terça-feira, 18 de junho de 2024

Pausas em combates na Faixa de Gaza anunciada pelo FDI desagradam governo Netanyahu

Neste domingo (16), as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram a implementação de uma "pausa tática da atividade militar" diária ao longo de uma estrada importante no sul da Faixa de Gaza, a fim de permitir maior entrega de ajuda humanitária.

A pausa deverá ocorrer entre 08h00 e 19h00 (horário local), todos os dias, ao longo de uma estrada que vai da fronteira de Kerem Shalom com Israel até a estrada Salah ad-Din, na periferia leste de Rafah, e depois ao norte, em direção à área de Khan Yunis, relata o The Times of Israel.

As FDI disseram que a pausa foi implementada pela primeira vez nesse sábado (15).

No entanto, os militares afirmaram em um comunicado separado "que não há suspensão dos combates no sul da Faixa de Gaza e que os combates em Rafah continuam".

Contudo, mesmo assim, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu contactou o seu secretário militar e "deixou claro que isso não é aceitável para ele", disse uma fonte diplomática à mídia.

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, disse que quem decidiu tal política é um "tolo que não deveria continuar em sua posição": "Infelizmente, esta medida não foi apresentada ao gabinete [de Segurança Nacional] e é contrária às suas decisões [...]", afirmou o ministro, citado pelo jornal.

"Após um inquérito, o primeiro-ministro foi informado de que não houve mudança na política das FDI e que os combates em Rafah continuam conforme planeado", acrescentou a fonte diplomática.

À medida que a situação humanitária no enclave palestino se deteriora, com mais de 38 mil mortos e condições de fome que atingiram níveis imensuráveis, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), Israel enfrentou uma pressão internacional crescente para acelerar a transferência de abastecimentos para o enclave.

Resposta à proposta de cessar-fogo em Gaza é 'consistente', diz Hamas

A resposta do Hamas à última proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza é consistente com os princípios apresentados no plano do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse o líder do grupo baseado no Catar, Ismail Haniyeh, em um discurso televisionado neste domingo (16).

"O Hamas e os grupos [palestinos] estão prontos para um acordo abrangente que implique um cessar-fogo, a retirada da faixa, a reconstrução do que foi destruído e um acordo de troca abrangente", disse Haniyeh, referindo-se à troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos segundo a Reuters.

Em 31 de maio, Biden apresentou o que chamou de proposta israelense "em três fases" que incluiria negociações para um cessar-fogo permanente, bem como trocas faseadas de reféns israelenses por prisioneiros palestinos detidos em Israel.

O Egito e o Catar afirmaram em 11 de junho terem recebido uma resposta dos grupos palestinos ao plano dos EUA, sem dar mais detalhes.

Embora Tel Aviv tenha dito que o Hamas rejeitou elementos-chave do plano dos EUA, um importante líder do Hamas disse à Reuters que as mudanças solicitadas pelo grupo "não eram significativas".

 

¨      Por que 'pausa' militar em Gaza gerou divisões em Israel

Quando é que um cessar-fogo não é um cessar-fogo? Segundo o exército israelense, quando se trata de uma "pausa local e tática da atividade militar para fins humanitários".

O coordenador de ajuda humanitária de Israel para Gaza divulgou os detalhes da pausa diária programada nos combates, que vai acontecer entre 8h e 19h, no horário local, ao longo de uma rota importante que segue para norte a partir do ponto de passagem de Kerem Shalom — onde os suprimentos aguardam sinal verde para serem entregues.

O anúncio desencadeou quase imediatamente um furioso ataque político por parte de ministros mais radicais que integram o governo — e uma rápida defesa do exército de Israel, que insiste que a medida não indica o fim dos combates no sul de Gaza, ou qualquer alteração na entrada de ajuda humanitária.

O fato de este anúncio ter se revelado tão explosivo realça a situação cada vez mais tensa do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que se encontra numa encruzilhada.

De um lado, estão os custos dos vagos — e até agora inatingíveis — objetivos de desmantelar o Hamas e trazer para casa os reféns. Do outro, os aliados políticos de quem depende para permanecer no poder.

As agências ainda precisarão acertar os processos com o exército israelense. O diretor do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas em Gaza, Matt Hollingworth, disse que os testes mostrarão se essa coordenação se tornaria mais suave e rápida a partir de agora.

Mas ele também entende que a coordenação é apenas uma parte dos obstáculos enfrentados pelas agências que tentam levar ajuda a Gaza.

Segundo ele, o anúncio da pausa "não resolve a questão da insegurança e da criminalidade".

"E esta é a área mais perigosa da Faixa de Gaza neste momento para a movimentação de ajuda humanitária", complementa Hollingworth.

