Em meio a
tensões globais, gastos com armas nucleares sobem
A
Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (Ican) afirmou nesta
segunda-feira (17/06) que os nove Estados com armas nucleares (Rússia, Estados
Unidos, França, Índia, China, Israel, Reino Unido, Paquistão e Coreia do Norte) gastaram
um total combinado de 91,4 bilhões de dólares em seus arsenais em 2023, um
aumento de 13% em relação ao ano anterior.
O
grupo de ativistas com sede em Genebra, que em 2017 ganhou o Prêmio Nobel da
Paz, disse que os números mostram um aumento de 10,7 bilhões de dólares nos
gastos globais com armas nucleares entre 2022 e 2023, com os Estados Unidos
respondendo por 80% desse aumento. A participação dos EUA nos gastos totais, de
51,5 bilhões de dólares, é maior do que a de todos os outros países com armas
nucleares juntos.
·
O que está por trás da atual corrida
nuclear?
O
segundo país que mais gastou foi a China, com 11,8 bilhões de dólares, e a
Rússia foi o terceiro, com 8,3 bilhões de dólares. "Todo esse dinheiro não
está melhorando a segurança global, mas ameaçando as pessoas, onde quer que
elas vivam", disse a coordenadora de políticas e pesquisas da Ican, Alicia
Sanders-Zakre.
Os
Estados Unidos e a Rússia possuem, juntos, 90% das armas nucleares do mundo.
·
"Uma das épocas mais perigosas da
história"
Esses
nove Estados com armas nucleares continuam modernizando seu arsenal e em 2023
até mesmo aumentaram sua dependência delas como forma
de dissuasão, afirmou separadamente, também nesta segunda-feira, o Instituto
Internacional de Pesquisa para a Paz (Sipri), de Estocolmo.
"Vivemos
uma das épocas mais perigosas da história da humanidade", alertou o
diretor do Sipri, Dan Smith. "Estamos à beira do abismo, e é hora
de as grandes potências darem um passo atrás e refletirem sobre o assunto. De
preferência, em conjunto", sublinhou.
Em
janeiro, das 12.121 ogivas nucleares existentes no mundo, 9.585 estavam
preparadas para uma possível utilização. Destas, 3.904 foram implantadas em
mísseis e aeronaves, sessenta a mais do que há um ano, e cerca de 2.100 estavam
em estado de "alerta operacional elevado" para mísseis balísticos, a
quase totalidade delas pertencentes à Rússia e aos Estados Unidos.
Porém,
pela primeira vez, o Sipri considerou que também a China possui "algumas
ogivas em alerta operacional elevado", ou seja, prontas para serem
utilizadas de imediato.
·
Muitas fontes de instabilidade
"Não
temos visto as armas nucleares desempenharem um papel tão importante nas
relações internacionais desde a Guerra Fria", disse o diretor do programa
de armas de destruição em massa do Sipri, Wilfred Wan. Ele acrescentou que essa
tendência vai continuar e provavelmente se acelerar nos próximos anos.
Embora
"o número total de ogivas nucleares continue diminuindo, à medida que as
armas da era da Guerra Fria são progressivamente desmanteladas",
assiste-se a um aumento do número de ogivas nucleares operacionais, ano após
ano, por parte das potências nucleares, lamentou o diretor do instituto sueco
de pesquisas.
Segundo
o Sipri, são muitas as fontes globais de instabilidade e tensão: rivalidades
políticas, desigualdades econômicas e problemas ambientais.
Em
fevereiro de 2023, a Rússia anunciou a suspensão da sua participação no Novo
Tratado Start – "o último tratado de controle que restringe o poder
nuclear estratégico da Rússia e dos Estados Unidos", segundo Smith.
No
início deste mês, a Rússia e Belarus lançaram um
segundo estágio de exercícios destinados a treinar suas tropas com
armas nucleares táticas, parte dos esforços do Kremlin para desencorajar o
Ocidente a aumentar seu apoio à Ucrânia.
