Manter
conflito ucraniano põe o sistema financeiro da Europa em uma 'canoa furada',
diz especialista
Em
entrevista à Sputnik Brasil, especialista diz que o conflito ucraniano
"deve se estender por um bom tempo ainda" por conta do afluxo de
dinheiro envolvido, e que o possível uso de ativos russos confiscados para
financiar Kiev ameaça minar a credibilidade do sistema financeiro europeu.
A
recusa da proposta de paz apresentada nesta sexta-feira (14) pelo presidente
russo, Vladimir Putin, pode colocar a Europa em uma "canoa furada",
com graves consequências financeiras.
É o
que aponta em entrevista à Sputnik Brasil Robinson Farinazzo, especialista
militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil.
Mais
cedo, Putin apresentou os termos de Moscou para negociar a paz no conflito
ucraniano. Os principais são: a retirada das tropas ucranianas de territórios
liberados pela Rússia; a adoção do status de neutralidade por parte de Kiev; e
o abandono dos planos do regime ucraniano de adesão à Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN).
Os
termos propostos pela Rússia foram rejeitados pelo regime de Vladimir Zelensky,
pelo chefe da OTAN, Jens Stoltenberg, e pelo secretário de Defesa dos EUA,
Lloyd Austin.
Para
Farinazzo, dificilmente as proposições seriam acatadas pela Ucrânia. Ele afirma
que, "na verdade, [a Ucrânia] não decide nada, já que essas decisões são
tomadas em Washington e Bruxelas".
Em
contraponto, ele afirma que ao propor os termos, Putin fez uma jogada para
colocar pressão sobre a cúpula de Zelensky na Suíça, "que todo mundo já
sabe que está condenada antecipadamente ao fracasso".
Isso
porque dois dos principais países no contexto da geopolítica global, a Rússia e
a China, não vão participar.
Ele
acrescenta que o conflito ucraniano "deve se estender por um bom tempo
ainda" por conta do afluxo de dinheiro envolvido.
"O
que acontece é o seguinte: talvez a maior parte desse dinheiro, uma boa parte
dele, seja mais usada para manter a liderança ucraniana, que os Estados Unidos
sabem que é altamente corrupta, do que para financiar o andamento da guerra
propriamente dita. A Ucrânia está no limite das suas reservas humanas, mas
enquanto essa liderança estiver no poder em Kiev, eles vão continuar jogando os
soldados como carne para canhão para a artilharia da Rússia", explica o
analista.
Farinazzo
aponta que a corda do conflito ucraniano "deve continuar esticada pelo
menos até as eleições americanas" e chama a atenção para os riscos que um
eventual uso de ativos russos confiscados para financiar o conflito representam
para o sistema financeiro europeu.
"Se
eles usarem efetivamente o dinheiro russo para financiar a batalha, acho que
vão acontecer duas coisas. Primeiro, lógico, a extensão do conflito, o
prolongamento do conflito na moldura temporal. Mas, por outro lado, eu acho que
vai haver uma quebra geral da confiança no sistema financeiro europeu",
afirma.
Nesse
contexto, ele acrescenta que "países grandes do Oriente Médio, da América
Latina e da África vão começar a tirar o dinheiro [de suas reservas] da
Europa".
"Eu
penso que isso vai acabar sendo um tiro no pé da Europa e talvez seja o fato
mais importante desta semana. Se a Europa embarcar nesta canoa furada, ela vai
sofrer consequências financeiras pesadas no futuro", conclui o analista.
¨
Déjà-vu? 'Crise em
grande escala na França' seria a maior ameaça à Europa desde o Brexit, diz
mídia
No
entanto, segundo a Bloomberg, a equipe do presidente francês Emmanuel Macron
não vê paralelo com a situação do Reino Unido em 2016.
Uma
crise em grande escala na França pode representar uma ameaça mais séria para a
União Europeia do que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), afirma no
sábado (15) a agência norte-americana Bloomberg.
"[…]
Uma crise em grande escala na França pode acabar representando uma ameaça mais
séria para o bloco, pois atingiria o coração da zona do euro", escreve a
mídia, citando fontes europeias.
A
Bloomberg escreve que os perigos na França são atualmente "o primeiro
tópico de todas as conversas em Bruxelas", e que a atual situação lembra o
Brexit.
Apesar
disso, segundo as fontes do veículo de imprensa, a equipe de Macron não
acredita que a experiência do Brexit seja aplicável à França, e que é
necessário ter em conta antes os riscos econômicos que, segundo eles,
acompanham a campanha do partido de direita, o Reagrupamento Nacional
(Rassemblement National, em francês). Eles acreditam que isso poderia permitir
que os índices da coalizão do presidente Emmanuel Macron subissem.
