segunda-feira, 17 de junho de 2024

Vale a pena ler a Bíblia, que tem pileque nudista, incestos e até ursas assassinas

Poucas leituras são tão animadas quanto a da Bíblia, e eu posso provar. Não precisa ser nenhum devoto do cristianismo para se fascinar com passagens como a de Gênesis, que narra como Noé tomou um porre de vinho e ficou peladão na tenda. Seu caçula, Cam, flagrou o pileque nudista e contou aos irmãos. E aí Noé foi lá e amaldiçoou um neto que não tinha nada a ver com isso, Canaã, filho do X9.

O Antigo Testamento é farto em histórias que soam insólitas a quem teve pouco ou nenhum contato com a Bíblia. Gosto desta: o profeta Eliseu, enfurecido por ser chamado de careca, solta uma maldição em nome de Deus contra uns rapazes. “Então duas ursas saíram do bosque e despedaçaram 42 daqueles meninos”, diz o Livro dos Reis.

FIGUEIRA SEM FRUTOS

Já Jesus condenou à danação uma figueira. Estava com fome e viu a árvore sem nenhum figo para contar história. O messias então a amaldiçoa para que nunca mais dê fruto. Tudo acontece pouco antes de o filho de Deus subir nas tamancas contra os vendilhões do templo. Detalhe: não era temporada de figos.

Tem aquela outra em que Jacó veste pele de cabrito para se passar por Esaú, o irmão peludão, diante do pai cego. O Tony Ramos da dupla perde o direito de primogenitura após Jacó enganar o velho — ele veio à luz depois do gêmeo, a quem segurou pelos calcanhares ao sair do ventre. As nações que descendem dos irmãos ficam assim fadadas ao conflito.

Há personagens menos mainstream que rendem cenas memoráveis, como a jumenta que apanha três vezes de Balaão. Deus faz o animal falar só para passar um pito no profeta: a pobre coitada só estava tentando protegê-lo de um anjo com uma espada que tentava impedir o homem de seguir caminho.

TRANSAÇÕES SEXUAIS

Também estão nas Escrituras histórias de casais incestuosos, como os irmãos Abraão e Sara, ou Ló transando com duas filhas (não ao mesmo tempo), após ser embebedado por elas.

Para não dizer que de tédio ninguém morre ali, o Livro de Atos de Apóstolos relata a triste sina do jovem que, apoiado na janela, desaba do terceiro andar ao cair no sono ouvindo “o extenso discurso de Paulo”.

A Bíblia fala até sobre cocô. Em Deuteronômio, Moisés orienta seu povo a evacuar longe do acampamento e levar uma pá para enterrar as fezes.

ALEGORIAS E LIÇÕES

A exegese bíblica pode extrair de cada versículo alegorias e lições. O que me intriga é o leitor fundamentalista. Ou seja, quem toma ao pé da letra tudo o que vem dali, o que muitas vezes acaba sendo usado para justificar o injustificável, como a intolerância com os LGBTQIA+.

Levítico sugere que morra o homem que deitar com outro, ato dito abominável. O mesmo livro fala sobre não tocar mulheres menstruadas, misturar tecidos diferentes na mesma roupa nem comer animais marinhos que não têm barbatanas ou escamas —adeus, camarão.

Se no princípio é o verbo, a interpretação de texto pode ser o fim da picada.

REPUGNANTE

Dentre tantos horrores existem muitos descritos na bíblia com um requinte de crueldade e uma delas se encontra em Jeremias onde deus promete se vingar do seu povo E lhes farei comer a carne de seus filhos, e a carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu próximo, no cerco e no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que procuram tirar-lhes a vida. Jeremias 19;9, uma passagem que mostra o lado mais sombrio e tenebroso do deus bíblico,onde um deus descrito como o próprio amor foi capaz de prometer que iria fazer seu povo comer uns aos outros. É algo sem sombras de dúvidas extremamente assombroso.

 

•           Tudo na Bíblia deve ser interpretado literalmente, ou algumas partes são metáforas?

A Bíblia explica a si mesma e quando o texto é literal então é literal com detalhes de lugar geográfico, data (mês ou ano do calendário hebraico, ou período dinástico) e objetividade.

Quando temos textos proféticos eles costumam sim lançar mão de artifícios simbólicos como os animais da visão de Daniel, as bestas e o dragão do Apocalipse, etc para aludir a reinos.

Na Bíblia, em textos proféticos, mulher costuma significar igreja ou povo de Deus. Prostituta costuma significar povo ímpio ou falsa igreja pois prostituição aludi a idolatria e/ou infidelidade da pessoa ou nação em questão para com Deus. Esses termos aplicados simbolicamente não ocorrem com indivíduos mas com reinos ou nações quando Deus lhes profere oráculos e fica óbvia a alegoria.

