Pausas em
combates na Faixa de Gaza anunciada pelo FDI desagradam governo Netanyahu
Neste
domingo (16), as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram a implementação de
uma "pausa tática da atividade militar" diária ao longo de uma
estrada importante no sul da Faixa de Gaza, a fim de permitir maior entrega de
ajuda humanitária.
A
pausa deverá ocorrer entre 08h00 e 19h00 (horário local), todos os dias, ao
longo de uma estrada que vai da fronteira de Kerem Shalom com Israel até a
estrada Salah ad-Din, na periferia leste de Rafah, e depois ao norte, em
direção à área de Khan Yunis, relata o The Times of Israel.
As
FDI disseram que a pausa foi implementada pela primeira vez nesse sábado (15).
No
entanto, os militares afirmaram em um comunicado separado "que não há
suspensão dos combates no sul da Faixa de Gaza e que os combates em Rafah
continuam".
Contudo,
mesmo assim, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu contactou o seu secretário
militar e "deixou claro que isso não é aceitável para ele", disse uma
fonte diplomática à mídia.
O
ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, disse que quem decidiu tal
política é um "tolo que não deveria continuar em sua posição":
"Infelizmente, esta medida não foi apresentada ao gabinete [de Segurança
Nacional] e é contrária às suas decisões [...]", afirmou o ministro,
citado pelo jornal.
"Após
um inquérito, o primeiro-ministro foi informado de que não houve mudança na
política das FDI e que os combates em Rafah continuam conforme planeado",
acrescentou a fonte diplomática.
À
medida que a situação humanitária no enclave palestino se deteriora, com mais
de 38 mil mortos e condições de fome que atingiram níveis imensuráveis, de
acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), Israel enfrentou uma pressão
internacional crescente para acelerar a transferência de abastecimentos para o
enclave.
Resposta
à proposta de cessar-fogo em Gaza é 'consistente', diz Hamas
A
resposta do Hamas à última proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza é
consistente com os princípios apresentados no plano do presidente dos Estados
Unidos, Joe Biden, disse o líder do grupo baseado no Catar, Ismail Haniyeh, em
um discurso televisionado neste domingo (16).
"O
Hamas e os grupos [palestinos] estão prontos para um acordo abrangente que
implique um cessar-fogo, a retirada da faixa, a reconstrução do que foi
destruído e um acordo de troca abrangente", disse Haniyeh, referindo-se à
troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos segundo a Reuters.
Em
31 de maio, Biden apresentou o que chamou de proposta israelense "em três
fases" que incluiria negociações para um cessar-fogo permanente, bem como
trocas faseadas de reféns israelenses por prisioneiros palestinos detidos em
Israel.
O
Egito e o Catar afirmaram em 11 de junho terem recebido uma resposta dos grupos
palestinos ao plano dos EUA, sem dar mais detalhes.
Embora
Tel Aviv tenha dito que o Hamas rejeitou elementos-chave do plano dos EUA, um
importante líder do Hamas disse à Reuters que as mudanças solicitadas pelo
grupo "não eram significativas".
¨
Por que 'pausa'
militar em Gaza gerou divisões em Israel
Quando
é que um cessar-fogo não é um
cessar-fogo? Segundo o exército israelense, quando se trata de uma "pausa
local e tática da atividade militar para fins humanitários".
O
coordenador de ajuda humanitária de Israel para Gaza divulgou os detalhes da pausa diária
programada nos combates, que vai acontecer entre 8h e 19h, no horário local, ao
longo de uma rota importante que segue para norte a partir do ponto de passagem
de Kerem Shalom — onde os suprimentos aguardam sinal verde para serem
entregues.
O
anúncio desencadeou quase imediatamente um furioso ataque político por parte de
ministros mais radicais que integram o governo — e uma rápida defesa do exército de Israel, que
insiste que a medida não indica o fim dos combates no sul de Gaza, ou qualquer
alteração na entrada de ajuda humanitária.
O
fato de este anúncio ter se revelado tão explosivo realça a situação cada vez
mais tensa do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que se
encontra numa encruzilhada.
De
um lado, estão os custos dos vagos — e até agora inatingíveis — objetivos de
desmantelar o Hamas e trazer para casa os reféns. Do
outro, os aliados políticos de quem depende para permanecer no poder.
As
agências ainda precisarão acertar os processos com o exército israelense. O
diretor do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas em Gaza, Matt
Hollingworth, disse que os testes mostrarão se essa coordenação se tornaria
mais suave e rápida a partir de agora.
Mas
ele também entende que a coordenação é apenas uma parte dos obstáculos
enfrentados pelas agências que tentam levar ajuda a Gaza.
Segundo
ele, o anúncio da pausa "não resolve a questão da insegurança e da
criminalidade".
