terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Teatro de desavergonhados

O povo brasileiro alcançou um grau de mediocridade inimaginável. Ganhou incrível força a figura do “imbecil útil”. É ignorante, mesquinho, fanático por mentiras calorosas, preguiçoso, viciado em esmolas fáceis e famélico por excrescências, mas sempre está à disposição para rir da desgraça que o cerca e defender a distopia da trupe insolente que governa o Brasil. Um grosso caldo medíocre, em suma. Não há outra definição.
“O idiota raivoso fala sempre com força de bando e, na democracia de massa em que vivemos, ele sim tem o poder absoluto de destruir todos os que não se submetem a sua regra de estupidez bem adaptada”, escreveu com brilhantismo Luiz Felipe Pondé em sua obra “Guia Politicamente Incorreto da Filosofia” (Editora Leya, 2012, pág. 54), ao buscar um diálogo entre o pensamento do francês Alexis de Tocqueville, do britânico Michael Oakeshott e do brasileiríssimo Nelson Rodrigues, capaz de chancelar sua competente e corajosa assertiva: “a mediocridade anda em bando e a democracia ama os medíocres”.
É sob esse manto de mau-caratismo que estamos subsistindo. Convenhamos: que nação, com algum vestígio de dignidade e vergonha na cara, aceitaria tão candidamente que sua presidente da República, a despeito do caos e do descaso com a infraestrutura miserável do país, fosse inaugurar sua primeira grande obra em Cuba? Não bastasse o descalabro de financiar o monumental porto cubano com quase R$ 2 bilhões dos cofres públicos brasileiros e dos R$ 40 milhões anuais pela participação — em regime quase escravagista — no programa “Mais Médicos”, “Sua Alteza” ainda teve a cara de pau de prometer mais R$ 700 milhões para a ditadura comunista dos irmãos Castro.
Um dia antes, a presidente do Brasil ficou furiosa porque alguns “ridículos”, que ainda tem a ousadia de pensar neste país de debiloides, utilizaram as redes sociais para questioná-la sobre os R$ 26 mil pagos — com recursos da União, fique claro! — por um pernoite na suíte presidencial de um hotel em Lisboa e as demais quatro dezenas de quartos ocupados por sua monstruosa comitiva oficial, cujo transporte exigiu dois aviões da Força Aérea Brasileira. Não fosse pela “imprensa que avacalha” — na acepção de um certo “ex” —, a folia portuguesa dos “bem-aventurados” jamais chegaria ao conhecimento do (ir)respeitável público.
Diante da explosão desses dois casos escabrosos revelados num curto espaço de 48 horas e da cereja do bolo de tolos que foi a divulgação das fotos tétricas da presidente e sua turma em animada bacalhoada num elegante restaurante de Portugal e carregando sacolas de vinhos à saída, entraram em ação os “imbecis úteis”. A militância, “com força de bando”, tratou de caçar os subversores ainda pensantes e, para além de golpes abaixo da cintura — modus operandi de quem não tem capacidade intelectual e moral para juntar “lé-com-cré” na argumentação de um debate —, assumir seu protagonismo no teatro dos desavergonhados.
“A ‘presidenta’ não precisa dar satisfações de onde come ou dorme”, foi a genial frase escolhida pelos “úteis”, enquanto recolhiam sua contribuição à “vaquinha” pra pagar multas milionárias impostas pela justiça aos “companheiros” condenados por institucionalizar o roubo aos cofres públicos em nome da tal “causa” e por comprarem a fidelidade de parlamentares. Um verdadeiro bacanal que, diuturnamente, enxovalha princípios democráticos basilares.
 Eu estava sofrendo um ataque feroz da militância, quando um caríssimo leitor tratou de resumir a ópera dos malandros: “Não adianta discutir com essa gente, porque é o mesmo que tentar jogar xadrez com um pombo. Ele derruba as peças, defeca no tabuleiro e ainda sai com o peito estufado”. É fato. Não dá pra falar em democracia com quem olha para o Estado e só enxerga tetas. Não dá pra ser gentil e educado com essa maioria ululante que assumiu adoração à mediocridade e total subserviência à “regra de estupidez bem adaptada”, no apogeu do espetáculo de nossa miséria metida à besta.
Autor: HELDER CALDEIRA: Escritor e Jornalista Político. www.heldercaldeira.com.br  helder@heldercaldeira.com.br. *Autor dos livros “ÁGUAS TURVAS” e “A 1ª PRESIDENTA”.