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EUA bateram recorde e
aumentaram em 18% os gastos com armas nucleares em 2023
Os
Estados Unidos aumentaram no ano passado os gastos com armas nucleares em 18%,
que é a taxa mais alta entre todos os nove países que possuem armas nucleares,
informou nesta segunda-feira (17) a Campanha Internacional para a Abolição de
Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês).
"[Em
2023] todos os países aumentaram o valor gasto em armas nucleares. Os Estados
Unidos tiveram o maior aumento, quase 18%. Os Estados Unidos gastaram mais do
que todos os outros Estados com armas nucleares combinados, em US$ 51,5 bilhões
[cerca de R$ 278,5 bilhões]. A China superou a Rússia como o segundo país que
mais gasta, com US$ 11,9 bilhões [aproximadamente R$ 64,3 bilhões], e a Rússia
ficou em terceiro, gastando US$ 8,3 bilhões [mais de R$ 44,8 bilhões]",
afirmou a ICAN em relatório, acrescentando que o Reino Unido também aumentou
significativamente os seus gastos nucleares pelo segundo ano consecutivo.
Em
2023, os EUA, o Reino Unido, a China, a França, a Índia, Israel, a Coreia do
Norte, o Paquistão e a Rússia gastaram um total de US$ 91,4 bilhões (cerca de
R$ 494,1 bilhões) no desenvolvimento dos seus arsenais nucleares, o que
representa US$ 10,8 bilhões (aproximadamente R$ 58,4 bilhões) ou 13,4% mais do
que em 2022, disse também a ICAN.
"Em
2023, 20 empresas que trabalham no desenvolvimento e manutenção de armas
nucleares ganharam pelo menos US$ 31 bilhões [cerca de R$ 167,6 bilhões] com
esse trabalho. Há pelo menos US$ 335 bilhões [aproximadamente R$ 1,8 trilhão]
em contratos de armas nucleares pendentes para estas empresas, alguns dos quais
continuaram por mais de uma década. Em 2023, foram concedidos pelo menos US$
7,9 bilhões [mais de R$ 42,7 bilhões] em novos contratos de armas
nucleares", diz o relatório.
A
ICAN, uma coligação de organizações da sociedade civil em mais de 100 países,
foi fundada em Melbourne, Austrália, em 2007. A coligação promove a adesão ao
Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares. Em 2017, recebeu o prêmio Nobel
da Paz pelos seus esforços.
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EUA estão até 15 anos
atrás da China em energia nuclear, diz think tank norte-americano
A
China está construindo 27 reatores nucleares, enquanto os EUA não fazem nenhum,
e as instalações estão sendo desenvolvidas com alta tecnologia, segundo a
Fundação de Tecnologia da Informação e Inovação.
Os
Estados Unidos estão até 15 anos atrasados em relação à China no
desenvolvimento de energia nuclear de alta tecnologia, segundo um relatório
publicado nesta segunda-feira (17).
A
China tem 27 reatores nucleares em construção, com prazos médios de cerca de
sete anos, tempo muito menor que o de outros países, disse um estudo da
Fundação de Tecnologia da Informação e Inovação (ITIF, na sigla em inglês),
instituto de pesquisa sediado em Washington, EUA.
"A
rápida implantação de usinas nucleares cada vez mais modernas na China produz,
ao longo do tempo, economias de escala significativa e efeitos de aprendizado
por meio da prática, o que sugere que as empresas chinesas obterão uma vantagem
em termos de inovação incremental nesse setor daqui para frente", disse o
relatório.
Os
EUA têm a maior frota de usinas nucleares do mundo, e a administração do
presidente Joe Biden considera a tecnologia como fundamental para conter as
mudanças climáticas.
No
entanto, apesar da entrada em operação de duas grandes usinas no estado da
Geórgia em 2023 e 2024, bilhões de dólares acima do orçamento e atrasadas em
anos, não há mais nenhum projeto de
reator nuclear dos EUA em construção. Uma usina de alta tecnologia que
havia sido planejada para ser construída em um laboratório dos EUA foi
cancelada no ano passado.
