Entidades de memória do Holocausto abandonam o X
Diversas instituições e
indivíduos envolvidos na educação, memória e pesquisa sobre o Holocausto silenciaram suas contas na rede social X nesta
sexta-feira (13/12), em adesão a um êxodo contínuo da plataforma do
bilionário Elon Musk, que virou
conselheiro político do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
As saídas coordenadas são
parte de uma iniciativa chamada "Nem uma palavra a mais", organizada
pela Associação de Refugiados Judeus (AJR), uma organização sem fins lucrativos
sediada no Reino Unido que fornece serviços de assistência social a refugiados
e sobreviventes do Holocausto, bem como educação sobre o massacre de judeus
ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial.
Em comunicado, a AJR
lamentou as mudanças que ocorreram na plataforma anteriormente chamada de
Twitter desde a aquisição por Musk, em outubro de 2022.
"Desinformação,
distorções e abusos floresceram enquanto medidas de segurança e moderação de
conteúdo praticamente desapareceram", diz a entidade. "Enquanto isso,
como empresa, a X depende do nosso conteúdo para manter seus usuários
engajados. Mais engajamento significa mais receita de publicidade. Em termos
mais simples, o X lucra com a nossa presença, lucra com cada palavra que
postamos. Diremos, portanto, nenhuma palavra a mais."
Em 12 de dezembro, aderiram
à iniciativa 18 organizações relacionadas ao Holocausto e 21 indivíduos
envolvidos em pesquisas e trabalhos escritos sobre o massacre, principalmente
no Reino Unido e na Alemanha. Os participantes também se comprometeram a apoiar
os conteúdos uns dos outros em outras plataformas de mídia social.
Os apoiadores da iniciativa
se juntam a jornais, equipes de futebol, principais organizações sem fins
lucrativos e indivíduos que estão trocando o X por outras alternativas. Um
número significativo de usuários desativou suas contas na rede após a reeleição
de Donald Trump, em 6 de novembro.
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Decisão
maturada
A decisão da AJR de deixar o
X evoluiu no período de um ano, e não como resultado de um ponto de inflexão,
explicou Alex Maws, chefe de educação e patrimônio da associação. Um momento
crucial, no entanto, foi quando Musk compartilhou na rede seu endosso da teoria
da "grande substituição" – uma teoria racista e antissemita bastante
disseminada entre extremistas de direita e supremacistas brancos.
"Isso chamou a atenção
de muitas pessoas... vendo [como] isso era, na verdade, apenas um exemplo de
[como] o site era uma plataforma que não apenas tolerava abuso e desinformação,
mas [...] parecia estar promovendo isso, empurrando para pessoas que não
estavam procurando por nada disso", disse Maws à DW, destacando que
ninguém sabe como de fato funciona o algoritmo do X.
Maws e o AJR perceberam que
a desinformação e os numerosos abusos no X passaram a superar o benefício de
tentar alcançar e educar o público na plataforma. Ele então decidiu compartilhar
a decisão de deixar o X e entrou em contato com uma rede de profissionais na
sua área para "encorajar outros a fazer algo que pode parecer um pouco
arriscado no ambiente de comunicação de hoje".
Mesmo sendo acusado por
vários indivíduos de promover uma "campanha política" e uma
"conspiração de esquerda", Maws ressaltou que a campanha não tem nada
a ver com as políticas de Musk.
"É muito importante
dizer que o antissemitismo não conhece
um lar político permanente", disse. "Isso realmente não tem nada a
ver com o alinhamento de Musk com o presidente eleito Trump. Provavelmente, há
executivos corporativos com os quais muitos de nós discordamos em todo o setor
corporativo, mas não necessariamente nos desligamos de seus produtos ou
plataformas, porque essas visões não necessariamente exercem impacto sobre
elas."
·
Adesões também na Alemanha
A iniciativa da AJR
repercutiu na Casa da Conferência de Wannsee (GHWK), nos subúrbios do sudoeste de Berlim, que também resolveu aderir. Hoje
um centro educacional e de memória do Holocausto, a vila foi sediou em janeiro
de 1942 uma conferência de autoridades políticas e militares nazistas onde
foi discutida a implementação da chamada "solução
final" – a deportação e assassinato patrocinados
pelo Estado de judeus em toda a Europa.
Os administradores do local
já falavam há cerca de um ano sobre deixar o X. Eles vinham usado a plataforma
Bluesky, uma alternativa bastante popular ao X desde outubro passado.
"Nós realmente não
precisaríamos de uma campanha ou de uma convocação [para sair do X]",
disse Eike Stegen, o encarregado de relações com a imprensa da GHWK.
"Chegamos a um ponto em nossas discussões internas em que dissemos que
queríamos deixar a plataforma. Mas, queríamos participar de uma campanha ou de
uma convocação porque visámos motivar o maior número possível de outras contas
em nossa área a deixar a plataforma conosco."
A iniciativa da AJR é, na
verdade, a segunda campanha de saída do X à qual o GHWK aderiu. Em 2 de
dezembro, a entidade anunciou que iria integrar uma campanha organizada na
Alemanha chamada #eXit.
