'Fora
Lira' ganha ruas e lembra o 'Fora Cunha' também puxado por mulheres
A
colocação de três PLs impopulares para votação relâmpago num mesmo dia, pode
ter levado o presidente da Câmara Arthur Lira ao ponto sem retorno do pico da
montanha. A tendência agora é de queda, e ela já começou.
Especialmente
em protesto contra a aprovação para que fosse tratado com urgência o PL
1904/23, já conhecido como o PL dos Estupradores.
Machista
inveterado, Arthur Lira desprezou a força das mulheres e elas responderam nas
ruas, em convocação relâmpago de marchas contra o PL e, para desgraça de Lira,
ecoando a nova palavra de ordem: "Fora Lira".
As
marchas começaram na quinta, 14, com grandes concentrações em São Paulo, Rio,
Minas. E elas se estendem pelo final de semana, com eventos marcados por todo o
Brasil.
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Mulheres tomam a Avenida Paulista
Milhares
de mulheres ocuparam a Avenida Paulista, localizada no centro da cidade de São
Paulo, para protestar contra o PL 1904, que ganhou a alcunha de "PL do
estupro", pois o projeto equipara o aborto após a 22ª semana ao crime de
homicídio com pena de 20 anos. Para efeito de comparação, a pena para o
estuprador varia de 2 a 11 anos.
Além
da cidade de São Paulo, também há registro de manifestações em Fortaleza e
Natal. Na capital paulista, a concentração começou por volta das 14h e, às 15h,
parte da Avenida Paulista já estava completamente ocupada pelas manifestantes.
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Sâmia Bomfim e Fernanda Melchionna enquadram Arthur Lira
As
deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS), que têm
protagonizado a luta contra o "PL do estupro" na Câmara dos
Deputados, lançaram uma nova ofensiva contra o presidente da Casa, o deputado
Arthur Lira (PP-AL).
Como
se sabe, o presidente da Câmara, Arthur Lira, colocou para votação a urgência
de trâmite do PL 1904 de forma atropelada e, em menos de 20 segundos, a
aprovação da tramitação acelerada, sem necessidade de passar pelas comissões,
foi aprovada.
No
entanto, nem Lira, a bancada evangélica e a extrema direita contavam com a
imensa reação contra o "PL do estupro". Levantamento da Quaest mostra
que 52% dos brasileiros são contra o projeto e apenas 15% são a favor.
Diante
deste cenário, as deputadas Sâmia Bomfim e Fernanda Melchionna lançaram outra
ofensiva contra o PL e, consequentemente, contra Arthur Lira. Neste sábado (15), as deputadas Sâmia Bomfim
(PSOL-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) lançaram nova ofensiva contra o
"PL do estupro" e contra o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
As parlamentares soltaram um abaixo-assinado para que Lira arquive o projeto.
"Vamos
mostrar nossa força: participe do abaixo-assinado para pressionar o presidente
da Câmara a arquivar de vez o projeto que quer obrigar meninas e mulheres a
serem mães dos filhos de seus abusadores", escreveu Sâmia Bomfim ao
divulgar o abaixo-assinado.
<><>Fora
Cunha
Exatamente
como aconteceu com o à época todo poderoso presidente da Câmara, e padrinho
político de Lira, Eduardo Cunha.
Assim
como Lira agora, Cunha resolveu desafiar as mulheres como autor do PL
5069/2013, que foi aprovado pela Comissão de Constituição Justiça e Cidadania,
como o PL 1904/24 agora.
A
reação foi a mesma: mulheres tomaram as ruas em protesto e lançando a palavra
de ordem "Fora Cunha".
“Fora
Cunha” foi a palavra de ordem de mais de 5 mil mulheres em protesto na Avenida
Paulista, na última sexta (30), em São Paulo. Crianças, homens e mulheres com
faixas e batucadas pediam o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha.
O
PL 5069 criminaliza mulheres vítimas de violência sexual e prevê pena para
qualquer pessoa que orientar método contraceptivo ou mesmo o aborto legal,
permitido em caso de estupro ou por fetos anencefálicos, previsto na Lei número
2.848 de 07 de dezembro de 1940.