As agências informaram no fim de semana que a guerra contínua gera desnutrição aguda em algumas partes de Gaza.

Israel está sob pressão — de organizações, de aliados e do próprio Tribunal Superior do país — para garantir mais ajuda a Gaza.

Mas Netanyahu enfrenta forte oposição de dois colegas de gabinete, que dizem que derrubarão o governo se ele concordar em acabar com a guerra. Ambos consideram que a entrega de ajuda atrasa a vitória de Israel.

Eles reagiram furiosamente ao anúncio de pausa feito neste domingo (16/6). O Ministro da Segurança Interna, Itamar Ben-Gvir, classificou "quem tomou esta decisão" como "malvado" e "um tolo".

Já o Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse que a ajuda humanitária permite manter o Hamas no poder e corre o risco de levar "as conquistas da guerra pelo ralo".

O fato de o exército poder emitir esta mensagem num dia em que Israel enterrava onze dos seus soldados, disse Smotrich, era um sintoma de que a liderança dá demasiado peso à opinião internacional e não considera suficiente a situação das forças no terreno.

Os dois políticos ameaçaram derrubar o governo de coligação de Netanyahu se ele acabar com a guerra, como querem os Estados Unidos.

Mas a pressão sobre os custos da guerra também aumenta. O conflito paralelo de Israel com o Hezbollah no Líbano se intensificou nos últimos dias, realçando os riscos mais amplos de continuar a guerra com o Hamas.

Na noite de sábado (15/6), grandes multidões protestaram em Tel Aviv. As pessoas pediam que Netanyahu colocasse um fim ao conflito em Gaza e assinasse um acordo para trazer os 120 reféns israelenses de volta.

Os funerais de onze soldados, mortos em Gaza no fim de semana, colocam de novo o foco nos questionamentos sobre se os objetivos de guerra declarados pelo primeiro-ministro podem ser alcançados de fato.

Netanyahu prometeu uma "vitória total" contra o Hamas. Ele enquadrou a atual operação em Rafah como um ataque aos últimos batalhões restantes do grupo em Gaza — algo necessário para destruí-la, segundo a avaliação dele.

Mas é claro que mesmo o desmantelamento do Hamas como organização militar estruturada não significa o fim total do conflito.

As forças israelenses ainda enfrentam operações de guerrilha levadas a cabo por combatentes do Hamas em áreas que já estão teoricamente controladas.

E não há sinais de que os principais líderes do grupo — como Yahya Sinwar e Mohammed Deif — tenham sido mortos ou capturados.

Para Netanyahu, o fim da guerra irá provavelmente trazer uma nova batalha pela própria sobrevivência política do primeiro-ministro.

As divisões reveladas entre o exército e os aliados políticos realçam as tensões entre a retórica e a realidade nesta guerra.

Tensões essas que Netanyahu enfrenta ao estar preso entre a promessa de "vitória total" e a perspectiva de uma "guerra eterna".

 

¨      EUA provocaram as crises na Ucrânia, Gaza e Taiwan, diz economista americano

Jeffrey Sachs teceu duras críticas à política dos EUA, que vê como "ator irresponsável" com suas ações na Ucrânia há anos, mas também em outros lugares.

O conflito na Ucrânia foi claramente provocado pelo Ocidente e sua continuação representa o "fracasso absoluto" da diplomacia de Washington, disse no sábado (15) o renomado economista norte-americano Jeffrey Sachs.

Falando em uma entrevista com o jornalista Afshin Rattansi, Sachs, um dos maiores especialistas em economias pós-soviéticas e ex-assessor especial do secretário-geral da ONU, avaliou que o Ocidente poderia ter evitado facilmente o conflito na Ucrânia, que já vinha se desenvolvendo há muitos anos, se tivesse abandonado suas muitas políticas de escalada, incluindo a expansão da OTAN.

O G7, disse o economista, e especialmente os EUA, cresceram "com uma grande arrogância", acreditando que poderiam fazer o que quisessem. Essa abordagem arrastou o mundo para duas grandes crises geopolíticas, como os conflitos na Ucrânia e em Gaza, alimentando ao mesmo tempo as tensões entre Pequim e Washington em relação a Taiwan. Os EUA são um "ator irresponsável" em todos os três eventos, argumenta Sachs.

O especialista também criticou os políticos e a mídia ocidentais por afirmarem que a operação militar russa na Ucrânia não foi "provocada", lembrando que ela foi precedida por inúmeras "provocações", incluindo várias ondas de expansão da OTAN, o golpe de 2014 em Kiev apoiado por Washington e o fracasso do Ocidente em pressionar a Ucrânia a implementar os Acordos de Minsk.