Stegen está confiante de que
eles conseguirão atingir um bom público em plataformas alternativas. "Mas,
mesmo que esse não seja o caso e percamos alguma ressonância, achamos que vale
a pena", disse.
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Responsabilidade para com sobreviventes e
descendentes
Stegen gostaria de ver um
alcance internacional da iniciativa, já que, como ele explicou, "as
plataformas de mídia social dependem da criação de um ambiente social onde você
pode ser ouvido e se comunicar com os outros".
Maws deixou claro que não
julga ninguém por continuar no X. "Pessoas e organizações precisam tomar
essas decisões com base em seus próprios objetivos estratégicos, e se estar no
X ainda atende a esses objetivos, então ótimo", afirmou.
Para a AJR, entidade fundada
por refugiados e sobreviventes do Holocausto, trata-se de uma questão de
responsabilidade. Gostariam os fundadores e seus descendentes que nós
compartilhemos sua história e seu legado "em um site que estava
aparentemente, como parte de seu modelo de negócios – como um recurso, não um
bug – promovendo antissemitismo, desinformação, distorções sobre o Holocausto e
ódio de forma mais geral? Parece que, simplesmente, não é apropriado para uma
instituição de caridade como a nossa contribuir para esse ambiente", diz a
nota da entidade.
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'Massacre bárbaro e
hediondo': Israel assassina mais de 70 palestinos, incluindo crianças, em Gaza
O gabinete de
imprensa do governo de Gaza afirmou, nesta quinta-feira (12), que Israel matou
pelo menos 33 pessoas no campo de refugiados de Nuseirat, um "massacre
bárbaro e hediondo".
Segundo disseram fontes à Al
Jazeera, as Forças de Defesa de Israel (FDI) assassinaram ao menos 71
palestinos, incluindo crianças, na Faixa de Gaza.
Em 9 de novembro,
um dirigente palestino informou à emissora Al Mayadeen que os braços políticos do
Hamas e do Fatah estavam em tratativas no Cairo, Egito, para chegar a um acordo sobre a
gestão da Faixa de Gaza.
<><> Situação
em Gaza
Em 7 de outubro de
2023, Israel sofreu um ataque de foguetes
sem precedentes da Faixa de Gaza. Além disso, combatentes do Hamas se
infiltraram nas áreas de fronteira, abriram fogo contra militares e civis e
fizeram reféns. Autoridades israelenses dizem que cerca de 1,2 mil pessoas
foram mortas.
Em resposta, as FDI
lançaram a operação Espadas de Ferro e anunciaram o bloqueio completo do
enclave. O número de mortos na sequência dos ataques israelenses já
ultrapassou os 44,2 mil na Faixa de Gaza, de acordo com autoridades de saúde
locais.
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ONU: Síria tem mais
de 1 milhão de pessoas deslocadas desde início de hostilidades em novembro
Pelo menos 1,1
milhão de pessoas foram deslocadas na Síria desde as hostilidades no país em 27
de novembro, a maioria mulheres e crianças, informou nesta quinta-feira (12) o
Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês),
da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Quase 640 mil
pessoas fugiram de Aleppo, 334 mil de Idlib e 136 mil de Hama", informou o
OCHA em comunicado.
A oposição armada
síria tomou
a capital Damasco, no último domingo (8). Autoridades russas disseram
que o presidente sírio, Bashar al-Assad, renunciou após negociações com
participantes do conflito sírio e deixou a Síria com
destino à Rússia,
onde recebeu asilo.
Mohammed al-Bashir,
que comandou na cidade de Idlib o grupo salafita Hayat Tahrir
al-Sham e outros grupos de oposição, foi nomeado primeiro-ministro
interino na terça-feira (10).
Em menos de duas
semanas, a oposição armada síria ocupou as principais cidades do país,
Aleppo, Hama, Homs, e a capital, Damasco.
<><> Entenda
o processo até a queda do governo Assad
Após 13 anos de
guerra civil, o governo da família Assad, iniciado por Hafez
al-Assad em 1971 e mantido por seu filho Bashar al-Assad a
partir de 2000, caiu. O país, que já foi um dos mais ricos do Oriente Médio,
está passando por mudanças sem precedentes.
As origens da queda
do governo de Assad remontam aos protestos da Primavera Árabe, em 2011.
Inicialmente reprimidos pelo governo, os manifestantes fizeram uma revolta
armada, envolvendo diferentes grupos religiosos, que culminou em
uma guerra civil.
Após a entrada
da Rússia no conflito, em 2015, com o intuito de eliminar os terroristas do
Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) e
seus aliados, o conflito se estabilizou.
A entrada russa permitiu ao
governo sírio reconquistar territórios, como a cidade de Aleppo. A
recuperação governista motivou um acordo de cessar-fogo em
2016, mediado pela Rússia, Turquia e Irã.
Mudanças no
tabuleiro geopolítico, como o início da operação especial russa contra as
forças neonazistas na Ucrânia, a recusa de Assad em
repatriar 3,5 milhões de refugiados em solo turco e os ataques
israelenses contra o Irã e seus aliados, abriram uma brecha para uma nova
ofensiva da oposição armada síria, formada por diferentes grupos contrários ao
governo.
