de apoiadores, Flávio afirmou de forma direta que não descarta negociar sua
saída da corrida presidencial. “Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o
fim. Eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho preço para não ir até
o fim”, disse.
Flávio
Bolsonaro sinalizou que o 'preço' é a aprovação da anistia aos envolvidos na
tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023: "espero que a gente paute esta
semana a anistia".
O
senador também elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), tratado como um dos principais nomes do campo bolsonarista.
"Tarcísio é o principal cara do nosso time hoje", afirmou.
Ao
comentar o cenário político, reforçou que sua candidatura não inviabiliza
outros projetos dentro da direita e que pretende atuar de forma colaborativa
para ampliar alianças.
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Flávio tem só 9% de preferência entre bolsonaristas
Para o
eleitorado brasileiro em geral, apenas 8% consideram que o senador Flávio
Bolsonaro deveria ser o nome escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair
Bolsonaro, preso, para disputar as eleições do próximo ano. Já 22% preferem a
indicação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como representante da extrema
direita. Os dados são de pesquisa Datafolha divulgada no sábado (6).
O campo
bolsonarista demonstra divisão interna, refletida no fato de 20% dos
entrevistados apontarem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como
opção preferida. Confira os resultados gerais:
• Michelle Bolsonaro (PL): 22%
• Tarcísio de Freitas (Republicanos): 20%
• Ratinho Jr. (PSD): 12%
• Eduardo Bolsonaro (PL): 9%
• Flávio Bolsonaro (PL): 8%
• Ronaldo Caiado (União Brasil): 6%
• Romeu Zema (Novo): 4%
• Lula (PT): 1%
• Nenhum: 10%
• Não sabem: 8%
Ainda
de acordo com a pesquisa, Michelle Bolsonaro lidera entre os eleitores radicais
de direita, alcançando 35% da preferência, enquanto Flávio Bolsonaro aparece
com apenas 9%. No mesmo segmento, Tarcísio registra 30%. Confira os resultados
segmentados:
• Michelle Bolsonaro: 35%
• Tarcísio de Freitas: 30%
• Eduardo Bolsonaro: 14%
• Flávio Bolsonaro: 9%
• Ronaldo Caiado: 4%
• Romeu Zema: 2%
O
instituto Datafolha ouviu 2.002 pessoas de 2 a 4 de dezembro.
• "Bolsonaro passou de chantageado a
chantageador", diz Barbara Destefani, uma das maiores influenciadoras
bolsonaristas
A
influenciadora bolsonarista Barbara Destefani, uma das vozes mais ativas e
seguidas do movimento nas redes sociais, com seu canal Te Atualizei, publicou
neste sábado um longo comentário sobre a reconfiguração da direita após a
escolha de Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República em
2026. Em seu texto, ela afirma que Jair Bolsonaro “passou de chantageado a
chantageador”, descrevendo a decisão como uma resposta direta às pressões
políticas que, segundo ela, estariam sendo exercidas sobre o ex-presidente.
Em seu
post no X (antigo Twitter), Barbara começou relatando o que considera o ponto
de partida da crise: a prisão preventiva de Jair Bolsonaro. “Eu vou tentar
explicar o que provavelmente aconteceu: Bolsonaro foi jogado numa cela por um
crime que não cometeu e permanecerá lá até acabar as eleições do ano que vem. É
o que as matérias de jornais dizem de forma bem tranquila”, escreveu. Segundo
ela, o objetivo seria impedir qualquer influência do ex-presidente nas
eleições: “A justiça quer impedir que JB tenha qualquer influência nas
eleições. Que não eleja seus candidatos. E a naturalidade em que as pessoas
aceitaram isso foi assustadora.”
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Pressões do centro e o papel de Tarcísio de Freitas
Barbara
Destefani argumenta que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, era “o
candidato natural, o mais provável e esperado pelo mercado e o nome que o
centro irá apoiar”. Porém, segundo ela, Bolsonaro teria sido alvo de pressão
política para endossar esse projeto.
“Bolsonaro
passou a ser chantageado: se você não anunciar o Tarcísio, esquece a anistia,
para você e para todos os outros... ah, quanto tempo ouvimos Hugo Motta dizer
que ‘na volta a gente compra’?”, afirmou. Ela acrescenta que “o centro ‘cagou’
no tabuleiro por questões políticas e eleitorais”, provocando reação imediata
do ex-presidente: “JB cansou disso e mandou um: Ah é? Então o candidato é o
Flávio.”
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“De refém a negociador”
Para
Barbara, ao anunciar o nome de Flávio Bolsonaro, o ex-presidente mudou a
dinâmica das negociações políticas. “De chantageado, passou a chantageador”,
escreveu. Segundo ela, caso o Congresso não avance com a anistia aos
investigados e condenados por 8 de janeiro, Flávio permanecerá na disputa,
dividindo votos da direita — o que, em sua avaliação, pode facilitar a
reeleição do presidente Lula.
