sábado, 14 de dezembro de 2024

Entidades de memória do Holocausto abandonam o X

Sob o lema "nem uma palavra a mais", várias organizações educacionais e de pesquisa sobre o massacre de judeus na 2ª Guerra estão simultaneamente dando as costas à rede social do bilionário Elon Musk.

Diversas instituições e indivíduos envolvidos na educação, memória e pesquisa sobre o Holocausto silenciaram suas contas na rede social X nesta sexta-feira (13/12), em adesão a um êxodo contínuo da plataforma do bilionário Elon Musk, que virou conselheiro político do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

As saídas coordenadas são parte de uma iniciativa chamada "Nem uma palavra a mais", organizada pela Associação de Refugiados Judeus (AJR), uma organização sem fins lucrativos sediada no Reino Unido que fornece serviços de assistência social a refugiados e sobreviventes do Holocausto, bem como educação sobre o massacre de judeus ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial.

Em comunicado, a AJR lamentou as mudanças que ocorreram na plataforma anteriormente chamada de Twitter desde a aquisição por Musk, em outubro de 2022.

"Desinformação, distorções e abusos floresceram enquanto medidas de segurança e moderação de conteúdo praticamente desapareceram", diz a entidade. "Enquanto isso, como empresa, a X depende do nosso conteúdo para manter seus usuários engajados. Mais engajamento significa mais receita de publicidade. Em termos mais simples, o X lucra com a nossa presença, lucra com cada palavra que postamos. Diremos, portanto, nenhuma palavra a mais."

Em 12 de dezembro, aderiram à iniciativa 18 organizações relacionadas ao Holocausto e 21 indivíduos envolvidos em pesquisas e trabalhos escritos sobre o massacre, principalmente no Reino Unido e na Alemanha. Os participantes também se comprometeram a apoiar os conteúdos uns dos outros em outras plataformas de mídia social.

Os apoiadores da iniciativa se juntam a jornais, equipes de futebol, principais organizações sem fins lucrativos e indivíduos que estão trocando o X por outras alternativas. Um número significativo de usuários desativou suas contas na rede após a reeleição de Donald Trump, em 6 de novembro.

·                                      Decisão maturada

A decisão da AJR de deixar o X evoluiu no período de um ano, e não como resultado de um ponto de inflexão, explicou Alex Maws, chefe de educação e patrimônio da associação. Um momento crucial, no entanto, foi quando Musk compartilhou na rede seu endosso da teoria da "grande substituição" – uma teoria racista e antissemita bastante disseminada entre extremistas de direita e supremacistas brancos.

"Isso chamou a atenção de muitas pessoas... vendo [como] isso era, na verdade, apenas um exemplo de [como] o site era uma plataforma que não apenas tolerava abuso e desinformação, mas [...] parecia estar promovendo isso, empurrando para pessoas que não estavam procurando por nada disso", disse Maws à DW, destacando que ninguém sabe como de fato funciona o algoritmo do X.

Maws e o AJR perceberam que a desinformação e os numerosos abusos no X passaram a superar o benefício de tentar alcançar e educar o público na plataforma. Ele então decidiu compartilhar a decisão de deixar o X e entrou em contato com uma rede de profissionais na sua área para "encorajar outros a fazer algo que pode parecer um pouco arriscado no ambiente de comunicação de hoje".

Mesmo sendo acusado por vários indivíduos de promover uma "campanha política" e uma "conspiração de esquerda", Maws ressaltou que a campanha não tem nada a ver com as políticas de Musk.

"É muito importante dizer que o antissemitismo não conhece um lar político permanente", disse. "Isso realmente não tem nada a ver com o alinhamento de Musk com o presidente eleito Trump. Provavelmente, há executivos corporativos com os quais muitos de nós discordamos em todo o setor corporativo, mas não necessariamente nos desligamos de seus produtos ou plataformas, porque essas visões não necessariamente exercem impacto sobre elas."

·        Adesões também na Alemanha

A iniciativa da AJR repercutiu na Casa da Conferência de Wannsee (GHWK), nos subúrbios do sudoeste de Berlim, que também resolveu aderir. Hoje um centro educacional e de memória do Holocausto, a vila foi sediou em janeiro de 1942 uma conferência de autoridades políticas e militares nazistas onde foi discutida a implementação da chamada "solução final" – a deportação e assassinato patrocinados pelo Estado de judeus em toda a Europa.

Os administradores do local já falavam há cerca de um ano sobre deixar o X. Eles vinham usado a plataforma Bluesky, uma alternativa bastante popular ao X desde outubro passado.

"Nós realmente não precisaríamos de uma campanha ou de uma convocação [para sair do X]", disse Eike Stegen, o encarregado de relações com a imprensa da GHWK. "Chegamos a um ponto em nossas discussões internas em que dissemos que queríamos deixar a plataforma. Mas, queríamos participar de uma campanha ou de uma convocação porque visámos motivar o maior número possível de outras contas em nossa área a deixar a plataforma conosco."

