Henrique
Rodrigues: ‘Até quando o Brasil aguentará o fundamentalismo evangélico tosco do
bolsonarismo’
Diante
da mais grave e inacreditável ofensiva do fundamentalismo evangélico
bolsonarista, os brasileiros normais devem estar se perguntando: até onde o
país aguentará a barbárie desses talibãs desajustados? A pergunta passa pela
cabeça de muita gente, mas uma resposta para ela segue indefinida.
Vários
países mundo afora já provaram uma guinada à direita, desde nações mais ricas e
com elevado padrão de vida até estados mais pobres. No entanto, o que vemos por
aqui é algo tosco, ultrajante e inaceitável, de um radicalismo medieval que nos
faz crer que talvez estejamos não entendendo o que se passa na realidade.
O
bolsonarismo é um fenômeno difícil de se explicar em poucas palavras, mescla
maldade e ignorância com colheradas generosas de falsa religiosidade hipócrita
e pitadas significativas de oportunismo. Lógico que vem dando resultados
“positivos” para quem explora esse filão, mas as últimas investidas dessa corja
de aloprados asquerosos cruzou todas as linhas e há um ponto máximo nelas: o PL
1904, que pretende punir com pena de 20 anos de prisão (equivalente à
condenação por homicídio) uma mulher que realize um aborto legal, com
autorização da Justiça em casos de estupro ou risco de morte para a mãe, após
22 semanas de gestação. É algo tão nojento que provoca engulhos em todos os
viventes que não estejam envolvidos com essa massa de canalhas.
Num
programa de grande audiência num canal a cabo de notícias, um dos deputados
evangélicos que se apossaram da Câmara, um tal Cezinha de Madureira (PSD-SP),
diz após a âncora ler detalhadamente três pesquisas científicas sobre o tema
realizadas por três diferentes instituições que as pesquisas dele é que são as
“certas”, porque “Deus é sua pesquisa”. É possível alguém, em 2024, crer que
uma declaração do tipo seja aceitável em qualquer esfera da política nacional?
A declaração é digna de um talibã, e explico: esses fundamentalistas islâmicos
do Afeganistão tomam decisões e propõem absurdos usando como base “Deus”.
Esse
grupo de políticos, a tal "bancada evangélica", que é muito numeroso
e age com chantagens e ameaças explícitas dentro do parlamento, elegeu tal
agenda dantesca há muito tempo, mas vem intensificando sua artilharia bem no
momento em que dezenas e dezenas de casos de estupro e violência eclodem entre
“pastores” e outros picaretas pseudorreligiosos por todo o país. Após anos de
denúncias de estelionato e abuso sem escrúpulos da fé alheia, a patota de
celerados que vive como se estivesse no começo do segundo milênio agora se
sente empoderada e está, de fato e pra valer, decidindo os rumos do Brasil.
Imagine
você ter que escutar de alguém como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que
tal medida cruel como o PL 1904 é “pela vida”. Um sujeito que desfila pelos
corredores do poder em Brasília usando uma camiseta em homenagem a Carlos
Alberto Brilhante Ustra, um psicopata torturador e assassino. Ninguém acredita
nessa afirmação, nem mesmo ele. Aquilo é para ser ouvido e aceito pelos
estercos humanos de mau-caráter que o admiram e pelos incautos manipulados por
essas seitas de fundo de quintal que se intitulam “igrejas”.
Imagine
tomar como ponto de partida para sua fé e crença em algum Deus o senador Magno
Malta (PL-ES). Homem de hábitos e falas agressivas, já foi flagrando com fotos
do seu pênis em rede social e acusado de mandar prender e torturar um homem que
posteriormente foi inocentado pela Justiça. Seria um desperdício de tempo e
espaço seguir aqui listando esses “cristãos ultraconservadores” que em muitos
casos já tiverem toneladas de drogas apreendidas em suas empresas e veículos,
que assediaram sexualmente mulheres do seu convívio, que desviaram dinheiro
público em emendas do relator ou ainda que se relacionam homossexualmente e
pregam ódio visceral aos homossexuais (não há ilegalidade ou crime algum em ser
gay, mas em pregar ódio aos gays, há sim).