Nas
eleições do último domingo (9) para o Parlamento Europeu, o Reagrupamento
Nacional obteve mais do dobro dos votos da coalizão de apoiadores de Macron,
chegando a 31,36%. Em seguida, Macron anunciou a dissolução da Assembleia
Nacional, a câmara baixa do Parlamento francês, e a realização de eleições
parlamentares antecipadas em dois turnos, em 30 de junho e 7 de julho.
Em
um referendo realizado em junho de 2016, 52% dos britânicos votaram a favor da
saída da UE. Em 31 de janeiro de 2020, o país deixou o bloco após 47 anos de
filiação. O período de transição após o Brexit, quando todas as regras e leis
da UE estavam em vigor no Reino Unido, e os cidadãos viajavam sob um
procedimento simplificado, terminou em 31 de dezembro do mesmo ano. Em 1º de
janeiro de 2021, entrou em vigor um acordo de comércio e cooperação entre as
duas partes.
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Novas sanções contra a
Rússia são um suicídio para países ocidentais, diz senador boliviano
O
novo pacote de sanções à Rússia e empresas de países como a China por seu
comércio com Moscou é suicídio para os países ocidentais, declarou à Sputnik o
líder da Comissão de Política Internacional do Senado da Bolívia, Félix Ajpi.
O
governo dos EUA anunciou novas sanções na quarta-feira (12) que afetam mais de
300 empresas e dezenas de pessoas físicas na Rússia, China, Turquia e Emirados
Árabes Unidos.
"Desde
a primeira rodada de sanções [o Ocidente] fez harakiri, porque eles ficaram sem
trigo, ficaram sem gás. Espero que aproveitem ao máximo o verão europeu, porque
eles vão ter de sobreviver novamente como naquele inverno", disse Ajpi.
De
acordo com o legislador, as sanções ao fim e ao cabo só vão piorar a situação
dos países europeus, que dependem do fornecimento de matérias-primas e
alimentos russos.
Ajpi,
em conexão com as ações dos EUA, expressou total apoio à Rússia e aos outros
países do BRICS e confiança de que as sanções "em nada afetarão" seu
desenvolvimento econômico. Ele lembrou que a Bolívia solicitou a adesão ao
BRICS em 2023 para acelerar sua industrialização e sugeriu que as sanções
ocidentais também visavam dissuadir outros países de aderir à associação.
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UE acorda início de
negociações de adesão da Ucrânia antes do começo da presidência da Hungria
Os
embaixadores da União Europeia (UE) concordaram formalmente na sexta-feira (14)
em iniciar as negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia, anunciou a
presidência belga da UE.
Os
27 Estados-membros da UE precisam concordar unanimemente em iniciar as
negociações, que levam anos para serem concluídas. A Comissão Europeia afirmou
há uma semana que ambos os países cumpriram todos os critérios para o início
formal das negociações de adesão.
O
acordo significa que a Hungria abandonou, por enquanto, sua oposição à
graduação da Ucrânia como membro da UE. No entanto, Budapeste disse ter dúvidas
sobre a avaliação da Comissão Europeia de que a Ucrânia está pronta.
A
Bélgica, que detém a presidência rotativa de seis meses da UE desde o início do
ano, afirmou que a decisão deve ser oficialmente aprovada pelos ministros das
Finanças e da Economia, e que isso aconteceria em conferências
intergovernamentais em 25 de junho.
Como
aponta na sexta-feira (14) a agência britânica Reuters, a Bélgica e a Comissão
Europeia estavam ansiosas para chegar a um acordo antes que a Hungria assumisse
a presidência rotativa a partir de 1º de julho.
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Temendo o regresso de
Trump, OTAN aprova plano para acelerar ajuda militar a Kiev
A
Aliança Atlântica acordou a doação e a reparação de equipamentos, e o
treinamento militar para as forças ucranianas "para torná-la à prova de
qualquer situação", segundo a ministra da Defesa dos Países Baixos.
Os
ministros da Defesa da OTAN aprovaram na sexta-feira (14) um plano para
garantir ajuda e suprimento de treinamento militar da Ucrânia a longo prazo em
meio aos avanços das tropas da Rússia, cita a agência norte-americana
Associated Press.
Durante
uma reunião de ministros da Defesa em Bruxelas, Bélgica, os países ocidentais
concentraram seus esforços no Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia,
administrado pelo Pentágono, um fórum para cerca de 50 países para obter as
armas e munições a Kiev.
Jens
Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, explicou que a iniciativa ajudaria a
organizar o treinamento do pessoal militar ucraniano nos Estados-membros da
aliança, coordenaria e planejaria doações dos equipamentos de que Kiev precisa
e gerenciaria a transferência e a reparação desse material militar.