"E
esta é a área mais perigosa da Faixa de Gaza neste momento para a movimentação
de ajuda humanitária", complementa Hollingworth.
As
agências informaram no fim de semana que a guerra contínua gera desnutrição
aguda em algumas partes de Gaza.
Israel
está sob pressão — de organizações, de aliados e do próprio Tribunal Superior
do país — para garantir mais ajuda a Gaza.
Mas
Netanyahu enfrenta forte oposição de dois colegas de gabinete, que dizem que
derrubarão o governo se ele concordar em acabar com a guerra. Ambos consideram
que a entrega de ajuda atrasa a vitória de Israel.
Eles
reagiram furiosamente ao anúncio de pausa feito neste domingo (16/6). O
Ministro da Segurança Interna, Itamar Ben-Gvir, classificou "quem tomou
esta decisão" como "malvado" e "um tolo".
Já
o Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse que a ajuda humanitária
permite manter o Hamas no poder e corre o risco de levar "as conquistas da
guerra pelo ralo".
O
fato de o exército poder emitir esta mensagem num dia em que Israel enterrava
onze dos seus soldados, disse Smotrich, era um sintoma de que a liderança dá
demasiado peso à opinião internacional e não considera suficiente a situação
das forças no terreno.
Os
dois políticos ameaçaram derrubar o governo de coligação de Netanyahu se ele
acabar com a guerra, como querem os Estados Unidos.
Mas
a pressão sobre os custos da guerra também aumenta. O conflito paralelo de
Israel com o Hezbollah no Líbano se intensificou nos últimos dias, realçando os
riscos mais amplos de continuar a guerra com o Hamas.
Na
noite de sábado (15/6), grandes multidões protestaram em Tel Aviv. As pessoas
pediam que Netanyahu colocasse um fim ao conflito em Gaza e assinasse um acordo
para trazer os 120 reféns israelenses de volta.
Os
funerais de onze soldados, mortos em Gaza no fim de semana, colocam de novo o
foco nos questionamentos sobre se os objetivos de guerra declarados pelo
primeiro-ministro podem ser alcançados de fato.
Netanyahu
prometeu uma "vitória total" contra o Hamas. Ele enquadrou a atual
operação em Rafah como um ataque aos últimos batalhões restantes do grupo em
Gaza — algo necessário para destruí-la, segundo a avaliação dele.
Mas
é claro que mesmo o desmantelamento do Hamas como organização militar
estruturada não significa o fim total do conflito.
As
forças israelenses ainda enfrentam operações de guerrilha levadas a cabo por
combatentes do Hamas em áreas que já estão teoricamente controladas.
E
não há sinais de que os principais líderes do grupo — como Yahya Sinwar e
Mohammed Deif — tenham sido mortos ou capturados.
Para
Netanyahu, o fim da guerra irá provavelmente trazer uma nova batalha pela
própria sobrevivência política do primeiro-ministro.
As
divisões reveladas entre o exército e os aliados políticos realçam as tensões
entre a retórica e a realidade nesta guerra.
Tensões
essas que Netanyahu enfrenta ao estar preso entre a promessa de "vitória
total" e a perspectiva de uma "guerra eterna".
¨
EUA provocaram as
crises na Ucrânia, Gaza e Taiwan, diz economista americano
Jeffrey
Sachs teceu duras críticas à política dos EUA, que vê como "ator
irresponsável" com suas ações na Ucrânia há anos, mas também em outros
lugares.
O
conflito na Ucrânia foi claramente provocado pelo Ocidente e sua continuação
representa o "fracasso absoluto" da diplomacia de Washington, disse
no sábado (15) o renomado economista norte-americano Jeffrey Sachs.
Falando
em uma entrevista com o jornalista Afshin Rattansi, Sachs, um dos maiores
especialistas em economias pós-soviéticas e ex-assessor especial do
secretário-geral da ONU, avaliou que o Ocidente poderia ter evitado facilmente
o conflito na Ucrânia, que já vinha se desenvolvendo há muitos anos, se tivesse
abandonado suas muitas políticas de escalada, incluindo a expansão da OTAN.
O
G7, disse o economista, e especialmente os EUA, cresceram "com uma grande
arrogância", acreditando que poderiam fazer o que quisessem. Essa
abordagem arrastou o mundo para duas grandes crises geopolíticas, como os
conflitos na Ucrânia e em Gaza, alimentando ao mesmo tempo as tensões entre
Pequim e Washington em relação a Taiwan. Os EUA são um "ator
irresponsável" em todos os três eventos, argumenta Sachs.
O
especialista também criticou os políticos e a mídia ocidentais por afirmarem
que a operação militar russa na Ucrânia não foi "provocada",
lembrando que ela foi precedida por inúmeras "provocações", incluindo
várias ondas de expansão da OTAN, o golpe de 2014 em Kiev apoiado por
Washington e o fracasso do Ocidente em pressionar a Ucrânia a implementar os
Acordos de Minsk.