“Não
podemos aceitar de braços cruzados o que está sendo proposto nesse projeto, que
além de punir a mulher com a negação do atendimento de saúde, ela ainda terá de
provar o estupro”, explicou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT São
Paulo e enfermeira, Ana Firmino. [CUT]
A
partir dali o poder de Eduardo Cunha desceu ladeira abaixo. Ele só não foi
tirado do poder porque era peça fundamental do impeachment da presidenta Dilma.
Mas,
assim que a autorização para o processo de impeachment foi concedida pela
Câmara, em 17 de abril de 2016, o destino de Eduardo Cunha foi selado. Em 6 de
maio, o STF determinou seu afastamento da presidência da Câmara. Em 12 de
setembro, foi cassado e tornado inelegível até 2026, exatos doze dias após o
impeachment de Dilma, em 31 de agosto. Usado e descartado.
A
queda de Lira começou agora.
• Campanha contra Lira cresce após PL
do Estupro
Desde
quinta-feira (13), o assunto 'Fora Lira' é um dos mais comentados no X, antigo
Twitter. A hashtag mostra uma forte mobilização nas redes sociais contra o
presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) por sua articulação pela urgência do
PL 1904, o PL do Estupro.
Na
noite de quarta-feira (12), Lira colocou o projeto em votação para tramitação
em urgência de maneira sorrateira. A medida equipara a pena de aborto após 22
semanas ao crime de homicídio, mesmo em casos de estupro.
Apesar
da proposição ser de autoria da bancada evangélica com a extrema direita, o
presidente da Câmara optou por pautá-la como forma de agradar esses setores.
A
pressão sobre Lira suscita uma questão: é possível derrubar o presidente da
Câmara?
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O caso Eduardo Cunha
O
único ex-presidente da Câmara dos Deputados cassado neste século foi Eduardo
Cunha (MDB-RJ). O articulador-mor do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff
foi denunciado no Conselho de Ética da casa em novembro de 2015 após ter
mentido em depoimento espontâneo à CPI da Petrobras, quando disse não possuir
contas no exterior.
A
denúncia se estendeu. Nesse ínterim, ele abriu o processo de impeachment para
derrubar Dilma. Em maio de 2016, menos de um mês depois da votação que afastou
ilegalmente a ex-presidenta do cargo, Cunha foi afastado pelo Supremo Tribunal
Federal do cargo de deputado federal e de presidente da Câmara dos Deputados.
Em
7 de julho, voltou ao cargo de deputado, mas renunciou à presidência da Câmara.
Em setembro, já fora do cargo, Cunha foi cassado e perdeu seu mandato.
O
processo de Cunha foi, à época, um dos mais longos da história do parlamento. A
medida envolveu denúncias de corrupção, pressão de outros poderes e problemas
na articulação política do próprio deputado, ligado aos setores mais
reacionários daquela legislatura.
• Lira pode cair?
A
resposta simples e objetiva da pergunta é sim. Mas além da pressão popular,
outros fatores que fariam o presidente da Câmara ser cassado parecem estar fora
do jogo.
Seu
mandato de presidente acaba em alguns meses, o que contribui para que os grupos
anti-Lira do Congresso não se mobilizem em uma campanha de cassação neste
momento. Além disso, ao contrário de Cunha, o alagoano conserva uma relação boa
com os outros poderes.
Na
justiça, uma denúncia de corrupção contra Lira foi arquivada pelo Supremo
Tribunal Federal em junho de 2023. Ele era acusado de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro por ter supostamente aceitado, em 2012, propina paga por um
dirigente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU).
Lira
também chegou a ter seu nome citado em uma investigação de fraude na compra de
kits de robótica em Alagoas, mas as provas do processo - que envolviam seus
aliados, mas não ele diretamente - foram anuladas no Supremo no ano passado.
A
queda do presidente da casa, portanto, não é uma realidade fácil em nível
político e jurídico. Neste momento, a Câmara já se movimenta para a sucessão do
alagoano, que deve ser decidida em fevereiro de 2025.