A
influenciadora afirma que esse cenário coloca pressão sobre o centro político,
que teria de lidar com “um governo aliado do STF e todas as investigações que a
corte tem avançado em cima de partidos de centro, como em destaque, o União
Brasil”.
Barbara
disse ainda que Flávio já sinalizou disposição para negociar, mas condicionando
qualquer diálogo ao avanço da anistia. “Hoje Flávio já avisou que está aberto a
negociações e que essa abertura começa com a anistia”, escreveu.
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Anistia como “preço” dos votos bolsonaristas
No
texto, ela defende que Bolsonaro continua tendo capacidade de influenciar os
rumos da política nacional: “Acharam que JB estava morto e impossibilitado de
qualquer coisa. Não estava.”
Barbara
afirma que os votos da base bolsonarista não serão entregues sem
contrapartidas: “Os votos bolsonaristas não serão entregues de graça... O preço
cobrado é a liberdade de quem sequer deveria estar preso. Desde idosos e mães
de família do dia 8, passando por policiais honrados, generais heróis nacionais
até o próprio presidente Bolsonaro.”
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“Vamos ver o que acontecerá a partir de agora”
A
influenciadora encerra afirmando que a eleição de 2026 depende da militância
bolsonarista. “Vamos ver o que acontecerá a partir de agora, sem os votos
bolsonaristas, ninguém leva essa eleição. E eles sabem disso. Espero que o
Flávio não desista.”
Com
essa análise, Barbara Destefani reforça a narrativa de que a indicação de
Flávio Bolsonaro não é apenas uma escolha eleitoral, mas parte de um movimento
estratégico do clã para retomar protagonismo e pressionar atores do sistema
político em torno da anistia e da recomposição de forças na direita brasileira.
• A implosão do plano Tarcísio
A
notícia de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi ungido por seu pai, Jair,
como candidato da extrema direita ao Palácio do Planalto nas eleições do ano
que vem ressoou como uma bomba nas hostes do consórcio da direita brasileira.
Esperançosa,
a trindade formada pela Faria Lima, mais a massa amorfa de frações partidárias
que gravitam em torno do chamado Centrão e a mídia de direita (Globo, Folha,
Estadão) entrou em convulsão.
A Bolsa
de Valores teve a maior queda desde 2021. A cotação do dólar disparou.
Num
mesmo movimento, duas candidaturas ruíram. O anunciado e já esquecido arremedo
de anticandidatura presidencial de Jair Bolsonaro foi à lona.
Ao solo
foi também o chamado plano Tarcísio, pelo qual as elites financeiras e seus
seguidores nas organizações de mídia tentavam emplacar o governador de São
Paulo como candidato a presidente da direita, num sonho que tinha muito de
desejo irreal, além de constituir um oxímoro. Tarcísio travestiu-se de fascista
aceitável. Tornou-se o objeto de desejo de articulistas e editoriais, por mais
que, publicamente, o governador sempre tenha negado nutrir pretensão
presidencial.
Ao
designar Flávio, o bolsonarismo raiz, liderado pelo clã Bolsonaro, bateu a
porta na cara dessas elites. A manobra tinha até nome, batizada de “Plano T”.
Por ela, buscava-se uma estranha inversão. Os que foram eleitos em 2022 como
postes, unicamente por terem sido indicados por Bolsonaro, sonhavam agora poder
impor Tarcísio como candidato desse campo político. Tomariam assim do líder
presidiário o controle da máquina eleitoral justo no momento mais estratégico,
a definição da candidatura.
O clã
Bolsonaro já tinha percebido o movimento há muito. O episódio terá
desdobramentos. Tarcísio não veio a público apoiar o indicado do ex-presidente.
Surgem silêncios, vacilações e fissuras relevantes na direita, e não se pode
atribuí-las à falta de comunicação. O atropelo e o improviso são parte
constitutiva do bolsonarismo.
É
notório que Flávio Bolsonaro exibe um histórico de irregularidades graves não
investigadas pela Justiça. Somadas à frustração criada pelo anúncio de Flávio,
mesmo em áreas de aliados do bolsonarismo, elas criam espaços que podem ser
explorados pela candidatura do presidente Lula à reeleição, a ser oficializada
até março do ano que vem, numa eleição que deve ser, em qualquer cenário, muito
disputada.
• Eduardo Bolsonaro indica o fim do
projeto Tarcísio e vê xeque-mate do clã na direita
O
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que a decisão do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de lançar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
como pré-candidato à presidência em 2026 representa um “xeque-mate” dentro da
própria direita. A declaração, feita por Eduardo em suas redes sociais, reforça
a leitura de que o clã Bolsonaro encerra qualquer espaço para projetos
alternativos, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos).
Segundo
o portal Metrópoles, que antecipou a movimentação na coluna de Paulo Cappeli, a
escolha por Flávio foi consolidada após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro
por violar a tornozeleira eletrônica. A decisão frustrou aliados que defendiam
uma alternativa mais pragmática e distante das tensões políticas que cercam o
bolsonarismo.