Animais simbolizam reinos, chifres são reis, mar é o mundo, ilhas são nações e por aí vai quando o contexto é muito maior do que uma única pessoa.

Esse tipo de diferenciação se torna fácil quando se habitua a ler a Bíblia necessitando fundamentalmente, no entanto, do auxílio do Espírito Santo na interpretação das Escrituras pois o intelecto humano sem a iluminação de Deus é capaz de extrair conclusões precipitadas das Escrituras como no caso de pessoas que lêem a Bíblia e até chegam a "conclusões bíblicas" que contrariam a própria Bíblia como no caso de quoranos que se dizem cristãos e eu já os li divulgando aqui que, supostamente de acordo com a Bíblia, o Diabo não existe, Adão e Eva foi um mito, a Bíblia apóia a tese da reencarnação, que Jesus vai voltar ao mundo em carne de novo, que Jesus não é Deus e mais um monte de absurdos antibíblicos que pessoas que entenderam superficialmente a Bíblia concluem, acreditam e saem espalhando.

Tudo na Bíblia não deve ser interpretado literalmente não porque não tenha valor literal mas porque o próprio texto fornece os indícios de quando se trata de uma descrição objetiva e quando se trata de uma descrição simbólica.

 

•           A bíblia foi escrita por Deus ou são palavras humanas?

Pessoas obviamente.

E aí reside o problema. Mesmo porque foi escrita por pessoas, então vale o que vale.

Atualmente ainda há Bíblias a serem imprimidas, e não é por obra do Espírito Santo, mas sim por obra da máquina de impressão.

Até que o que conheces como a Bíblia nada mais é que contos na segunda pessoa, de pessoas que aparentemente conheciam um dos apóstolos de Jesus. E até partes tiradas de outras culturas. Mas haver um evangelho realmente escrito pelos próprios, podes esquecer.

Até tens o famoso Concílio de Laodiceia, formado no século 4 na atual Turquia. Onde algo como 30 clérigos decidiram sobre a divindade de Jesus, e que textos incluir ou excluir.

Logo a Bíblia é uma fabricação completamente humana com nada de divino nela.

Não mais importante que o "Livro dos Mortos" os "Textos das Pirâmides" e os "Textos dos Sarcófagos". Ou até mesmo os Vedas (Rigveda, Samaveda, Yajurveda, e Atharvaveda), os Upanishads, o Mahabharata, o Ramayana e os Puranas.

Tudo escrito por mãos humanas e mentes humanas. Com nada de sobrenatural neles ou sequer divino.

É um tanto como perguntar se o Silmarillion foi escrito por Eru Ilúvatar.

 

•           Por que os dinossauros não são mencionados na Bíblia?

A bíblia é uma literatura tardia se comparada aos textos cuneiformes dos Sumérios. Agora, se compararmos a existência dos Sumérios em relação aos dinossauros, a coisa "piora", isso, certamente, quando aplicamos uma linearidade temporal teórica, isto é, com as informações que temos disponíveis nos livros e, também, na internet, para saciarmos nossa curiosidade.

Podemos fazer uma comparação simplista, mas que se encaixa na premissa ;

•           Estima-se que eles, os dinossauros, tenham se extinguido há 65 milhões de anos.

•           Os Sumérios eram um povo que se estabeleceu na Mesopotâmia a partir de 5000 a.EC.

•           Alguns teóricos especulam sobre a idade dos Egípcios em torno de 12 ou até 15 mil anos, mas sem comprovações robustas.

Nessa lacuna entre 65 milhões e o surgimento da primeira comunidade complexa da Mesopotâmia, os Sumérios, houve vários processos evolutivos, geográficos e catastróficos e, depois disso, um longo processo até a invenção da escrita.

Portanto, quais as chances deles terem alguma noção sobre os dinossauros, sem uma ciência teórica, prática e, sobretudo, instrumentalmente eficiente e sofisticada, que pudesse fornecer a eles (aos Sumérios e aos demais povos antigos) insumos para uma dedução sóbria sobre esses grande animais pré-históricos?

Dessa forma, para essas sociedades antigas, mas infinitamente distantes temporalmente, quando comparadas com a era pré-histórica, fica claro que, Tiamat, Leviatã, Marduk, Behemoth e tantos outros personagens mitológicos, que muitas vezes, assimilados como uma experiência de contato com algum dinossauro, não passa de uma mente criativa construindo enredos com base na religião na fauna e na flora presentes naquele tempo.

 

Fonte: FolhaPress/Quora

 

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