O
primeiro reator de alta temperatura resfriado a gás de quarta geração do mundo,
na Baía Shidao, China, entrou em operação em dezembro de 2023. A Associação de
Energia Nuclear da China afirma que o projeto envolveu o desenvolvimento de
mais de 2.200 conjuntos de "equipamentos de primeira linha", com
93,4% dos materiais produzidos internamente.
Os
bancos estatais da China podem oferecer empréstimos com mínimos de até 1,4%,
muito mais baixos do que os disponíveis nas economias ocidentais. O setor de
energia nuclear ocidental tem beneficiado de apoio estatal contínuo e de
estratégias de localização, que permitiram que a China dominasse também outros
setores, como energia renovável e veículos elétricos.
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Chefe da OTAN diz que
aliança está discutindo colocar ogivas nucleares em prontidão
Os
países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) estão discutindo a
possibilidade de implantar mais ogivas nucleares e colocá-las em prontidão de
combate como fator de dissuasão.
É o
que disse o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, neste domingo (16).
"Não
entrarei em detalhes operacionais sobre quantas ogivas nucleares deveriam estar
operacionais e quais deveriam ser armazenadas, mas precisamos consultar sobre
essas questões. É exatamente isso que estamos fazendo", disse Stoltenberg
ao jornal The Telegraph.
·
OTAN aprova plano para acelerar ajuda
militar a Kiev
Os
ministros da Defesa da OTAN aprovaram na sexta-feira (14) um plano para
garantir ajuda e suprimento de treinamento militar da Ucrânia a longo prazo em
meio aos avanços das tropas da Rússia, cita a agência norte-americana
Associated Press.
A
Aliança Atlântica acordou a doação e a reparação de equipamentos, e o
treinamento militar para as forças ucranianas "para torná-la à prova de
qualquer situação", segundo a ministra da Defesa dos Países Baixos.
Durante
uma reunião de ministros da Defesa em Bruxelas, Bélgica, os países ocidentais
concentraram seus esforços no Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia,
administrado pelo Pentágono, um fórum para cerca de 50 países para obter as
armas e munições a Kiev.
A
iniciativa foi descrita como uma forma de "provar a Trump" o apoio da
OTAN à Ucrânia, em referência à preocupação de que o ex-presidente Donald Trump
(2017-2021) possa retirar o apoio americano a Kiev caso volte a ser eleito
presidente dos EUA em novembro de 2024.
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Moscou considera
última declaração de Stoltenberg sobre armas nucleares escalada de tensão
A
última declaração do secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, sobre a
possibilidade de colocar em alerta as ogivas nucleares da aliança em um estado
de prontidão para o combate é outro exemplo da escalada de tensão, disse o
porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
"Não
é nada mais do que outra escalada de tensão", disse o porta-voz aos
repórteres.
Stoltenberg
afirmou que os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) estão
discutindo a possibilidade de implantar mais ogivas nucleares e colocá-las em
prontidão para o combate como fator de dissuasão.
Segundo
o The Telegraph, a Aliança Atlântica está realizando consultas entre os seus
membros para "retirar os mísseis do armazenamento e colocá-los em
alerta".
Da
mesma forma, em meados de junho, o Instituto Internacional de Investigação para
a Paz de Estocolmo (SIPRI) publicou um relatório no qual assegura que o papel
das armas nucleares se tornou mais importante e os governos de diferentes
países estão modernizando os seus arsenais à medida que as relações
geopolíticas se deterioram.
·
Por que o novo
submarino nuclear russo furtivo assusta tanto o Ocidente?
O
jornal britânico The Express fez uma descoberta surpreendente nesta semana:
entendeu que a Rússia possui armas capazes de causar uma devastação
incalculável sobre os seus inimigos.