Os primeiros
ataques partiram da parte noroeste do país, sendo liderados principalmente pelo
movimento Tahrir al-Sham, que se estabeleceu como Governo de Salvação
Sírio. Nessa frente também atuou o Exército Nacional Sírio, grupo
financiado pela Turquia.
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Por que Israel
agora busca destruir as capacidades de defesa aérea da Síria?
A destruição das
defesas aéreas da Síria por ataques aéreos israelenses pouco afeta a segurança
do Irã, afirma o especialista militar russo Yuri Lyamin, do Centro de Análise
de Estratégias e Tecnologias, em entrevista à Sputnik.
Durante
o governo de Bashar al-Assad, as capacidades de defesa aérea sírias
serviam como sistema de alerta precoce para o Irã e ajudavam a manter a força
aérea israelense sob controle, explica. O colapso da
República Árabe Síria privou
o Irã desse ativo.
"Deve-se
notar, no entanto, que a defesa aérea síria já foi enfraquecida pelos ataques
israelenses. Muitas estações de radar e sistemas de defesa aérea foram
destruídos nos últimos anos", observa Lyamin, apontando que as defesas
sírias não impediram o ataque israelense contra o Irã em 26 de outubro.
Segundo Lyamin, os
ataques israelenses à infraestrutura militar síria têm como objetivo
simplesmente enfraquecer a Síria, garantindo que
esta permaneça fraca, independentemente de quem acabe assumindo o poder no
país.
Com o Exército
sírio praticamente extinto e outros grupos armados no país sem defesas aéreas
adequadas, as aeronaves israelenses agora podem atacar qualquer alvo na
Síria com impunidade, observa.
Lyamin também
alerta que os relatos sobre o presidente eleito dos EUA, Donald Trump,
supostamente considerando ataques contra o Irã para evitar que
este desenvolva armas nucleares, podem não ser apenas uma tentativa de
pressionar Teerã.
Alguns dos
principais sítios nucleares do Irã estão escondidos tão profundamente no
subsolo, explica, que, mesmo sem considerar as armas nucleares, só poderiam ser
destruídos pelas "bombas mais poderosas" que apenas os bombardeiros
estratégicos dos EUA podem carregar.
<><> Situação
atual da Síria
A oposição armada
síria capturou a capital Damasco no último domingo (8). Autoridades
russas disseram que o presidente sírio Bashar al-Assad renunciou após
manter negociações com participantes do conflito sírio e deixou a Síria para
ir à Rússia,
onde recebeu asilo.
Mohammed al-Bashir
— que comandou uma administração baseada em Idlib, formada pelo grupo sunita
salafista Hay'at Tahrir al-Sham (Comitê da Libertação do Levante, em
tradução livre) e outros grupos de oposição — foi nomeado primeiro-ministro
interino na terça-feira (10).
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Tropas ocidentais não
podem garantir cessar-fogo na Ucrânia, opina especialista militar
As tropas europeias
ou norte-americanas não podem atuar como garantidoras de um cessar-fogo na
Ucrânia, caso seja estabelecido, pois esses países realizaram ações hostis
contra a Rússia, disse à Sputnik o chefe do Centro de Estudos de Conflitos
Militares e Políticos, Andrei Klintsevich.
O jornal The Wall
Street Journal informou anteriormente
que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, quer a presença de tropas
europeias na Ucrânia, onde supostamente vão supervisionar a manutenção de um
cessar-fogo, mas as próprias tropas dos EUA não vão estar envolvidas.
"Em primeiro
lugar, essas devem ser forças nas quais a Rússia confia. Não podem ser
representantes do lado que era de fato nosso inimigo, que fornecia armas
[à Ucrânia], inteligência e, em geral, seus oficiais estavam nos
quartéis-generais [das forças ucranianas]", acredita Klintsevich.
Ao mesmo tempo, o
especialista observou que há uma possibilidade de enviar um contingente
de terceiros países para a Ucrânia, mas ainda não está claro como a linha de demarcação seria
traçada.
"Não descarto
que possa ser algum tipo de contingente multinacional, mas dos países com os
quais temos relações mais ou menos normais. É pouco provável que sejam
americanos e europeus", disse.
Klintsevich opinou
que podem ser os países-membros da Organização do Tratado de Segurança Coletiva
(OTSC), formada de algumas ex-repúblicas soviéticas, ou da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN), como a Turquia, com quem a Rússia tem boas
relações.
De acordo com o
analista, os Estados Unidos podem estar pressionando os países
europeus a enviar seus contingentes para a Ucrânia.
Em sua opinião, em
troca disso, Washington enviará mais tropas para a Europa, ocupando de
fato os países onde as bases serão instaladas.
O Kremlin, por sua
vez, já advertiu anteriormente que a instalação de contingentes militares
estrangeiros na Ucrânia vai ter consequências
extremamente negativas, inclusive irreversíveis.
Fonte: DW
Brasil/Sputnik Brasil
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