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Ex-mulher de Lira volta à carga contra ele, que a teria estuprado
A
ex-mulher do presidente da Câmara Arthur Lira, Jullyene Lins, voltou à carga
contra ele no X, antigo Twitter.
Jullyene
já havia publicado sua indignação com o fato de Lira ter colocado em votação a
urgência do PL 1904/23, que criminaliza mulheres estupradas e ficou conhecida
como PL dos Estupradores.
Hoje
de madrugada, Jullyene voltou ao X, mostrando que está disposta a ajudar o
movimento "Fora Lira", que começa a ganhar força pelo país:
“Agredida,
violentada, ameaçada, censurada, coagida, além de sofrer crises corriqueiras de
pânico, e se tudo isso não bastasse, ainda sou perseguida pelo seu gestapo
institucional que não compartilha provas, não investiga, não julga processos,
apenas engaveta tudo que possa expor esse chantagista! O fora Lira será ainda
maior, pretendo detalhar com muitas provas, documentos e áudios tudo que for
possível, para desmascara-lo, agora sem medo de morrer, devido a grande
repercussão de quem de fato é esse covarde! Jamais perderei a esperança de que
um dia, se fará justiça, e quem sabe não consigo até ajudar a PF a encontrar o
verdadeiro dono dos 4 Milhões abandonados até hoje nos cofres da instituição?”
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Entenda o caso
No
dia 5 de novembro de 2006, seis meses após terem se separado, Jullyene diz ter
sido agredida e estuprada pelo parlamentar depois de ele saber que ela estaria
se encontrando com um homem.
"Ele
dizia: 'Sua puta, sua rapariga, você quer me desmoralizar?', enquanto puxava
meu cabelo e me batia. Quando me deu uma rasteira, eu caí, e ele começou a me
chutar", contou Jullyene.
Jullyene
fez um Boletim de Ocorrência na polícia registrando a agressão. A ele se
juntaram depoimentos de quatro testemunhas e o laudo médico que atestou
hematomas nas pernas e nos braços.
Lira
foi absolvido no STF (Supremo Tribunal Federal), após Jullyene mudar seu
depoimento, segundo ela por ter sido ameaçada por ele: se não retirasse a
queixa, perderia a guarda dos dois filhos. [UOL]
Somente
no ano passado, Jullyene contou à Agência Pública o restante do que teria se
passado naquela noite. A violência não foi apenas verbal nem de socos e tapas.
“Aconteceu
uma coisa que eu nunca contei a ninguém, ele disse pra mim: ‘Você está atrás de
macho, eu vou lhe mostrar quem é o homem’. Ele me puxava pelo cabelo e dizia:
‘O homem aqui… você é minha mulher, você não vai ter outro homem, você é minha,
você é a mãe dos meus filhos. Você quer me desmoralizar, vamos lá para o quarto
agora que eu vou te mostrar quem é o homem aqui, você não quer isso? Você não
está querendo? Atrás de homem pra quê? Pra fuder? Então vou lhe mostrar agora.”
Foi quando o deputado Arthur Lira a teria puxado pelo cabelo e a violentado.
A
reportagem da Pública foi censurada e continua fora do ar.
Em
julgamento nesta quarta-feira (3/4), a Justiça do Distrito Federal manteve a
censura à reportagem da Agência Pública que publicou acusações de abuso sexual
feitas contra o presidente da Câmara, Arthur Lira, pela ex-mulher dele,
Jullyene Lins. A matéria foi veiculada em junho de 2023. [Metrópoles]
Jullyene
Lins manifestou sua reação indignada em seu perfil na Rede X, antigo Twitter:
!!URGENTE!!!!!!!!!“COMPARTILHEM,
MARQUEM TODAS AS MULHERES E PARLAMENTARES COMBATIVOS, RESISTAM, NÃO DESISTAM!”
Estou
profundamente indignada com a aprovação da urgência do projeto de lei sobre o
aborto, que coloca as vítimas de estupro em uma situação ainda mais vulnerável.