O
que deixou o Express confuso, em seu artigo publicado no sábado (15), foi o
K-564 Arkhangelsk, um submarino de mísseis de cruzeiro movido a energia nuclear
da classe Yasen-M que recentemente passou por testes no mar e deve entrar em
serviço em dezembro.
Embora
o jornal tema que este submarino "possa ser indetectável pelos adversários
ocidentais" e possa representar uma séria ameaça às "bases militares
da OTAN, comboios navais e infraestruturas críticas em terra durante uma
crise", ainda falta à mídia saber do que Arkhangelsk é verdadeiramente
capaz de fazer.
No
início desta semana, surgiram imagens do Arkhangelsk realizando seus primeiros
testes na cidade de Severodvinsk, no mar Branco, onde foi construído.
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Aqui está tudo o que se sabe sobre o submarino:
# Pode
mergulhar até 600 metros de profundidade e tem velocidade máxima de 16 nós na
superfície e 31 nós debaixo d'água;
# O
submarino tem uma tripulação de 64 pessoas e uma autonomia de cerca de 100
dias, limitada pelas necessidades de alimentação e manutenção;
# O
armamento da embarcação inclui tubos de torpedo de 533 milímetros e silos de
lançamento verticais para mísseis de cruzeiro antinavio Oniks, mísseis de
cruzeiro Kalibr e mísseis de cruzeiro hipersônicos Zircon. Ambos os mísseis
Kalibr e Zircon têm capacidade nuclear.
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Irã rejeita declaração
do G7 que acusou o país de fornecer mísseis balísticos à Rússia
Porta-voz
do Ministério das Relações Exteriores do Irã diz que comunicado emitido pelo G7
tem natureza política e mostra como alguns governos usam de forma tendenciosa
mecanismos internacionais para atacar Estados soberanos.
O
Irã rejeitou neste domingo (16) as acusações feitas pelo G7 contra o programa
nuclear iraniano, lançando dúvidas sobre seus fins pacíficos.
Na
sexta-feira (14), líderes do G7 emitiram um comunicado conjunto advertindo
Teerã contra seu programa nuclear e afirmando que estariam prontos para aplicar
novas medidas contra o Irã caso o país prosseguisse com o suposto fornecimento
de misseis balísticos para a Rússia. O comunicado foi emitido em conexão com um
relatório do Conselho de Gestores da Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA).
Em
declaração divulgada pela agência iraniana Tasnim, o porta-voz do Ministério
das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, rejeitou o conteúdo do
comunicado. Ele afirmou que o comunicado do G7 atesta a natureza política do
relatório da AIEA e a intenção de seus formuladores, e certamente de alguns
governos, de usar de forma tendenciosa mecanismos internacionais contra Estados
soberanos.
Sistema
de defesa aérea israelense Iron Dome é acionado para interceptar mísseis
"O
Irã continuará com a interação construtiva e a cooperação técnica com a AIEA,
mas prosseguirá com seus projetos nucleares pacíficos de acordo com o TNP
[Tratado de não proliferação de armas nucleares]", disse o porta-voz.
Ele
reiterou o papel construtivo do Irã na garantia da estabilidade regional
sustentável e acrescentou que "o Irã vai agir de forma decisiva para
proteger e defender a sua segurança e interesses nacionais contra qualquer
medida imprudente".
Kanaani
disse ainda que o principal desafio à garantia dos direitos humanos no mundo
atualmente é a "indiferença" e "inação" dos líderes do G7
em relação ao "massacre sistemático" de palestinos pelo governo
israelense.
Sobre
o conflito ucraniano, Kanaani disse que qualquer tentativa de associar essa
crise à cooperação entre Irã e Rússia é calcada absolutamente em interesses
políticos.
"É
uma pena que certos países recorram a alegações falsas e não comprovadas com
motivações políticas para continuar a política inútil e falha de impor sanções
contra o Irã. Aconselhamos o G7 a aprender com as lições do passado e a se
distanciar do seu passado de políticas destrutivas", disse Kanaani.
Fonte:
AP/Sputnik Brasil
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