A
chegada do PL 1904 ao que parece servirá para um outro exercício de consciência
no país, e não é o da manutenção dos direitos das mulheres. É sobre o quanto
mais aguentaremos ser reféns desses anormais medievalescos. É simplesmente uma
experiência nauseabunda ter que ficar escutando como "argumento", nas
mais variadas esferas da vida como cidadão, esses "embasamentos" de
que “o meu Deus determinou tal coisa”. Ninguém está preocupado com o que “o seu
Deus te falou”. É preciso, mais do que nunca, que a civilização ponha um freio
nesses fanáticos sob pena de que o Brasil deixe de existir como uma nação
funcional e minimamente séria junto à comunidade internacional.
• Autor da ‘PL do Estupro’ é “poste” de
Malafaia e criminaliza mulheres para “testar” Lula
Após
a aprovação de regime de urgência do PL 1.904/2024, que prevê a equiparação do
aborto ao homicídio caso a gestação já esteja com mais de 22 semanas, o
principal autor da proposta, Sóstenes Cavalcante (PL-SP) escancarou o uso
político do tema, uma questão de saúde pública para mulheres e crianças,
vítimas de estupro no país.
O
PL, que “acresce dois parágrafos ao art. 124, um parágrafo único ao artigo 125,
um segundo parágrafo ao artigo 126 e um parágrafo único ao artigo 128, todos do
Código Penal Brasileiro, e dá outras providências”, foi apresentado por
Cavalcante, mas tem outros 31 autores.
Entre
eles, muito são ligados diretamente à bancada evangélica e têm estreita ligação
com Malafaia, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Paulo
Bilynskyj (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e Alexandre
Ramagem (PL-RJ), entre outros que atuam como soldados de Bolsonaro e seu
“conselheiro espiritual” na Câmara.
Em
2022, o Brasil registrou cerca de 75 mil casos de estupro – o maior da série
histórica, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Seis em cada
dez vítimas eram crianças de até 13 anos, 57% eram negras e 68% dos estupros
ocorreram na residência das vítimas.
Em
média, 38 meninas de até 14 anos se tornam mães a cada dia no Brasil, de acordo
com dados do SUS. Em 2022, foram mais de 14 mil gravidezes entre meninas com
idade entre 10 e 14 anos no país – que podem ser interrompidas com o aborto
pela legislação atual.
No
entanto, o “poste” de Silas Malafaia, juntamente com seus colegas, manobrou com
Arthur Lira (PP-AL) para dar urgência ao PL para tentar emparedar Lula sobre o
tema.
"Será
um bom teste para o Lula provar aos evangélicos se o que ele assinou na carta
era verdade ou mentira", disparou Cavalcante após a votação na Câmara, em
apenas 24 segundos.
Não
acredito no Lula", afirmou Sóstenes Cavalcante, como porta-voz da horda, à
coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. "Quero aprovar esse projeto
para ver se ele vai sancionar ou se vai vetar."
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“Poste” de Malafaia
Pastor
licenciado da Assembleia de Deus, Sóstenes Cavalcante atua como “poste” de
Silas Malafaia, o “conselheiro espiritual” de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara.
Principal
articulador da aliança entre o pastor midiático e o clã Bolsonaro, ainda em
2017, Cavalcante atua como braço político de Malafaia no Congresso nacional e
foi eleito, em 2022, líder da bancada evangélica por meio de um golpe dado em
conjunto com o líder Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Cavalcante
chegou ao posto após debate público entre Malafaia e parlamentares e bispos
ligados ao ex-presidente, Cezinha de Madureira (PSC-SP), que expôs a guerra em
torno do comando da bancada evangélica.
A
principal batalha foi travada entre
Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Samuel Ferreira, que
comanda a Assembleia de Deus no Brás – Ministério de Madureira.
A
briga começou quando Ferreira anunciou que faria campanha para manter o
deputado Cezinha na liderança da bancada durante a posse do “terrivelmente
evangélico” André Mendonça no Supremo Tribunal Federal (STF).
A
declaração irritou Malafaia, que trabalhava em cima do acordo já costurado para
o nome de Cavalcante.
Em
seguida, farpas públicas foram trocadas apoiadores de Cezinha e Malafaia, que
chamou Samuel Ferreira de "arrogante asqueroso" em áudio distribuído
em grupos da bancada.
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Cristão de fuzil
Após
assumir a bancada, Cavalcante passou a obedecer as ordens de Malafaia e chegou
até mesmo abandonar sua posição de armamentista para defender que "o
cidadão pode ter uma arma de grosso calibre, um fuzil".