Ele
anunciou que o esforço seria sediado em uma base militar dos EUA em Wiesbaden,
na Alemanha, e envolveria quase 700 funcionários.
A
iniciativa foi descrita como uma forma de "provar a Trump" o apoio da
OTAN à Ucrânia, em referência à preocupação de que o ex-presidente Donald Trump
(2017-2021) possa retirar o apoio dos EUA a Kiev caso volte a ser eleito
presidente em novembro de 2024.
"É
para torná-la à prova de qualquer situação", enunciou Kajsa Ollongren,
ministra da Defesa dos Países Baixos, aos repórteres à margem da reunião.
"Temos
que considerar o fato de que este [conflito] pode durar anos. Queremos ter algo
em vigor que não dependa de pessoas específicas, ministros ou quem quer que
seja, mas uma estrutura que funcione", disse ela.
Ao
mesmo tempo, Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, expressou sua oposição
ao plano. Ele concordou em permitir que os outros Estados-membros da OTAN
avançassem se Budapeste não fosse forçada a participar.
·
Especialista: criação
de bases da OTAN na Polônia, Romênia e Eslováquia não será realidade em breve
A
OTAN pretende criar três grandes bases militares na Polônia, Romênia e
Eslováquia "para coordenar o fornecimento de armas para a Ucrânia",
afirmou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, à rádio nacional Kossuth,
acrescentando que a Hungria não fará parte de tal atividade.
Os
planos da OTAN para estabelecer novas bases na Polônia, Romênia e Eslováquia
não se tornarão realidade em breve, disse o observador político Mateusz
Piskorski à Sputnik.
A
criação de novas bases militares em geral leva tempo e requer infraestrutura
adequada, observou o colunista do jornal Mysl Polska.
"Acho
que isto se aplica, em primeiro lugar, à Polônia e à Romênia, por que, de fato,
nestes dois países já existe uma certa infraestrutura, e talvez alguns
representantes da OTAN, falcões [da guerra] da OTAN, acreditam que a
infraestrutura existente é insuficiente para a transferência de armas e a
criação de centros de treinamento", afirmou Piskorski.
O
premiê húngaro, Viktor Orbán, havia expressado anteriormente preocupações de
que a OTAN esteja planejando estabelecer três grandes bases militares nos três
países acima mencionados. Ele também enfatizou que a Hungria, que faz fronteira
com a Ucrânia, não participaria dessa atividade.
No
que diz respeito à Polônia, ela tem operado um importante centro logístico de
ajuda ocidental à Ucrânia quase desde o início do conflito, apontou Mateusz
Piskorski.
"Muito
provavelmente, estamos falando da possível agregação da infraestrutura
adicional às bases militares existentes", observou Piskorski.
A
maioria da população polonesa, na opinião de Piskorski, pode ser "bastante
cética sobre quaisquer tentativas de escalar o conflito, e certamente sobre as
tentativas de envolver a Polônia em algum tipo de atividades diretamente no
território da Ucrânia".
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G7 ameaça Irã com
novas sanções caso entregue mísseis balísticos à Rússia
O
grupo acusou Teerã de querer entregar as armas à Rússia para uso no conflito
ucraniano. Anteriormente, o Irã já foi acusado de supostamente os ter
fornecido.
Os
países do G7 ameaçaram o Irã com novas medidas se ele fornecer mísseis
balísticos à Rússia, segundo a declaração final da cúpula do grupo na Itália.
"Pedimos
ao Irã que pare de ajudar a Rússia na guerra na Ucrânia, que não transfira
mísseis balísticos e tecnologia relacionada, pois isso seria uma escalada séria
e uma ameaça direta à segurança europeia. Estamos prontos para responder
prontamente e de forma coordenada, incluindo a adoção de novas medidas [contra
Teerã]", indica a declaração.
No
final de fevereiro, a mídia ocidental já havia declarado, sem fundamento, que o
Irã tinha transferido cerca de 400 mísseis balísticos para a Rússia desde o
início de janeiro.
Amir
Irvani, representante permanente do Irã na ONU em Nova York, rejeitou essas
alegações. O Ministério das Relações Exteriores do Irã, por sua vez, disse que
as alegações dos países ocidentais sobre o suposto uso de armas iranianas pela
Rússia na crise ucraniana eram infundadas e que Teerã as condena veementemente.
Aleksei
Dedov, embaixador da Rússia no Irã, afirmou previamente que as declarações dos
países ocidentais sobre o apoio das autoridades iranianas à Rússia no conflito
ucraniano não correspondem à realidade.
Fonte:
Sputnik Brasil
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