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Eduardo vê “recado” contra quem defendia nomes fora do clã
Auto-exilado
nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro, que também se colocava como possível
postulante, declarou que a escolha de Flávio atinge diretamente setores da
direita que insistiam em candidaturas fora da família. Para ele, a movimentação
é “um baita de um recado” aos “eventuais candidatos do sistema” e às “pessoas
que pouco se importam com censura, com anistia, com prisão política”.
Em sua
publicação, Eduardo atacou os que, segundo ele, tentam minar o projeto
familiar. “Aqueles mesmos que não gostam de Jair Bolsonaro, agora atacam o
Flávio Bolsonaro. Por quê? Porque tem esperança de que o Flávio caia e alguma
daquelas pessoas que pouco se importam com censura, com anistia, com prisão
política, possa tocar o Brasil bem, principalmente na parte que interessa a
estes que agora nos atacam”, afirmou.
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Flávio como herdeiro direto de Jair Bolsonaro
Eduardo
reforçou que Flávio “representa exatamente tudo que Bolsonaro representa” e
afirmou que não vê outra alternativa a não ser eleger o irmão para o Palácio do
Planalto em 2026. A escolha marca, para o deputado, uma linha clara entre o
projeto bolsonarista e outros nomes da direita que tentavam se firmar para a
sucessão presidencial.
“Qualquer
eventual mudança nesse tabuleiro eleitoral significa uma vitória para todos
aqueles que, junto com a esquerda, acham que o futuro pertence à censura, à
prisão política e tudo isso daí é pauta secundária”, disse o parlamentar.
Ao
tratar a disputa interna como uma batalha estratégica, Eduardo Bolsonaro
sinaliza o possível fim do espaço para o projeto Tarcísio e reforça que a
eleição de 2026 será conduzida como continuidade direta do projeto político do
pai, agora personificado na figura de Flávio Bolsonaro.
• Tarcísio faz nova postagem nas redes
sociais, mas mantém o silêncio sobre a candidatura de Flávio Bolsonaro
O
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, manteve silêncio sobre a
candidatura do senador Flávio Bolsonaro à presidência. Até a manhã deste
domingo (7), não havia qualquer manifestação pública de Tarcísio sobre o
assunto.
Na rede
X, o governador limitou-se a publicar uma mensagem de teor religioso. Enquanto
isso, levantamentos de opinião apontam vantagem do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva em cenários de primeiro e segundo turno, tanto contra Flávio quanto
contra o próprio Tarcísio.
• O silêncio de Tarcísio é reação ao
rótulo de traidor que o clã Bolsonaro colou em sua testa. Por Mario Vitor
Santos
Tarcísio
nunca se iludiu com a candidatura a presidente, pois julgava que a chance maior
se se lançasse era de perder o Planalto e o Bandeirantes.
Agora,
sua recusa em apoiar de público e de pronto a candidatura de Flávio Bolsonaro à
presidência tem a ver com o fato de que essa candidatura soou como um veto do
clã ao nome dele, Tarcísio, que sempre
foi fiel e parceiro do ex-presidente em sua luta contra a condenação e nos
ataques ao Supremo.
Com o
veto, Tarcísio se vê definitivamente rotulado de público pelo bolsonarismo raiz
como pessoa não confiável. Em episódios anteriores, essa acusação de traição
contra Tarcísio foi expressa por Eduardo e Carlos, sem apoio de Jair ou Flávio.
Pois, a versão de Eduardo e Carlos prevaleceu, deixando Tarcísio exposto aos
ataques da matilha mais radical do bolsonarismo.
Só que,
ao não apoiar de imediato, Tarcísio pode dar razão ao argumento bolsonarista de que ele não é mesmo
confiável, apesar de tudo.
Evidentemente, Tarcísio considera que não está sendo bem
tratado.
A
Tarcísio pode ser alegado que as palavras dele proprio têm peso. Não fazia
sentido mesmo, numa perspectiva realista, a candidatura arriscada a presidente
abrindo o flanco em São Paulo. Ele próprio era o primeiro a sugerir isso. Então
não deveria fazer tipo agora quando quem teria que decidir decidiu.
Na
verdade, Tarcísio direta ou indiretamente também vinha vetando um nome do clã
como agora fica claro.
Resta
saber se e quando virá o acerto entre as facções, mesmo em meio ao sistema
sobrecarregado, pois supõe-se que ninguém queira agravar ainda mais o quadro. O
estrago está feito, sua superação ainda depende da mediação de Jair, e terá um
preço.
Como
chefe do governo mais poderoso, Tarcísio acreditava que herdaria a liderança do
seu campo político, no impedimento de Jair Bolsonaro. O clã uniu-se em uma
outra perspectiva. Houve uma disputa pela liderança da oposição e Tarcísio
perdeu.
Se vai
aceitar sem reagir a essa derrota desonrosa é o que está sendo decidido. O
caminho futuro de Tarcísio junto ao bolsonarismo virou um beco.
Fonte:
Brasil 247

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