A iniciativa da AJR é, na verdade, a segunda campanha de saída do X à qual o GHWK aderiu. Em 2 de dezembro, a entidade anunciou que iria integrar uma campanha organizada na Alemanha chamada #eXit.

Stegen está confiante de que eles conseguirão atingir um bom público em plataformas alternativas. "Mas, mesmo que esse não seja o caso e percamos alguma ressonância, achamos que vale a pena", disse.

·        Responsabilidade para com sobreviventes e descendentes

Stegen gostaria de ver um alcance internacional da iniciativa, já que, como ele explicou, "as plataformas de mídia social dependem da criação de um ambiente social onde você pode ser ouvido e se comunicar com os outros".

Maws deixou claro que não julga ninguém por continuar no X. "Pessoas e organizações precisam tomar essas decisões com base em seus próprios objetivos estratégicos, e se estar no X ainda atende a esses objetivos, então ótimo", afirmou.

Para a AJR, entidade fundada por refugiados e sobreviventes do Holocausto, trata-se de uma questão de responsabilidade. Gostariam os fundadores e seus descendentes que nós compartilhemos sua história e seu legado "em um site que estava aparentemente, como parte de seu modelo de negócios – como um recurso, não um bug – promovendo antissemitismo, desinformação, distorções sobre o Holocausto e ódio de forma mais geral? Parece que, simplesmente, não é apropriado para uma instituição de caridade como a nossa contribuir para esse ambiente", diz a nota da entidade.

 

¨         'Massacre bárbaro e hediondo': Israel assassina mais de 70 palestinos, incluindo crianças, em Gaza

O gabinete de imprensa do governo de Gaza afirmou, nesta quinta-feira (12), que Israel matou pelo menos 33 pessoas no campo de refugiados de Nuseirat, um "massacre bárbaro e hediondo".

Segundo disseram fontes à Al Jazeera, as Forças de Defesa de Israel (FDI) assassinaram ao menos 71 palestinos, incluindo crianças, na Faixa de Gaza.

Em 9 de novembro, um dirigente palestino informou à emissora Al Mayadeen que os braços políticos do Hamas e do Fatah estavam em tratativas no Cairo, Egito, para chegar a um acordo sobre a gestão da Faixa de Gaza.

<><> Situação em Gaza

Em 7 de outubro de 2023, Israel sofreu um ataque de foguetes sem precedentes da Faixa de Gaza. Além disso, combatentes do Hamas se infiltraram nas áreas de fronteira, abriram fogo contra militares e civis e fizeram reféns. Autoridades israelenses dizem que cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas.

Em resposta, as FDI lançaram a operação Espadas de Ferro e anunciaram o bloqueio completo do enclave. O número de mortos na sequência dos ataques israelenses já ultrapassou os 44,2 mil na Faixa de Gaza, de acordo com autoridades de saúde locais.

¨         ONU: Síria tem mais de 1 milhão de pessoas deslocadas desde início de hostilidades em novembro

Pelo menos 1,1 milhão de pessoas foram deslocadas na Síria desde as hostilidades no país em 27 de novembro, a maioria mulheres e crianças, informou nesta quinta-feira (12) o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Quase 640 mil pessoas fugiram de Aleppo, 334 mil de Idlib e 136 mil de Hama", informou o OCHA em comunicado.

oposição armada síria tomou a capital Damasco, no último domingo (8). Autoridades russas disseram que o presidente sírio, Bashar al-Assad, renunciou após negociações com participantes do conflito sírio e deixou a Síria com destino à Rússia, onde recebeu asilo.

Mohammed al-Bashir, que comandou na cidade de Idlib o grupo salafita Hayat Tahrir al-Sham e outros grupos de oposição, foi nomeado primeiro-ministro interino na terça-feira (10).

Em menos de duas semanas, a oposição armada síria ocupou as principais cidades do país, Aleppo, Hama, Homs, e a capital, Damasco.

<><> Entenda o processo até a queda do governo Assad

Após 13 anos de guerra civil, o governo da família Assad, iniciado por Hafez al-Assad em 1971 e mantido por seu filho Bashar al-Assad a partir de 2000, caiu. O país, que já foi um dos mais ricos do Oriente Médio, está passando por mudanças sem precedentes.

As origens da queda do governo de Assad remontam aos protestos da Primavera Árabe, em 2011. Inicialmente reprimidos pelo governo, os manifestantes fizeram uma revolta armada, envolvendo diferentes grupos religiosos, que culminou em uma guerra civil.

Após a entrada da Rússia no conflito, em 2015, com o intuito de eliminar os terroristas do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) e seus aliados, o conflito se estabilizou.

A entrada russa permitiu ao governo sírio reconquistar territórios, como a cidade de Aleppo. A recuperação governista motivou um acordo de cessar-fogo em 2016, mediado pela Rússia, Turquia e Irã.