É inaceitável, vexatório, uma total falta de empatia e respeito pelas mulheres
que sofrem com essa terrível realidade. Arthur Lira, como presidente da Câmara
dos Deputados, não possui a envergadura moral necessária para lidar com uma
questão tão delicada e crucial para a dignidade e os direitos das mulheres.
Afinal, somente quem já passou pela angústia e dor de um estupro sabe a
profundidade do trauma e da violência que isso representa.
Tenho
temores profundos em relação à credibilidade do parlamento brasileiro para
pautar leis dessa natureza, pois a aprovação de medidas que penalizam ainda
mais as vítimas é um retrocesso inadmissível. É urgente que as vozes das
mulheres sejam ouvidas e respeitadas, e que sejam implementadas políticas que
as protejam e assegurem seus direitos fundamentais.
É
hora de nos unirmos em defesa das mulheres, em busca de um país mais justo,
igualitário e empático. Não podemos permitir que a misoginia e a falta de
compaixão prevaleçam em nossas instituições. É preciso agir, lutar e resistir
contra qualquer forma de violência e opressão. Juntas, podemos fazer a
diferença e construir um futuro mais humano e solidário para todas nós. O MUNDO
PRECISA NOS OUVIR!
¨
Aborto legal sob
ataque: relembre o PL de Eduardo Cunha que caiu após pressão social; tema é
recorrente no Congresso
A
pressão das manifestações contrárias ao projeto de lei que equipara o aborto legal
em caso de estupro a homicídio pode
mudar os rumos da tramitação da proposta no Congresso Nacional.
O
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já afirmou que "uma
matéria dessa natureza jamais iria direto ao plenário do Senado" da forma
como tramita na Câmara dos Deputados. A declaração foi feita logo após uma onda
de protestos no Brasil, nesta quinta-feira (13), contra o PL 1904/2024.
"Uma
matéria dessa natureza jamais, por exemplo, iria direto ao plenário do Senado
Federal. Ela deve ser submetida às comissões próprias e é muito importante
ouvir inclusive as mulheres do Senado, que são legítimas representantes das
mulheres brasileiras", afirmou em coletiva de imprensa.
Essa
não seria a primeira vez que um projeto de lei que atenta contra os
direitos reprodutivos das mulheres cai
por pressão social. No final de 2015, o projeto de lei 5069/2013 saiu da pauta
do Congresso diante das manifestações contrárias.
A
proposta do ex-presidente da Câmara e de outros 12 deputados dificultava o
aborto legal ao prever a criminalização da quem induzisse ou auxiliasse uma
gestante vítima de estupro a abortar.
O
texto tornava crime induzir ou auxiliar uma gestante a abortar. Um trecho
incluído no projeto pela CCJ exige que a mulher vítima de estupro que deseje realizar um aborto legal comprove a violência
por meio de comunicação à polícia e exame de corpo de delito – atualmente,
basta a palavra da gestante.
Por
indução ou auxílio, o texto do projeto de lei abarcava, inclusive, comunicar a
possibilidade de "uso de meio abortivo ou induzimento ao aborto",
como a pílula do dia seguinte. "Tipifica como crime contra a vida o
anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas para quem induz a gestante à
prática de aborto", dizia o texto do PL.
O
projeto chegou a ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania (CCJC), mas não foi a plenário. No entanto, o tema ainda pode retornar ao Congresso
Nacional, tendo em vista que propostas de mesma
natureza foram apresentadas nos anos posteriores.
A
proposta mais recente é do deputado Professor Paulo Fernando (Republicanos-DF),
que também criminaliza a "conduta de anunciar processo, substância ou
objeto destinado a provocar aborto", mesmo nos casos legais, como em
gestações resultantes de estupro.
O
PL 3850/2023 foi apensado ao projeto de lei de Eduardo Cunha. A apensação
ocorre quando uma proposta apresentada é semelhante a outra que já está
tramitando. Nesse caso, a mesa diretora da Câmara dos Deputados determina que a
mais recente seja incorporada à mais antiga. Isso significa que, apesar de o PL
5069/2013 ter perdido força, ainda há chance de retornar por meio de outro
projeto.