"Ter uma arma na sua casa, na sua
propriedade rural não é anticristão. É defesa pessoal. É ele ou eu. O bandido
ou eu. À luz da minha fé, isso não é pecado. O bandido anda armado para matar e
eu vou me defender. A teologia cristã defende que a vida é o bem maior. Não
existe pecado", disse, ao justificar a mudança de posição.
Como
líder da bancada evangélica, Cavalcante é usado por Malafaia e Bolsonaro para
polemizar temas que têm forte impacto entre os fiéis junto ao governo Lula,
culminando no projeto de criminalização das mulheres vítimas de estupro que
engravidarem.
Além
de usar o pupilo para ataques ao governo, Malafaia ainda ensaia voos mais altos
com a indicação de Cavalcante para a vice-presidência da mesa diretora da
Câmara, na chapa apoiada por Arthur Lira, o que explica a aprovação relâmpago
do regime de urgência para o PL que criminaliza as mulheres vítimas de estupro
que optarem por abortar.
• PF prende PM “com discurso
evangélico” que se aproximava de crianças e as estuprava
A
Polícia Federal prendeu um PM aposentado de Minas Gerais que era procurado pela
acusação de ter estuprado quatro crianças, sendo três delas de uma mesma
família. Roberto Emidio Pereira, que está na reserva da corporação há alguns
anos, foi encontrado em Uberlândia (MG), num apartamento que pertence ao filho
dele, embora os crimes pelas quais é apontado como autor tenham ocorrido contra
menores que residiam em Brazlândia (DF). Ele estava foragido desde o ano
passado.
Segundo
as investigações da PF, três menores, que atualmente têm 6, 14 e 17 anos,
teriam sido as vítimas do PM, que era muito próximo da família da qual faziam
parte. Ele conseguiu uma maior intimidade com essas pessoas por ter um
“discurso evangélico”, passando-se por um homem religioso. O último dos abusos
teria ocorrido em 2023, contra a mais nova das crianças, durante uma viagem a
Caldas Novas (GO). O garoto, após uma mudança de comportamento abrupta, e sob
pressão dos pais, acabou por revelar aos responsáveis o que teria acontecido na
tal passeio de lazer à cidade goiana.
Os
pais do menor foram então a uma delegacia de Brazlândia e registraram uma
ocorrência. Diante do fato, a irmã mais velha do menino, que atualmente tem 17
anos, contou aos adultos da família que o “Tio Roberto” fazia o mesmo com ela,
desde que tinha 10 anos. Há ainda mais um menor, hoje com 14 anos, que teria
sofrido os mesmos abusos por parte do policial aposentado. Em relação à quarta
vítima do acusado, a PF não deu mais detalhes.
“Eram
dois irmãos, um menino de cerca de 6 anos e uma adolescente de 17. Em uma
viagem para Caldas Novas, o menino contou para a mãe que foi abusado pelo
homem. Então, a menina também relatou que isso já ocorria há mais de 7 anos com
ela também”, revelou o delegado federal Felipe Garcia, que conduziu as
investigações para encontrar o PM.
Após
a conclusão do inquérito e a decretação de sua prisão pela Vara Criminal e de
Violência Doméstica do município, Roberto fugiu. O último registro sobre seu
paradeiro antes da prisão realizada na quarta-feira (12) era de 2023, quando o
PM foi visto num veículo particular com placas de Uberlândia na BR-050. O
acusado deve permanecer preso até a realização de seu julgamento.
• Esposa do fundador da Bola de Neve
obtém medida protetiva contra o marido
A
pastora Denise Seixas obteve uma medida protetiva contra o marido, Rinaldo Luiz
de Seixas Pereira, conhecido como o apóstolo Rina, líder e fundador da Igreja
Bola de Neve Church. As informações são da Universa, no UOL.
A
medida protetiva é um instrumento que impõe o afastamento do agressor do lar ou
local de convivência com a vítima. Um limite de distância é estabelecido e não
pode ser ultrapassado. Também suspende ou restringe a posse de armas.
De
acordo com informações do UOL, o apóstolo Rina comprou uma arma há poucos
meses. No entanto, quando questionado, ele não falou sobre isso. A pastora
Denise Seixas conseguiu sair de casa na última sexta-feira (7) para receber
atendimento e estaria decidida a seguir com o divórcio.