A PERGUNTA CERTA

É tamanho o descrédito dos partidos políticos que eles desistiram de proclamar suas virtudes. Ao contrário, dedicam-se a demonstrar que os outros chafurdam em ainda maiores vícios. Nesse contexto, nesse indiscutível contexto, fica imensamente favorecida a vida de quem está no poder. Ali, as facilidades voam em jatinhos militares devidamente decorados para os prazeres da vida civil. Ali, roda a ciranda em torno do Erário, que abre portas na hora certa para alegria dos folgazões. Ali há dinheiro, empregos, poder, honrarias, favores. E tudo isso, no tempo devido, vira mercadoria ou moeda eleitoral.
"E a oposição?", indagará o leitor atento à relevância política deste ano de 2014. Ora, a oposição é aquele pequeno reduto onde só ficam os que não se deixaram seduzir pelo que de mais atraente existe nas tentações do poder. No Brasil destes anos constrangedores, só é oposição quem faz muita questão de sê-lo. O poder tem do bom e do melhor para todos os seus. A oposição é trincheira de poucos e mal apetrechados combatentes.
 Quem acompanha a política nacional com interesse cívico sabe, também, que o PT muito pouco pode apresentar como resultado positivo de suas três administrações que não provenha de políticas que antes condenou e, posteriormente, adotou. Mas, convenhamos: isso não serve para estabelecer diferenças. Bem ao contrário. A estratégia oposicionista precisa ser outra. Para vencer o desequilíbrio estabelecido entre as forças do governo e as da oposição é preciso identificar e apontar ao juízo soberano dos eleitores certos abismos que as separam. A contribuição que trago nestas linhas é uma lista de pautas, de condutas e de políticas pelas quais esse rio de águas turvas chamado Partido dos Trabalhadores ganha corpo com seus afluentes pela margem esquerda e pela margem direita. Elas me levam ao que chamo de a pergunta certa: qual o partido brasileiro que se identifica com as seguintes políticas, condutas e pautas?
Marco regulatório da imprensa; marco civil da internet; PLC 122 (da "homofobia") e seus disparates; imposição do "politicamente correto" e da novilíngua; confabulações do Foro de São Paulo; apoio e refúgio a terroristas (Cesar Battisti é apenas um dos casos); captura e devolução a Fidel dos boxeadores cubanos; apoio aos governos comunistas de Cuba, Venezuela e Bolívia; incondicional afeição a qualquer patife adversário do Ocidente; homenagens e nomes de ruas para líderes comunistas; memorial para Luiz Carlos Prestes; apoio explícito a companheiros condenados pela justiça por graves crimes; verdadeira fobia por presídios e órgãos de segurança, resultando em gravíssima instabilidade social; absoluta e incondicional dedicação aos direitos humanos dos bandidos; empenho em inibir a ação armada das instituições policiais; dedicação à causa do desarmamento dos cidadãos; recusa à redução da maioridade penal; criação do MST e apoio às suas truculentas invasões de propriedades rurais; apoio a invasões no meio urbano e a políticas que restringem o direito de propriedade; cobertura às estripulias imobiliárias dos quilombolas; avanços do Código Florestal contra o direito de propriedade; expansão das reservas indígenas sobre áreas de lavoura; mudança, para pior, do Estatuto do Índio; supressão de símbolos religiosos em locais públicos; lei da palmada; apoio à legalização do aborto; políticas de gênero; kit gay nas escolas; apoio à parada gay, à marcha das vadias e à marcha pela maconha; leis de cotas raciais; uso de livros didáticos para doutrinação ideológica; fim da lei de anistia e manipulação da História; aparelhamento da administração pública e dos órgãos de Estado pelos partidos do governo; e mais recentemente, defesa dos rolezinhos e suas perturbações em locais de comércio.
Examine bem a lista acima e depois me diga se não é urgente espantar, pela força do voto, esse mau agouro político que lança sortilégios sobre nossa sociedade e sobre a democracia brasileira.


Autor: Percival Puggina