Mudanças no tabuleiro geopolítico, como o início da operação especial russa contra as forças neonazistas na Ucrânia, a recusa de Assad em repatriar 3,5 milhões de refugiados em solo turco e os ataques israelenses contra o Irã e seus aliados, abriram uma brecha para uma nova ofensiva da oposição armada síria, formada por diferentes grupos contrários ao governo.

Os primeiros ataques partiram da parte noroeste do país, sendo liderados principalmente pelo movimento Tahrir al-Sham, que se estabeleceu como Governo de Salvação Sírio. Nessa frente também atuou o Exército Nacional Sírio, grupo financiado pela Turquia.

¨         Por que Israel agora busca destruir as capacidades de defesa aérea da Síria?

A destruição das defesas aéreas da Síria por ataques aéreos israelenses pouco afeta a segurança do Irã, afirma o especialista militar russo Yuri Lyamin, do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, em entrevista à Sputnik.

Durante o governo de Bashar al-Assad, as capacidades de defesa aérea sírias serviam como sistema de alerta precoce para o Irã e ajudavam a manter a força aérea israelense sob controle, explica. O colapso da República Árabe Síria privou o Irã desse ativo.

"Deve-se notar, no entanto, que a defesa aérea síria já foi enfraquecida pelos ataques israelenses. Muitas estações de radar e sistemas de defesa aérea foram destruídos nos últimos anos", observa Lyamin, apontando que as defesas sírias não impediram o ataque israelense contra o Irã em 26 de outubro.

Segundo Lyamin, os ataques israelenses à infraestrutura militar síria têm como objetivo simplesmente enfraquecer a Síria, garantindo que esta permaneça fraca, independentemente de quem acabe assumindo o poder no país.

Com o Exército sírio praticamente extinto e outros grupos armados no país sem defesas aéreas adequadas, as aeronaves israelenses agora podem atacar qualquer alvo na Síria com impunidade, observa.

Lyamin também alerta que os relatos sobre o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, supostamente considerando ataques contra o Irã para evitar que este desenvolva armas nucleares, podem não ser apenas uma tentativa de pressionar Teerã.

Alguns dos principais sítios nucleares do Irã estão escondidos tão profundamente no subsolo, explica, que, mesmo sem considerar as armas nucleares, só poderiam ser destruídos pelas "bombas mais poderosas" que apenas os bombardeiros estratégicos dos EUA podem carregar.

<><> Situação atual da Síria

A oposição armada síria capturou a capital Damasco no último domingo (8). Autoridades russas disseram que o presidente sírio Bashar al-Assad renunciou após manter negociações com participantes do conflito sírio e deixou a Síria para ir à Rússia, onde recebeu asilo.

Mohammed al-Bashir — que comandou uma administração baseada em Idlib, formada pelo grupo sunita salafista Hay'at Tahrir al-Sham (Comitê da Libertação do Levante, em tradução livre) e outros grupos de oposição — foi nomeado primeiro-ministro interino na terça-feira (10).

 

¨         Tropas ocidentais não podem garantir cessar-fogo na Ucrânia, opina especialista militar

As tropas europeias ou norte-americanas não podem atuar como garantidoras de um cessar-fogo na Ucrânia, caso seja estabelecido, pois esses países realizaram ações hostis contra a Rússia, disse à Sputnik o chefe do Centro de Estudos de Conflitos Militares e Políticos, Andrei Klintsevich.

O jornal The Wall Street Journal informou anteriormente que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, quer a presença de tropas europeias na Ucrânia, onde supostamente vão supervisionar a manutenção de um cessar-fogo, mas as próprias tropas dos EUA não vão estar envolvidas.

"Em primeiro lugar, essas devem ser forças nas quais a Rússia confia. Não podem ser representantes do lado que era de fato nosso inimigo, que fornecia armas [à Ucrânia], inteligência e, em geral, seus oficiais estavam nos quartéis-generais [das forças ucranianas]", acredita Klintsevich.

Ao mesmo tempo, o especialista observou que há uma possibilidade de enviar um contingente de terceiros países para a Ucrânia, mas ainda não está claro como a linha de demarcação seria traçada.

"Não descarto que possa ser algum tipo de contingente multinacional, mas dos países com os quais temos relações mais ou menos normais. É pouco provável que sejam americanos e europeus", disse.

Klintsevich opinou que podem ser os países-membros da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), formada de algumas ex-repúblicas soviéticas, ou da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), como a Turquia, com quem a Rússia tem boas relações.

De acordo com o analista, os Estados Unidos podem estar pressionando os países europeus a enviar seus contingentes para a Ucrânia.

Em sua opinião, em troca disso, Washington enviará mais tropas para a Europa, ocupando de fato os países onde as bases serão instaladas.

O Kremlin, por sua vez, já advertiu anteriormente que a instalação de contingentes militares estrangeiros na Ucrânia vai ter consequências extremamente negativas, inclusive irreversíveis.

 

Fonte: DW Brasil/Sputnik Brasil

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