Sachs
também sugeriu que o Ocidente poderia facilmente ter posto fim ao conflito
desde o início, já que Moscou e Kiev haviam elaborado um acordo de paz
preliminar durante as negociações na Turquia em 2022. No entanto, de acordo com
ele, Boris Johnson, então primeiro-ministro do Reino Unido, aconselhou Kiev a
não negociar.
"Foi
um conselho terrível e um erro de cálculo terrível, terrível", disse ele,
destacando que milhares de soldados ucranianos morreram como resultado dessa
decisão.
¨
“Operações de
espionagem direta” – Iêmen descobre rede de espionagem ligada aos USA e a
Israel
As
Forças de Segurança do Iêmen anunciaram na segunda-feira a descoberta de uma
grande rede de espionagem operada por agências de inteligência americanas e
israelenses, informou a rede de notícias libanesa Al-Mayadeen.
As
autoridades revelaram que a rede estava ativa em várias instituições no Iêmen
desde 2015.
<><>
Desestabilizando o Iêmen
Em
uma declaração televisionada, o major-general Abdul Hakim Hashem al-Khaiwani,
chefe do Serviço de Segurança e Inteligência, afirmou que “a rede exposta
coletou informações importantes em vários campos e conduziu operações de
espionagem direta para os serviços de inteligência do inimigo a fim de obter
informações confidenciais e soberanas”.
O
aparato de segurança informou que a rede coletou informações críticas em vários
setores e as transmitiu a serviços de inteligência hostis.
A
coleta de dados supostamente influenciava os tomadores de decisão,
infiltrava-se em agências estatais e recrutava funcionários dentro do governo
iemenita.
De
acordo com a declaração oficial, a rede de espionagem tinha como objetivo
desestabilizar a economia do Iêmen por meio de coleta de informações e
sabotagem.
Ela
também é acusada pelo Ansarallah de prejudicar o setor agrícola, aumentando as
infestações de pragas, o que impulsionou as importações agrícolas e aumentou a
dependência do Iêmen em relação aos países estrangeiros.
A
rede supostamente visava à saúde pública do Iêmen, disseminando doenças e
prejudicando o sistema educacional ao promover a corrupção moral.
Além
disso, de acordo com al-Khaiwani, a rede de espionagem forneceu inteligência
militar a agências americanas e israelenses para enfraquecer as forças de
segurança do Iêmen e diminuir sua capacidade.
A
declaração enfatizou que a rede apoiou a agressão contra o Iêmen ao fornecer
informações militares aos adversários, prejudicando assim o desenvolvimento
militar do país nos últimos anos. Sanaa anunciou que mais detalhes sobre a rede
e suas operações seriam divulgados nos próximos dias.
No
início deste ano, no começo de maio, membros da “célula Ammar Affash” – também
conhecida como o grupo de espionagem “Force 400” – foram presos pelos serviços
de segurança do Iêmen com o apoio do Ministério da Defesa. Liderado por Ammar
Affash, um espião há muito tempo procurado, o grupo foi acusado de espionar
para os Estados Unidos e Israel.
<><>
Monitoramento de locais militares
De
acordo com a Saba News Agency do Iêmen, os membros da célula foram recrutados
para coletar informações e monitorar locais pertencentes às Forças de Segurança
do Iêmen na costa oeste do país. Após o anúncio do Iêmen de operações de apoio
ao povo palestino e ações contra alvos israelenses nos mares Vermelho e Arábico
em meio à agressão dos EUA e do Reino Unido, foram detectados maiores esforços
de inteligência por parte dos inimigos do Iêmen.
O
Iêmen implementou com sucesso um cerco marítimo contra Israel, apesar das
várias tentativas dos EUA, do Reino Unido e de operações navais conjuntas para
acabar com ele. O Iêmen expandiu suas operações para atingir portos de ocupação
israelenses, navios israelenses e navios americanos e britânicos que visavam
impedir as operações do Iêmen.
As
operações de inteligência dirigidas contra o Iêmen por meio da Força 400 se
intensificaram depois que a inteligência dos EUA e do Reino Unido não conseguiu
descobrir os locais de lançamento do Iêmen usados para atingir Umm al-Rashrash
(Eilat) e navios de guerra dos EUA e do Reino Unido.
O
correspondente da Al Mayadeen em Sanaa relatou que os detalhes das atividades
da rede de inteligência seriam revelados gradualmente devido aos vários
arquivos com os quais ela lidava.
A
rede de inteligência apreendida teria sido diretamente ligada ao Mossad e aos
serviços de inteligência americanos e estava trabalhando em questões
estratégicas de longo prazo.
Fonte:
Sputnik Brasil/BBC News no Oriente Médio/A Nova Democracia
Nenhum comentário:
Postar um comentário