Nathan
Gouvea, filho de um relacionamento anterior de Denise Seixas, tornou públicas,
em abril do ano passado, supostas agressões do apóstolo Rina contra Denise. Ao
Universa, Nathan declarou que sempre houve "uma cultura de medo em casa.
Éramos dois serviçais, eu e a minha mãe".
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Fundador da Bola de Neve é alvo de outras denúncias
Rina
foi denunciado por uma ex-funcionária da igreja por abuso sexual contínuo e
repetido por anos, ocorridos dentro da residência do líder espiritual.
Ao
site Fuxico Gospel, especializado em notícias do segmento evangélico, a mulher
afirmou que era tocada pelo pastor antes das tentativas propriamente ditas de
abuso mais íntimo. Ela relata que as conversas começavam com pedidos de
massagem e evoluíam para convites privados e que até o casamento do pastor
acabou por conta de tal atitude.
A
Bola de Neve informou publicamente que afastou seu fundador do comando do
ministério enquanto o caso é apurado. Em nota, informou que seu objetivo é
salvar almas, não destruí-las, e que, por isso, promete ações transparentes na
apuração e resposta ao caso.
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Rodolfo Abrantes revela "experiências abusivas" na Bola de Neve
Após
13 anos, o músico Rodolfo Abrantes e sua esposa, Alexandra Abrantes, relataram
experiências abusivas que sofreram enquanto membros da Igreja Bola de Neve em
Balneário Camboriú, Santa Catarina. As denúncias foram feitas nas redes sociais
na última quarta-feira (22). Abrantes, que liderou a banda Raimundos até 2001,
relatou ter sido "cancelado" pela congregação, com suas músicas
banidas dos cultos.
Ele
e Alexandra também foram acusados de dívidas inexistentes e sofreram ataques
psicológicos. A polêmica surgiu após denúncias de ex-fiéis sobre desvio de
recursos pela Igreja Bola de Neve, nas redes sociais. As acusações dos
internautas apontam para o desvio de dízimos e outras doações para o benefício
pessoal dos pastores.
A
esposa de Rodolfo fez o relato nos comentários de um dos acusadores: "Que
vergonha dessa Bola de Neve. Queria poder mencionar o ‘@’, mas estou bloqueada.
Talvez esteja bloqueada para não expôr (mais ainda) os abusos e manipulações
que sofri quando era ‘membra’". Ela continua: "Se tem UMA COISA QUE
EU ME ARREPENDO nessa vida, foi ter sido 'parte' da Bola de neve Balneário
Camboriú".
Ela
afirma que a pastora local teria deixado "feridas na alma" que
carrega até hoje: "Pastora só por título, pois nunca cuidou de ninguém a
não ser de si mesma. As feridas não foram só em mim. E há 13 anos me
desvinculei desse sistema podre de manipulação e controle de pessoas. Que nada
tem a ver com o reino de Deus. Vergonha! É o que eu sinto, além de muito
arrependimento. Gostaria de pedir perdão, pra todas as pessoas, que diretamente
ou indiretamente eu influenciei a frequentar essa suposta igreja, que nada tem
de Cristo", disse.
Após
o depoimento da esposa, Rodolfo também apresentou sua versão dos fatos e
declarou: "em razão de não ter anunciado à época a nossa saída, muitas
pessoas, principalmente na nossa cidade, ainda acham que estamos lá. Eu e minha
esposa não temos conhecimento, nem compactuamos de absolutamente nada que tenha
sido feito por meio da liderança desde 2011, quando saímos".
Segundo
ele, após a esposa ter feito as denúncias de abuso, ele e sua família foram
vítimas de cancelamento dentro da comunidade. "Fomos cancelados por
pastores que tínhamos como amigos", relata Rodolfo. "Minha esposa foi
chamada de Jezabel pra baixo, fui acusado de uma dívida com o selo musical da
igreja (o que através de uma prestação de contas foi comprovado que eu não
devia nada),"
Ele
acredita que essas ações visavam silenciá-lo. "Tudo isso , talvez com o
intuito de se preservar e manter esse sistema funcionando. Fico muito triste
com tudo que está acontecendo pois, mais uma vez, homens em nome de Jesus, O
representam mal. Oro pelas pessoas que de alguma forma foram feridas",
declarou.
Fonte:
Fórum
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