Tramitação
na Câmara do PL 1904/2024
O
projeto que equipara o aborto legal em caso de estupro a homicídio avançou na
Câmara dos Deputados, na quarta-feira (12), a toque de caixa.
No
dia, presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pautou a votação do requerimento de urgência, apresentado pelo
deputado Eli Borges (PL-TO), sem aviso e sem anunciar o número do projeto.
Em
23 segundos, Lira considerou a urgência aprovada em votação simbólica – sem
registro do voto de cada deputado no painel eletrônico – sem dar espaço
suficiente para manifestações contrárias. Em geral, a votação simbólica ocorre
quando já existe acordo entre os parlamentares sobre o tema em pauta, o que não
foi o caso.
Após
a gigantesca repercussão negativa, Lira recuou e disse que há possibilidades de
mudanças no texto do PL. Uma das modificações seria a equiparação às penas de
homicídio simples apenas para os casos em que o aborto não é
permitido em lei. Atualmente, a legislação permite que
o aborto seja realizado em três ocasiões: estupro, risco de morte à mulher e
anencefalia do feto.
Outros
projetos contra as mulheres em tramitação
O
projeto de lei que está em tramitação atualmente não é o único que fere
direitos reprodutivos das mulheres já conquistados. Todo ano, dezenas de
propostas que caminham nesse sentido são apresentadas.
Um
dos projetos mais famosos contra o direito reprodutivo das mulheres é o
Estatuto do Nascituro (PL 478/2007). Diversas propostas de teor semelhante
foram apensadas ao projeto. Os principais pontos do texto são aprovar a ideia
de que a vida começa na fecundação (antes mesmo da implantação do embrião no
útero) e transformar o aborto um crime hediondo – sob quaisquer circunstâncias,
mesmo nos casos hoje permitidos em lei.
No
final de 2023, após manobras de diversos deputados para travar a tramitação da
proposta na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a bolsonarista Chris
Tonietto (PL-RJ) protocolou um requerimento de urgência urgentíssima com a
adesão de 305 deputados. Dessa forma, o PL está liberado para ser pautado pelo
presidente da Cata, Arthur Lira.
Outra
proposta é o PL 1249/2024, que prevê que "a vida do ser humano inicia com
a concepção intrauterina do feto, oportunidade em que surge a sua personalidade
jurídica". Nesse sentido, o aborto, em qualquer circunstância, poderia ser
equiparado ao homicídio doloso. O PL é de autoria dos deputados Cezinha de
Madureira (PSD-SP), Gilvan Maximo (Republicanos-DF) Dayany Bittencourt (União
Brasil-CE) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Outro
é o PL 1920/2024, que propõe a alteração do artigo 128 do decreto 2848 de 7 de
dezembro de 2024 para inserir a proibição da prática de aborto, realizada por
médicos, após a vigésima segunda semana de gestação, também em qualquer caso. O
projeto é do deputado federal Marcos Pollon (PL-MS).
Na
mesma linha, o PL 1927/2024, de autoria do deputado Messias Donato
(Republicanos-ES), prevê a proibição da realização do procedimento de
assistolia fetal. A técnica ganhou o noticiário ao ser proibida em uma resolução publicada pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM), no
final de maio.
O
método é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em casos de
gestação com tempo superior a 22 semanas e é realizado frequentemente em casos
de estupro em que a vítima apenas descobre que houve fecundação muito tempo
após a violência sexual – situação que afeta principalmente crianças.
O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), suspendeu a resolução do CFM. A
decisão é liminar e foi submetida ao plenário da Corte. O julgamento, no
entanto, foi interrompido após um pedido de vista do ministro Kassio Nunes
Marques. Ainda assim, a resolução continua suspensa.
Depois
que a resolução foi suspensa, deputados da extrema direita protocolaram pelos
menos quatro projetos para proibir a assistolia fetal: o PL 1958/2024, do
Coronel Chrisóstomo (PL-RO); o PL 1096/2024, de Clarissa Tércio (PP-PE); e o PL
1920/2024, de Marcos Pollon (PL-MS); além do projeto do deputado Messias
Donato.
Fonte:
Fórum/Brasil de Fato
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