Sachs também sugeriu que o Ocidente poderia facilmente ter posto fim ao conflito desde o início, já que Moscou e Kiev haviam elaborado um acordo de paz preliminar durante as negociações na Turquia em 2022. No entanto, de acordo com ele, Boris Johnson, então primeiro-ministro do Reino Unido, aconselhou Kiev a não negociar.

"Foi um conselho terrível e um erro de cálculo terrível, terrível", disse ele, destacando que milhares de soldados ucranianos morreram como resultado dessa decisão.

 

¨      “Operações de espionagem direta” – Iêmen descobre rede de espionagem ligada aos USA e a Israel

As Forças de Segurança do Iêmen anunciaram na segunda-feira a descoberta de uma grande rede de espionagem operada por agências de inteligência americanas e israelenses, informou a rede de notícias libanesa Al-Mayadeen.

As autoridades revelaram que a rede estava ativa em várias instituições no Iêmen desde 2015. 

<><> Desestabilizando o Iêmen

Em uma declaração televisionada, o major-general Abdul Hakim Hashem al-Khaiwani, chefe do Serviço de Segurança e Inteligência, afirmou que “a rede exposta coletou informações importantes em vários campos e conduziu operações de espionagem direta para os serviços de inteligência do inimigo a fim de obter informações confidenciais e soberanas”.

O aparato de segurança informou que a rede coletou informações críticas em vários setores e as transmitiu a serviços de inteligência hostis.

A coleta de dados supostamente influenciava os tomadores de decisão, infiltrava-se em agências estatais e recrutava funcionários dentro do governo iemenita.

De acordo com a declaração oficial, a rede de espionagem tinha como objetivo desestabilizar a economia do Iêmen por meio de coleta de informações e sabotagem.

Ela também é acusada pelo Ansarallah de prejudicar o setor agrícola, aumentando as infestações de pragas, o que impulsionou as importações agrícolas e aumentou a dependência do Iêmen em relação aos países estrangeiros.

A rede supostamente visava à saúde pública do Iêmen, disseminando doenças e prejudicando o sistema educacional ao promover a corrupção moral.

Além disso, de acordo com al-Khaiwani, a rede de espionagem forneceu inteligência militar a agências americanas e israelenses para enfraquecer as forças de segurança do Iêmen e diminuir sua capacidade.

A declaração enfatizou que a rede apoiou a agressão contra o Iêmen ao fornecer informações militares aos adversários, prejudicando assim o desenvolvimento militar do país nos últimos anos. Sanaa anunciou que mais detalhes sobre a rede e suas operações seriam divulgados nos próximos dias.

No início deste ano, no começo de maio, membros da “célula Ammar Affash” – também conhecida como o grupo de espionagem “Force 400” – foram presos pelos serviços de segurança do Iêmen com o apoio do Ministério da Defesa. Liderado por Ammar Affash, um espião há muito tempo procurado, o grupo foi acusado de espionar para os Estados Unidos e Israel.

<><> Monitoramento de locais militares

De acordo com a Saba News Agency do Iêmen, os membros da célula foram recrutados para coletar informações e monitorar locais pertencentes às Forças de Segurança do Iêmen na costa oeste do país. Após o anúncio do Iêmen de operações de apoio ao povo palestino e ações contra alvos israelenses nos mares Vermelho e Arábico em meio à agressão dos EUA e do Reino Unido, foram detectados maiores esforços de inteligência por parte dos inimigos do Iêmen.

O Iêmen implementou com sucesso um cerco marítimo contra Israel, apesar das várias tentativas dos EUA, do Reino Unido e de operações navais conjuntas para acabar com ele. O Iêmen expandiu suas operações para atingir portos de ocupação israelenses, navios israelenses e navios americanos e britânicos que visavam impedir as operações do Iêmen.

As operações de inteligência dirigidas contra o Iêmen por meio da Força 400 se intensificaram depois que a inteligência dos EUA e do Reino Unido não conseguiu descobrir os locais de lançamento do Iêmen usados para atingir Umm al-Rashrash (Eilat) e navios de guerra dos EUA e do Reino Unido.

O correspondente da Al Mayadeen em Sanaa relatou que os detalhes das atividades da rede de inteligência seriam revelados gradualmente devido aos vários arquivos com os quais ela lidava.

A rede de inteligência apreendida teria sido diretamente ligada ao Mossad e aos serviços de inteligência americanos e estava trabalhando em questões estratégicas de longo prazo.

 

Fonte: Sputnik Brasil/BBC News no Oriente Médio/A Nova Democracia

 

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